Discurso durante a 36ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Manifestação contrária às declarações do Governo Federal acerca dos atos do dia 8 de janeiro de 2023. Relato de ações de S. Exª. com o intuito de fiscalizar e denunciar possíveis falhas e omissões de agentes públicos referentes a esses atos.

Autor
Marcos do Val (PODEMOS - Podemos/ES)
Nome completo: Marcos Ribeiro do Val
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
Defesa do Estado e das Instituições Democráticas:
  • Manifestação contrária às declarações do Governo Federal acerca dos atos do dia 8 de janeiro de 2023. Relato de ações de S. Exª. com o intuito de fiscalizar e denunciar possíveis falhas e omissões de agentes públicos referentes a esses atos.
Aparteantes
Esperidião Amin.
Publicação
Publicação no DSF de 26/04/2023 - Página 29
Assunto
Soberania, Defesa Nacional e Ordem Pública > Defesa do Estado e das Instituições Democráticas
Indexação
  • COMENTARIO, ATUAÇÃO PARLAMENTAR, ORADOR, INVESTIGAÇÃO, RELATORIO, AGENCIA BRASILEIRA DE INTELIGENCIA (ABIN), GABINETE DE SEGURANÇA INSTITUCIONAL, PRESIDENCIA DA REPUBLICA, MANIFESTAÇÃO COLETIVA, CONGRESSO NACIONAL, DEMOCRACIA, ESTADO DEMOCRATICO.

    O SR. MARCOS DO VAL (Bloco Parlamentar Democracia/PODEMOS - ES. Para discursar.) – Com a autorização do nosso digníssimo guru, vamos lá!

    Todo mundo sabe que eu estou desde janeiro, até ombreado aí com o Esperidião Amin, que estava presidindo a Comissão de Fiscalização das Agências de Inteligência... E no próprio dia 8 de janeiro já ficou claro para mim quem eram os responsáveis e quem prevaricou.

    Eu vou tentar ser bem breve porque até no depoimento do G. Dias, ele demorou cinco horas. Depois eu vou fazer um megarresumo até para poder mostrar que, sobre o depoimento dele, eu posso colocar aqui que 99% é mentira absoluta.

    Bom, com o documento que está na Comissão de Fiscalização das Agências de Inteligência, que é o relatório da Abin, que foi solicitado por mim e pelo digníssimo Senador Esperidião Amin, que presidia na época, já vai desconstruir toda a narrativa do Governo e principalmente do atual Presidente da República, que não me representa.

    Para vocês terem uma ideia bem rápida, eu vou ser objetivo. As pessoas estão me questionando o fato de por que eu estou à frente disso desde o início. É porque é minha carreira; há 30 anos que eu trabalho na área da segurança pública. Desses 30 anos, 20 foram dando aula para a unidade de elite dos Estados Unidos, a Swat, as unidades da Polícia Federal americana. Depois, eu passei para dar instruções para o grupo antiterrorista da Nasa. Depois, fui para Europa dar aula no Vaticano, e aí fui.

    Então, minha carreira, na verdade eu só estou apenas há 4 anos como Senador e os outros 30 estou eu nessa área da segurança pública. E, quando o fato aconteceu, para mim, quando eu cheguei aqui logo no próprio domingo, eu peguei um voo e vim para cá, ficou fácil fazer a leitura e saber quem seriam os culpados.

    Então, desde janeiro, eu venho falando e até denunciando porque tem aqui. Esse ofício eu apresentei no dia 9 de janeiro. Enviei para o Flávio Dino, pedindo para ele prestar contas do que ele fez ou o que ele deixou de fazer. A única coisa que ele fez foi ficar na janela assistindo aos atos antiterroristas.

    Dia 12 de janeiro eu também mandei para o diretor adjunto da Abin a solicitação do relatório e ele não respondeu. Graças ao Senador Esperidião Amin, que fez a solicitação como Presidente da CCAI, ele respondeu, mas veio como sigiloso.

    Ele mesmo em depoimento disse que ele não teve acesso a nenhum relatório da Abin. Você acredita nisso, Senador Esperidião Amin? Sendo que foi ele que encaminhou o relatório para nós da CCAI, Esperidião Amin está aqui como testemunha, e ainda colocou o selo de sigilo.

