Discussão durante a 13ª Sessão Deliberativa Remota, no Senado Federal

Considerações sobre o número de mortos pelo novo coronavírus (Covid-19). Preocupação com a situação do País em decorrência da pandemia.

Autor
Rose de Freitas (MDB - Movimento Democrático Brasileiro/ES)
Nome completo: Rosilda de Freitas
Casa
Senado Federal
Tipo
Discussão
Resumo por assunto
SAUDE:
  • Considerações sobre o número de mortos pelo novo coronavírus (Covid-19). Preocupação com a situação do País em decorrência da pandemia.
Publicação
Publicação no DSF de 10/03/2021 - Página 64
Assunto
Outros > SAUDE
Matérias referenciadas
Indexação
  • COMENTARIO, NUMERO, MORTO, NOVO CORONAVIRUS (COVID-19), PREOCUPAÇÃO, SAUDE, LEITO HOSPITALAR, REGISTRO, PROJETO DE LEI, PROIBIÇÃO, EXPORTAÇÃO, MEDICAMENTOS, VACINA, PEDIDO, PRESIDENTE, SENADO, RODRIGO PACHECO, ATUAÇÃO, LABORATORIO FARMACEUTICO, CRITICA, GOVERNO FEDERAL, COMBATE, PANDEMIA.

    A SRA. ROSE DE FREITAS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - ES. Para discutir.) – Posso fazer um registro, Sr. Presidente? As palavras do Senador Randolfe e o minuto de silêncio que V. Exa. fez e nós todos fizemos no Plenário não conseguiram superar o sentimento do impacto dessa notícia dos 1.072 óbitos que o País teve em 24 horas. Um dos Senadores usou a palavra esperança, alguém falou do tempo perdido de alguém numa prisão. Eu não conseguirei reclamar ao final da minha vida que me devolvam dois anos e quarenta e sete dias, mas eu quero usar esse momento só para dizer, Sr. Presidente: eu não sei o que mais, mas nós precisamos fazer mais alguma coisa. O seu ofício pedindo informações, esclarecimentos ao Ministro da Saúde pode nos dizer quantas vacinas temos, quantas ainda serão distribuídas. Nós precisamos... E graças ao seu projeto temos oportunidade de avançar alguma coisa nesse terreno, nesse deserto de confiança nas ações do Governo em relação a suprir o País com as vacinas.

    Eu gostaria de acrescentar a V. Exa. que a informação da Anvisa dizendo que, numa dessas reuniões do final de expediente, ela autorizou a exportação de vacina e de oxigênio é tão chocante quanto a gente perceber que o Governo não se esforça para adquirir mais vacinas para esse Brasil convalido, sem esperança e com uma estatística de morte dessa natureza. Eu quero dizer a V. Exa. que eu tomei a iniciativa de fazer um projeto que impeça que o Brasil exporte uma vacina, um balão de oxigênio, qualquer que seja, que não seja prioritariamente para atender a população. O que mais podemos fazer, eu não sei mais. V. Exa. tem se esforçado ao máximo, tem sido uma âncora para os nossos anseios, para que a gente buscar respostas, tomar iniciativas.

    Quero aqui parabenizar o Senador Wellington Dias pelo papel, pelo desempenho, pelo empenho que ele está tendo nesse périplo que ele está fazendo pelo Brasil à procura de encaminhar decisões que possam auxiliar os Governadores. O que nós podemos dizer é que não existem leitos mais. No meu Estado, pode-se dizer que há leito porque ainda não acolhemos todos que precisam ter leitos. Quero dizer que 300 pessoas estavam na fila de espera por uma vaga, que Brasília hoje registrou que tinha um único leito e que foi ocupado em seguida com cinco vagas para as crianças que hoje estão contaminadas.

    A cada dia que nós terminamos e que começa a noite, quando nós vamos terminar nosso trabalho e muitos vão reunir suas famílias, eu não sei se existe essa sensação doída que dá em nós Parlamentares, representantes, 81 Senadores entre duzentos e tantos milhões de brasileiros, 513 Parlamentares entre duzentos e tantos milhões de brasileiros. Somos privilegiados? Eu não me sinto assim. Eu me sinto como se eu não tivesse mais o que pensar.

    Eu peço inspiração a Deus para que a gente possa se somar. O senhor somando conosco, nós somando com o senhor, o Izalci somando com a Leia, todos nós nos somando, Jean Paul, Girão, não só nas orações, mas no sentido daquilo que está fazendo hoje essa frente de Governadores. Quando eles fazem um pacto, temos que fazer um também. Nós temos que fazer um pacto, nos juntarmos a todos aqueles que estão procurando uma saída onde quer que ela exista.

    Eu gostaria de saber do laboratório da Fiocruz e de outros laboratórios, como o da Janssen, enfim, qual é a possibilidade de produzir vacinas para atender o Brasil. E, se houver essa possibilidade, o Brasil tem que adquirir todas que estão dentro do âmbito da perspectiva de produção de cada um. Nós não temos essa informação – nós não temos. Nós estamos nos resignando – e seu ofício vai nos atender em parte nesse sentimento que nós temos – com as informações sem nenhum sentimento de culpa por este Brasil ter chegado aonde chegou. Lá atrás, a frase "manda quem pode, obedece quem tem juízo" era uma frase determinante para se dizer que o Ministro da Saúde não faria mais do que ele gostaria que o chefe dele fizesse para atender a população brasileira.

