Discurso durante a 164ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Satisfação pela aprovação, na CCJC da Câmara dos Deputados, do Projeto de Lei nº 4364/2020, que institui a Política Nacional de enfrentamento à doença de Alzheimer e outras demências, de autoria de S. Exa.

Autor
Paulo Paim (PT - Partido dos Trabalhadores/RS)
Nome completo: Paulo Renato Paim
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
Saúde:
  • Satisfação pela aprovação, na CCJC da Câmara dos Deputados, do Projeto de Lei nº 4364/2020, que institui a Política Nacional de enfrentamento à doença de Alzheimer e outras demências, de autoria de S. Exa.
Publicação
Publicação no DSF de 31/10/2023 - Página 25
Assunto
Política Social > Saúde
Matérias referenciadas
Indexação
  • REGISTRO, APROVAÇÃO, Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), CAMARA DOS DEPUTADOS, PROJETO DE LEI, ALTERAÇÃO, ESTATUTO DA PESSOA IDOSA, PODER PUBLICO, DOTAÇÃO ORÇAMENTARIA, ORÇAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL, ASSISTENCIA, ASILO, PESSOA IDOSA, PESSOA CARENTE, CRIAÇÃO, LEI FEDERAL, POLITICA NACIONAL, COMBATE, DOENÇA, DOENÇA MENTAL, DIAGNOSTICO, TRATAMENTO.

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS. Para discursar. Por videoconferência.) – Querido Presidente Dr. Hiran, Senador Girão, Senador Laércio, agradeço a todos. Parabéns pelo debate.

    Presidente, a Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania da Câmara dos Deputados aprovou o Projeto 4.364, uma iniciativa de nossa autoria que tem por objetivo estabelecer – e os senhores são estudiosos do tema – a Política Nacional de Enfrentamento à Doença de Alzheimer e Outras Demências. A relatoria ficou a cargo da querida Deputada Laura Carneiro, e agora a votação do projeto será no Plenário da Câmara.

    A abordagem para combater o Alzheimer e outras demências requer a participação ativa de instituições de pesquisa – V. Exa., que é médico, sabe e só vai enriquecer com comentários, tenho certeza, depois –, comunidade acadêmica, científica e a sociedade civil.

    É necessário que o poder público assuma a responsabilidade de orientar tanto a rede de saúde pública quanto a privada sobre essas doenças, incluindo detecção de sinais e sintomas em estágios iniciais.

    Os órgãos gestor e do Sistema Único de Saúde devem registrar as notificações relacionadas ao surgimento dessas enfermidades em um banco de dados, visando facilitar, assim diz o projeto, a disseminação de informações clínicas e apoiar a pesquisa médica.

    Além disso, o SUS – o nosso importante SUS – deve desempenhar um papel fundamental no apoio ao desenvolvimento de tratamentos e medicamentos, seguindo as diretrizes do plano de ação global de saúde pública da Organização Mundial de Saúde em resposta à demência. Também é importante promover hábitos de vida saudáveis e a prevenção de comorbidades.

    Este projeto propõe alteração da Lei nº 8.742, de 1993, que trata da organização da Assistência Social, com o objetivo de estabelecer programas de assistência aos idosos carentes que residem em instituições de longa permanência. Essas instituições receberão, assim, apoio do poder público para garantir uma atenção integral à saúde física, mental e emocional dos idosos.

    O Relator no Senado foi o Senador Romário Faria, que endossou essa proposta.

    É importante destacar que o Brasil possui hoje aproximadamente 2 milhões de pessoas com algum tipo de demência como o Alzheimer. Setenta por cento dos casos efetivos de demência no Brasil permanecem não notificados. Essas doenças impõem uma carga significativa prolongada de cuidados que afeta praticamente toda família, envolve a família e leva ao adoecimento inclusive dos cuidadores diretos. Estudos apontam que cerca de 60% dos cuidadores enfrentam um alto nível de estresse, enquanto 42% enfrentam ansiedade e 40% sofrem de depressão.

