Pronunciamento de Cleitinho em 26/03/2025
Discurso durante a 13ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Alegação de parcialidade e da existência de julgamento político, no STF, contra oex-Presidente Jair Bolsonaro.
- Autor
- Cleitinho (REPUBLICANOS - REPUBLICANOS/MG)
- Nome completo: Cleiton Gontijo de Azevedo
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
-
Atividade Política,
Atuação do Judiciário,
Constituição,
Crime Contra a Administração Pública, Improbidade Administrativa e Crime de Responsabilidade,
Direito Penal e Penitenciário,
Mulheres,
Poder Judiciário,
Processo Penal:
- Alegação de parcialidade e da existência de julgamento político, no STF, contra oex-Presidente Jair Bolsonaro.
- Aparteantes
- Eduardo Girão.
- Publicação
- Publicação no DSF de 27/03/2025 - Página 49
- Assuntos
- Outros > Atividade Política
- Outros > Atuação do Estado > Atuação do Judiciário
- Outros > Constituição
- Outros > Crime Contra a Administração Pública, Improbidade Administrativa e Crime de Responsabilidade
- Jurídico > Direito Penal e Penitenciário
- Política Social > Proteção Social > Mulheres
- Organização do Estado > Poder Judiciário
- Jurídico > Processo > Processo Penal
- Indexação
-
- COMENTARIO, INJUSTIÇA, DOSIMETRIA, PENALIDADE, SENTENÇA JUDICIAL, DELITO, MULHER, PARTICIPANTE, PROTESTO, JANEIRO, DEPREDAÇÃO, CONGRESSO NACIONAL, COMPARAÇÃO, CRIME, DESVIO, RECURSOS PUBLICOS, SAUDE, SERGIO CABRAL, EX-GOVERNADOR, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ).
- CRITICA, INJUSTIÇA, JULGAMENTO, NATUREZA POLITICA, SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (STF), CRISTIANO ZANIN, FLAVIO DINO, MINISTRO, RECEBIMENTO, DENUNCIA, ACUSAÇÃO, JAIR BOLSONARO, EX-PRESIDENTE DA REPUBLICA, TENTATIVA, GOLPE DE ESTADO.
O SR. CLEITINHO (Bloco Parlamentar Aliança/REPUBLICANOS - MG. Para discursar.) – Sr. Presidente, boa noite. Boa noite aos Senadores e Senadoras, aos servidores desta Casa, à população que acompanha a gente pela TV Senado.
Sobre a questão desse julgamento que colocou o ex-Presidente Bolsonaro agora como réu, sobre essa suposta minuta de golpe, porque não teve golpe, a verdade é essa. Eu vou mostrar para vocês aqui, gente, descrever a verdadeira minuta de golpe: 60 delações; 32 condenações; mais de 3 mil evidências nos autos processuais; 4 a 0 no STJ; 3 a 0 no TRF4; 1 a 0 na vara criminal; mensalão; petrolão. Teve nego aí que estava até com dinheiro na cueca!
Então, quero falar o seguinte aqui para alguns políticos – para o povo, não, porque o povo é o patrão, o povo que manda –: político, lave a boca para vir falar do Bolsonaro. Se Deus descer aqui agora, na terra, e abrir o livro, a "capivara" de cada político deste Brasil aqui... Ah, meu amigo, você não vai virar réu, não, viu? Você não vai para a cadeia, não. Você vai é para o fogo do inferno.
Porque roubar dinheiro público, desviar dinheiro público... Não deveria – igual eu estou vendo aqui, até falar nessa questão da ficha limpa, de flexibilizar ela –, não deveria ser nem oito anos. Nego que rouba dinheiro público, que desvia dinheiro público, jamais deveria ser político na vida. Pelo contrário, deveria ter prisão perpétua.
Então, lave a boca para falar. Vamos lembrar do passado, um passado bem presente. Estou vendo um monte de político vir para a rede social, vir falar do Bolsonaro. Lave a boca para falar do Bolsonaro. Olhe o seu passado, rapaz. Olhe para você, olhe para sua "capivara". Preste atenção de quem que você está falando. Vocês não têm moral nenhuma, é zero, de falar do Presidente Bolsonaro – zero.
E eu queria chamar a atenção aqui, porque tem mais, viu, gente? Quero deixar bem claro. Vamos lembrar quem está julgando isso aqui: o Zanin, que é advogado pessoal do Lula – eu tenho propriedade para falar aqui, porque eu votei contra e fiz campanha contra –, Flávio Dino, amigo pessoal do Lula também, quer dizer, é julgamento político. É uma palhaçada o que virou este país aqui. Eu também votei contra e fiz campanha contra o Flávio Dino.
