Presidência durante a 116ª Sessão Especial, no Senado Federal

Encerramento de sessão especial destinada a comemorar o Dia Nacional do Delegado de Polícia.

Considerações sobre o trabalho do Senado no que diz respeitos às pautas da segurança pública.

Autor
Marcos do Val (PODEMOS - Podemos/ES)
Nome completo: Marcos Ribeiro do Val
Casa
Senado Federal
Tipo
Presidência
Resumo por assunto
Honorífico:
  • Encerramento de sessão especial destinada a comemorar o Dia Nacional do Delegado de Polícia.
Segurança Pública:
  • Considerações sobre o trabalho do Senado no que diz respeitos às pautas da segurança pública.
Publicação
Publicação no DSF de 03/12/2022 - Página 27
Assuntos
Honorífico
Soberania, Defesa Nacional e Ordem Pública > Defesa do Estado e das Instituições Democráticas > Segurança Pública
Matérias referenciadas
Indexação
  • ENCERRAMENTO, SESSÃO ESPECIAL, COMEMORAÇÃO, DIA NACIONAL, DELEGADO DE POLICIA.
  • REGISTRO, ATUAÇÃO, SENADO, SEGURANÇA PUBLICA.

    O SR. PRESIDENTE (Marcos do Val. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - ES) – Antes de encerrar, eu queria, até por homenagem a esse guerreiro que sacrificou a própria vida por nós, que nós possamos ficar de pé em um minuto de silêncio.

(Faz-se um minuto de silêncio.)

    O SR. PRESIDENTE (Marcos do Val. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - ES) – Seguindo para o encerramento, reforço aqui que para mim é muita honra estar aqui à mesa com essas autoridades que estão na linha de frente, brigando, batalhando para facilitar, ou para ser menos pior a execução da missão de vocês. Eu estou de passagem aqui. Então, eu não sou Senador, eu estou; tenho só mais quatro anos... A princípio, seriam só esses quatro anos ou oito anos ao total, e eu voltaria para a minha carreira anterior.

    Eu não deixarei o Senado enquanto a gente não conseguir efetivar projetos como este que o nosso amigo colocou, a PEC 15, de 2020. Há a questão do salário, a questão do... Assim, nós estamos num processo que é uma luz no final do túnel. E eu confesso que, quando cheguei aqui, eu achava que não existiria essa possibilidade.

    A renovação que está tendo no Senado é importantíssima. Eu tenho falado, nos lugares aonde eu tenho ido, que o lugar que precisa de mais renovação é o Senado. Aqui nós definimos tudo. Sabatinamos os Ministros do STF, só nós podemos impitimá-los. Nós fazemos o projeto orçamentário para o Governo Federal. É aqui que nós discutimos cada projeto que passa e é aprovado, com a mudança que ocorre na sociedade, como os marcos regulatórios e várias outras questões que colocamos aqui e que, em outros países, já é algo que nem se discute mais. São mais de 30 milhões de famílias que ainda não têm água, não têm saneamento básico. Então, são questões que a gente vai tentando trabalhar... Vai dando aquela angústia de ter ainda brasileiros... E agora o mundo está vendo o Brasil como um grande celeiro, que vai alimentar o mundo inteiro daqui para frente, não é? Então, é muita responsabilidade.

    E eu falo para os novos que estão chegando: continuem com esse sangue nos olhos e tenham como referência os antigos, as autoridades que estão aqui. A gente tem um costume, aqui no Brasil, de dizer: "Ah, não, esse daí já passou do tempo, não está atualizado, está falando..." Não! Foi o que eu fiz aqui. Eu cheguei aqui, agarrei em um Senador que não quis se reeleger – ele cumpriu oito anos e voltou para a carreira dele – para escutar, aprender e ouvir de quem já tinha a experiência daqui. Isso é importante para vocês na carreira de vocês.

    A sociedade os respeita. Alguns políticos morrem de medo. E eu acho isso ótimo. Quanto mais gente entrar aí e deixar esta Casa limpa, melhor.

    Nós temos aqui... Eu divido em três categorias de Parlamentares aqui no Congresso: uma são os corruptos, que, graças a Deus, até por conta do trabalho eficiente de vocês, têm sido tirados daqui, com a sociedade também participando mais da política; outro grupo é o grupo dos lobistas, aqueles que defendem as suas categorias, o agro, a indústria, enfim; e os idealistas, em que eu me enquadro. A gente está aqui, porque a sociedade pediu, e não temos uma única categoria de defesa.

    Agora, não tem como eu deixar a segurança pública em segundo plano. Todos aqui do Congresso sabem que eu tenho como prioridade a pasta da segurança pública. Graças até ao Senado e ao Presidente, eles me dão muitas relatorias nesse sentido.

