Discurso durante a 49ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Manifestação contrária à política externa, econômica e de segurança pública do Governo Lula. Anúncio da obtenção de assinaturas suficientes para a instauração de uma CPI da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), com denúncias de irregularidades e de influência do Ministro do STF Gilmar Mendes.

Autor
Eduardo Girão (NOVO - Partido Novo/CE)
Nome completo: Luis Eduardo Grangeiro Girão
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
Atuação do Judiciário, Crime Contra a Administração Pública, Improbidade Administrativa e Crime de Responsabilidade, Desporto e Lazer, Finanças Públicas, Relações Internacionais, Segurança Pública:
  • Manifestação contrária à política externa, econômica e de segurança pública do Governo Lula. Anúncio da obtenção de assinaturas suficientes para a instauração de uma CPI da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), com denúncias de irregularidades e de influência do Ministro do STF Gilmar Mendes.
Aparteantes
Hamilton Mourão.
Publicação
Publicação no DSF de 24/05/2025 - Página 11
Assuntos
Outros > Atuação do Estado > Atuação do Judiciário
Outros > Crime Contra a Administração Pública, Improbidade Administrativa e Crime de Responsabilidade
Política Social > Desporto e Lazer
Economia e Desenvolvimento > Finanças Públicas
Soberania, Defesa Nacional e Ordem Pública > Relações Internacionais
Soberania, Defesa Nacional e Ordem Pública > Defesa do Estado e das Instituições Democráticas > Segurança Pública
Indexação
  • CRITICA, GOVERNO FEDERAL, PRESIDENTE DA REPUBLICA, LUIZ INACIO LULA DA SILVA, AUMENTO, DIVIDA PUBLICA, DEFICIT, CRISE, SEGURANÇA PUBLICA.
  • CRITICA, JANJA LULA DA SIVA, ASSUNTO, DECLARAÇÃO, MIDIA SOCIAL, EXCESSO, GASTOS PUBLICOS, VIAGEM, EXTERIOR.
  • CRITICA, GOVERNO FEDERAL, PRETENSÃO, REGULAMENTAÇÃO, MIDIA SOCIAL, INTERNET, CENSURA, MEIOS DE COMUNICAÇÃO.
  • ANUNCIO, INSTALAÇÃO, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), SENADO, INVESTIGAÇÃO, CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE FUTEBOL (CBF).
  • COMENTARIO, ARTIGO DE IMPRENSA, DENUNCIA, IRREGULARIDADE, ELEIÇÃO, PRESIDENCIA, CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE FUTEBOL (CBF).

    O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE. Para discursar.) – Paz e bem, meu querido irmão Senador Chico Rodrigues, já o cumprimentando por, nesta sexta-feira, estar abrindo aqui a sessão do Senado, algo que não é tão comum de acontecer dia de sexta, mas o senhor, sempre presente, sempre cumprindo o seu papel, e eu lhe agradeço por isso.

    Quero saudar os alunos de Direito que estão aqui, de Goiás – não é isso? Sejam muito bem-vindos à Casa –; saudar as brasileiras e os brasileiros que também estão nos ouvindo, nos assistindo de casa neste momento, pelo trabalho da TV Senado, Rádio Senado, Agência Senado; os demais Senadores que estão nos acompanhando dos gabinetes ou nos seus estados.

    Eu tenho que parabenizar o Senador Hamilton Mourão pelo discurso histórico que ele acaba de fazer nesta tribuna. Eu fico assim, muito feliz, porque acompanho sempre os discursos do Senador Hamilton Mourão, o General. Ele está há pouco tempo nesta Casa, mas fez aqui um resumo, um raio-X do que está acontecendo no Brasil, não apenas no Governo Federal, mas na Justiça brasileira, e dos sinais cruzados de nossa Diplomacia.

