Pronunciamento de Cleitinho em 24/04/2025
Discurso durante a 25ª Sessão Deliberativa Extraordinária, no Senado Federal
Indignação com altos salários e privilégios de autoridades dos três Poderes, especialmente do Judiciário. Apoio à proposta de aumento no número de beneficiários da tarifa social de energia elétrica.
Proposta de criação de CPMI destinada a investigar as fraudes noticiadas, no âmbito do INSS, relativas a descontos indevidos em contracheques de aposentados.
- Autor
- Cleitinho (REPUBLICANOS - REPUBLICANOS/MG)
- Nome completo: Cleiton Gontijo de Azevedo
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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Atuação do Judiciário:
- Indignação com altos salários e privilégios de autoridades dos três Poderes, especialmente do Judiciário. Apoio à proposta de aumento no número de beneficiários da tarifa social de energia elétrica.
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Previdência Social:
- Proposta de criação de CPMI destinada a investigar as fraudes noticiadas, no âmbito do INSS, relativas a descontos indevidos em contracheques de aposentados.
- Publicação
- Publicação no DSF de 25/04/2025 - Página 23
- Assuntos
- Outros > Atuação do Estado > Atuação do Judiciário
- Política Social > Previdência Social
- Indexação
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- CRITICA, SALARIO, REMUNERAÇÃO, PRIVILEGIO, MEMBROS, JUDICIARIO, MAGISTRADO, DESEMBARGADOR, AUXILIO-MORADIA.
- APOIO, PROPOSTA, GOVERNO FEDERAL, PRESIDENTE DA REPUBLICA, LUIZ INACIO LULA DA SILVA, AMPLIAÇÃO, BENEFICIARIO, TARIFA SOCIAL DE ENERGIA ELETRICA.
- PROPOSTA, CRIAÇÃO, COMISSÃO PARLAMENTAR MISTA DE INQUERITO (CPMI), APURAÇÃO, INVESTIGAÇÃO, FRAUDE, IRREGULARIDADE, INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (INSS), DESCONTO, ASSOCIAÇÃO CIVIL, CONSIGNAÇÃO EM FOLHA DE PAGAMENTO, PROVENTOS, APOSENTADORIA, APOSENTADO.
O SR. CLEITINHO (Bloco Parlamentar Aliança/REPUBLICANOS - MG. Para discursar.) – Sr. Presidente, um bom-dia a todos os Senadores e Senadoras, à população que acompanha a gente pela TV Senado, aos Vereadores que estão aqui no Plenário do Senado também – sejam muito bem-vindos – e a todos servidores desta Casa.
Eu quero aqui falar e deixar bem claro sempre isto: eu sou oposição ao Lula, mas jamais serei oposição ao Brasil. Não sou aliado do Lula, mas sou aliado do povo. E tudo que for a favor do povo aqui eu sempre vou apoiar e vou defender, independentemente de quem que seja o Presidente.
Poderia ter sido aqui o Bolsonaro, se tivesse ganhado do Lula, ou o Ciro Gomes, ou a Simone. Qualquer um que estiver como Presidente aqui, o que for a favor do povo estarei sempre aqui defendendo.
Eu estou falando isso porque eu vi uma entrevista aqui, agora, de um desembargador que é aposentado, e o apresentador pergunta para ele – um desembargador que recebeu R$230 mil agora, no mês de dezembro – o que ele acha do auxílio-moradia. Então, escutem o que ele falou, o que ele acha do auxílio-moradia.
Depois eu vou falar por que eu apoio qualquer projeto que seja a favor do povo.
Ouçam isto aqui:
(Procede-se à reprodução de áudio.)
O SR. CLEITINHO (Bloco Parlamentar Aliança/REPUBLICANOS - MG) – Desembargador, Desembargador, quer dizer que a população tem que entender isso então? E você fala que vocês pagam 27% de Imposto de Renda. A população brasileira também não paga, não?
Você fala que tem que comprar um terno lá nos Estados Unidos.
Um pedreiro que vá trabalhar, qualquer trabalhador que faça essa escala miserável de seis por um, para ele trabalhar, para ele ter uma roupa, também não tem que comprar a roupa dele não? Não tem que comprar o sapato dele não? Que história é essa, Desembargador, com todo respeito a V. Exa...
