Discurso durante a 16ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Preocupação com a repercussão econômica da guerra na Ucrânia para o País, em especial com a dependência brasileira dos fertilizantes russos, diante do possível desabastecimento desses insumos.

Pedido de apoio aos parlamentares para subscreverem requerimento, de autoria de S. Exa., em que solicita esclarecimentos ao Ministro de Minas e Energia e à Petrobras sobre as ações adotadas para assegurar que os investimentos na produção de fertilizantes no Brasil não sejam descontinuados, bem como sobre a venda da Unidade de Fertilizantes Nitrogenados (UFN-III), instalada em Três Lagoas-MS, ao grupo russo Acron.

Autor
Simone Tebet (MDB - Movimento Democrático Brasileiro/MS)
Nome completo: Simone Nassar Tebet
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
Agropecuária e Abastecimento { Agricultura , Pecuária , Aquicultura , Pesca }, Assuntos Internacionais, Conflito Bélico:
  • Preocupação com a repercussão econômica da guerra na Ucrânia para o País, em especial com a dependência brasileira dos fertilizantes russos, diante do possível desabastecimento desses insumos.
Agropecuária e Abastecimento { Agricultura , Pecuária , Aquicultura , Pesca }, Governo Federal, Minas e Energia:
  • Pedido de apoio aos parlamentares para subscreverem requerimento, de autoria de S. Exa., em que solicita esclarecimentos ao Ministro de Minas e Energia e à Petrobras sobre as ações adotadas para assegurar que os investimentos na produção de fertilizantes no Brasil não sejam descontinuados, bem como sobre a venda da Unidade de Fertilizantes Nitrogenados (UFN-III), instalada em Três Lagoas-MS, ao grupo russo Acron.
Aparteantes
Eduardo Girão, Esperidião Amin, Nelsinho Trad.
Publicação
Publicação no DSF de 10/03/2022 - Página 19
Assuntos
Economia e Desenvolvimento > Agropecuária e Abastecimento { Agricultura , Pecuária , Aquicultura , Pesca }
Outros > Assuntos Internacionais
Outros > Conflito Bélico
Outros > Atuação do Estado > Governo Federal
Infraestrutura > Minas e Energia
Matérias referenciadas
Indexação
  • PREOCUPAÇÃO, GUERRA, RUSSIA, UCRANIA, SITUAÇÃO, ECONOMIA, PAIS, BRASIL, ENFASE, DEPENDENCIA, FERTILIZANTE, AGRONEGOCIO, POSSIBILIDADE, AUSENCIA, ABASTECIMENTO, INSUMO.
  • SOLICITAÇÃO, APOIO, SENADOR, REQUERIMENTO, INFORMAÇÕES, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DE MINAS E ENERGIA (MME), PETROBRAS DISTRIBUIDORA S/A, RELAÇÃO, INVESTIMENTO, PRODUÇÃO, FERTILIZANTE, VENDA, EMPRESA, LOCAL, TRES LAGOAS (MS).

    A SRA. SIMONE TEBET (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - MS. Para discursar.) – Não sei se o Senador Oriovisto me viu agradecendo, mas é porque a gente economiza inclusive tempo, Presidente, porque o assunto é o mesmo. Eu não sei se o Senador ainda está aqui, o Senador Plínio?!

    Mas, Sr. Presidente, me veio à cabeça agora, lembrando e vendo o Plínio falar, que este século XXI parece que repete a trilogia do século passado, infelizmente sob uma ótica ruim. A trilogia maligna, vamos dizer, do século passado: uma peste, uma guerra e uma crise. No caso, uma pandemia, que se resolve com vacinas; uma guerra, que se resolve com bom senso e assinatura de um termo de paz; mas uma crise que fica, uma crise econômica, uma crise perversa, uma crise que gera desemprego, que gera miséria, que está causando fome, que está criando situações insustentáveis no Brasil.

