Discurso durante a Reunião Preparatória, no Senado Federal

Discurso como candidato à Presidência do Senado Federal. Anúncio da retirada da candidatura de S. Exa. em apoio à Senadora Simone Tebet.

Autor
Major Olimpio (PSL - Partido Social Liberal/SP)
Nome completo: Sergio Olimpio Gomes
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SENADO:
  • Discurso como candidato à Presidência do Senado Federal. Anúncio da retirada da candidatura de S. Exa. em apoio à Senadora Simone Tebet.
Publicação
Publicação no DSF de 02/02/2021 - Página 17
Assunto
Outros > SENADO
Indexação
  • DISCURSO, CANDIDATO, PRESIDENTE, MESA DIRETORA, SENADO, DELIBERAÇÃO, IMPEACHMENT, SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (STF), INSTALAÇÃO, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), JUDICIARIO, LAVA-TOGA, APOIO, OPERAÇÃO LAVA JATO, PRISÃO, CONDENAÇÃO, SEGUNDA INSTANCIA, COMISSÃO PARLAMENTAR, SEGURANÇA PUBLICA.
  • ANUNCIO, RETIRADA, CANDIDATURA, APOIO, SENADOR, SIMONE TEBET.

    O SR. MAJOR OLIMPIO (Bloco Parlamentar PSDB/PSL/PSL - SP. Para discursar.) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. Senadores, o Brasil nos acompanha neste momento e acompanha num momento de esperança.

A falta de justiça, Srs. Senadores, é o grande mal da nossa terra, o mal dos males, a origem de todas as [...] infelicidades, a fonte de todo nosso descrédito, é a miséria suprema desta pobre Nação.

A sua grande vergonha diante o estrangeiro é aquilo que nos afasta os homens, os auxílios, os capitais.

A[s] injustiça[s], senhores [e senhoras], desanima o trabalho, a honestidade, o bem; cresta em flor os espíritos dos moços, semeia no coração das gerações que vêm nascendo a semente da podridão, habitua os homens a não acreditar senão na estrela, na fortuna, no acaso, na loteria da sorte, promove a desonestidade, promove a venalidade, promove a relaxação, insufla a cortesania, a baixeza, sob todas as suas formas.

De tanto ver triunfar as nulidades [e aí começa a se entender o porquê do início da minha fala], de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto...

    Longe de eu querer ousar, tudo que falei agora não é da minha lavra. É daquele senhor, naquele busto ali: Ruy Barbosa, em 14 de dezembro, há 106 anos. Nunca pareceu tão atual, e é um recado mais do que preciso à Nação, a qualquer um de nós, àquele ou àquela que for escolhido à Mesa Diretora. Há 106 anos, Ruy Barbosa se queixava exatamente das mesmas coisas de que estamos nos queixando hoje e de que a nossa sociedade carece. Devemos refletir sobre isso.

    E todos nós... Somos 81, que representamos os Estados, 215 milhões. Nenhum de nós é melhor ou pior. Nós já fomos testados. Cada um que aqui está sentado representa pelo menos um terço dos eleitores do seu Estado. Ninguém aqui ganhou na loteria.

    Eu quero dizer que, quando apresentei a minha proposta de candidatura ao grupo Muda Senado... E comungo e continuarei a comungar dos princípios, independentemente de qual possa ser o resultado nesta tarde.

    Eu me coloquei à disposição para dizer: quero empunhar bandeiras; bandeiras pela altivez do Senado, bandeiras pela independência desta Casa. Respeito, logicamente, aos demais Poderes, mas jamais subserviência.

    Quero fazer um agradecimento muito especial à confiança que o meu partido, o PSL, tem colocado sobre o meu mandato e, de forma muito especial, o mandato da Senadora Soraya Thronicke, essa guerreira do Mato Grosso do Sul. Por mais que eu dissesse: "Soraya, você tem toda a liberdade do mundo, assim como o nosso partido tem essa liberdade. Vote na opção do seu coração", a Soraya sempre disse: "Major, se você avançar com a candidatura, nós estaremos juntos nessa luta, numa comunhão de propósitos". Muito obrigado, viu, Soraya?