E sabe por que é que eu estou falando isso, população brasileira? É para você, porque vem um programa, agora, de poder isentar 30 milhões de brasileiros para não pagar a conta de luz. E eu vou apoiar, só que eu acho que o restante da população brasileira não tem que pagar essa conta. Não é o restante do povo brasileiro que é o patrão, Desembargador, porque quem... Você manda falar, do jeito com que você falou aqui, que a população brasileira tem que entender... Quem paga o seu salário é a população brasileira.
Que fique claro que eu respeito demais desembargadores, juízes, mas eu vou sempre, aqui, tocar na ferida.
Por isso que a gente tem que votar o mais rápido possível aqui, para acabar com supersalários, para acabar com penduricalho, para que um desembargador desse, aqui, que está aposentado... No mês de dezembro, ele recebeu R$230 mil.
Desembargador, um trabalhador que ganha um salário mínimo de R$1,5 mil, que faz uma escala miserável de seis por um...
Porque vocês não fazem essa escala. Vocês não fazem essa escala! Vocês sabem muito bem disso aqui. Não só vocês, como nós, aqui, Senadores também, Deputados Federais, não fazemos escala de seis por um. Por isso que eu defendo o que for a favor do povo.
Aí, V. Exa. vem falar que a população brasileira tem que entender que vocês estão deprimidos, estão com depressão?
Desembargador, vá fazer essa escala de seis por um; vá acordar 6h da manhã, 5h da manhã, para pegar um metrô ou um ônibus lotado, um transporte público que não vale de nada, para poder fazer essa escala de seis por um, para, no final do mês, ter que receber mil quinhentos e poucos reais. Aí, você vem falar que é normal, que a população brasileira tem que entender isso?
Eu estou falando isso para você que está vendo a minha fala agora, aqui, porque está vindo essa questão desse programa agora de isentar 30 milhões de pessoas, só que quem vai ter que pagar essa compensação de R$4 bilhões é o restante da população brasileira. É justo? Não!
Quem tem que pagar essa conta aqui somos nós! Quem tem que cortar da própria carne aqui são os três Poderes!
Ontem aqui eu dei uma solução para isso: tire do fundo eleitoral, do fundo partidário.
A gente está falando que, ano que vem, a eleição vai ter mais de R$6 bilhões para fazer festa com político, a "festa da democracia". Tire R$4 bilhões... Vão sobrar dois ainda para fazer essa festa da democracia. Tire dos supersalários.
Estamos aqui para votar. Vote isso logo. Vamos acabar com os supersalários dos três Poderes.
Quero deixar bem claro aqui que desembargadores, juízes, nos três Poderes, a maioria deles têm direito a auxílio-moradia, além do salário, que é de mais de R$40 mil.
Olhe a comparação de um trabalhador, gente, que é o patrão! Ele faz uma escala miserável de seis por um; ele não tem direito ao auxílio-moradia, auxílio-mudança – antes era chamado de auxílio-paletó; agora é auxílio-mudança –; ele não tem direito a plano de saúde vitalício; ele não tem direito ao auxílio-livro – o trabalhador que faz uma escala de seis por um; ele não tem direito até a auxílio-creche, porque lá, na assembleia onde eu trabalhava, os Deputados tinham direito até a auxílio-creche, e, na maioria das vezes, juiz também tem. Quer dizer...
Há auxílio-alimentação, que se chama de verba indenizatória, com que você pode ir a um restaurante comer caviar, tomar champanhe, e quem paga a conta mesmo é o povo – você pode ser indenizado lá.
Há auxílio-combustível, a que nós também temos direito... E eu acredito que S. Exas. desembargadores também tenham direito.
Aí, um desembargador que recebe, no mês de dezembro, R$230 mil vir questionar essa questão do auxílio-moradia, vir falar que a população brasileira tem que entender?
Desembargador, você entende a realidade do povo brasileiro? Você sabe como é que o povo brasileiro está vivendo? Você sabe como é que um trabalhador que ganha mil quinhentos e poucos reais tem que fazer essa escala de seis por um, como é que ele sobrevive?