    Então, ele falar no próprio depoimento dele na Polícia Federal que ele não teve acesso a nenhum relatório é o cúmulo da mentira, do absurdo de um general fazer isso.

    Bom, então, também dia 16 de janeiro eu mandei aqui para o G. Dias...

    O Sr. Esperidião Amin (Bloco Parlamentar Aliança/PP - SC) – V. Exa. me concede um aparte quando possível, não precisa ser já não.

    O SR. MARCOS DO VAL (Bloco Parlamentar Democracia/PODEMOS - ES) – Pode, pode.

    O Sr. Esperidião Amin (Bloco Parlamentar Aliança/PP - SC. Para apartear.) – Eu gostaria, Presidente, de, neste momento em que V. Exa. está fazendo essa recapitulação, fazer uma pequena intervenção.

    Número um. Fiz a solicitação para que o GSI nos enviasse o conjunto das mensagens que circularam no Sistema Brasileiro de Inteligência, o Sisbin, criado pela Lei 9.883, de 1999, no dia 9 de janeiro.

    O GSI nos respondeu – olha bem – aquilo que tinha acontecido, não precisava acontecer nada, apenas no dia 21. O ofício de encaminhamento...

    O SR. MARCOS DO VAL (Bloco Parlamentar Democracia/PODEMOS - ES) – Kajuru, só para poder... Porque o nosso digníssimo está falando, e você está exatamente na nossa linha. (Risos.)

    O Sr. Esperidião Amin (Bloco Parlamentar Aliança/PP - SC) – Você está na linha de fogo, mas como é fogo amigo... Não precisa abusar também.

    Então, eu quero deixar bem claro que o General Gonçalves Dias assinou – ele assinou – o envio do relatório no dia 21 de janeiro.

    Eu suponho, Presidente Styvenson, suponho de boa-fé, que esse foi o tempo que demandou para coletar as informações sem filtro, sem filtrar. Fico, agora, até admirado, porque o Diretor da Abin, que respondia pela Abin e que fez essa coletânea, foi nomeado pelo atual Governo.

    O SR. MARCOS DO VAL (Bloco Parlamentar Democracia/PODEMOS - ES) – Exato.

    O Sr. Esperidião Amin (Bloco Parlamentar Aliança/PP - SC) – Não é herança do Governo passado.

    O SR. MARCOS DO VAL (Bloco Parlamentar Democracia/PODEMOS - ES) – Nem foi sabatinado ainda pelo Senado.

    O Sr. Esperidião Amin (Bloco Parlamentar Aliança/PP - SC) – E ainda não foi sabatinado.

    O Sr. Saulo Moura da Cunha, servidor de carreira, já com uma bela folha de serviços prestados.

    Foi ele – na minha cabeça – que organizou, porque a Abin é a agência central do sistema. Portanto, eu parto do princípio de que é um relatório feito de boa-fé e que o General, antes de assinar o ofício de encaminhamento, depois de dez dias...

    O SR. MARCOS DO VAL (Bloco Parlamentar Democracia/PODEMOS - ES) – Tenha lido.

    O Sr. Esperidião Amin (Bloco Parlamentar Aliança/PP - SC) – Tenha lido.

    Então, eu fico perplexo...

    O SR. MARCOS DO VAL (Bloco Parlamentar Democracia/PODEMOS - ES) – Eu também.

    O Sr. Esperidião Amin (Bloco Parlamentar Aliança/PP - SC) – ... com as autoridades federais que dizem que não havia relatório.

    O SR. MARCOS DO VAL (Bloco Parlamentar Democracia/PODEMOS - ES) – Exato.

    O Sr. Esperidião Amin (Bloco Parlamentar Aliança/PP - SC) – Outros que não leram, eu não contrario, não posso obrigar a ler, mas posso dizer, sim, que as 48 agências vinculadas ao Ministério da Justiça, vinculadas ao Ministério da Defesa e ao próprio Palácio do Planalto, leia-se GSI, receberam essas mensagens. Agora, se leram, se o chefe leu ou se não leu...