    Sr. Presidente, as iniciativas de projetos de lei não surtirão efeito nenhum até que a gente possa deparar com novos números amanhã iguais ou piores. Deus permita que sejam melhores do que esse para que a gente possa dizer que conseguiu salvar uma vida! Eu não vou pedir a V. Exa., vou implorar a V. Exa. que nos some a cada um no esforço maior, somando quem de direito e de fato queira fazer o que os Governadores hoje estão fazendo no desespero deles, como os Prefeitos desesperados. Precisamos comprar vacinas. Nos ajude nesse pacto nacional.

    Tenho certeza de que Girão, que Elmano, que Jean Paul Prates, todos vão se somar, agarrar nas suas mãos para que a gente consiga pressionar o Governo no último empurrar na parede, porque a folha da esperança do povo brasileiro já está na parede, Sr. Presidente – já está na parede. A cada telefone que toca no meu Estado, eu sinto que sei o que aconteceu. Eu peço a V. Exa. que nós não tenhamos que fazer tantos minutos de silêncio quanto aqueles que estão previstos pelos cientistas, pelas falas, inclusive, da pesquisa, da ciência, como a Dra. Margareth e outros tantos que estão aí se dispondo a nos informar.

    Eu acho que nós vamos debater se pode ou não pode haver um projeto que previna contra o coronavírus ou sei lá o quê.

    Mas o que eu peço, neste momento, é que nos ajude – nos ajude. V. Exa. conversou com dois laboratórios, nos ajude a ter números, expectativas de produção que obriguem, e nos obrigue a todos, a impor ao Governo a compra dessas vacinas. Não cabe mais dizer se há dinheiro. Vamos chamar a classe empresarial – eu já disse isso a V. Exa. – a adquirir vacinas, porque muitos estão dizendo que podem adquirir vacinas. Que façam um pacto com os Estados e não entreguem ao Governo Federal vacina nenhuma – vacina nenhuma! –, porque a gestão, a tal da logística que disseram que funcionaria no Brasil, não funcionou. Não dou o direito a ninguém, a mim particularmente, de errar novamente nessa caminhada.

    Vejo o senhor sentado a essa mesa. Eu já estive aí sentada por dois anos substituindo o Presidente Sarney, trabalhando no Congresso Nacional, aprendendo as muitas coisas que aprendi. A única coisa que eu não sei, realmente, é conviver com a decisão fatal de estar submetida à incompetência, à negligência e à irresponsabilidade daqueles que conduzem os destinos desta Nação. Eu não aceito, eu não aceito – que Deus me perdoe! –, que a gente não possa fazer mais do que está fazendo!

    V. Exa., quando deitar esta noite, com todas as suas iniciativas, pense em outras tantas, recorra a quem quiser recorrer, mas nos ajude a não termos amanhã, Sr. Presidente, números como estes que nos levam a fazer novamente um minuto de silêncio. É insuportável perder amigos, filhos de amigos, esposos, mulheres, e ver o País inerte, com um Presidente fingindo, sem máscara aqui no Brasil, com máscara lá fora, brincando com a vida do povo brasileiro.

    Dizer que o povo brasileiro votou com raiva porque queria acabar com o PT... Não precisa dizer! Votou às cegas, não cobrou do Presidente da República um compromisso sequer – nenhum! –, mas, se ele não o fez, o Presidente deveria, no exercício do cargo e em cumprimento aos preceitos da Constituição Federal, fazê-lo: lutar para salvar a vida do povo brasileiro.

    O que tenho a oferecer? Minhas emendas, minha voz, minha luta, minha mão, minha esperança. Presidente, eu sou uma pessoa que renovo todos os dias a minha fé, e eu tenho muita fé que V. Exa., com todas as suas iniciativas, com toda essa capacidade de ser menos angustiado do que estou sendo na sua frente e na frente dos colegas... Que V. Exa. nos ajude, nos ajude a trazer esses laboratórios para declararem quanto podem produzir de vacina e que nós obriguemos o Governo a comprá-las, ou permitir que o faça qualquer pessoa da indústria, do setor empresarial, as prefeituras, que possam comprar e aplicar essas vacinas. Não quero que entreguem ao Governo Federal! Estão aí os testes, e eu posso dizer isso como testemunha, porque pedi testagem para o meu Estado, pedi mais de dois mil testes, mas mandaram 200, porque disseram que não podiam dar mais e, no entanto, eles estão perdidos.

    Eu não acredito neste Governo! Desculpem, mas eu não acredito neste Governo! Eu só acredito que nós, brasileiros, e nós, com uma parcela de poder representativo delegado pelo povo brasileiro... Eu nem imagino um milhão de pessoas saindo de suas casas para dizer que querem que Rose de Freitas as represente no Congresso Nacional... E eu me sinto incapaz de fazer mais do que nós fizemos até agora. Por isso, eu peço a V. Exa. – me perdoe, sabe o carinho que lhe tenho, a confiança que lhe dedico – que use todos os seus esforços, que use e abuse do nosso tempo, da nossa dedicação, da nossa esperança, mas saiba que o povo brasileiro também espera muito mais de nós.

    Sr. Presidente, mil perdões! Eu falo aqui pelo meu Estado, pelas pessoas do meu Estado, que é Espírito Santo e é Minas Gerais também.

    Eu só queria dizer que não quero perder a esperança – não quero perder! Não quero dizer a eles que não tenho mais o que fazer. Eu quero encontrar com V. Exa. um caminho para operar outras oportunidades para que nós possamos salvar vidas. Há Estados que já não têm oxigênio! Quem nos responderá por isso?

    É isso.

    Por favor, meus colegas, por favor, mais uma vez, perdão, perdão!


Este texto não substitui o publicado no DSF de 10/03/2021 - Página 64