Agora eu quero chamar a atenção aqui. Olha quem falou isso aqui, ó. Não sou eu que estou falando, não; foi um ex-Ministro do STF. Marco Aurélio, ex-Ministro do STF, disse que nunca viu um processo criminal não ser julgado no plenário. "Em 31 anos como Ministro do STF, jamais um processo criminal foi julgado na Turma; sempre foi levado ao Plenário. É um [nem sei falar essa palavra] descalabro o que está sendo feito". Marco Aurélio que está falando aqui, ó! Marco Aurélio.
Eu tenho uma fala do Nikolas, que viralizou no Brasil inteiro, que ele fala assim: "Se [...] não parar o Lula, [...] vai parar o Brasil".
Eu quero falar o seguinte: se prenderem o Bolsonaro, vai parar o Brasil. Por isso que você, que está vendo aqui, em abril agora, esteja na Paulista, mostre a sua manifestação, mostre a sua indignação com esse STF, com essa Justiça do Brasil, que é uma Justiça imunda.
E eu quero falar por que é que eu... Eu não tenho medo de falar isso não, viu? A Justiça do Brasil é imunda; imunda! Eu quero mostrar para vocês por que é que a Justiça do Brasil é imunda.
Cameraman, se puder dar um zoom para mim aqui...
Quero mostrar por que é que a Justiça do Brasil é imunda. Eu vou comparar isto aqui, olhem: esta aqui está presa, pode pegar uma condenação de 14 anos e uma multa de R$30 milhões! É a Débora Rodrigues. Está aqui, olhem: R$30 milhões por ter sujado um patrimônio público. Vou repetir: a Débora sujou um patrimônio público.
Agora, este cidadão aqui pegou 400 anos de condenação. Eu canso de falar isto para vocês: para ele poder pagar, ele tem que estar muito bem, saudável e ressuscitar quatro vezes. Este cidadão está solto. Ele desviou R$300 milhões da saúde no Rio de Janeiro; ele desviou dinheiro público.
A Débora sujou um patrimônio público; este aqui desviou um dinheiro público. Perguntem se ele devolveu os R$300 milhões; perguntem se ele teve uma multa de R$300 milhões para pagar. Não! Ele está solto, rindo da cara do povo, dando dica de cinema, de filme e está querendo, no ano que vem, ser candidato.
É por isso que eu falo aqui que eu não tenho o poder da caneta para poder fazer justiça, mas eu tenho o poder da minha boca para poder encher a minha boca para falar: nós temos uma Justiça imunda neste país; imunda. Imunda!
Eu quero aqui mostrar para toda a população brasileira a carta que a Débora mandou para o Ministro Alexandre de Moraes. Eu vou ler para vocês aqui:
[...] Me chamo Débora e venho através desta carta me comunicar amistosamente com vossa Excelência. Não sei ao certo como dirigir as palavras a alguém de cargo tão importante, portanto peço que o Dr. desconsidere eventuais erros.
Sou uma mulher cristã, tenho 39 anos, trabalho desde os meus 14 anos de idade, sou esposa do Nilton e temos dois filhos, o Caio (10 anos) e o Rafael (8 anos) que são meu coração batendo fora do peito.
[Vossa] Excelência para não tomar muito o seu tempo vou direto ao ponto.
Sou uma cidadã comum e simples e sempre mantive minha conduta [...] [inabalada], jamais compactuei com atitudes violentas ou ilícitas.
Fui a Brasília pois acreditava que aconteceria uma manifestação pacífica e sem transtornos, porém aos poucos fui percebendo que o movimento foi ficando acalorado. Devo deixar claro que em momento algum eu adentrei em quaisquer Casa dos poderes, fiquei somente na praça dos 3 Poderes, encantada com as construções tão gigantescas e bem arquitetadas. Sinceramente fiquei muito chateada com o "quebra quebra" nas instituições.
Repudio o vandalismo, contudo eu estava ali porque eu queria ser ouvida, queria maiores explicações sobre o resultado das eleições tão conturbadas de 2022 [ela queria explicações, e não tem problema nenhum questionar as eleições, até porque o Flávio Dino também questionou as eleições, já, e outros também]. Por isso no calor do momento cheguei a cometer aquele ato tão desprezível (pichar a estátua) [vamos lembrar: ela sujou um patrimônio público; tem muito político que desviou dinheiro público].
Posso assegurar que não foi nada premeditado, foi no calor do momento e sem raciocinar.
Quando eu estava próxima a estátua um homem pelo qual eu jamais vi, começou a escrever a frase e pediu para que eu a terminasse pois sua letra era ilegível, talvez tenha me faltado malícia para rejeitar o "convite", o que não justifica minha atitude, me arrependo deste ato amargamente, pois causou separação entre eu e meus filhinhos.
Nesse período de um ano e sete meses [na época da carta] de reclusão eu perdi muito mais do que a minha liberdade, perdi a chance de ajudar o Rafinha na alfabetização, não o vi fazer a troca dos dentinhos de leite, perdi dois anos letivos dos meus filhos e momentos que nunca mais voltarão.