    Eu fico com uma peça da Segunda Guerra Mundial e encerro aqui: diz a crônica que o aviso ao Führer Adolf Hitler, de que a invasão estava começando na França, de que o Dia D tinha começado, foi enviado de madrugada, mas o ordenança resolveu não acordar o Führer. E, assim, ele só leu a notícia depois das 11h da manhã, com isso, impedindo a resposta ao ataque, porque dependia do Führer autorizar o deslocamento ou não das forças blindadas, ou seja, da infantaria motorizada.

    Então, eu não faço aqui juízo. Eu informo como subsídio à sua intervenção que há o relatório. O relatório foi encaminhado no dia 21 de janeiro e ele resume. V. Exa. teve acesso a ele, porque era da Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência. E só quero lembrar que ele continua sob reserva. E eu já fiz dois requerimentos. Daqui a pouco, eu vou requerer, Presidente, ao Ministro Alexandre de Moraes. Sabe por quê? Porque ele, num ato só, quebrou o sigilo dessas 150 horas de filmagem, e eu não consigo quebrar o reservado de um relatório que fala apenas de fatos passados, que retrata fatos passados, enviado pelo GSI a seis Senadores. Eu acho que vou pedir ao Supremo.

    O SR. MARCOS DO VAL (Bloco Parlamentar Democracia/PODEMOS - ES) – E assinado pelo G. Dias.

    O Sr. Esperidião Amin (Bloco Parlamentar Aliança/PP - SC) – E assinado! E que agora gera controvérsia: "Eu sabia, eu não sabia, eu não li".

    Estou com vontade de me dirigir ao Ministro Alexandre de Moraes, pedindo para ele quebrar o sigilo desse relatório, que nós aqui no Senado não conseguimos quebrar.

    O SR. MARCOS DO VAL (Bloco Parlamentar Democracia/PODEMOS - ES) – Nós podemos solicitar à CPMI.

    O Sr. Esperidião Amin (Bloco Parlamentar Aliança/PP - SC) – Desde 31 de janeiro que eu peço isso.

    O SR. MARCOS DO VAL (Bloco Parlamentar Democracia/PODEMOS - ES) – Na CPMI, a gente pede isso também.

    O Sr. Esperidião Amin (Bloco Parlamentar Aliança/PP - SC) – Pois é, mas eu estou pedindo desde 31 de janeiro para quebrar o reservado.

    O SR. MARCOS DO VAL (Bloco Parlamentar Democracia/PODEMOS - ES) – Eu sou testemunha disso.

    O Sr. Esperidião Amin (Bloco Parlamentar Aliança/PP - SC) – O GSI não quebra, o Senado não se reúne. Eu acho que eu vou, rendendo-me aos fatos, pedir ao Ministro Alexandre de Moraes.

    O SR. MARCOS DO VAL (Bloco Parlamentar Democracia/PODEMOS - ES) – Estarei ombreado com V. Exa.

    Então, para dar continuidade, é até bom, porque o Senador Esperidião Amin é testemunha desse período em que nós – eu acho, se eu não me engano – fomos os únicos a ler o relatório, mas aqui eu continuo.

    Aí eu encaminhei, no dia 19 de janeiro, para o Aras, Procurador-Geral da República, também colocando as falhas e imputando a prevaricação dos ministros e do Presidente. Tem aqui outro para o dia 19, para o Supremo Tribunal Federal, para a Ministra Rosa Weber, que é Presidente. Aqui também para o Ministro Alexandre de Moraes, para o STF, também em janeiro, dia 19 de janeiro. E por aí vai. Então tem vários documentos aqui protocolados, que eu encaminhei em janeiro, solicitando o afastamento dos dois ministros e o afastamento até do Presidente da República.

    Quando o interventor Ricardo Cappelli entrou, no dia 8, dia 9, em que o Presidente leu aquele ofício, decretando a intervenção federal, vocês sabiam que aquele documento já estava com o Presidente desde sexta-feira? Ele se tornou a Mãe Dináh, porque ele já previa que no domingo, ele ia precisar ler aquele relatório, aquele documento dizendo sobre a intervenção federal.