    A guerra da Ucrânia, Sr. Presidente, está produzindo um rearranjo – e é isso que é importante na fala do Senador Plínio – das relações geoeconômicas. A guerra na Ucrânia, embora ainda civil, é uma guerra mundial, porque ela atinge fortemente as economias do mundo, ela atinge porque estamos falando de uma grande potência, a maior exportadora de petróleo, uma das maiores de fertilizantes. E o Brasil, que é o maior produtor, um dos maiores exportadores do mundo de grãos, ainda não é autossuficiente naquele insumo tão necessário para a nossa lavoura, para diminuir o preço dos alimentos, para que a gente tenha mais comida na mesa do trabalhador brasileiro.

    Pois bem, Sr. Presidente, eu vi o Senador Plínio Valério falando de potássio na Amazônia. Eu vou dar um dado e só esse, eu prometo ficar nos três minutos, só esse, mais escabroso ainda. Quando eu fui Prefeita de Três Lagoas, divisa com o Estado de São Paulo, Plínio, querido amigo Plínio, eu doei 50 hectares de terras para a Petrobras. Eu não tinha dinheiro, consegui com ajuda do governo do estado. Para quê? Para construir a maior fábrica da América Latina de fertilizantes hidrogenados. Para ter uma ideia da dimensão disso, ela sozinha teria a capacidade de reduzir a nossa importação com o mundo em 50% de fertilizantes hidrogenados. Pois bem, infelizmente, veio o petrolão, veio a incompetência da gestão da Petrobras e a Petrobras naquele momento estava com dificuldade, quase quebrou, paralisou a fábrica. De lá para cá, a Petrobras resolveu, não vou entrar no mérito, fazer o desinvestimento de fertilizantes. "Vamos focar em petróleo, vamos focar em pré-sal." Nenhum problema em relação a isso. Ajudei inclusive, aqui na CAE.

    Mas agora nós, depois de três leilões, ela resolve e vende para uma empresa que é a maior fábrica de fertilizantes – olhem só – da Rússia, a fábrica de fertilizantes de Três Lagoas, que está 83% pronta. Pasmem! Senador Plínio, para quê? Não é para fertilizante no Brasil. É para fazer misturadora com fertilizantes da Rússia, ou seja, nós estamos entregando um patrimônio nacional, dinheiro público que foi investido, nosso, para continuar dependentes da Rússia, de fertilizantes. Ou alguém acha que o Presidente Putin vai autorizar a maior fábrica dele a fazer fertilizantes no Brasil? Até porque não está no contrato dela.

    Eu estive, na semana passada, Presidente, com o Presidente da Petrobras. Aliás, fui muitíssimo bem recebida por toda a diretoria. Quero agradecer a gentileza do general, que abriu a sua agenda em menos de 12 horas. E disse para o Presidente: "Nós não vamos admitir isso". Nós estamos falando – o Senador Nelsinho conhece bem essa história – não só de soberania nacional; nós estamos falando de fertilizantes que vão faltar a partir da próxima safra de outubro, novembro e dezembro no Brasil. Uma fábrica que pode ser construída em oito meses, pela própria Petrobras, talvez com 2 bilhões, que pode ser vendida por 5 bilhões para qualquer cooperativa no Brasil, para qualquer empresa no Brasil, para poder colocar na nossa lavoura. O que eu quero dizer com isso é que o assunto é muito sério.

    Então, Sr. Presidente, eu estou aqui, gostaria de contar com a assinatura de todos os colegas. Vai cair na mão de V. Exa. e da Mesa Diretora um requerimento para que sejam prestadas, pelo Ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, e pela própria Petrobras, informações, para perguntar e para assegurar que os investimentos na produção de fertilizantes no Brasil não sejam descontinuados, o porquê de a maior fábrica de fertilizantes nitrogenados da América Latina, meu Líder Carlos Viana... Por que é que essa fábrica quase pronta, que é nosso patrimônio,...

(Soa a campainha.)