    A gente tem que convencer a oposição não com movimentos xiitas, ofendendo, mas tentando explicar através de um outro olhar. Não é fácil, é Parlamento, é para parlar, para falar. A dificuldade é grande, exatamente pelo passado que já houve.

    Quando a imprensa criminaliza tanto a segurança pública quanto os políticos, isso evita que bons brasileiros estejam aqui contribuindo, porque falam: "Vou para lá nada. Senão, vou ser enquadrado logo como um que está querendo se aproveitar do sistema". A minha filha passou a vida inteira escutando: "Ah, o seu pai mexe com arma, dá tiro, está lá nos Estados Unidos, na Swat". De repente, ela começou a ouvir agora: "Ah, seu pai é um político e, então, é igual aos outros; é isso e aquilo outro, é corrupto". Então, a gente já tem um... E eu entro muito em confronto com a imprensa para parar de fazer isso, para parar de criminalizar qualquer ação da polícia e de criminalizar a política, porque isso evita de a sociedade vir para cá. Quando tem alguma operação policial que tem um incidente, a imprensa fala naquilo toda hora, toda hora, toda hora. Quando vão me entrevistar, eu falo: "Vamos fazer um cálculo aqui". Eu pego a Polícia de São Paulo com 100 mil homens só da PM, nem coloco a Polícia Federal nem a Polícia Civil nem a Guarda Municipal. Eu falo: "Num plantão de 24 horas, vamos supor que ele aborde duas vezes só, sendo que é muito mais do que isso. São, em média, 15 milhões de abordagens por mês. E aí tem um incidente!?". E a imprensa julga como se toda a segurança pública estivesse ou compactuando com aquele incidente ou dizendo que concorda e que são despreparados. Em 20 anos nessa área de treinamento policial, sou testemunha do avanço estrondoso nessa questão de capacitação, de ser um policial exemplo.

    Vocês que estão entrando continuem com essa garra. E, repetindo, reforçando, tenham essas autoridades que estão aí, que estão aqui na mesa, como referência, porque a gente ganha muito mais tempo.

    Nós estamos de passagem nesta vida. Quando completei 50 anos, confesso a vocês que entrei em depressão, que fiquei depressivo, porque, quando meu pai fez 50 anos, eu falei para os meus irmãos, quando a gente era criança: "Vamos curtir logo o nosso pai, porque ele vai ter só alguns dias de vida e vai morrer". Quando eu completei 50 anos, eu falei: "Meu Deus do céu!".

    A gente tenta fazer uma política diferente. Quando a gente faz uma política diferente, é inacreditável como a sociedade bate na gente nas redes sociais querendo que a gente seja e execute a política antiga. É impressionante como é difícil a sociedade mudar! A mudança... Eu até falo assim: "Pegue o relógio que você sempre bota no pulso da esquerda e bote no pulso da direita. Você fica agoniado com qualquer mudança!". E a gente tem que estar aberto, com a mente aberta para as mudanças. Senão, a gente fica no mesmo lugar. E eu sempre gostei de mudança, eu fiquei agoniado aqui.

    E a dificuldade de entrar aqui para mim também foi muito grande.

    Eu só vou finalizar... É um contador de história... O meu amigo... (Risos.)

    Eu tenho déficit de atenção e hiperatividade, que se chama TDAH, e sempre tive muita dificuldade de leitura, muita dificuldade de memorizar, porque qualquer coisa me distrai, é muita informação. Minha família me recriminou muito quando eu decidi ir para o Exército e não para uma faculdade, dizia que eu estava fugindo do caminho normal das pessoas. E só fui diagnosticar isso quando eu entrei aqui no Senado, aos 50 anos, porque a minha filha estava tendo problema de foco, de concentração na escola e eu a levei ao médico. Acabou que o médico me empurrou para dentro e falou: "Você também tem". Aí eu tenho que usar a medicação para o resto da vida. É como se fosse uma prótese, é como se eu nascesse sem uma perna.

    Então, eu cheguei para minha equipe, logo no início do Governo, logo no início do meu mandato, e falei: "Eu tenho uma limitação e eu preciso da ajuda de vocês". Por isso que, com o trabalho em equipe, o trabalho em conjunto, sem vaidade, ajudando o outro para um resultado final de todos, a gente avança muito rápido e tem uma relação muito próxima com o teu parceiro, que está protegendo a tua retaguarda. Eu até falo aqui, porque é uma dificuldade que eu tenho, de haver Parlamentares com esse pensamento de união, de um estar protegendo o outro, de um ajudando o outro a concluir a missão.