    Além disso, as demências representam um dos maiores custos em termos de saúde, por isso todo cuidado é pouco e a prevenção vem em primeiro lugar.

    Em 2018 o custo global estimado foi de 1 trilhão. Portanto, a demência não apenas afeta a dignidade dos pacientes, mas também das suas famílias e dos profissionais, como eu explicava aqui, que se dedicam a cuidar dessas pessoas.

    Em 1906 o psiquiatra alemão Alois Alzheimer fez a primeira descrição do Alzheimer. Esta doença se manifesta como demência ou deterioração das funções cognitivas, memória, orientação, atenção e linguagem, devido à morte de células cerebrais. Quando diagnosticada nas fases iniciais, é viável atrasar a sua progressão e gerenciar os sintomas com mais eficácia, resultando em uma melhoria na qualidade de vida tanto para o paciente quanto para sua família, para os cuidadores, conforme esclarecido pela Associação Brasileira de Alzheimer.

    Diante desse cenário, faço um apelo a todos os nobres Deputados e Deputadas para que apoiem e votem favoravelmente, agora no Plenário, o Projeto de Lei nº 4.364/2020, que estabelece a política nacional de enfrentamento à doença de Alzheimer e outras demências. Este é um passo fundamental para melhorar a qualidade de vida das pessoas afetadas por essas doenças e também, infelizmente, de suas famílias, que sofrem junto, bem como para reduzir os impactos econômicos relacionados às demências em nosso país.

    Ainda sobre o assunto, registro que, no dia 10 de outubro, realizei na Comissão de Direitos Humanos do Senado uma audiência pública muito concorrida sobre o PL 4.364/2020, inclusive com a participação da Relatora na Câmara, Deputada Laura Carneiro. Ali foi colocado um dado: no Brasil, os 12 fatores de risco modificáveis para a demência respondem por 48% dos casos. A hipertensão, por exemplo, responde por 7,6% destes casos; já a inatividade física, que leva à hipertensão e ao diabetes, é correlacionada em 30% dos casos de demência.

    Os custos com o tratamento da demência já atingiram em torno de 150 bilhões por ano no Brasil, o equivalente a 1,5% do PIB, com o agravamento de que dois terços desses custos recaem sobre as famílias, comprometendo, assim, de forma muito direta, o orçamento familiar.

    Era o que eu tinha a dizer.

    Agradeço muito a tolerância.

    Agradeço ao Senador Girão, que permitiu que eu falasse entre ele e os outros convidados, e principalmente ao Sr. Dr. Hiran, que é médico, entendido no assunto.

    Muito obrigado a todos aí.

    Estou longe aqui, mas voltarei logo para aí.

    O SR. PRESIDENTE (Dr. Hiran. Bloco Parlamentar Aliança/PP - RR) – Muito obrigado, querido Senador Paim. Venha logo. Realmente você faz falta a esta Casa. A sua presença, a sua fidalguia, o seu carinho e o seu equilíbrio são referência para todos nós.

    Esse painel aí está muito bonito com a bandeira do Rio Grande atrás de V. Exa.

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS. Por videoconferência.) – Obrigado. O Rio Grande agradece.

    O SR. PRESIDENTE (Dr. Hiran. Bloco Parlamentar Aliança/PP - RR) – Um grande abraço a V. Exa. Parabéns por esse cuidado.

    Quando o senhor fala sobre as demências de um modo geral, nós, que somos assistidos por todo o Brasil, estamos fazendo aqui educação em saúde, chamando a atenção das pessoas para essas doenças que merecem de nós toda a atenção, porque acometem pessoas na terceira idade, pessoas que já trabalharam pela família e pelo país e que merecem de nós todo o respeito, todo o apoio e todo o cuidado.

    Parabéns a V. Exa. Um grande abraço. Tenha uma excelente semana e dê um abraço aí nos gaúchos, que é um povo muito querido.

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS. Por videoconferência.) – Eu darei.

    Um abraço, Senador Hiran. Obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 31/10/2023 - Página 25