    A SRA. SIMONE TEBET (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - MS) – ... está sendo vendida para uma empresa russa, não para produzir fertilizantes no Brasil, mas para misturar o fertilizante da Rússia? É inconcebível. É falta de planejamento estratégico, é falta de bom senso, é falta até de humanidade com o povo brasileiro, que está passando fome. Alguém tem que dar uma explicação sobre isso.

    Então aqui está. Estão as justificativas. Se eu puder contar com a assinatura dos demais membros. São as justificativas imensas. Eu conheço essa história, eu acompanho essa história há 12 anos. Aqui há um pedaço da solução do problema. Plínio apresentou uma, eu estou apresentando outra. Em oito meses, essa fábrica tem condições de ficar pronta. Em oito meses, nós podemos ficar menos dependentes da Rússia em pelo menos 50% dos fertilizantes nitrogenados.

(Intervenção fora do microfone.)

    O SR. PRESIDENTE (Rodrigo Pacheco. Bloco Parlamentar PSD/Republicanos/PSD - MG) – Ela já tem quantos...

    A SRA. SIMONE TEBET (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - MS) – Oitenta e três por cento pronta.

    O SR. PRESIDENTE (Rodrigo Pacheco. Bloco Parlamentar PSD/Republicanos/PSD - MG) – Pronta.

    A SRA. SIMONE TEBET (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - MS) – O único argumento contrário, Presidente, é que, como a Bolívia viu que a Petrobras não queria mais investir, ela parou de fazer novos investimentos no gasoduto. Só que o governo diplomático tem condições de conversar com a Bolívia, porque nós estamos falando de 2 milhões de metros cúbicos de gás, e a Petrobras já tem contrato e já recebe 20 milhões de metros cúbicos da Bolívia. Se ela fizer um ajuste desses 20 milhões, ela já coloca 2 milhões de metros cúbicos imediatamente à disposição dessa fábrica de fertilizantes.

    O SR. PRESIDENTE (Rodrigo Pacheco. Bloco Parlamentar PSD/Republicanos/PSD - MG) – E me perdoe, Senadora Simone Tebet, V. Exa. está tomando qual providência exatamente?

    A SRA. SIMONE TEBET (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - MS) – Eu estou apresentando um requerimento à Mesa apenas para... Eu já estive com o Presidente da Petrobras, ele me garantiu. Eu quero, de novo, agradecer ao General. Ele foi da maior gentileza, abriu a agenda em menos de 12 horas. Ele falou: "Senadora, eu quero que leve ao Senado Federal a seguinte resposta. Esta reunião não para aqui, eu vou levar essa informação para o Conselho Administrativo da Petrobras. O problema é que eles estão para assinar o contrato com a Acron".

    Então, esse requerimento, Sr. Presidente, é apenas um requerimento de informação para que a Petrobras...

(Soa a campainha.)

    A SRA. SIMONE TEBET (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - MS) – ... e o Ministro de Minas e Energia esclareçam por que estão entregando a solução do problema de fertilizantes para uma empresa que não tem a obrigação de fazer fertilizantes. Ela vai misturar o fertilizante que vai trazer da Rússia. Não tem sentido, Sr. Presidente. Isso pode cair no Tribunal de Contas da União, isso pode cair no Ministério Público.

    Eu, como Prefeita, inclusive, que fui, posso acionar. Afinal, eu tirei dinheiro da Prefeitura – que não tinha – para doar à Petrobras para que pudéssemos ser autossuficientes, no futuro, em nitrogênio.

    Então, são medidas pequenas que mostram o quanto este Governo está perdido nessa questão, com todo o respeito.

    O Sr. Nelsinho Trad (Bloco Parlamentar PSD/Republicanos/PSD - MS) – Um aparte, Senadora.

    O SR. PRESIDENTE (Rodrigo Pacheco. Bloco Parlamentar PSD/Republicanos/PSD - MG) – Então, é importante... Os Senadores e Senadoras que quiserem aderir ao requerimento da Senadora Simone Tebet, ainda hoje...

