Discurso durante a 223ª Sessão Especial, no Senado Federal

Sessão Especial destinada a celebrar a canonização da brasileira Irmã Dulce pelo Papa Francisco.

Autor
Angelo Coronel (PSD - Partido Social Democrático/BA)
Nome completo: Angelo Mario Coronel de Azevedo Martins
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
RELIGIÃO:
  • Sessão Especial destinada a celebrar a canonização da brasileira Irmã Dulce pelo Papa Francisco.
Publicação
Publicação no DSF de 22/11/2019 - Página 13
Assunto
Outros > RELIGIÃO
Indexação
  • SESSÃO ESPECIAL, CELEBRAÇÃO, CANONIZAÇÃO, IRMÃ DULCE, PAPA, LOCAL, VATICANO, IGREJA CATOLICA.

    O SR. ANGELO CORONEL (PSD - BA. Para discursar.) – Bom dia a todos e a todas.

    Eu quero cumprimentar a Presidenta e requerente desta sessão de homenagem, a Senadora atuante Kátia Abreu. Em nome dos baianos, agradeço essa deferência em homenagem à nossa Santa Dulce.

    Eu quero aqui saudar o representante da Associação Obras Sociais de Irmã Dulce, ele que militou como médico, que iniciou sua vida naquele hospital, o meu amigo baiano Senador Otto Alencar.

    Eu quero saudar aqui o Senador Jaques Wagner, que teve um papel fundamental também no crescimento das obras sociais de Irmã Dulce.

    Eu quero saudar o Senador Telmário e o Senador Arolde, que se encontram também presentes nesta sessão.

    Eu quero saudar o Deputado Federal Osires Damaso e o Ministro do Superior Tribunal Militar Sr. Almirante de Esquadra Alvaro Pinto.

    Eu quero saudar o Sr. Terciliano Gomes de Araújo, Presidente da União dos Vereadores do Estado do Tocantins.

    Eu quero saudar o representante da Presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, o assessor parlamentar da CNBB, Reverendo Padre Paulo Renato Campos.

    Eu quero aproveitar também para saudar a todos os baianos presentes, nas pessoas da Procuradora-Geral da Bahia, nossa querida e atuante Dra. Ediene Lousado, e também do Promotor do Ministério Público da Bahia presente Dr. André Bandeira de Melo.

    Eu quero saudar também os demais convidados nas pessoas da Dra. Fabiana e do Dr. Moacir, representando o Ministério Público aqui do Distrito Federal.

    Eu quero saudar todos os membros das religiões presentes, em especial os católicos, que prestigiam esta sessão.

    Quero saudar todo o povo brasileiro, que nos assiste através da TV Senado, em especial os meus conterrâneos da Bahia; saudar a imprensa, a todos que estão presentes nessa galeria.

    Sra. Presidente, nobres colegas, subo a esta tribuna para falar desse exemplo de ser humano que foi Maria Rita de Sousa Brito Lopes Pontes, nossa querida Irmã Dulce, o Anjo Bom da Bahia, que, desde o último dia 13 de outubro, podemos chamar de Santa Dulce dos Pobres.

    Falar de Irmã Dulce exige, antes de qualquer coisa, falar de sua vocação em cuidar dos órfãos, dos pobres, dos doentes, dos desempregados, dos aflitos; enfim, Santa Dulce era dessas figuras universais que tinha como missão de vida se doar pelo ser humano, como só os verdadeiros filhos do Evangelho conseguem fazer.

    Por isso, foi com devoção e muita honra, não apenas para mim, mas para o povo baiano, que pude ir à Praça São Pedro, em Roma, ver o Papa Francisco reconhecer o Anjo Bom da Bahia como a primeira santa da história do Brasil, o País que reúne o maior número de católicos no mundo.

    Como legado de sua vida de doação e caridade, a freira baiana Irmã Dulce nos deixou as Obras Sociais Irmã Dulce (Osid), instituição criada por ela no dia 26 de maio de 1959, há 60 anos. A instituição é fruto da trajetória de amor e serviço e da persistência da religiosa, que peregrinou, durante mais de uma década, em busca de um local para abrigar pobres e doentes recolhidos das ruas de Salvador.

    As raízes da Osid datam de 1949, quando a Irmã, sem ter para onde ir com 70 doentes, pediu autorização à sua superiora para abrigar os enfermos em um galinheiro situado ao lado do Convento Santo Antônio. O episódio fez surgir a tradição de que o maior hospital da Bahia nasceu a partir de um simples galinheiro, senhores e senhoras.