    Quero dizer a todos vocês que sonham, como todos sonham, com este Senado altivo: não é para fazer uma luta entre os Poderes. Muitas vezes as pessoas dizem: "Olha, não pode botar o Olimpio sentado nessa cadeira, porque ele vai avançar com o processo de impeachment de ministro do Supremo". Jamais! Faz 43 anos que ingressei na Polícia Militar de São Paulo, pautado na lei e na Constituição. Não é aquilo que eu quero, que eu gosto ou que eu acho que tem que ser; é exatamente em cima de princípios. Mas também aviso que jamais pediria a um ministro do Supremo Tribunal Federal: "Dá uma quebrada de galho aqui. Deixa para lá e vamos começar de novo". Jamais! Não admitiria! Se eu me sentasse nessa cadeira, em havendo caso concreto, sem personalizar, eu tomaria todas as providências do ofício de Presidente, que não é resolver o impeachment, é levá-lo ao Plenário e deixar, de forma absoluta, que o Plenário possa ser soberano. Da mesma forma em relação à CPI da Lava Toga, com o número de assinaturas regimentais, "mas não é hora, não é momento"... Gente, não há hora nem momento para crime. Não há hora nem momento para cumprimento da lei, para cumprir o disposto na Constituição, para dizer basta. Existe motivo para que haja, sim, uma Comissão Parlamentar de Inquérito para apurar condutas e mais condutas do Supremo Tribunal Federal e do Judiciário

(Interrupção do som.)

    O SR. MAJOR OLIMPIO (Bloco Parlamentar PSDB/PSL/PSL - SP) – ... existem, transbordam.

    Fui signatário, Senador Alessandro Vieira, da sua proposta de CPI – e o farei tantas vezes quanto for necessário. Posso ser só um voto, mas não vou deixar de fazer a minha obrigação.

    Quero dizer que hoje o País está desesperado. Mais de 220 mil mortos, e nós estávamos em recesso. Nós estávamos descansando, porque não era oportuno trazer os Parlamentares para não acirrar a disputa! Pessoas morrendo asfixiadas em Manaus! Negacionismo criminoso de Presidente da República, de Ministro da Saúde inescrupuloso – que fiz questão de representar junto com o partido Cidadania e que vai ser condenado, porque é criminoso por ação e por omissão. Não podemos nos furtar às nossas obrigações! Não é lacrada para curtida, para enfrentar ou não robô. Nós temos obrigações.

    Jamais vou aqui fazer qualquer tipo de campanha desmerecendo qualquer das figuras que estão se colocando para disputar essa eleição, ao contrário. O Senador Pacheco, por quem eu tenho uma grande estima e amizade, sempre brinco com ele: "V. Exa. vai ser Governador de Minas Gerais um dia". Tenho a dizer simplesmente hoje: a dificuldade maior são as suas alianças. Eu não consigo entender uma aliança bolso-petista. Não foi para isso que nós lutamos, eu lutei. Podem querer dizer: "O Olimpio é traidor de uma causa". Eu não sou traidor de causa! Quem traiu a causa? Rachadinha é coisa de ladrão, seja ladrão o Presidente, seja ladrão quem for. Se V. Exa. for eleito, vai ter todo o meu respeito e a consideração que um Senador da República merece e que um Presidente da Casa merece.

    Senador Kajuru, meu querido amigo Kajuru, hoje somos até vizinhos no mesmo hotel. V. Exa. transborda transparência, transborda convicção, merece todo o respeito! Mesmo que em alguns momentos discordemos, é a discordância plena de quem admira, de quem respeita. Quero dizer a V. Exa. que continue e que tem todo o meu respeito.

    Senador Lasier, um veterano desta Casa, aquele gaúcho firme que, no momento primeiro em que aqui cheguei, eu vi neste Plenário dizendo: "Precisa mudar o Regimento Interno, precisamos ter transparência". E V. Exa. transborda essas convicções.