Por isso que qualquer benefício que for a favor do povo aqui eu defendo. Qualquer benefício que for trazido para a população brasileira aqui eu vou defender. Eu faço questão, independente de quem seja o Presidente. Como é o Lula hoje...
Se fosse qualquer outro Presidente que falasse "eu vou fazer o auxílio agora, aumentar o Bolsa Família", eu aprovaria.
Essa questão agora do programa de isentar 30 milhões de brasileiros para não pagar energia eu aprovo, desde que a compensação venha de nós.
A compensação não tem que ser da fonte de riqueza, que é o trabalhador. A compensação não tem que ser do povo brasileiro. A compensação tem que ser nossa, porque nós, Desembargador, somos fonte de despesa. Nós trazemos despesa, e, na maioria das vezes, ainda não produzimos nada! Zero! A verdade é essa, e eu tenho que falar a verdade para vocês.
Na semana passada, foi feriado de Semana Santa, aqui ficou remoto; nesta semana, estamos trabalhando; vamos ver como é que vai ser a semana que vem, pois tem um feriado na quinta-feira, que é o Dia do Trabalhador. Vamos ver como é que vai ser, se a gente vai ter que estar aqui presente aqui para poder votar, aprovar projetos?
Então, por isso, gente...
Isso aqui não é atacar nenhum Parlamentar, não é atacar a minha Casa, que é o Senado.
Eu tenho muita honra de estar aqui. Eu tenho que ajoelhar e agradecer a Deus todos os dias por estar aqui. Eu sou um privilegiado. Eu sou um privilegiado!
Hoje eu estou aqui, amanhã eu posso voltar para Minas Gerais e atender ao pessoal no meu gabinete lá em Minas Gerais, não trabalho sábado e domingo, recebo R$40 mil, tenho direito a auxílio-combustível, tenho direito também a morar num apartamento chique em que eu moro aqui...
Então, eu sou um privilegiado. Eu só tenho que agradecer. Então, eu tenho obrigação e a vergonha na cara de trabalhar para o povo.
Independente de quem seja o Presidente, a tudo que for a favor do povo aqui eu nunca vou fazer oposição; pelo contrário: eu vou defender e vou apoiar.
Então, Lula, Lula, traga tudo que for para o povo: auxílio-gás, auxílio do Bolsa Família, agora auxílio-luz... Em tudo que for para o povo, Lula, eu faço questão de apoiar, porque uma coisa que eu não sou é covarde, hipócrita e demagogo.
Quando estava o Bolsonaro aqui, que pegou uma pandemia e depois veio trazer benefícios para a população brasileira, como a questão de reduzir ICMS para que a gasolina ficasse mais barata, quem era a oposição do Bolsonaro ficava criticando o Bolsonaro. Não!
Eu já falei: eu sou oposição ao Lula, mas eu não sou oposição ao país, eu não sou oposição ao povo. Então, no que for para o povo aqui, eu quero ajudar.
Ele é o Presidente hoje até o ano que vem, 2026, dezembro de 2026. Se o barco afundar com ele, afunda com todo mundo. Então, jamais na minha vida eu vou desejar mal para o Presidente Lula.
(Soa a campainha.)
O SR. CLEITINHO (Bloco Parlamentar Aliança/REPUBLICANOS - MG) – Eu vou fiscalizar o Presidente, eu vou cobrar dele, mas, agora, desejar mal para ele jamais, como muitos canalhas ficam debochando do Bolsonaro lá, do jeito que ele está agora, que tomou uma facada. E ficam falando que a facada dele é fake news...
Sabem por que eu tenho moral para falar isso aqui? Porque, quando o Lula se acidentou, eu vim aqui e repudiei quem estava desejando a morte do Lula; quando ficam falando – aquela loucura de alguns – que o Lula tem um sósia, eu venho cá e repudio falando que isso é loucura, idiotice!
O Lula é o Lula mesmo, você querendo ou não. Então, a facada do Bolsonaro não é fake. Aprendam isso!
Quem foi lá fazer a intimação dele ontem, pois o Ministro Alexandre de Moraes mandou intimar...