    V. Exa. pode encaminhar à Mesa e eu, ad referendum da Mesa Diretora, encaminharei a quem de direito imediatamente.

    O Sr. Nelsinho Trad (Bloco Parlamentar PSD/Republicanos/PSD - MS) – Um aparte, por favor.

    O SR. PRESIDENTE (Rodrigo Pacheco. Bloco Parlamentar PSD/Republicanos/PSD - MG) – Eu considero a importância... É muito importante...

    O Sr. Nelsinho Trad (Bloco Parlamentar PSD/Republicanos/PSD - MS) – Senadora Simone...

    A SRA. SIMONE TEBET (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - MS) – Muito obrigada, Sr. Presidente.

    O Sr. Nelsinho Trad (Bloco Parlamentar PSD/Republicanos/PSD - MS) – Senadora...

    A SRA. SIMONE TEBET (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - MS) – V. Exa., como sempre, representa esta Casa nos momentos em que precisa dar resposta à população brasileira naquelas políticas que realmente interessam ao Brasil.

    O Sr. Nelsinho Trad (Bloco Parlamentar PSD/Republicanos/PSD - MS) – Um aparte, Senadora.

    O Sr. Esperidião Amin (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/PP - SC) – Sr. Presidente...

    O SR. PRESIDENTE (Rodrigo Pacheco. Bloco Parlamentar PSD/Republicanos/PSD - MG) – Senador Nelsinho Trad.

    O Sr. Esperidião Amin (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/PP - SC) – Aqui também, Presidente.

    O Sr. Nelsinho Trad (Bloco Parlamentar PSD/Republicanos/PSD - MS) – Sim.

    O SR. PRESIDENTE (Rodrigo Pacheco. Bloco Parlamentar PSD/Republicanos/PSD - MG) – Depois, o Senador Esperidião.

    O Sr. Nelsinho Trad (Bloco Parlamentar PSD/Republicanos/PSD - MS. Para apartear.) – Senadora Simone, quero parabenizar V. Exa. por essa iniciativa, até porque já se passaram mais de dez anos que isso aconteceu. V. Exa. teve essa visão no segundo mandato, que coincidiu com o meu segundo mandato, de 2008 a 2012. V. Exa. era Prefeita de Três Lagoas.

    Ao que me consta, 4 bilhões, Senador Kajuru, já foram investidos nessa fábrica. Faltavam, em 2014, 700 milhões para concluir, ou seja, nós precisamos, sim, de um esclarecimento. E aqui não é nenhuma questão de caça às bruxas, nada disso. Nós queremos esclarecer esse assunto para que ele possa entrar num rito de um bom senso para que esse tal fertilizante não venha a faltar para um setor fundamental para a nossa economia que é o agronegócio.

    A SRA. SIMONE TEBET (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - MS) – Segurança alimentar.

    O Sr. Nelsinho Trad (Bloco Parlamentar PSD/Republicanos/PSD - MS) – Exatamente.

    Os dados que eu tenho aqui, que eu já havia levantado – vale a pena ouvir –, a última informação divulgada é a de que a venda da UFN3 não avançou, a unidade está paralisada desde dezembro de 2014: "Sem interesse em seguir no ramo de fertilizantes, [...] [a Petrobras] colocou a unidade à venda em setembro de 2017. Depois de alguns contratempos, com questionamentos do Tribunal de Contas e do Supremo Tribunal Federal, o processo de venda sofreu algumas paralisações, e foi retomado em fevereiro de 2018".

(Soa a campainha.)

    O Sr. Nelsinho Trad (Bloco Parlamentar PSD/Republicanos/PSD - MS) – A expectativa é a de que a UNF3 tenha a capacidade de produzir 3,6 toneladas/dia de ureia, 2,2 toneladas/dia de amônia, 290 toneladas/dia de gás carbônica.

