Exposição de convidado durante a 139ª Sessão de Debates Temáticos, no Senado Federal

Sessão de Debates Temáticos destinada a tratar dos projetos de concessão de aeroportos do Governo Federal e seus impactos na operação e otimização dos atuais aeroportos situados nos Estados do Rio de Janeiro, de Minas Gerais e de São Paulo.

Autor
LUIZ PAULO CORREA
Casa
Senado Federal
Tipo
Exposição de convidado
Resumo por assunto
Governo Federal, Transporte Aéreo:
  • Sessão de Debates Temáticos destinada a tratar dos projetos de concessão de aeroportos do Governo Federal e seus impactos na operação e otimização dos atuais aeroportos situados nos Estados do Rio de Janeiro, de Minas Gerais e de São Paulo.
Publicação
Publicação no DSF de 23/10/2021 - Página 20
Assuntos
Outros > Atuação do Estado > Governo Federal
Infraestrutura > Viação e Transportes > Transporte Aéreo
Matérias referenciadas
Indexação
  • SESSÃO DE DEBATES TEMATICOS, PROJETO, CONCESSÃO, LEILÃO, AEROPORTO, GOVERNO FEDERAL, MINISTERIO DA INFRAESTRUTURA, OPERAÇÃO, LOCALIZAÇÃO, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), ESTADO DE SÃO PAULO (SP), ESTADO DE MINAS GERAIS (MG).

    O SR. LUIZ PAULO CORREA (Para exposição de convidado.) – É que estava fechado o som. Desculpe.

    Eu queria aqui cumprimentar o nosso Senador Carlos Portinho e todos os presentes.

    Para não me alongar e cumprir aqui meus cinco minutos, quero dizer que esta audiência pública é absolutamente importante para o Estado do Rio de Janeiro e para a cidade do Rio de Janeiro. Eu estou aqui representando o Deputado André Ceciliano, que é o Presidente da Alerj. E confesso, meu Senador Carlos Portinho, que verifico que V. Exa. está absolutamente preparado em relação ao tema.

    Quero trazer aqui meu depoimento como engenheiro e Deputado Estadual e minha experiência no Executivo sobre esse tema. Primeiro, eu queria lembrar o art. 1º da Constituição Federal. Nós somos a República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal – art. 1º da Constituição Federal. E o que o senhor está promovendo aqui, Senador Carlos Portinho, é tentando cumprir o art. 1º, porque foi dito aqui que foram ouvidos o usuário e as companhias aéreas, que são importantes como enquetes de opinião, e não no cumprimento da nossa Constituição Federal.

    Segundo, eu queria lembrar que o nome do nosso Aeroporto do Galeão é Aeroporto Internacional Tom Jobim – Aeroporto Internacional Tom Jobim – e que o Aeroporto Santos Dumont é um aeroporto de caráter doméstico. E, evidentemente, o aeroporto de Jacarepaguá completa as possibilidades locais.

    Bom, dito isso, afirmo que eu fico aqui surpreso que os representantes do Governo Federal desconheçam que o Estado do Rio de Janeiro está negociando a sua possibilidade de continuar no Regime de Recuperação Fiscal. E, para ter recuperação fiscal, o Estado do Rio de Janeiro precisa de um plano estratégico de desenvolvimento econômico e social. Exatamente, a proposta do Governo Federal é afundar mais o desenvolvimento econômico-social do Estado do Rio de Janeiro, porque essa proposta que eu estou vendo é arrecadatória, não pensa no Estado, nem no Município da capital, nem nos outros 91 Municípios, Senador Carlos Portinho.

    O Aeroporto Internacional do Galeão – e V. Exa. conhece bem – é fundamental para nossa Baixada Fluminense inteira, ele é fundamental para o nosso sul fluminense e é fundamental para a Região Serrana. Eu digo que sou engenheiro, porque eu sou engenheiro de transporte, conheço mobilidade. Sob o ponto de vista da mobilidade, desviar voos internacionais para o Galeão é um desastre! É um desastre! Acabou-se de gastar alguns milhões de reais para se fazer uma alça de ligação do Galeão com a Linha Vermelha em direção à Baixada, exatamente para melhorar a acessibilidade de todos aqueles que vêm da Baixada e do sul fluminense. Então, os representantes desconhecem essa realidade.

    Eu participei, recentemente, de muitas discussões na cidade do Rio de Janeiro sobre o plano estratégico de desenvolvimento da cidade, e o desenho da cidade é o Aeroporto Internacional Tom Jobim recebendo carga, voos internacionais e também alguns voos domésticos. Um aeroporto estratégico internacional e de característica de todo o Estado do Rio de Janeiro.

    O Aeroporto do Galeão, dentro desse desenho urbano, é um aeroporto, como bem referenciou V. Exa., Senador, da cidade, que atende muito mais o Centro e a Zona Sul. O plano estratégico da cidade quer fazer do Centro da cidade um novo polo habitacional, e o aeroporto Santos Dumont é exatamente importante.

    A proposta do Governo Federal desorganiza o desenho urbano, impacta negativamente a cidade nos seus aspectos ambientais, urbanos, e também o Estado e a Região Metropolitana vão ser impactados social e economicamente. Ele vai desarticular um bairro importante da cidade do Rio de Janeiro, que é a Ilha do Governador. Está querendo transformar, depois que a gente está vivendo essa pandemia de alto poder corrosivo em nossa economia, aquela área e aquele aeroporto num aeroporto fantasma.

    A Prefeitura da cidade na Zona Norte do Rio de Janeiro e o Governo do Estado fizeram trabalhos técnicos bastante profundos sobre esse assunto, a própria Assessoria Fiscal da Alerj também o fez, no sentido de mostrar claramente que Santos Dumont tem que ser um aeroporto para trabalhar num raio máximo de 500km de voos, fazer conexão com todas as capitais do Sudeste – isto é, São Paulo, Rio, Belo Horizonte e Vitória – e ter uma conexão direta com Brasília.

    Qualquer posição diferente dessa é agredir o pacto federativo, é desrespeitar o Prefeito da cidade, é desrespeitar os Prefeitos da Região Metropolitana, do Sul Fluminense, da Região Serrana e, em última análise, corta o Governo do Estado, e olha que todo o segmento político do Estado, com as mais diversas correntes, tem a mesma posição, porque a gente convive com esse desenho há décadas. Eu vi construir a ampliação do Aeroporto Santos Dumont, Senador Carlos Portinho, do Santos Dumont e do Galeão, os dois.

    Então, a argumentação aqui trazida pela União é muito frágil, é uma política meramente arrecadatória da outorga, como bem aqui frisou o Prefeito Eduardo Paes.

    Eu estou aqui, assim, pasmo de ver a argumentação trazida. A voz do bom senso que eu ouvi aqui até agora é a sua, Senador, com as questões que o senhor coloca em cima de cada um daqueles que fazem uso da palavra.

    Eu agradeço o espaço e encerro porque o meu tempo acabou.

    Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 23/10/2021 - Página 20