    Não há dúvida de que o Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, fez a solicitação para deixar acontecer e para avisar, através do G. Dias, que a manifestação seria pacífica, com um número pequeno de manifestantes. E aí o G. Dias fez o contato com esses 48 órgãos, dizendo que poderia desmobilizar a Força Nacional, a Guarda Presidencial, a Polícia de Choque da Polícia Militar do Distrito Federal. E assim, foi enviado um efetivo mínimo. Quando, 1h45 da tarde, perceberam que o número de manifestantes estava muito além do que o G. Dias havia comunicado, já era ali a linha tênue que eu falo, é o momento de já acionar as unidades e fazer o gerenciamento da crise. Isso, se não existisse o relatório da Abin, que em nenhum momento o relatório fala que vai ser uma manifestação pacífica.

    Ele retrata, desde o dia 2, quando a ANTT e a Polícia Rodoviária Federal provocam a Abin sobre o número excessivo de ônibus que estava sendo alugado, em todo o país, para Brasília. A Abin começa, então, a monitorar e a fazer todo o trabalho, desde o dia 2. É um trabalho, também – e ficam aqui os meus elogios –, detalhista demais. Quando a gente conseguir quebrar o sigilo desse relatório, a gente quebra o atual Presidente da República e os Ministros.

    Só para vocês terem uma ideia, o G. Dias fala que pegou... O interventor, o Cappelli, quando ele fez o laudo, o relatório final da intervenção, em que ele culpou do Governador para baixo, eu falei: não é possível tamanha cara de pau. Denunciei, falei aqui no Plenário, falei nas minhas redes sociais que ele prevaricou, que ele não citou o Ministro G. Dias, o Ministro Flávio Dino e nem o Presidente Lula. Eu tive acesso a essas imagens que estão sendo vazadas agora, eu tive acesso ao relatório, junto com o Senador Esperidião Amin. Então, o que ele estava dizendo... Estava mentindo para o povo brasileiro dizendo que a responsabilidade era do Governador para baixo.

    Agora, o Presidente da República o coloca, de novo, para agora assumir o GSI. Uma pessoa que não tem a mínima capacidade e conhecimento na área de segurança pública. E foi o primeiro brasileiro a trazer ao Brasil o Che Guevara.

    Vou ler aqui para vocês o que cabe ao Ministro do GSI porque ele disse, completando a fala do Senador Magno Malta, que o Ricardo Cappelli disse que é como se o Ministro tivesse pego o carro com apenas oito dias de uso. Bom, mas o Ministro G. Dias já tinha experiência de oito anos, nos outros Governos do Lula. Então, o carro não era novo, ele já pilotava esse carro. Não venha com um discurso fantasioso.

    O que cabe ao GSI? Só para vocês terem ideia: assistir diretamente o Presidente da República no desempenho das suas atribuições, especialmente quando há assuntos militares e de segurança; analisar e acompanhar questões com potencial de risco; prevenir a ocorrência de crise; e articular seu gerenciamento...

(Soa a campainha.)

    O SR. MARCOS DO VAL (Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - ES) – ... em caso grave e iminente de ameaça à estabilidade institucional.

    Ele foi Ministro do GSI há oito anos. Então, quando ele disse que não sabia de nada... Ele chegou ao ponto de dizer que não foi convidado para a reunião que fizeram para tratar sobre a segurança do dia 8, sendo que cabe ao GSI a organização dessa reunião. Cara de pau, para não dizer outra coisa.

    Vamos lá. Coordenar as atividades de inteligência federal, ou seja, acima da Abin tinha o GSI, agora tiraram a Abin para a Casa Civil. Não faz sentido algum isso. Mas, no período dele, cabia à Abin informar ao GSI. E foi informado ao GSI, tanto é que o documento, com o relatório que nós recebemos na Comissão de Fiscalização das Agências de Inteligência...

(Soa a campainha.)

    O SR. MARCOS DO VAL (Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - ES) – ... estava com a assinatura do G. Dias.

