Discurso durante a 119ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Preocupação com os dados do relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico em que o Brasil é o segundo país com a maior proporção de jovens, entre 18 a 24 anos, que não estudam e não trabalham.

Autor
Jorge Kajuru (PSB - Partido Socialista Brasileiro/GO)
Nome completo: Jorge Kajuru Reis da Costa Nasser
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
Assuntos Internacionais, Economia e Desenvolvimento:
  • Preocupação com os dados do relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico em que o Brasil é o segundo país com a maior proporção de jovens, entre 18 a 24 anos, que não estudam e não trabalham.
Publicação
Publicação no DSF de 31/08/2023 - Página 34
Assuntos
Outros > Assuntos Internacionais
Economia e Desenvolvimento
Indexação
  • PREOCUPAÇÃO, DADOS, RELATORIO, AUTORIA, ORGANIZAÇÃO PARA A COOPERAÇÃO E DESENVOLVIMENTO ECONOMICO (OCDE), CLASSIFICAÇÃO, BRASIL, QUANTIDADE, JUVENTUDE, AUSENCIA, ESTUDO, TRABALHO.

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO. Para discursar.) – Amigo do bem e não de bens, alagoano, Senador Rodrigo Cunha, que está presidindo esta sessão...

    Antes de mais nada, depois de ter vivido 45 anos de carreira nacional na televisão brasileira, ter transmitido nove Copas do Mundo, seis Olimpíadas e trabalhado em todas as redes de televisão do país, e tendo o futebol como minha prioridade, além de ter sido apresentador, jornalista, jurado, desde Flávio Cavalcanti, enfim, fiz tudo na televisão, mas já ganhei camisa de Seleção Brasileira, do mestre Telê Santana, de Zico, de Sócrates, de Falcão; ganhei camisa do Pelé, inclusive, e é interessante: eu fiquei emocionado ao receber esta camisa de um time centenário – depois de amanhã completa os seus 100 anos –, o catarinense Avaí, que é uma das maiores paixões de um Senador da República, histórico, uma reserva moral, uma reserva cultural, Esperidião Amin.

    Eu achei que o número da camisa seria nove – artilheiro, não é? Ele não; ele preferiu o número 100 e colocou lá "Kajuru". E Leila do Vôlei e eu tivemos esse privilégio. Vou guardar, Amin, com gratidão, vou usá-la sábado, creio que farei gols com ela e lhe mandarei vídeo, assim como você manda vídeos de seus netos, o último deles, emocionante, o do Francisco.

    Brasileiros e brasileiras, minhas únicas vossas excelências, da tribuna quero falar, hoje, sobre um triste ranking em que o Brasil está colocado. Somos o segundo país com maior proporção de jovens, com idade entre 18 e 24 anos, que não estudam e não trabalham. Na faixa etária considerada no relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, 36% dos jovens brasileiros não estudam e estão sem trabalho. O Brasil fica atrás apenas – pasmem! – da África do Sul. Esses dois países mais a Argentina tiveram a sua educação avaliada, no ano passado, juntamente com 34 dos países membros da OCDE. Segundo a organização, o quadro revelado deixa esses jovens em risco de distanciamento de longo prazo do mercado de trabalho.

    Os jovens que não estudam nem trabalham são conhecidos como nem-nem, expressão que muitos estudiosos reprovam por dar a impressão de que o jovem não quer estudar e não quer trabalhar, o que, quase sempre, está em desacordo com a realidade. Às vezes, o jovem deixa a escola não porque deseja, mas, sim, por alguma imposição social, como cuidar de familiares, trabalho doméstico, gravidez, o que vale, sobretudo, para os mais pobres. Da mesma forma, não têm emprego não porque não procuram, mas porque nem sempre há emprego para aquele que está na faixa entre 18 e 24 anos.

    Uma situação preocupante, na medida em que a população vive cada vez mais e grande parcela de sua juventude pode se tornar incapaz de sustentar os idosos.

    Em recente entrevista, o sociólogo Fausto Augusto Junior, Diretor Técnico do Dieese, sintetizou, abro aspas: "O Brasil é o eterno país do futuro. O problema é que, com o tempo, nós estamos envelhecendo e daqui a pouco nós podemos ser o país do passado", fecho aspas.

    Tremendo desafio, mais um para o atual Governo, voltado para a redução das desigualdades sociais, objetivo que passa necessariamente pela educação. Sem ela, quem está na base da pirâmide social acaba condenado à pobreza e exclusão.

    Por isso, recentemente, aqui neste Plenário, eu manifestei contentamento pelo fato de o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) já ter transferido mais de um R$1 bilhão a estados e municípios, dinheiro que vai ser usado, entre várias finalidades, na gestão educacional, formação de professores e infraestrutura física.

    Da mesma forma, mereceram aplausos a criação do programa Escola em Tempo Integral, que está beneficiando 1 milhão de estudantes do ensino básico; e do Compromisso Nacional Criança Alfabetizada, criado este para garantir que os alunos de seis e sete anos aprendam, de fato, a ler e a escrever.

    Quanto aos jovens que não estudam e nem trabalham, será preciso, a meu ver, uma ação específica. É preciso mapear onde eles estão e oferecer nova oportunidade de volta à escola, quem sabe até uma ação conjunta entre o Ministério da Educação e o do Trabalho, com o objetivo de buscar também a inserção profissional.

    Neste contexto, é indispensável a retomada nos investimentos para a formação técnica e profissional de qualidade, como aconteceu no país entre 2013 e 2016. No período, foram criadas mais de 400 escolas técnicas, parte de uma rede estruturada em torno dos 360 institutos federais de ensino tecnológico que brotaram por todo o país.

    Da mesma forma, torna-se imperioso dar novo estímulo ao Pronatec, criado em 2011 e descontinuado na gestão anterior. O programa de qualificação profissional, com cursos gratuitos, em parceria com o Sistema S, pode representar um suporte para quem está desengajado da escola e do mercado de trabalho.

    O importante é sinalizar para o nem-nem – ou os nem-nem – que eles não estão abandonados e mostrar que podem se tornar jovens com-com, entendeu, pátria amada? Com-com: brasileiros com escola, com trabalho e com dignidade.

    Deus e saúde, pátria amada!

    E encerro em cima da hora, como sempre!

    O abraço a quem nos acompanha pela TV Senado, pela Agência Senado, Rádio Senado e redes sociais.

    Agradecidíssimo.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 31/08/2023 - Página 34