Discurso durante a 115ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Manifestação favorável à PEC nº 32. de 2023, que permite a implementação do Programa Bolsa Família e define regras para a transição da Presidência da República aplicáveis à Lei Orçamentária de 2023.

Comentários sobre operação da Polícia Federal no Estado de Roraima, que investiga desvio de recursos públicos que seriam utilizados na compra de remédios para os Yanomami.

Autor
Telmário Mota (PROS - Partido Republicano da Ordem Social/RR)
Nome completo: Telmário Mota de Oliveira
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
Assistência Social, Dívida Pública, Orçamento Público:
  • Manifestação favorável à PEC nº 32. de 2023, que permite a implementação do Programa Bolsa Família e define regras para a transição da Presidência da República aplicáveis à Lei Orçamentária de 2023.
Direitos Humanos e Minorias:
  • Comentários sobre operação da Polícia Federal no Estado de Roraima, que investiga desvio de recursos públicos que seriam utilizados na compra de remédios para os Yanomami.
Publicação
Publicação no DSF de 01/12/2022 - Página 16
Assuntos
Política Social > Proteção Social > Assistência Social
Economia e Desenvolvimento > Finanças Públicas > Dívida Pública
Orçamento Público
Política Social > Proteção Social > Direitos Humanos e Minorias
Matérias referenciadas
Indexação
  • DEFESA, APROVAÇÃO, PROPOSTA DE EMENDA A CONSTITUIÇÃO (PEC), ALTERAÇÃO, CONSTITUIÇÃO FEDERAL, DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS TRANSITORIAS, DISPOSITIVOS, TRANSITORIEDADE, AUTORIZAÇÃO, IMPLEMENTAÇÃO, PROGRAMA, BOLSA FAMILIA, SUBSTITUIÇÃO, GOVERNO, PRESIDENCIA DA REPUBLICA, RESSALVA, LIMITAÇÃO, DESPESA ORÇAMENTARIA, EXERCICIO FINANCEIRO.
  • COMENTARIO, OPERAÇÃO, INVESTIGAÇÃO, POLICIA FEDERAL, LOCAL, ESTADO DE RORAIMA (RR), DESVIO, RECURSOS PUBLICOS, DESTINAÇÃO, AQUISIÇÃO, MEDICAMENTOS, TRIBO YANOMAMI.

    O SR. TELMÁRIO MOTA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PROS - RR. Para discursar. Por videoconferência.) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. Senadores, eu estava olhando atentamente os discursos, principalmente do Senador Plínio e do Senador Carlos Viana.

    Olha que coisa interessante, o Senador Plínio teve a louvável ideia de colocar o projeto da autonomia do Banco Central; eu tive a felicidade de ser o Relator desse projeto que trouxe equilíbrio à nossa economia, deu segurança a esse mercado especulativo. A bolsa subia, a bolsa caía, o dólar subia, esse dinheiro não estava na produção, estava fazendo paraíso fiscal no Brasil, levando resultados de juros altos. Eu queria ver na agricultura, na pecuária, na indústria, na agroindústria, esse dinheiro no Brasil. Mas o Banco Central dá essa segurança, Senador Plínio, por isso não precisa nem estar aqui lembrando de fala de Barroso num momento infeliz dele. Para gente sentir, até folgou com o Judiciário porque às vezes um agente político solta uma frase forte e fala, não podendo ter feito isso. Você vê um juiz, que tem que ter um equilíbrio até maior, um julgador, do que a gente que é político, mas, numa hora dessas acaba que solta uma frase infeliz.

    Mas olhem aqui, gente, essa PEC é necessária. Nem é o Telmário que está falando isso, quem está falando isso é o Relator do orçamento. Sem ela nós não vamos ter recurso para a saúde, não vamos para a educação em todos os níveis, não vamos ter para a vacina, não vamos ter para a habitação, não vamos ter para a farmácia, não vamos ter para a segurança, não vamos ter para a infraestrutura, enfim, você vai hoje nos ministérios e não tem recurso nem para papel higiênico, falta café. Na infraestrutura, no Dnit, teve uma queda substancial. Nós temos que olhar, ora, se permitimos que o Bolsonaro tivesse um estouro de teto de R$800 bilhões, nós não podemos deixar quase R$200 bilhões para o futuro Presidente da República? Nós temos 40 milhões de pessoas passando fome, gente!