    Parabéns, Senador General Hamilton Mourão, pelo seu discurso! Antes de entrar no assunto que eu que eu gostaria de falar, que é o meu objetivo nesta tribuna, eu quero apenas colocar mais alguns dados.

    Hoje, no jornal O Estado de São Paulo, tem um artigo muito importante do Felipe Salto, que foi aqui do Instituto Independente do Senado Federal, em que ele fala... O título do artigo é: "O assustador déficit público nominal [do Brasil]". Uma tragédia anunciada que a gente está vendo nesse Governo, que é um asteroide que está vindo para o Brasil. Isso aqui é algo impactante, e o Governo inerte diante do afundamento do Brasil. O Governo só está pensando na eleição no ano que vem, com medidas populistas o tempo todo; viajando para cima, para baixo, torrando dinheiro; como bem falou o Senador General Hamilton Mourão, flertando com ditadores, os piores do mundo. Aquela foto lá mostra... É uma vergonha para o Brasil, que sempre trabalhou na questão da pacificação, de uma neutralidade, mas, quando tinha que ser firme, ficava sempre do lado certo. Além dessa questão da economia, porque o brasileiro está sentindo tudo aumentar e vai aumentar mais, infelizmente, porque está aí o déficit público nominal, estratosférico, o "Taxade" só taxando, sem avaliar as consequências, o Governo perdido, que não sabe administrar.

    Outro detalhe, além da queda, o coice: a segurança pública do Brasil em frangalhos, completamente. A percepção, senhoras e senhores, quando começou este Governo Lula, era mais a questão da economia, geração de emprego, uma expectativa. Hoje em dia, a grande percepção do brasileiro, negativa, preocupante e assustadora, assim como a economia continua piorando com este Governo do PT, é com a segurança pública: famílias sendo expulsas de casa em muitos estados, facções dominando, o estado paralelo e um Governo fraco. Um Governo que, quando os Estados Unidos vêm conversar para tornar PCC e grupos do crime organizado terroristas, não aceita.

    Que sinal é esse? Que proteção é essa? O que está acontecendo com o Brasil? Saidinha? Este Governo sempre desfazendo o que a gente faz – ainda bem que nós derrubamos o veto dele –, que é a favor da saidinha de presos, que tantas tragédias trouxeram para o país.

    Então, Sr. Presidente, eu fico impactado também por ver como os valores estão invertidos. É o Grupo Prerrogativas que apoia – lembra daquela carta da democracia? – este Governo indo perseguir Deputados. Olhe só que sinais invertidos de uma democracia fraquíssima, que não se sustenta; não podemos nem chamar de democracia isso, eu acredito.

    E aí vem a Janja, vem a Primeira-Dama, que sempre vai às viagens uma semana antes. Eu estou inclusive pedindo informações e acionando o nosso gabinete porque não é para ser assim, ela não tem um cargo no Governo. Ela é a esposa do Presidente, é a Primeira-Dama, não tem que ter custo de viagem para ela sozinha. Está errado! E ela vai e ganha. Olhe os valores invertidos. Até na nossa cultura, ela ganha aí, recentemente...

    O Sr. Hamilton Mourão (Bloco Parlamentar Aliança/REPUBLICANOS - RS) – Senador Girão, concede-me só um pequeno comentário?

    O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) – Claro.

    O Sr. Hamilton Mourão (Bloco Parlamentar Aliança/REPUBLICANOS - RS. Para apartear.) – A Sra. Janja pode viajar para onde ela quiser, desde que o Presidente pague. Ele pode pagar a viagem dela, só isso, é simples assim, e ela viaja para onde quiser.

    O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) – Porque ela está viajando sozinha.

    O Sr. Hamilton Mourão (Bloco Parlamentar Aliança/REPUBLICANOS - RS) – Pois é. Então, ele diz assim: "Ela viajou ontem, está aqui, paguei a passagem, está aqui, dei o dinheiro para ela gastar" e acabou.

    O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) – É a segunda vez que ela vai antes da comitiva.

