Discurso durante a 32ª Sessão Especial, no Senado Federal

Sessão Especial destinada a comemorar o Dia Mundial de Conscientização do Autismo.

Autor
Flávio Arns (PODEMOS - Podemos/PR)
Nome completo: Flávio José Arns
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
Data Comemorativa, Pessoas com Deficiência, Saúde:
  • Sessão Especial destinada a comemorar o Dia Mundial de Conscientização do Autismo.
Publicação
Publicação no DSF de 09/04/2022 - Página 10
Assuntos
Honorífico > Data Comemorativa
Política Social > Proteção Social > Pessoas com Deficiência
Política Social > Saúde
Matérias referenciadas
Indexação
  • SESSÃO ESPECIAL, DEBATE, COMEMORAÇÃO, DIA INTERNACIONAL, CONSCIENTIZAÇÃO, AUTISMO, PESSOA COM DEFICIENCIA.
  • COMENTARIO, SITUAÇÃO, FAMILIA, INFORMAÇÕES, ACOLHIMENTO, PESSOAS, AUTISMO, ASSISTENCIA MEDICA, ASSISTENCIA SOCIAL, POLITICA PUBLICA.

    O SR. FLÁVIO ARNS (Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - PR. Para discursar.) – Eu quero, em primeiro lugar, cumprimentá-lo, Senador Izalci Lucas, e parabenizar V. Exa. também por todo o esforço que tem feito na área do autismo e em outras áreas importantes, inclusive na área da educação, como Presidente também da Frente Parlamentar Mista pela Educação, onde, obviamente, as pessoas com autismo e as pessoas com deficiência em geral estão também inseridas.

    Quero cumprimentar a Senadora Mara Gabrilli, com quem a gente sempre vem dialogando, conversando, trabalhando junto, buscando caminhos, alternativas. E quero cumprimentar os convidados todos.

    Quero dizer, de maneira muito clara, que nós no Senado Federal, não só eu, mas os Senadores e Senadoras, de uma maneira geral, estamos solidários com a área. Solidários, na minha opinião, significa: vamos juntos buscar alternativas, políticas públicas nacionais importantes, porque as famílias com filhos que apresentam o quadro dentro do espectro autista estão sofrendo muito no Brasil, aqui no Paraná. No Brasil inteiro, a gente acompanha a situação, e as pessoas, muitas vezes, não estão informadas adequadamente, qualificadas, formadas para acolher as pessoas com autismo, dentro do espectro autista. Esse é um desafio que tem que ser enfrentado, melhorado, obviamente, mas depende de um trabalho de todos nós.

    Ao mesmo tempo, as famílias têm que percorrer inúmeros lugares para fazer o diagnóstico, para fazer fisioterapia, sessões de psicologia, fono, terapia ocupacional, enfim, o que for necessário. Isso desgasta a família, cansa – vamos falar bem claramente: cansa a família –, pois tem que percorrer inúmeros lugares.

    Nós já aprovamos, inclusive, uma lei no Senado – está na Câmara dos Deputados – para termos um local onde todos esses atendimentos e perspectivas possam ser feitos, para facilitar a vida da família. O que acontece? A mãe – principalmente a mãe; o pai também, mas normalmente a mãe – tem que deixar de trabalhar para poder levar o filho, a filha a um local e outro local. Essa preocupação da família tem que ser a nossa preocupação no Senado Federal. Por isso, a palavra "solidariedade". A família, como já foi colocado, tem dificuldades, inclusive, de atendimento. Há um desgaste mental, um estresse mental.

    Eu falo isso, também, com todo o respeito, porque eu também tenho um filho com deficiência, já adulto, que depende muito do apoio da família. Não é na área do autismo, mas a gente sabe da necessidade de a família ser apoiada. A família, nesse sentido, vai melhorar a saúde mental, quando observar que o filho vai para a escola, fica o dia inteiro na escola, é bem acolhido, está feliz, tem as terapias lá na escola, para não precisar levar o filho para outro local. Nós temos de melhorar, aprimorar esse atendimento, para que a pessoa seja bem atendida.

    Esta semana estive numa reunião no Conselho Federal de Contabilidade e um dos diretores disse: "Olha, eu sou pai, também tenho um filho autista". A gente está junto, vamos caminhar juntos. Agora, o que é mais problemático é que nós estamos falando do espectro autista. Aí em Brasília, Senador Izalci, de um lado, nós temos pessoas com talentos especiais na área da pintura, do esporte, em várias áreas, que são do espectro autista... No outro lado do espectro, participei de reunião com famílias aí de Brasília que disseram que os filhos não estão em lugar nenhum porque precisam de um atendimento muito específico em função das suas necessidades bastante acentuadas de desenvolvimento, usam capacete, têm de fazer as necessidades em um lugar certo, se autoflagelam.

    Então, nesse sentido, esses são os abandonados, quer dizer: "Não, tem que se botar na classe comum. Todo mundo na classe comum, na escola comum". Não! Vamos olhar as necessidades. É claro que o preferencial é na escola comum, mas e esses outros? Existe uma fila aí em Brasília, Senador Izalci, de mais de 100 pessoas que não vão a lugar nenhum e nós estamos negando direito constitucional a essas pessoas de terem acesso à educação. E educação boa tem que ser o dia inteiro para essas pessoas. E as famílias preocupadas: "E, quando eu falecer, o pai falecer ou a mãe, como é que vai ser o futuro desse meu filho que é dependente, que precisa de apoio?".

    Então, essas políticas públicas têm que fazer a gente refletir nesta sessão solene, para a gente lembrar o dia, nacional e internacional, de conscientização sobre os desafios que a pessoa, a família, os profissionais dentro do espectro autista enfrentam.

    Então, eu só quero dizer: estamos juntos, da minha parte – a gente tem, inclusive, junto com a Senadora Mara Gabrilli, a Subcomissão na Comissão de Assuntos Sociais –, mas, com o apoio do Senador Izalci Lucas, que é permanente, vamos, juntos, fazer com que essas leis todas, que não estão sendo cumpridas, na grande maioria, não estão sendo cumpridas, passem a constituir realidade, gente! Vamos brigar! Vamos lutar! Vamos para a Justiça! Vamos falar no Senado! Vamos fazer audiência pública para que haja mais cidadania, mais compreensão, mais acolhida!

    Então, estamos juntos. Não é uma coisa da boca para fora, porque eu estou junto aí com os pais. Vamos escutar os pais – nada sobre nós, sem nós; os pais –, vamos escutar as pessoas dentro do espectro autista e vamos, juntos, fazer com que a coisa funcione em nosso país!

    Obrigado aí pela palavra.

    Desculpe por ter me alongado um pouco.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 09/04/2022 - Página 10