    Sobre essa crise dos fertilizantes, há problemas na produção em fábricas na China, sanções econômicas internacionais aplicadas na Bielorússia. E, segundo a Ministra Tereza Cristina, que eu entendo que deva participar dessa audiência, porque eu penso – dessa oitiva, melhor dizendo –, eu penso que ela, por ser Ministra da Agricultura e já ter dado declaração de que, este ano, o Brasil está devidamente suprido nessa questão até outubro, nós precisamos saber se isso é, realmente, dentro desse caminho; então, é algo que, realmente, nos preocupa.

(Soa a campainha.)

    O Sr. Nelsinho Trad (Bloco Parlamentar PSD/Republicanos/PSD - MS) – E eu quero, mais uma vez, enaltecer a atitude de V. Exa., o deferimento, de pronto, do Presidente Rodrigo Pacheco, demonstrando a sua sensibilidade com essa questão e, pela forma como estão aqui olhando os nossos colegas, o apoio pleno que essa matéria vai ter para ser encaminhada. Parabéns!

    A SRA. SIMONE TEBET (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - MS) – Se me permitir, Presidente, essa saída ou essa decisão do Senado pode ser a grande resposta que o Senado Federal pode estar dando ao Brasil para quem está passando fome, uma resposta imediata que, se me permitir, Senador, eu acho que o assunto é tão importante, Senador Girão, só para se ter uma ideia.

    Três Lagoas faz divisa com o Estado de São Paulo. Por que é superavitária essa fábrica, diferentemente da do Paraná, Senador Amin? É a operação jabuticaba. A fábrica é do lado do gasoduto, não tem frete. Ela está a 1km da rodovia, não tem frete. Três Lagoas está a 3km de São Paulo, o maior centro consumidor de fertilizantes. Nós fazemos divisa com Mato Grosso, o maior produtor de grãos, Mato Grosso do Sul, que é o quarto maior produtor, São Paulo, Paraná e Goiás. Então, ela atende, numa circunferência de 250 a 300km, todo esse cinturão verde. Por isso, ela é considerada a joia da Coroa pela Petrobras lá atrás. Não tem sentido entregar de mão beijada para não serem produzidos fertilizantes.

    Então, acho que essa é uma demonstração do Senado Federal imediata de uma resposta. É a experiência de cada um de nós, com essa proteção do Presidente do Senado, que o faz sempre visando o interesse de todos nós, que pode estar fazendo com que o Senado dê a resposta de que o Brasil precisa para uma parte do problema de fertilizantes no Brasil.

    Com o maior prazer, Senador Girão.

    O Sr. Eduardo Girão (Bloco Parlamentar PODEMOS/PSDB/PSL/PODEMOS - CE) – A senhora permite um aparte?

    O Sr. Esperidião Amin (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/PP - SC) – Sr. Presidente.

    O Sr. Eduardo Girão (Bloco Parlamentar PODEMOS/PSDB/PSL/PODEMOS - CE) – Rapidamente...

    O SR. PRESIDENTE (Rodrigo Pacheco. Bloco Parlamentar PSD/Republicanos/PSD - MG) – Senador Esperidião Amin.

    Eu vou dando os apartes, Senadora Simone, se me permite.

    O Sr. Esperidião Amin (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/PP - SC. Para apartear.) – Eu sou obrigado, na ausência, neste momento, do Senador Acir Gurgacz, a relembrar aos prezados colegas que, no dia 16 de fevereiro, o Senador Acir Gurgacz, como Presidente da Comissão de Agricultura, leu, em Plenário, uma nota intitulada "Fertilizantes: vulnerabilidade do agronegócio brasileiro". Seguem-se cinco páginas, que eu não vou ler aqui, mas destaco: a Comissão de Agricultura – inclusive, por solicitação da qual eu fui um dos subscritores – realizou, nos dias 21 e 28 de outubro de 2021, duas grandes audiências públicas sobre este assunto. E, corroborando, confirmando a oportuníssima, muito oportuna intervenção da querida Senadora Simone Tebet...

(Soa a campainha.)