    O Sr. Hamilton Mourão (Bloco Parlamentar Aliança/REPUBLICANOS - RS) – É.

    O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) – Ninguém entende isso.

    O Sr. Hamilton Mourão (Bloco Parlamentar Aliança/REPUBLICANOS - RS) – É um vexame isso

    O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) – É um vexame. E quer outro vexame? Ela ganhou agora, com seu estilo espalhafatoso, a mais alta honraria da cultura brasileira. Senador General Mourão, Senador Chico Rodrigues, vale uma "salma" de palmas para ela? Quem disse "salma" de palmas foi ela. Aí, manda um homem influente no Governo americano, por quem a gente tem que ter o respeito por mais que discorde, para aquele lugar. Olhe só o que aqui estão... Estão estragando toda a construção histórica do nosso país de diplomacia.

    E aí tem o golpe final – isso, sim, é golpe –, que é chegar a um jantar, quebrar totalmente a liturgia e falar para o Presidente da China, o ditador – ditador! – chinês: "Ajude aí com relação ao TikTok". Aí as informações trocadas, o Presidente confirma no dia seguinte: "Sim, e daí? Inclusive, o Presidente chinês ficou de mandar alguém, um encarregado de confiança dele, eu pedi". Aí depois, aqui no Senado, o Mauro Vieira, como o senhor bem falou há pouco tempo, desdiz. Está completamente perdido este Governo.

    Aí é a obsessão deles – a palavra que o senhor usou no seu discurso é perfeita: é a obsessão deles – por censurar, por controlar as redes, porque sabem que o povo brasileiro é conservador, não aceita a destruição da família, da vida e essas atitudes reprováveis deste Governo, e coloca nas redes a verdade, e aí eles querem censurar, porque sabem que vão perder no ano que vem. E aí junta com o regime de alguns ministros do Supremo Tribunal Federal – porque não é mais um sistema, é um regime ditatorial –, e aí vem esse discurso de ódio. Você vê aí. Você acha que o "Taxade", o Haddad, fala: "Extrema direita escrota"... Perdoe-me, foi ele que falou – foi ele que falou. Isso é discurso de ódio, você se referir a um grupo político, que nem de extrema direita é?! Eles não toleram a direita! Agora, a extrema esquerda não existe neste país. Eu não vejo a mídia nenhuma vez falando de extrema esquerda, só existe extrema direita. Para você ver que nível de dominação... E é o nosso dinheiro – é o nosso dinheiro – que paga esse tipo de lavagem cerebral, e fica por isso mesmo.

    Então, está tudo errado no Brasil. Eu quero dizer realmente que o discurso do Senador Hamilton Mourão, feito agora há pouco, é histórico. E eu quero parabenizá-lo mais uma vez.

    Agora, Presidente, eu quero entrar no assunto que me trouxe a esta tribuna hoje. Em meio às eleições que vão acontecer domingo agora, na CBF, nós estamos anunciando hoje aqui, na véspera, que já conseguimos o número de assinaturas, superamos o número necessário de 27, para instaurar uma CPI da CBF.

    Eu gosto sempre de usar frases no final aqui do meu discurso, mas hoje eu vou usar no meio: o certo é certo, mesmo que ninguém faça. O errado é errado, mesmo que todos se enganem sobre ele. O que a gente está vendo na CBF é um escárnio! E nós não podemos, não temos o direito, principalmente quem ama o futebol, de não reprovar as inúmeras denúncias, sem nenhum tipo de explicação, que estão acontecendo lá na CBF. E não é a troca de Presidente que vai acontecer, em que já está tudo certinho, tudo combinado. É aquela coisa de combina com os russos, vai lá e combina. Não, já está tudo combinado, e vão trocar seis por meia dúzia.

