Discurso durante a 38ª Sessão de Debates Temáticos, no Senado Federal

Sessão de Debates Temáticos destinada a debater o tema “Juros, Inflação e Crescimento”.

Autor
Rogério Carvalho (PT - Partido dos Trabalhadores/SE)
Nome completo: Rogério Carvalho Santos
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
Economia e Desenvolvimento:
  • Sessão de Debates Temáticos destinada a debater o tema “Juros, Inflação e Crescimento”.
Publicação
Publicação no DSF de 28/04/2023 - Página 46
Assunto
Economia e Desenvolvimento
Matérias referenciadas
Indexação
  • SESSÃO DE DEBATES TEMATICOS, DEBATE, JUROS, INFLAÇÃO, CRESCIMENTO, ECONOMIA, DEFESA, INVESTIMENTO PUBLICO.

    O SR. ROGÉRIO CARVALHO (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - SE. Para discursar.) – Já é boa tarde. Boa tarde a todos e a todas.

    Eu queria cumprimentar o nosso Presidente Rodrigo Pacheco, o Ministro Haddad, o Presidente do Banco Central, a Ministra Simone Tebet, todos e todas aqui presentes.

    Primeiro, eu quero dizer que é muito importante uma reunião dessa natureza, porque quem governa, quem legisla, quem tem responsabilidade com o país precisa pensar de forma mais ampla possível, tem que considerar que existem vários setores da sociedade e uma sociedade inteira para terem as suas demandas atendidas.

    Infelizmente, a PEC 95 gerou concentração de riqueza. E toda medida que gera concentração de riqueza num país desigual não é bem-vinda, ela não pode ser comemorada de forma isolada, porque ela gerou concentração da riqueza, aumento da pobreza, das desigualdades sociais.

    A Europa, pós-2008, em função da austeridade... O Mark Blyth, na obra Austeridade: a História de uma Ideia Perigosa, mostra que esse conceito da austeridade zerou o crescimento econômico da Europa. A Europa só foi retomar o crescimento econômico depois de 2013, quando reformulou seu arcabouço fiscal, que deu mais flexibilidade, que deu mais possibilidade de o Estado, junto com o setor privado, fazer investimentos.

    Então, nós não podemos pensar em um país em que não haja margem para que a gente possa ter investimento público. Sem investimento público, não tem investimento privado. O mundo sabe disto, todo mundo sabe disto: que o investimento público puxa o investimento privado. É uma regra que não está escrita em lugar nenhum, mas é uma regra da vida, da realidade.

    Então, tem algumas questões que nós precisamos considerar.

    Com a meta de inflação que foi estabelecida para 2021, 2022, 2023, nós ficamos acima daquilo que é esperado de distância do centro da meta. Essa meta foi definida baseada em quê? É, o Amin tem razão quando diz que essas referências precisam ser revistas. Por que a gente tem uma meta de 3% se a inflação está prevista para 6% – ou pode ser 6%? Precisamos rever a meta da inflação. Não estou querendo aqui dizer que a gente tenha uma meta de 10%, não; mas de 4%, 4,5%. Talvez seja mais realista, mais próximo do centro, ou seja, vai ficar ali em torno de 1,5% do que vai acontecer de inflação. Isso abre espaço fiscal – abre espaço.

    Outra questão para a qual eu queria chamar a atenção: nós aprovamos junto com o Banco Central a remuneração dos depósitos voluntários...

(Soa a campainha.)

    O SR. ROGÉRIO CARVALHO (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - SE) – ... que reduz a dívida pública em R$1,2 trilhão. Isso é espaço fiscal. E só R$80 bilhões foram transformados de operação compromissada em remuneração de depósitos voluntários.

    É preciso que o Ministério da Fazenda e o Banco Central discutam uma solução para resolver isso, para a gente tirar da nossa dívida bruta R$1,2 trilhão, o que vai impactar no prêmio que vai ser pago para a rolagem da dívida.

    Uma outra questão que foi dita aqui com muita precisão: na relação dívida/PIB, precisa ser considerado o crescimento econômico. Dívida/PIB, se não tiver crescimento econômico, só contração... Nós estamos vivendo um momento de contração da economia...

(Soa a campainha.)

    O SR. ROGÉRIO CARVALHO (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - SE) – Vou concluir, Sr. Presidente.

    ... desde 2015. Como essa relação dívida/PIB vai diminuir? Como nós vamos devolver a riqueza do povo brasileiro que foi retirada? Os brasileiros que nascem hoje nascem mais pobres do que os brasileiros que nasciam em 2014, porque perderam direitos.

    Então, tem uma série de questões que no tempo não dá para a gente debater, mas dá para a gente pautar. E essa responsabilidade não pode ficar focada só num segmento, no interesse do mercado de capitais, no interesse do setor produtivo, no Governo, no gasto... Nós precisamos construir uma equação a várias mãos. A gente precisa colocar o interesse público e a sociedade brasileira no centro do debate.

    Obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 28/04/2023 - Página 46