    Atualmente, a entidade filantrópica abriga um dos maiores complexos de saúde 100% SUS do País, com cerca de 4,5 milhões de atendimentos ambulatoriais por ano aos usuários do Sistema Único de Saúde: idosos, pessoas com deficiência e com deformidades na cabeça e no rosto, moradores de rua, usuários de drogas e crianças e adolescentes em situação de risco social.

    O atendimento é distribuído em 21 núcleos, que prestam assistência à população de baixa renda nas áreas de saúde, assistência social, pesquisa científica, ensino em saúde, educação e na preservação e difusão da história de sua fundadora.

    O legado de Irmã Dulce foi sendo construído ao longo de décadas e a partir dos gestos mais singelos, e ainda hoje talvez não consigamos medir o alcance e o real número de vidas tocadas. Hoje, suas obras são geridas por sua sobrinha, a querida Maria Rita, mulher focada, comprometida com o social, o retrato vivo de sua tia Dulce, e por entidades como Amigas de Dulce, da qual minha esposa, companheira de 41 anos, amor de minha vida, Eleusa, faz parte.

    Sei que, neste momento, todos estão ligados na TV Senado, nesta sessão, lá no Estado da Bahia, para termos uma noção do que é feito. Podemos citar: 2,2 milhões procedimentos ambulatoriais por ano – 2,2 milhões procedimentos ambulatoriais por ano; 954 leitos hospitalares; 3 mil funcionários; 787 crianças e adolescentes acolhidos no centro educacional.

    Esses números grandiosos, caros colegas, senhores e senhoras, são pequenos perto de quem foi Irmã Dulce, do seu amor pelo semelhante, algo que tem faltado no mundo de hoje, inclusive entre a classe política e também inclusive entre muitos que se dizem cristãos e que frequentam igrejas, centros e templos País afora.

    Irmã Dulce era exemplo de religiosa, porque cumpre exatamente a função de uma religião, que é de fazer com que as pessoas melhorem como seres humanos, que ajudem os outros a viver melhor, ajudem a construir um mundo melhor. Era uma freira que transcendia o catolicismo. Foi exemplo para todas as correntes religiosas e também para quem não tem religião ou mesmo nem acredita em Deus, mas que é preocupado com o semelhante, com o ser humano.

    Humildemente lembro que, para homenagear este ser humano de luz e bondade, é de minha autoria o projeto de lei que tramita na Comissão de Educação, Cultura e Esporte deste Senado Federal, o PL nº 4.028, de 2019, que institui o dia 13 de outubro, dia da canonização de nossa Santa, como Dia de Santa Dulce dos Pobres, um dia para refletirmos ainda mais sobre um mundo melhor e homenagearmos essa mulher que é motivo de orgulho não apenas para nós baianos, mas para todos nós brasileiros preocupados em construir um país mais justo e uma sociedade mais fraterna.

    Aliás, esse é o fundamento que demonstra importância do projeto de lei que propus. Com ele não busco colocar uma religião acima de qualquer outra, o que é vedado pela nossa Constituição, mas, para além da religiosidade, que não podemos esquecer que é o traço cultural do brasileiro, o projeto reconhece em Santa Dulce dos Pobres a personificação de valores constitucionais, como a solidariedade, o bem-estar social e a dignidade humana, o que justifica a homenagem.

    Neste momento, ao encerrar, Irmã Dulce sempre se conduziu por outro valor cristão fundamental: a humildade. Justamente por conta desse traço nobre do caráter de Irmã Dulce é preciso reconhecer que a sociedade brasileira é que se valoriza e enriquece ao prestar esse reconhecimento a esta figura singela, ao ícone que é a Santa Dulce dos Pobres.

    Vou encerrar lendo a oração de Santa Dulce.

(Soa a campainha.)

    O SR. ANGELO CORONEL (PSD - BA) – Neste momento peço a todos que se concentrem e orem:

Senhor Deus, recordando a vossa serva Dulce Lopes Pontes, ardente de amor por Vós e pelos irmãos, nós Vos agradecemos pelos seus serviços a favor dos pobres e excluídos. Renovai-nos na fé e na caridade e concedei-nos, a seu exemplo, vivermos a comunhão com simplicidade e humildade, guiados pela doçura do Espírito Santo, bendito nos séculos dos séculos. Amém.

    Muito obrigado, Senadora Kátia Abreu. (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 22/11/2019 - Página 13