    O Presidente Ednaldo saiu, inclusive já desistiu de recorrer nessa batalha judicial que tem o dedo do STF – como em tudo neste país –, esse tribunal que, daqui a pouco, até em briga de trânsito vai se envolver, porque é insaciável com relação ao poder, a desmandar, a mandar, deixando este país num caos institucional completo, numa insegurança jurídica sem precedentes. E é muito por omissão desta Casa, que não analisa impeachment – estão aí 60 pedidos, eu estou entrando com mais um agora – de ministros do Supremo.

    Mas o que eu quero colocar, Sr. Presidente, é que a mídia brasileira, muito incomodada... Uma parte dela, uma parte dela que talvez, mesmo com os investimentos bilionários das bets, que tomaram conta da grande mídia... Nunca houve tanto investimento, e aí, como a CBF também é patrocinada por bets, fica tudo em casa. E há jornalistas que ainda se rebelam com isso, alguns deles sendo afastados porque criticam o Presidente de CBF, o que está acontecendo na CBF.

    Mas aqui neste Parlamento eu não vou me calar, não, porque eu sou um amante do futebol, um amante do que é correto neste país, e a gente precisa investigar, com essa CPI em que nós vamos dar entrada nos próximos dias. É isso que eu quero anunciar.

    Então, olhem só o que se diz aqui nesses dias, para a gente entender que é uma troca de seis por meia dúzia: vai continuar a CBF sem transparência... Vou anunciar também um projeto que vai dar transparência à CBF, que muda realmente a questão da forma dessa entidade, de como ela é vista, percebida pelo Governo. Precisamos ter uma atenção, porque é o patrimônio do futebol brasileiro, é a responsável pela Seleção Canarinho, que é a nossa identidade, uma das principais identidades culturais do Brasil.

    Então, veja aqui o que diz o Lauro Jardim: "Xaud [que é o virtual novo Presidente] já tem votos para se eleger presidente da CBF". E coloca aqui: "Saiba a única condição que pode mudar esse quadro". Ele faz aqui um relato e diz o seguinte: "Xaud só não o será, segundo o consenso geral entre seus apoiadores graúdos, se surgir ao longo dessa semana [que está acabando hoje] alguma denúncia de teor explosivo. Se passar razoavelmente ileso pelos próximos seis dias [ou seja, estamos acabando esse período agora] [ele] assume a CBF".

    Agora, olhem o que dizem aqui:

Os patrocinadores da candidatura de Xaud já o tinham escolhido há duas semanas. Todos já tinham como certo que Ednaldo cairia.

Xaud, de 41 anos, foi escolhido para ser vendido como uma renovação da CBF [uma cara nova].

    Aliás, nunca uma eleição da CBF foi tão articulada. Sabem onde? Em Brasília. Toda a negociação passou por Gilmar Mendes. Está aqui na matéria do Lauro Jardim, ou seja, é o Gilmar Mendes que vai continuar mandando no futebol brasileiro. É isso? É isso, brasileiros?

    Isso aqui foi no dia 19. Agora, no dia 20, veio outra matéria, no O Globo, de Diogo Dantas: "Samir Xaud e Reinaldo Bastos se aproximam e inibem movimento de clubes por abstenção na CBF". As federações que estão apoiando o Xaud, essa mudança toda, são aqueles presidentes que receberam aumento de R$50 mil para mais de R$200 mil semanas atrás. Óbvio que estão apoiando, a maioria. E o sistema lá de voto é completamente equivocado, porque dá um peso às federações. Os clubes, que fazem realmente o esporte ser o protagonista do Brasil, com as SAFs e tudo, não têm um peso tão grande.

    Então, diz aqui: "Samir Xaud e Reinaldo Bastos se aproximam e inibem movimento de clubes por abstenção na CBF". Olhem aqui o que é que diz: "Pleito acontece no domingo com médico [...]". Inclusive saíram notícias explosivas. Talvez não sejam tão explosivas neste país de inversão de valores. Ele é suspeito, esse candidato à CBF, de fraudar documentos num hospital público. Essa matéria saiu em todo o país. Mas, talvez, como no Brasil, hoje, os valores estão invertidos... Quem voltou à Presidência do país é alguém que foi condenado em três instâncias por corrupção, lavagem de dinheiro, tendo o seu nome citado em centenas de delações premiadas. Aí, talvez, esse assunto não seja interessante.