    O Sr. Esperidião Amin (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/PP - SC) – ... eu quero destacar os seguintes pontos. Primeiro, nós importamos mais de 80% de NPK e ureia. Segundo: quais são essas fontes? São 36%, Canadá; 25%, Rússia... Perdão! São 32,5%, Canadá; 26%, Rússia; 18%, Bielorrússia. Portanto, são sócios majoritários do Hércules da nossa economia, que é o agronegócio.

    E, ao longo desses dois grandes seminários, ficou demonstrado que essa vulnerabilidade ia ficar muito afetada – isso é de outubro do ano passado....

(Soa a campainha.)

    O Sr. Esperidião Amin (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/PP - SC) – ... pela situação geopolítica da Europa, porque já havia embargos à Bielorrússia por questões políticas, ou seja, a saída por um porto já sofria, de parte da União Europeia e dos Estados Unidos da América, os efeitos de embargos.

    O Governo Federal tem um grupo de trabalho voltado a este assunto. Cobrar essas responsabilidades significa procurar essas pessoas que participaram dessas audiências. Inclusive o Embaixador Alex Giacomelli da Silva, do Ministério de Relações Exteriores, adido ao Ministério da Agricultura... Só vou selecionar um trecho: "O Embaixador discorreu sobre os embargos internacionais impostos [em outubro] [...]...

(Interrupção do som.)

(Soa a campainha.)

    O Sr. Esperidião Amin (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/PP - SC) – ... um dos principais produtores de cloreto de potássio do mundo, sendo responsável [a Bielorrússia] por 20% do fornecimento global".

    Então, este assunto que a Senadora Simone Tebet traz em hora muito oportuna – acho que é inadiável esse debate – demandaria, Presidente, que as Lideranças do Senado concertassem, sob a forma de uma sessão em Plenário ou em sessão conjunta dessas Comissões, inclusive a de Relações Exteriores e Defesa Nacional, para saber, primeiro, o quanto isso se agravou. O Senador Acir Gurgacz leu isso no dia 16 de fevereiro, aqui no Plenário, e o fez, inclusive, a meu pedido. Olha, isso é uma coisa muito grave!

    E, finalmente, como informação, o maior fornecedor é o Canadá. E ontem a Ministra da Agricultura, Senador Nelsinho Trad e Senadora Simone, nos informou pessoalmente que está indo, ainda na semana que vem, ao Canadá para tratar de prover a garantia desses 32,5%, porque o maior exportador individual desses insumos para nós é o Canadá.

    E, finalmente, eu não posso deixar de aplaudir a Senadora Simone Tebet. Eu me sinto envergonhado. Eu não sou do agronegócio, mas eu me sinto envergonhado por constatar que o Hércules da nossa economia tem os pés de areia, porque, com uma dependência de 83%, faça-me o favor. Havendo a matéria-prima aqui, nós estamos cavando...

(Soa a campainha.)

    O Sr. Esperidião Amin (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/PP - SC) – ... uma sepultura que pode ser acionada a qualquer momento em função dessa situação geopolítica do mundo.

    Parabéns, Senadora Simone!

    A SRA. SIMONE TEBET (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - MS) – Obrigada, Senador Amin.

    Antes de passar para o Senador Girão, apenas complementando, Presidente, eu já posso adiantar o que de tão grave, além da guerra, aconteceu.

    Aconteceu que, desde outubro, em vez de nós buscarmos a autossuficiência, a Petrobras acelerou o leilão; repito: não colocou como cláusula condicionante a produção de fertilizante no Brasil e vendeu para a Acron.

    Por que a urgência, Sr. Presidente? Eu estive lá na Petrobras. Porque a Petrobras está para assinar o contrato com a empresa. Imagine se ela assina o contrato com a empresa. Acabou! Nós não só não vamos produzir fertilizantes agora, como a Acron vai impedir que, no futuro, nós produzamos naquela planta, no nosso estado, fertilizantes, Nelsinho – desculpe o termo "Nelsinho", mas é o meu querido amigo; se não o estou chamando de Senador, é por tudo que já foi e, principalmente, pela amizade que temos.