    Nós precisamos avançar com esta Casa, seja quem possa ser. Eu sou "lavajatista" assumido. Eu acredito que nós temos que ter a prisão após condenação em segunda instância, não é por causa de A, de B, se é de direita ou de esquerda. Eu já disse: ladrão não tem ideologia, ladrão não tem partido, ladrão é ladrão e tem que ser tratado como ladrão. Mas nós precisamos avançar com essas pautas.

    Eu sonhei e sonho, independentemente de quem possa ser o Presidente ou a Presidente, ver nesta Casa funcionando uma comissão de segurança pública. Não há o menor cabimento. A pauta, depois da questão da saúde e da pandemia, que mais causa desespero no cidadão brasileiro é insegurança. E esta Casa, com todo o respeito, tem uma Comissão de Senado do Futuro, mas não tem uma comissão de segurança pública. E fica a CCJ hipertrofiada, sem conseguir dar atenção a todos. Então, todos que estão disputando a eleição, pensem, não é porque é uma proposta de um velho policial veterano, não, eu acho que é um sonho para o Brasil. Nós precisamos avançar de todas as formas. Não posso ver esta Casa e o Congresso prostrados, gente. Eu não posso ver o Senado sendo enganado.

    Ministros, generais, aqui, no dia 4 de dezembro de 2019, na votação da malha de proteção dos militares, mentiram, mentiram para nós Senadores da Comissão de Relações Exteriores, para que aprovássemos a reforma previdenciária dos militares, para a qual em janeiro mandariam uma proposta. Eu nunca esperei, na minha vida, presenciar o que eu estou presenciando: general, ministro mentiroso.

(Soa a campainha.)

    O SR. MAJOR OLIMPIO (Bloco Parlamentar PSDB/PSL/PSL - SP) – Os praças e pensionistas das Forças Armadas abandonados.

    Desoneração da folha, o Congresso votou duas vezes: uma para provar, outra para derrubar o veto – o Governo está judicializando, puxando a faca com o Congresso.

    PLP 135: precisa hoje de dinheiro, dinheiro para a ciência, para a tecnologia. Não adianta dizer para o Marcos Pontes: "Você é o chefe para produzir vacina". Só com boa vontade não se chega à Lua, não; precisa do descontingenciamento desses recursos. O Presidente vetou os dispositivos, acabando com o projeto. Nós temos que avançar nisso.

    E deixei por último, para encerrar as minhas considerações, para dizer: entre não ter chance efetiva de disputa de votos e poder alimentar uma expectativa...

(Soa a campainha.)

    O SR. MAJOR OLIMPIO (Bloco Parlamentar PSDB/PSL/PSL - SP) – ... de debate de um segundo turno mais contundente aqui nesta Casa, pelo bem da democracia, eu, neste momento, quero renunciar à minha pretensão, que seria uma pretensão do PSL, em defesa... Para que nós possamos ter, pela primeira vez na história do Senado, uma mulher corajosa, firme para conduzir esse processo e que possa gerar uma reflexão em cada um dos senhores neste momento, para dizer às mulheres da Casa que ficam falando em empoderamento e merecem, Leila, esse empoderamento – merecem –, eu renuncio à minha pretensão neste momento, Sr. Presidente. E vou declarar – a Soraya assim já me permitiu; e o voto do PSL é o meu voto e o voto da Soraya simplesmente – que o nosso voto será em V. Exa., Senadora Simone, não porque seria, talvez, mais conveniente abraçar o grupo de maior força ou o grupo... Não! Neste momento, da forma como estão colocadas as coisas, com muita tranquilidade, sem jamais atacar qualquer um dos demais que possam presidir esta Casa – ao contrário, eu quero ajudar –, quero dizer que cerro fileiras com V. Exa. e vou fazer o voto em aberto daqui a pouco em V. Exa.

    Muito obrigado, Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 02/02/2021 - Página 17