    Mas olhem aqui: "Pleito acontece no domingo com médico como candidato único após fim do prazo para inscrições." Aí diz aqui a matéria:

O virtual presidente da CBF, Samir Xaud, e o possível opositor, Reinaldo Carneiro Bastos [que era apoiado por clubes do futebol brasileiro e por algumas poucas federações], ensaiaram aproximação na sede da entidade nas últimas horas, e inibiram reviravoltas na eleição de domingo.[É matéria de O Globo].

Presidente eleito da Federação de Roraima, Samir, tem apoio de 25 federações e 10 clubes. E via a possibilidade de o Presidente da Federação Paulista [que é o Sr. Reinaldo] tentar uma última cartada por apoio.

Até esta terça-feira, último dia para inscrição de chapas na CBF, não houve avanço nesse sentido a favor de Reinaldo, e o médico Samir Xaud [...] será candidato único.

[Com] um cenário de diálogo aberto, os clubes que se organizaram em bloco por apoio a Reinaldo entendem que a mobilização por anular ou adiar a eleição não terá força. [Por que não terá força? É por que tem alguém em Brasília que manda?]

Por isso, a possibilidade de não comparecimento no domingo, provocando uma abstenção de protesto, tem sido desencorajada. [...]

[...] os olhares dos clubes já estão mais adiante, para entender quem assume as vagas na CBF para a criação da Liga e para entender aos interesses da maioria das equipes após o pleito.

Dos 40 clubes que formam o colégio eleitoral da CBF (Séries A e B), 29 declararam apoio a Reinaldo Carneiro Bastos, que não conseguiu inscrever chapa.

(Soa a campainha.)

    O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) – Olhem como é que é esse regimento, essa eleição na CBF! Isso tem que mudar. Isso tem que mudar, para o bem do futebol brasileiro, pelo amor de Deus!

O Athletic não assinou por nenhum dos candidatos. Palmeiras, Grêmio, Volta Redonda, Paysandu, Remo, Botafogo e Vasco apoiaram Samir Xaud, que conseguiu a maioria das federações: 25 de 27.

As 27 federações e os 40 clubes das duas principais divisões do Brasileirão Masculino participam da eleição. Os sufrágios das instituições estaduais valem mais (peso três), seguidos pelos dos times da Série A (peso dois) e Série B (peso um).

    É muito injusto isso!

Se um candidato obtiver apoio de, ao menos, 23 federações, assegura 69 votos [...]

    Presidente, como eu fiz aqui no meu tempo, e eu peço desculpas por isso, um comentário até um pouco extenso...

(Soa a campainha.)

    O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) – ... ao brilhante pronunciamento do Senador Hamilton Mourão, se o senhor me der mais dois minutos, eu me comprometo a encerrar.

    O SR. PRESIDENTE (Chico Rodrigues. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - RR) – V. Exa. dispõe de dois minutos.

    O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) – Muito obrigado.

Se o candidato obtiver o apoio de ao menos 23 federações, assegura 69 votos, o que já seria suficiente para garantir a vitória no pleito, mesmo que os demais votantes optem por um mesmo concorrente. Os clubes reclamam do baixo peso que suas escolhas têm na disputa.

    É claro, é óbvio. Isso está invertido. Quem faz o espetáculo, quem traz os holofotes são os clubes, que deveriam ter mais peso.

    Agora, vamos lá. Aí sai o Lauro Jardim, em 21 de maio, anteontem: "Por que o Botafogo decidiu votar em Xaud para a Presidência da CBF"? O Botafogo, que fez SAF, do grande John Textor, que ganhou agora com o Crystal Palace o campeonato lá na Inglaterra.