    O Sr. Eduardo Girão (Bloco Parlamentar PODEMOS/PSDB/PSL/PODEMOS - CE. Para apartear.) – Rapidamente, Senadora Simone, é para parabenizá-la por este seu pronunciamento importante, que não chega aqui por acaso e que está chegando na hora certa, tendo em vista a emergência que a gente está vivenciando.

    Quero também cumprimentar o Senador Plínio Valério pela coragem de se posicionar.

    Lá, você tem Três Lagoas, cidade onde a senhora foi Prefeita...

    A SRA. SIMONE TEBET (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - MS) – Isso.

    O Sr. Eduardo Girão (Bloco Parlamentar PODEMOS/PSDB/PSL/PODEMOS - CE) – A Senadora Zenaide estava até falando aqui que a senhora fez a doação dos 70ha, não é?

    A SRA. SIMONE TEBET (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - MS) – São 52ha.

    O Sr. Eduardo Girão (Bloco Parlamentar PODEMOS/PSDB/PSL/PODEMOS - CE) – É muito importante.

    Está tudo aqui! Olhe o Brasil como é abençoado, olhe o Brasil como é abençoado! Está tudo aqui! Está no Amazonas o potássio. No Ceará – o Senador Tasso Jereissati sabe –, em Santa Quitéria, há uma mina de fosfato espetacular...

(Soa a campainha.)

    O Sr. Eduardo Girão (Bloco Parlamentar PODEMOS/PSDB/PSL/PODEMOS - CE) – Está parada justamente por burocracias que têm acontecido e que travam o país. E, agora, nós temos que fazer uma força-tarefa, Senadora Simone Tebet, para tentar destravar. Está tudo aqui! A solução está aqui.

    O sapato apertou? Não é caça às bruxas, como foi muito bem colocado pelo Senador Nelsinho Trad, mas a gente precisa agir.

    A fábrica está travada lá, não é? Se a venda está travada, não é por acaso, é porque não tinha que acontecer. E, agora, a gente precisa justamente tornar estratégico aqui dentro do Brasil.

    Muito obrigado.

    A SRA. SIMONE TEBET (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - MS) – Se me permitir, Senador Girão, a pressa – e, por isso, eu aqui louvo novamente o Presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, agradecendo-lhe, por dar agilidade – é porque não está travado. A Petrobras vendeu e vendeu mal; vendeu um patrimônio público para uma empresa russa que não vai cumprir o objetivo de nos tornar...

(Soa a campainha.)

    A SRA. SIMONE TEBET (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - MS) – ... autossuficientes em fertilizantes. Eles vão só misturar o fertilizante da Rússia.

    O Senador Nelsinho foi muito feliz. Faltavam, na época, R$700 milhões para terminar. Que faltem dois agora! A Petrobras teve um lucro recorde de R$106 bilhões. Se ela gastar dois terminando, ela vende por cinco a fábrica depois, ainda que ela não queira produzir – é um direito do planejamento estratégico dela.

    V. Exa. usou um termo muito, muito feliz: "é preciso agir". A médio e longo prazo, é com um plano nacional de fertilizantes, mas, de forma imediata, a gente tem como reduzir o custo dos insumos para o agronegócio para não deixar faltarem fertilizantes nitrogenados para a próxima safra brasileira.

    Sr. Presidente, muitíssimo obrigada pela paciência. Não tenho como agradecer a agilidade de V. Exa. Eu só vou colher as assinaturas dos colegas.

    Nós não estamos constrangendo a Petrobras, apenas pedindo informação ao Ministério de Minas e Energias e à Petrobras para que esclareçam.

    Eu quero só aqui, ao cumprimentar V. Exa., dizer que esta é uma resposta imediata tão importante quanto a dos combustíveis que vamos votar entre hoje e amanhã.

    Muito obrigada.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 10/03/2022 - Página 19