    Coordenar as atividades de segurança de informação; planejar, coordenar, supervisionar as atividades de segurança; tratamento de informações sigilosas; pela segurança pessoal do Presidente, do Vice-Presidente; pela segurança dos palácios presidenciais e das residências do Presidente da República e do Vice-Presidente – eu só assinalei algumas –; coordenar as atividades do Sistema de Proteção ao Programa Nuclear Brasileiro – olha a responsabilidade –; planejar e coordenar – e ele veio dizer que ele não foi convidado para a reunião –; acompanhar questões referentes ao setor espacial brasileiro; acompanhar assuntos pertinentes ao terrorismo e às ações destinadas à sua prevenção e à sua neutralização; e intercambiar subsídios para a avaliação de risco...

(Soa a campainha.)

    O SR. MARCOS DO VAL (Bloco Parlamentar Democracia/PODEMOS - ES) – ... de ameaça ao território nacional – porque muitos – até o próprio Governo – dizem que foi um ato terrorista; acompanhar assuntos pertinentes às infraestruturas críticas, com prioridade aos que se referem à avaliação de riscos; os locais e adjacências onde o Presidente da República possa estar e o Vice-Presidente também possa estar. E aí vai.

    Então, o número de atos em que ele prevaricou é assustador, e ele, covardemente, pediu demissão, sendo que eu, já, também, tinha pedido o afastamento dele, em janeiro, porque eu já sabia disso tudo aqui, de tudo em que ele prevaricou. E o Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, deu o comando no sábado: avisa que vai ser uma manifestação pacífica e deixa acontecer, porque, dessa forma, nós vamos acabar com os bolsonaristas e com a direita.

    Quem mais se beneficiou dos atos do dia 8 de janeiro?

(Soa a campainha.)

    O SR. MARCOS DO VAL (Bloco Parlamentar Democracia/PODEMOS - ES) – Quem mais começou a trabalhar contra a CPMI do dia 8 de janeiro? Não tem mais o que se questionar, gente. É fato, dois mais dois são quatro. Não tem como, não há o que se questionar. A CPMI é só para formalizar o que já temos em documentações.

    Então, outra questão que eu acho um absurdo: o PT e os partidos aliados quererem assumir a Presidência e a relatoria. Seria equivalente a um delegado que chefia uma delegacia que trabalha com drogas, entorpecentes, com o combate a entorpecentes, o delegado pega, faz a prisão de um grande traficante e aí ele entrega ao traficante o poder de fazer as investigações sobre ele mesmo. Isso não existe!

(Soa a campainha.)

    O SR. MARCOS DO VAL (Bloco Parlamentar Democracia/PODEMOS - ES) – Na CPMI da covid-19, pergunta se na mesa, como Vice, como Presidente, Vice, Relator, tinha alguém da base aliada do Presidente na época. Nem se cogitava isso. Agora, quando a casa caiu... Eu venho falando desde janeiro e ninguém levava a sério, porque, infelizmente, eu era o único que tive acesso, não só ao relatório, mas a essas imagens. E tem muito mais imagens que vão impressionar vocês. E vai ser fato, após a CPMI, o início do processo de impeachment do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Podem anotar isso que eu estou falando com vocês.

    Bom, a questão das armas que sumiram. Vocês lembram que foram amplamente divulgadas as armas que sumiram no GSI naquele dia, e vocês viram – eu não preciso nem mais tentar convencê-los – que o General G. Dias estava transitando, para lá e para cá, pelos corredores, prevaricando e ligando para o assessor do Lula, porque o Lula, neste Governo, não tem um celular dele, para que não seja rastreado, não seja depois pego para investigação. Então, ele usa o celular a cada dia de um assessor.

    Então, o General G. Dias estava simplesmente atualizando o Presidente, como também o Flávio Dino, da sua janela do Ministério da Justiça, no melhor cenário possível, observando tudo o que estava acontecendo. E o que é mais incrível: ninguém perguntou onde é que estava o Lula, de 13h45, quando a Polícia Militar começou a não dar conta de revistar no primeiro bloqueio ali na rodoviária, até às 17h30 da tarde. "Ah, ele estava lá em Araraquara", sim, mas se eu, que estava lá no interior do Espírito Santo, consegui ser informado, retornei o carro para a estrada, fui para o aeroporto, esperei um voo comercial – porque eu não tenho aeronave – para chegar aqui e consegui chegar.