Sabe por que o Botafogo não assinou sábado passado com outros 32 clubes o manifesto à candidatura de Reinaldo Bastos para ter renovação, de fato, na Presidência da CBF? A campanha de baixo nem chegou a decolar, mas o próprio CEO do Botafogo, Thairo Arruda, que trabalha com John Textor, explicou o motivo numa videoconferência aos seus mais de 30 colegas dirigentes de clube, o motivo de o Alvinegro se decidir por Samir Xaud, o Presidente eleito da Federação Roraimense de Futebol.

Explicou que havia feito um acordo em Brasília.

    Atenção! Brasília, para de se meter no futebol brasileiro! Já não basta o estrago no Brasil? Vai deixar até o hobby, o lazer dos brasileiros nesse cabresto?

Explicou que havia feito um acordo com Brasília para que John Textor não fosse banido do futebol brasileiro.

(Soa a campainha.)

    O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) – O jornal denunciando, o colunista Lauro Jardim, uma chantagem, uma suposta chantagem aqui nessa reunião com o CEO do Botafogo.

    Brasília [abro aspas], "nesse caso, deve ser lida como Gilmar Mendes, que hoje tem influência inconteste nas votações do STJ".

Portanto, segundo Thairo, o Botafogo iria votar no candidato de Gilmar, ou seja, Xaud, e não no candidato que àquela altura era dos clubes, ou seja, Bastos.

    É aqui a fonte do Sr. Lauro Jardim, dizendo dessa mobilização, dessa articulação política junto ao Ministro do Supremo Tribunal Federal. Não é à toa que eu entrei com a CPI da CBF, e se esta Casa tiver dignidade, vai investigar, porque são muitas e muitas denúncias que estão colocando o futebol brasileiro na lama e, pelo jeito, não vai melhorar.

    Muito obrigado, Sr. Presidente.

    O SR. PRESIDENTE (Chico Rodrigues. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - RR) – Eu... Foi preciso dois minutos batidos de V. Exa. na prorrogação do seu prazo, mas eu gostaria – inclusive ouvindo atentamente o pronunciamento de V. Exa., que tem sido, na verdade, uma sentinela aqui no Senado da República em defesa dos interesses nacionais – de fazer apenas uma pequena observação em relação a essa questão da CBF, até porque eu não sou ligado ao futebol, sou apenas torcedor apaixonado do Flamengo e do Sport Club do Recife. Mas vejo que V. Exa. tem uma larga experiência na área esportiva, foi Presidente, inclusive, do Fortaleza, esse clube que hoje orgulha o Brasil pelo seu desempenho nos campeonatos, tanto nacionais quanto na participação da Libertadores.

    Eu diria a V. Exa. que uma coisa que tem chamado muita atenção e tem causado estranheza é exatamente o preconceito contra um jovem médico que nasceu os dentes dentro dessa área do futebol, até porque o seu pai foi Presidente por 40 anos da Federação Roraimense de Futebol, e hoje fui surpreendido por uma matéria de uma clareza fantástica, de uma clareza como de uma janela sem vidros, uma matéria do Correio Braziliense que ninguém menos que o admirável brasileiro Ozires Silva citou. A matéria é: "Jorge Amado, Samir Xaud, o Norte e o Nordeste", mostrando, de forma clara, o preconceito contra nomes que estão aí alinhados e que, por motivo que me foge ao controle – ao controle não, perdão, ao conhecimento –, não se inscreveram, e apenas uma inscrição houve em relação aos postulantes para disputar a Presidência da CBF.