    E aí, Plínio, eu me lembro das nossas palafitas no Amazonas, no interior do Amazonas, no Pará, no Estado de Roraima, em que 46% da população vivem abaixo do nível de pobreza. Essas pessoas não podem ficar a mercê de uma cor partidária.

    E aqui eu queria falar com o Senador Carlos Viana. Olha só, Viana, eu não sou evangélico, sou católico, mas sou um cara crente, acredito em Deus, e Deus foi bom comigo. Em Roraima, fui eu que fiz a Marcha para Jesus. Em Roraima, fui eu que criei o Dia do Evangélico. Criei a Semana Gospel e defendi os decibéis dentro das igrejas quando queriam tirar o som das igrejas. Então, eu tenho autoridade de falar sobre esse assunto.

    Eu ouvi você falar em perdão na sua fala e ouvi você falar em fé. O homem pode ter fé sem ter amor? O homem pode ter perdão sem ter amor? Eu acho que é importante as igrejas estarem no processo político, mas não podem vestir uma roupa do radicalismo, Viana. Não podemos.

    Principalmente as igrejas, que fazem um trabalho social muito melhor do que alguns governos. Conhecem a dor da pobreza, conhecem a dor da fome, conhecem a dor da falta de uma escola, de um transporte, de uma segurança, de uma habitação. Porque o pastor ou o próprio padre saem um pouco da missão espiritual e entram na missão material. E você conhece isso, Viana.

    Então, é hora de a gente pensar no Brasil, sabe? A gente tem uma mania de adotar os Estados Unidos ou você acha que os Estados Unidos não viveram uma situação dessa nossa? Mas ali as instituições estão acima dos homens, acima dos homens.

    Então, é preciso a gente olhar para frente, botar esse Brasil para frente. Aproveitar esse momento que nós vivemos de divisão, de insegurança, de incerteza e aprimorar o nosso sistema eleitoral para que a gente saia desse processo de desconfiança. Porque ele tem suas vantagens, é um sistema rápido e eficiente.

    Eu queria só aproveitar, não era nem esse assunto que eu ia falar, mas eu me empolguei com esse assunto. Sr. Presidente, me dê um tempinho a mais? Faz tempo que eu não falo dessa tribuna e estou com saudade.

    Deixe-me lhe dizer uma coisa. Hoje no Estado de Roraima a Polícia Federal amanheceu fazendo uma apuração nos DSEIs, que tratam da saúde dos povos indígenas. Olhe só. No Brasil, eu sou o único político no Brasil, modéstia à parte, que colocou recursos para os distritos que tratam da saúde dos povos indígenas.

    Em Roraima, nós temos dois distritos: Distrito Leste e Distrito Yanomami. Os ianomâmis não votam. E os recursos que são remetidos para a saúde são suficientes, mas a corrupção é maior do que esses recursos. E aí, eles usam na logística que eles criam, com voo de avião, aluguel de carro superfaturado, etc. e o dinheiro não chega na saúde propriamente dita. Não chega na contratação dos profissionais, não chega na medicação e as pessoas morrendo.

    E eu coloquei para esses dois distritos a ordem de R$3 milhões. Para quê? Para aparelhar, botar equipamentos, laboratórios, para evitar remoção, para a gente fazer o tratamento lá na ponta. Mas no Yanomami eles se preocuparam em comprar barco, motosserra, etc., não fizeram a verdadeira finalidade.

    E no Distrito Leste eles tocaram fogo no prédio para abafar a corrupção, mas, graças a Deus, hoje a Polícia Federal amanheceu aí. Eu espero que ela chegue aos corruptos, aos responsáveis e coloque atrás das grades para prender logo, enquanto é tempo. Senão, inclusive, vão dizer daqui uns que foi o Governo do Lula que voltou, por isso que a corrupção voltou. Não, foi durante todo o Governo do Presidente Jair Bolsonaro.

    E eu queria deixar um recado aos membros do PT, a todo o governo de transição. Parem de colocar esses órgãos em indicações de políticos. Isso não dá certo. É a saúde dos povos indígenas.

    Sr. Presidente, me dê mais um tempo.

    Então, é preciso você realmente apurar. Em Roraima, eles não estão roubando só na saúde dos povos indígenas não, estão roubando no Incra também. É uma roubalheira enorme. É lamentável que isso esteja na mão de políticos, inclusive de Senadores.

    Essa é a minha apelação. Vamos denunciar. Vamos botar esses canalhas na cadeia porque eles só sabem roubar o povo e matar a nossa gente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 01/12/2022 - Página 16