    E o Presidente tem a aeronave dele a pronto emprego principalmente por questões de emergência, não é possível que nenhum assessor... Isso eu estou colocando como se ele não tivesse acesso ao relatório, que faz necessário o GSI, o G. Dias, que é o braço direito dele, está com o Lula há uns trinta anos... Cabe a ele, diariamente, informar questões envolvendo a segurança do país. Então, não tem como dizer que, do dia 2 ao dia 8, o Presidente não foi informado de nada, mas vamos supor, vamos ser inocentes, vamos colocar aqui, de uma forma infantilizada, que o Presidente não teve acesso a esse relatório. Bom, mas a imprensa já estava divulgando que o clima estava pesado e com possibilidade de invasão. Por que o Presidente não pegou a aeronave dele – duraria 1h30 para chegar em Brasília –, para estar aqui de perto, e ele só foi chegar 21h da noite? Às 17h30 da tarde, ele faz uma coletiva lá em Araraquara para ler a intervenção federal, que já estava com ele desde sexta-feira.

    Como o Presidente da República, vendo o que aconteceu nos Estados Unidos, vendo o fato com possibilidade de acontecer no Brasil, não pegou a aeronave e veio para cá, para gerenciar a crise pessoalmente? Pegou e fugiu, ficou lá no cantinho. E essa alteração para Araraquara aconteceu no dia anterior, no sábado, conforme relatório da Força Aérea Brasileira.

    Então, não há dúvida nenhuma de que o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu para deixar acontecer e pediu para que o G. Dias e o Flávio Dino dispensassem a Força Nacional, a Guarda Presidencial e a polícia de choque da Polícia Militar do Distrito Federal, que é uma das melhores do mundo.

(Soa a campainha.)

    O SR. MARCOS DO VAL (Bloco Parlamentar Democracia/PODEMOS - ES) – Para a gente já seguir para o encerramento, outra questão que vale vocês se perguntarem: Ah, mas será que o G. Dias tinha tempo de fazer algum planejamento? Ele estava, como a gente chama na esfera militar, "voando" ali dentro. E outra, como Brasília e os três Poderes passam por situações iguais a essa, de crises semelhantes a essa? Desde a sua fundação, há procedimentos já prontos para cada tipo de cenário que está para ocorrer. Então, ele não precisava nem ter tido a experiência de oito anos atrás, ele já poderia dar a ordem.

    E outra coisa. Quando ele falou que os abaixo dele eram todos membros do Governo anterior do Bolsonaro, mentira! É inacreditável ver um General mentindo nesse nível, porque, quando tem a fase de transição, que é do dia seguinte das eleições em outubro até o dia 31 de dezembro, todos os ministérios e órgãos vão fazendo a transição e colocando as pessoas de confiança nos cargos de confiança. Assim, ele colocou o Major que apareceu na cena, dois Majores e um Coronel no segundo escalão, abaixo dele, na área de coordenação e diretoria; abaixo, é a tropa, é a força de choque, são funcionários efetivos, que ele optou por manter. Então, não tem essa desculpa de que ele tentou e de que o grupo se rebelou, porque era bolsonarista. Mentira! Mentira!

    E, quando começarmos a CPMI, que, se Deus quiser, vai ser aberta amanhã...

(Soa a campainha.)

    O SR. MARCOS DO VAL (Bloco Parlamentar Democracia/PODEMOS - ES) – ... nós vamos fazer a solicitação da quebra desse relatório. E o que é mais impressionante é que o próprio Ministro G. Dias – o incompetente – assina o relatório que encaminhou para nós, para a Comissão de Fiscalização! Inacreditável! E, no depoimento dele à Polícia Federal, ele disse que não teve acesso a nenhum relatório.

    Meu Deus do céu! Como o Brasil passa por tudo isso?! É inacreditável! O brasileiro é resiliente demais, chega a ser, acho, até demais!

    Agora, não dá mais... Agora, pensar na possibilidade de o Governo querer presidir a Comissão, ter a relatoria da Comissão... Eu vou ter que apresentar um projeto de lei para acabar com isso. Não tem condições de o traficante coordenar a investigação do próprio ato criminoso dele! Isso é um absurdo, gente! Brasil, lute para que isso não aconteça aqui! Que seja a oposição ou que seja o centrão, mas a base do Governo presidir ou querer ser Relator?! E o Senador Randolfe ainda fala: "Sobre CPMI nós temos experiência!". Agora, ele nunca teve a experiência de ser a vidraça; ele sempre foi o estilingue; agora, ele é vidraça.