    O Regimento, se está cheio de falhas, compete exatamente à direção da CBF realizar seus grandes debates para que possa, na verdade, fazer esse alinhamento. No entanto, essa matéria me chamou muito a atenção. Inclusive, a matéria, meu nobre Senador, abre assim: "O preconceito contra Jorge Amado e a intolerância contra Samir Xaud me remetem ao episódio contado por Ozires Silva". Ele perguntou a três membros do comitê do Prêmio Nobel a razão de o Brasil nunca ter ganhado um Prêmio Nobel, e, aí, ele vai mostrando.

    Eu até sugiro a V. Exa. que leia. Obviamente, nós temos que ver o contraditório sempre para que possamos emitir o nosso juízo de valor. E eu só estranhei o Reinaldo Carneiro Bastos, que é o Presidente da Federação Paulista – poderosíssima Federação Paulista de Futebol –, porque não sei os motivos pelos quais ele não se inscreveu na disputa à Presidência da CBF.

    E, oxalá, esse jovem brasileiro, roraimense nato, possa, ao ser eleito no próximo domingo, dar realmente um choque de gestão na CBF, que já vem há muitos anos, que já vem há décadas, na verdade, devendo muitas explicações ao Brasil, principalmente na coordenação, no acompanhamento, na fiscalização, no controle, nos investimentos, na independência da CBF, para que nós possamos novamente voltar aos tempos gloriosos de Pelé, de Garrincha, de Gerson, de Tostão, de tantos jogadores, de Romário, o nosso colega Romário, o nosso colega, Senador da República, Romário, de dar ao Brasil essa alegria de ver mais uma estrela na camisa gloriosa da seleção brasileira.

    Era essa observação que eu gostaria de fazer, até porque, independentemente de o Dr. Samir Xaud ser do meu estado, a gente vê nitidamente o preconceito que existe em relação ao Norte e ao Nordeste, especialmente, na área do futebol.

    O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) – Perfeito.

    Só para cumprimentá-lo, Sr. Presidente.

    Eu acho muito bacana da democracia isso, a gente colocar as nossas opiniões.

    Eu respeito profundamente o senhor, que inclusive está com a uma gravata bem com as cores do Brasil. Eu sei que o senhor ama este país e não tenho a menor dúvida disso.

    Eu só queria colocar o seguinte: eu, no meu ponto de vista, respeito quem pensa diferente, mas já está errado um dirigente passar 40 anos à frente de uma federação. Não é só em Roraima, não, em muitos lugares do Brasil é isso. É como se fosse ali uma dinastia familiar que vai passando de um para outro. Isso não pode ser bom, a alternância de poder é algo fundamental, novas ideias.

    Ele é jovem, realmente é jovem, 41 anos. Quando ele nasceu o pai já estava na Federação roraimense, praticamente estava ali entrando na Federação roraimense, mas será que não é um novo que já vem com a mentalidade dessas práticas sem transparência da CBF? Nós vamos ver. Ele já está eleito.

    Agora, o que eu quero dizer para o senhor é o seguinte, nós temos... Eu sou do Nordeste, como o senhor, que nasceu em Pernambuco e foi eleito por Roraima. Tem muitos cearenses lá em Roraima também, pernambucanos e de outros estados. Isso eu não vejo absolutamente como preconceito.

    Eu fui Presidente do Fortaleza em 2017. Estive na CBF visitando o então Presidente e, assim, era uma relação institucional. Não é uma questão de preconceito, se essa jogada política fosse feita no Ceará, eu estaria contra, porque eu acho que a CBF precisa abrir, precisa ter essa oxigenação.

    Eu, por exemplo, acredito que o Ronaldinho, aliás, o Ronaldo Fenômeno, que até esboçou ser candidato e foi travado, encontrou um monte de dificuldades nas federações e chegou até ir conversar com o Gilmar Mendes, que eu acho que deve ter dado até a pá de cal para ele não se candidatar, eu estou querendo chamá-lo na Comissão de Esporte para ouvir o que é que a gente pode fazer com a CBF.

    O General Hamilton Mourão também, como o senhor, é um flamenguista. Eu acho que todos nós aqui temos o nosso time, são raros os brasileiros que não gostam de futebol.