E eu faço uma pergunta, Presidente: vão intimar o Presidente que foi afastado agora do INSS? Ele vai ser intimado? Porque, se ele não for intimado, eu tenho aqui a obrigação – e nós, Senadores, aqui, pois a nossa função é fiscalizar – de fazer uma convocação dele na Comissão de Fiscalização aqui, para ele poder esclarecer.
E, olhem, eu vou ser justo aqui, hein?! Isso daí, essa investigação da fraude de 6 bilhões, não está vindo só do Governo Lula não! Isso está vindo...
(Interrupção do som.)
(Soa a campainha.)
O SR. CLEITINHO (Bloco Parlamentar Aliança/REPUBLICANOS - MG) – Vou finalizar, Presidente.
Se isso está vindo desde 2019, está vindo desde a época do Governo Bolsonaro. E aí é que está...
Canalhas, entendam uma coisa: muitas das vezes, quando o Bolsonaro indica algum ministro ou indica algum secretário, o Bolsonaro – como o Lula, que é Presidente hoje – não consegue fiscalizar a consciência de uma pessoa.
Eu indico um assessor meu para vir trabalhar comigo. Eu não consigo fiscalizar 24 horas não. Pode muito bem um assessor meu fazer alguma bagunça, algum rolo. É o que pode ter acontecido lá no INSS.
Às vezes, o Lula não fica nem sabendo. E, quando era o Bolsonaro, ele também não ficava nem sabendo. E, se fosse outro Presidente também, se tivesse sido o Ciro, se tivesse continuado o Bolsonaro... Às vezes, essa bomba do INSS poderia ter caído no colo do Bolsonaro.
Então, uma coisa que eu não sou é cretino, covarde. Eu gosto de sempre ser claro e transparente aqui. Mas eu acho que a função nossa aqui é fiscalizar e legislar.
Então, eu queria muito, Presidente – não tem muitos Senadores neste momento, aqui –, a gente propor uma CPMI para poder investigar o INSS, porque o que tem de aposentado, gente...
(Soa a campainha.)
O SR. CLEITINHO (Bloco Parlamentar Aliança/REPUBLICANOS - MG) – "Ah, aí o Cleitinho é falador, o Cleitinho é barulhento".
Sabe quando eu denunciei isso aqui, gente, essa cobrança indevida no contracheque dos aposentados? Eu mostrei nas minhas redes sociais, porque vários aposentados estavam mandando para mim isso há um ano. Tem um ano que eu denunciei isso aqui. Foi em janeiro do ano passado. Aqui não estava tendo nem Plenário. Eu fiz o vídeo lá de casa. Encaminhei para os órgãos competentes, para poderem olhar.
Está aí a verdade, ó: R$6 bilhões de fraude – R$6 bilhões –, com vários sindicatos e associações canalhas, covardes, descontando dinheiro de aposentado que vive com quase um salário mínimo também, tirando dinheiro deles, numa fraude de R$6 bilhões. Vou repetir: R$6 bilhões.
Canalhas! Canalhas, covardes!
Então, o que eu espero aqui também da Justiça, sobre a qual eu comecei falando aqui, mostrando desembargador reclamando do salário, é que a Justiça faça justiça.
Ministro Alexandre Moraes, da mesma forma que você intimou, mandou um Oficial de Justiça lá na...
(Interrupção do som.)
(Soa a campainha.)
O SR. CLEITINHO (Bloco Parlamentar Aliança/REPUBLICANOS - MG) – ... mande intimar também o Presidente do INSS, para ele abrir a boca e falar o que é que estava acontecendo. Inclusive, tem até um sindicato cujo Vice-Presidente é irmão do Lula.
Então, que tal?
Se a nossa função aqui, Senadores, é fiscalizar, junto com os Deputados Federais, vamos propor uma CPMI. Vamos investigar agora, através de uma CPMI, o INSS, vamos trazer verdade para a população brasileira.
Eu sou a favor de qualquer CPMI e CPI. Inclusive, se quiser fazer uma minha, pode ficar à vontade, porque aí vai mostrar que, além de barulhento, eu sou honesto.
Então, eu quero propor aqui é uma CPMI, pedindo aos Senadores apoio, para a gente poder investigar o INSS, porque é desde 2019. Vamos pegar quem são culpados e colocar na cadeia.
Muito obrigado, Sr. Presidente.