    E com os documentos... Onde há fatos não tem mais argumentos. Então, assim que a gente apresentar esse relatório, Brasil, vocês vão ficar impressionados.

    E tem muito mais vídeos para aparecer, vídeos da hora em que o G. Dias manda a tropa voltar, vídeos com a... Há e-mails trocados entre o Presidente e os Ministros falando para deixar acontecer. Tem muita coisa a que este País vai ter acesso e vai se chocar com o atual Presidente, que, na campanha, teve o discurso de dizer...

(Soa a campainha.)

    O SR. MARCOS DO VAL (Bloco Parlamentar Democracia/PODEMOS - ES) – ... que nós estaríamos num país agora harmônico, unido, com o amor prevalecendo, pá-pá-pá! Tudo mentira! Na primeira oportunidade, ele fez com que os três Poderes fossem destruídos.

    E outro: como pode que os três Poderes juntos não tenham feito a sua proteção?! É porque os três Poderes não fazem parte do Sistema Brasileiro de Inteligência. Então, caberia ao GSI informar, depois de ter sido informado pela Abin; caberia ao GSI ter feito a comunicação para o STF, para o Congresso e para o Palácio do Planalto. Ele não o fez, porque foi pedido a ele pelo Presidente que não fizesse nada. Então, você ter visto tudo aqui ser quebrado e destruído... E ninguém perguntou: "Presidente, mas o senhor não pegou um avião e foi para Brasília?". Gente, é absurdo o que aconteceu!

(Soa a campainha.)

    O SR. MARCOS DO VAL (Bloco Parlamentar Democracia/PODEMOS - ES) – E ainda quando vêm os Governadores... E fica aqui a minha lamentação, porque todos vocês Governadores foram enganados. Vocês foram enganados, porque quem planejou o que aconteceu... Não é quem planejou a invasão, não! Isso já ia acontecer com os extremistas – esses extremistas faço questão de estarem presos e pegarem uma penalidade longa! Tinha os extremistas; tinha os bolsonaristas, que entraram aqui com camisa e bandeira, filmando e tal, para poder botar nas suas redes sociais; e tinha a direita conservadora, que eram os idosos que estavam lá fora. Então, também não tem como colocar aqui que dentre os extremistas tinha não sei o quê... Tinha, sim, alguns infiltrados. E eram os extremistas que coordenaram. "Ah, mas não foi o Presidente que fez com que..." Não! O Presidente só falou: "Ah, vai acontecer? Então, deixe acontecer, deixe acontecer! Assim, a gente já acaba logo com os bolsonaristas". Bom, então, é isso. Estou colocando aqui para vocês de forma clara e transparente.

(Soa a campainha.)

    O SR. MARCOS DO VAL (Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - ES) – No início da CPMI, tudo vai ser revelado, como está sendo agora através dos vídeos, como o meu questionamento sobre o armamento que sumiu lá no GSI. Mostram o Ministro andando para lá e para cá e os seus cargos de confiança, o Major e o Coronel... E a imprensa até agora não citou as armas que foram roubadas. Como é que pode?! O General estava ali, e armas foram roubadas, armas e munições!

    Eu encerro por aqui.

    Obrigado, Presidente, pelo tempo.

    Eu queria falar por mais cinco horas, mas o Kajuru também está ali com vontade de falar...

(Intervenção fora do microfone.)

    O SR. MARCOS DO VAL (Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - ES) – O Kajuru até fez um desafio para mim, mas acho que o Kajuru não vai conseguir cumprir esse desafio, não é, Kajuru?

    Gente, fica assim. É a minha sinceridade, a minha transparência.

    Estarei amanhã lutando pela abertura da CPMI, colocarei o meu nome para ser Relator....

(Soa a campainha.)

    O SR. MARCOS DO VAL (Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - ES) – ... porque não tem condições de que um traficante possa relatar e presidir a investigação sobre os crimes que ele mesmo cometeu. Isso é um escândalo!

    Obrigado, Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 26/04/2023 - Página 29