Meus filhos estão sofrendo muito, choram todos os dias por minha ausência, passam por psicólogos afim de ajudá-los a organizar os sentimentos dessa situação. Um castigo e uma culpa que vou lamentar enquanto eu viver.
Excelentíssimo Ministro Dr. Alexandre Moraes meu conhecimento em política é raso ou nenhum, não sabia da importância daquela estátua, nem que ela representa a instituição do STF, tampouco sabia que seu valor é de dois milhões de reais. Se eu soubesse, jamais teria a audácia de sequer encostar nela, minha intenção não era ferir o Estado Democrático de Direito, pois sei que o mesmo consiste na base de uma nação.
Portanto venho pedir perdão por este ato que até hoje me causa vergonha e consequências irreparáveis.
Sei que não deveria, mas hoje tenho aversão a política, e quero ficar o mais distante possível disso tudo.
Entendi que quando somos tomados pelo entusiasmo e a cólera podemos praticar atitudes que não contribuem em nada. O que eu fiz não me representa nem transmite a mensagem que eu sonhei em tecer para os meus filhos.
O que mais almejo é ter minha vida pacata e simples de volta e ao lado da minha família.
Termino essa carta na esperança de que essa demonstração sincera do meu arrependimento possa ser levada em consideração por Vossa Excelência.
Deus o abençoe!
Débora Rodrigues dos Santos.
Essa carta aqui não adiantou de nada, porque vocês estão vendo o que o Ministro Alexandre Moraes vem fazendo com a Débora.
Você quer um aparte? Fique à vontade.
O Sr. Eduardo Girão (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) – Um aparte. Só uma pergunta...
O SR. CLEITINHO (Bloco Parlamentar Aliança/REPUBLICANOS - MG) – Fique à vontade.
O Sr. Eduardo Girão (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE. Para apartear.) – Essa carta foi escrita quando? Agora, nesse processo?
O SR. CLEITINHO (Bloco Parlamentar Aliança/REPUBLICANOS - MG) – No final do ano, acho que agora em novembro.
O Sr. Eduardo Girão (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) – No final do ano passado?
O SR. CLEITINHO (Bloco Parlamentar Aliança/REPUBLICANOS - MG) – Foi aberta ao público agora neste mês de março. A advogada pediu para eu ler inteirinha.
O Sr. Eduardo Girão (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) – Cara, é muita desumanidade, a partir de uma carta dessa.
O SR. CLEITINHO (Bloco Parlamentar Aliança/REPUBLICANOS - MG) – Fique à vontade no aparte.
O Sr. Eduardo Girão (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) – Uma pessoa que pintou de batom, ou seja, não foi com tinta, que sai com água e sabão ali, dez segundos, quinze segundos. Enquanto, aquela mesma estátua, Cleitinho – você não estava aqui em Brasília –, em 2016, pintaram simulando um aborto com uma criança. Pintaram as ONGs pró-aborto, ONG ou alguém.
(Soa a campainha.)
O Sr. Eduardo Girão (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) – E também, lá na sua terra, lá em Minas Gerais, em Belo Horizonte, pintaram a casa, o apartamento da Ministra Cármen Lúcia.
O que aconteceu com as pessoas que pintaram de vermelho, com tinta que não sai com água e sabão? Então, é um absurdo, é desumano esse caso dessa senhora com batom, que pediu desculpa, que está recebendo R$30 milhões e também 14 anos de dois Ministros do Supremo, numa profunda demonstração de desumanidade, de vingança, de revanche contra uma cidadã brasileira que nunca teve passagem na polícia.
É uma vergonha este Senado não se manifestar de forma mais firme.
O SR. CLEITINHO (Bloco Parlamentar Aliança/REPUBLICANOS - MG) – Mas a gente quer aqui também agradecer ao Fux, que é Ministro também, que teve a coerência, a decência de pedir vista.
Espero que eles possam repensar esse julgamento da Débora e fazer realmente o que o STF tem que fazer, que é seguir a Constituição e guardar a Constituição, e fazer justiça de verdade, não com a Débora.
Acabei de falar para vocês aqui: a Débora pode pegar uma multa de R$30 milhões.
(Interrupção do som.)
(Soa a campainha.)
O SR. CLEITINHO (Bloco Parlamentar Aliança/REPUBLICANOS - MG) – Eu duvido (Fora do microfone.) – vou finalizar, viu, Sr. Presidente? Estou finalizando – que o Sérgio Cabral, que foi Governador do Rio de Janeiro, esses R$300 milhões de desvio na saúde que esse cara fez, teve uma multa de R$300 milhões ou se ele devolveu os R$300 milhões. Pelo contrário, esse cara está solto, rindo da cara do povo e falando que ano que vem vai ser candidato.
Mas eu vou bater nessa tecla aqui todos os dias, porque Sérgio Cabral, como você e outros bandidos que entraram na vida pública, eu vou fazer de tudo aqui para que vocês nunca mais possam voltar.
Muito obrigado, Sr. Presidente.