    Agora, eu, particularmente, confesso para vocês, vou colocar a minha opinião, essa vinda do Ancelotti para cá, que é um grande treinador mundial, mas eu acho que perde a identidade do Brasil. O Brasil tem técnico bom, tem o técnico do Flamengo, um grande técnico. Tem tantos outros que eu não vou nominar aqui, até o meu, que você tem aqui no futebol, e vários outros técnicos bons – não vamos nominar para não nos esquecermos de nenhum –, mas eu acredito, Sr. Presidente, que nós temos essa vinda de um estrangeiro para o futebol brasileiro...

(Soa a campainha.)

    O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) – ... que chegou, no momento, com R$5 milhões de salário, com mais não sei quantos milhões de "se ganhar", "se passar", "se conseguir conquista"... É um negócio tão fora da realidade! Parece-me que é uma cortina de fumaça para jogar aqui, é um pouco de... É para apagar esse incêndio; é uma cortina de fumaça, mesmo, para apagar esse incêndio que está tendo na CBF.

    Mas eu espero que o Senado cumpra seu papel. Vou dar entrada, nos próximos dias... Que a gente possa investigar a CBF, porque eu acho que se puxar um pouco vai sair muita coisa, e nós precisamos passar o Brasil a limpo, inclusive o retrato do Brasil, que hoje, no meu modo de ver, é a CBF.

    Muito obrigado, Sr. Presidente. Deus o abençoe!

    O SR. PRESIDENTE (Chico Rodrigues. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - RR) – Muito obrigado, nobre Senador.

    Eu achei muito proveitoso esse debate com esses esclarecimentos de V. Exa. Inclusive, eu dizia aqui, com o General Mourão – o Senador General, sempre General Mourão, que foi o orgulho do Exército Brasileiro; em momentos difíceis da vida brasileira, ele sempre assumiu posição, realmente, de coerência e determinação em defesa dos interesses nacionais –, uma coisa de que eu quero que V. Exa. tenha absoluta consciência, que é: política é a convivência dos contrários; pensamentos, avaliações, sentimentos, enfim...

    A vinda do Carlo Ancelotti, parece que com salário de R$5 milhões... Sinceramente, tem jogador aí que ganha R$50 milhões de salário e às vezes faz corpo mole, vive uma vida desregrada, apesar de tudo o que a imprensa prega – e eu não diria diretamente a imprensa, mas os grandes investidores em marketing, merchandising –, e que não tem servido quase nada à Seleção Brasileira, não é? Em relação ao Carlo Ancelotti: é um vencedor, e a gente tem que aplaudir, sim, os vencedores. É mais uma esperança, como um último fio... último, não; eu estou exagerando, mas é como um fio condutor de esperança do Brasil na Copa de 2026. Oxalá ele traga na bagagem esse conhecimento, essa autoridade e, acima de tudo, esse envolvimento com os jogadores, que eles efetivamente passem a vestir a camisa do Brasil com amor, como faziam os nossos craques do passado!

    Sinceramente, se tivesse uma votação para indicar o técnico da Seleção Brasileira, inquestionavelmente, eu – estou falando eu, o cidadão Chico Rodrigues – indicaria o Filipe Luís: jovem, talentoso, jogador, com história, equilibrado, com autoridade com o time – e olha que ele foi jogador do time e tem uma autoridade enorme sobre os jogadores –, com disciplina; enfim, seria a grande aposta nossa, eu estou falando eu. Filipe Luís seria, no meu entendimento, neste momento, esse oxigênio novo de que a Seleção Brasileira precisaria: um brasileiro nato, que traz na bagagem a experiência e, acima de tudo, o amor à camisa, como ele derramava o sangue pelas cores do Flamengo.

    Portanto, foi um debate muito...

    O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE. Fora do microfone.) – Obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 24/05/2025 - Página 11