    Mas é isso que eu passo para vocês, que nós temos, todos, cada um... Eu sei que, se eu parar, cada um tem uma história para contar, porque viver no Brasil não é fácil. Eu até brinco que não é para amadores. Tem cada coisa que a gente vivencia aqui no país que a gente fala que não acredita, mas o que a gente não pode perder é a esperança de deixar um Brasil melhor para o outro, para a próxima geração. Não é um país diferente, não, porque as coisas vão, pela democracia, num ritmo diferente do das redes sociais, mas que esteja um pouco melhor.

    E aí, de novo, reforço o meu novo amigo aqui, porque sinto orgulho de ver uma pessoa que, com a idade que tem, que podia estar curtindo a família, podia estar viajando, podia estar descansando em casa, ainda está à frente, sendo reconhecida pelos outros. Isso é fantástico! Isso é difícil de se ver, muito difícil de se ver. E que seja exemplo, e está sendo exemplo para mim também.

    O SR. PAULO ROBERTO D'ALMEIDA – Obrigado.

    O SR. PRESIDENTE (Marcos do Val. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - ES) – Eu encerro aqui. Vou fazer a leitura de encerramento.

    Espero que vocês possam voltar para casa seguros, possam ver o treinamento, a capacitação como algo prioritário para a carreira de vocês, para a preservação da vida de vocês. E não precisa apagar a vela do outro para que a tua te ilumine. Quanto mais você agrega, mais você é respeitado e mais avanço você tem na sua vida pessoal e na sua carreira. O brasileiro tem essa questão de ter que falar mal do outro para poder se sobressair. Eu sempre discordei disso e, até na minha campanha, não fiz absolutamente nada nesse sentido. Falei só sobre o que eu podia fazer. Então, a gente precisa pensar mais de forma coletiva. Ainda assim, o Brasil tem essa questão do tirar vantagens em tudo.

    É tirar vantagens em tudo, e a gente acaba tendo um país que parou no tempo. As instituições policiais, o próprio treinamento por que a gente passa, fazem com que a gente pense diferente. Se um errou, a gente paga; se um cometeu um erro, todo mundo paga. É exatamente nesse sentido que vocês vão viver a vida de vocês.

    E, quando a gente completa 50 anos, a gente se obriga a deixar um legado, a gente passa, vira a página de um processo de vida e começa a falar assim: "Bom, daqui para frente é só ladeira abaixo. Então, eu tenho que deixar alguma coisa neste mundo para justificar a minha passagem aqui". Eu sou cristão, então, é assim que eu penso.

    Vamos encerrar. Os estômagos devem estar roncando, porque já é meio-dia.

    É uma honra muito grande tê-los aqui na mesa, tê-los aqui no Senado, é uma honra muito grande recebê-los, porque é a única carreira pública que é capaz de dar a vida pelo próximo e, muitas vezes, pelo cidadão que critica ainda a segurança pública, porque a segurança pública é a única que todo mundo usa, independente da sua condição social. Pessoas muito ricas podem estar em escolas particulares, ter planos de saúde, bons planos de saúde, mas a segurança pública, mesmo que ele tenha uma equipe de proteção, se acontecer um fato, é a polícia que vai entrar no circuito. Então, é a única instituição pública que todo mundo precisa e usa. Criticam quando não estão precisando, mas, quando um fato acontece, pedem pelo amor de Deus que vocês estejam o mais rápido possível próximo a eles.

    Enquanto a sociedade foge do tiroteio, vocês são os únicos que vão no sentido oposto. E eu sei a pressão que a família faz para que vocês não façam e não estejam nessa carreira. Então, que não seja só apenas um processo, um concurseiro, mas que possa estar na veia, no sangue, que a gente chama de sangue azul da polícia, aquele sangue em que os olhos chegam a brilhar, de você querer contribuir ao ponto de não dar limites: "Ah, agora eu podia estar em casa, mas eu estou aqui, estou feliz, eu estou ajudando, eu estou contribuindo para um país melhor". Não percam isso, não virem funcionários públicos, continuem sendo policiais, porque, quando você vira um funcionário público federal, você leva sua carreira sem deixar um legado. Deixem legados, assim como esses que estão deixando, como este aqui está deixando.

    Sucesso! Obrigado por vocês colocarem a vida de vocês por mim, pela minha família, por todos os outros. É uma gratidão eterna! Contem comigo sempre. O meu gabinete é no Anexo I, 18º andar, e, como eu digo, o meu gabinete é uma extensão do de vocês.

    Vamos encerrar.

    Cumprida a finalidade desta sessão especial semipresencial do Senado Federal, agradeço às personalidades que nos honraram com sua participação.

    Assim, está encerrada a sessão.

    Muito obrigado, gente. (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 03/12/2022 - Página 27