Discussão durante a 169ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Discussão sobre a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) n° 45, de 2019, que "Altera o Sistema Tributário Nacional."

Autor
Astronauta Marcos Pontes (PL - Partido Liberal/SP)
Nome completo: Marcos Cesar Pontes
Casa
Senado Federal
Tipo
Discussão
Resumo por assunto
Desenvolvimento Regional, Finanças Públicas, Processo Legislativo, Tributos:
  • Discussão sobre a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) n° 45, de 2019, que "Altera o Sistema Tributário Nacional."
Publicação
Publicação no DSF de 09/11/2023 - Página 37
Assuntos
Economia e Desenvolvimento > Desenvolvimento Regional
Economia e Desenvolvimento > Finanças Públicas
Jurídico > Processo > Processo Legislativo
Economia e Desenvolvimento > Tributos
Matérias referenciadas
Indexação
  • DISCUSSÃO, PROPOSTA DE EMENDA A CONSTITUIÇÃO (PEC), ALTERAÇÃO, DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS TRANSITORIAS, DESVINCULAÇÃO, RECEITA, ESTADOS, DISTRITO FEDERAL (DF), MUNICIPIOS, EXTINÇÃO, IMPOSTOS, CONTRIBUIÇÃO, SUBSTITUIÇÃO, ALIQUOTA, DISTRIBUIÇÃO, ARRECADAÇÃO, APROVEITAMENTO, SALDO CREDOR, NORMAS, PERIODO, AUSENCIA, LEI COMPLEMENTAR, LEGISLAÇÃO, UNIÃO FEDERAL, CRITERIOS, COMPENSAÇÃO, VALOR, RECEITA TRIBUTARIA, CRIAÇÃO, CESTA DE ALIMENTOS BASICOS, DEFINIÇÃO, BENS, SERVIÇO, REDUÇÃO, CONSTITUIÇÃO FEDERAL, PROCESSO LEGISLATIVO, COMPETENCIA, Conselho Federativo do Imposto sobre Bens e Serviços, INICIATIVA, PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR (PLP), Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), RESSALVA, PRINCIPIO JURIDICO, ANTERIORIDADE, EFEITO, AUMENTO, TRIBUTOS, MEDIDA PROVISORIA (MPV), INICIO, TRAMITAÇÃO, CAMARA DOS DEPUTADOS, SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA (STJ), JULGAMENTO, CONFLITO, NORMAS GERAIS, SISTEMA TRIBUTARIO NACIONAL, COOPERATIVA, MICROEMPRESA, PEQUENA EMPRESA, INCIDENCIA, FATO GERADOR, BASE DE CALCULO, ESPECIFICAÇÃO, REGIME JURIDICO, PRODUTO, COORDENAÇÃO, UNIFORMIZAÇÃO, FUNCIONAMENTO, DIVISÃO, FUNDO NACIONAL, DESENVOLVIMENTO REGIONAL, Contribuição Social sobre Bens e Serviços (CBS), FINANCIAMENTO, SEGURIDADE SOCIAL, COMPOSIÇÃO, FUNDO DE MANUTENÇÃO E DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO BASICA E DE VALORIZAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO (FUNDEB), GARANTIA, MEIO AMBIENTE, EQUILIBRIO ECOLOGICO, REGIME FISCAL, Biocombustível.

    O SR. ASTRONAUTA MARCOS PONTES (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - SP. Para discutir.) – Sr. Presidente, nossos Senadores, Senadoras, todos aqueles que nos acompanham pela TV Senado, pelos modos digitais também, hoje é um dia extremamente importante para o país. Certamente todos nós queremos uma reforma tributária. Nós sabemos que o país sofre de uma tributação complexa, uma tributação alta, sem dúvida nenhuma.

    Aliás, eu quero parabenizar o esforço dos nossos Relatores na Câmara e aqui em tentar organizar essa reforma tributária. São 30 anos esperando por ela. Justamente esses 30 anos nos garantem que precisamos ter calma, dada a importância dessa reforma tributária – calma e precisão nos resultados.

    Para que ela funcione, ela precisa de três pilares. Quem me conhece sabe que eu gosto de trabalhar com lógica e não com emoção. São três pilares a que ela precisa obedecer. Primeiro é necessário reduzir a complexidade; segundo, reduzir os tributos, o valor dos tributos; terceiro, descentralizar. Eu convido todos que já leram a reforma para dar uma pensada sobre isso e ver quanto a reforma obedece a esses três pilares. É lógico que 100% é impossível, mas, num mínimo aceitável, nós precisamos ter uma redução da complexidade adequada, uma redução nos tributos adequada, e uma descentralização importante para os estados, para os municípios. Vamos falar de cada uma dessas partes.

    Em termos de descomplicar, reduzir a complexidade: é importante, sem dúvida nenhuma, para melhorar a competitividade do país, reduzir essa complexidade. Mas, quando nós vemos o que nós temos agora na reforma, nós temos aí cinco impostos, que não vão ser zerados, como eu vi aqui. A impressão que se deu é que esses impostos – o IPI, o PIS, o ICMS, o ISS – seriam zerados. Eles não vão ser zerados; vão ser transformados em dois impostos. O IVA realmente ajuda, mas isso não resolve essa complexidade. Nós temos outros itens nessa complexidade. E, na verdade, quando nós colocamos exceções, uma série de exceções, nós ampliamos essas complexidades e ainda corremos o risco de distorções e corremos o risco de injustiças com vários setores – e setores importantes, como o setor de serviços, como o setor de tecnologia e muitos outros setores.

    Nós vemos distorções, por exemplo, no caso das montadoras. Nós temos aí... E eu coloquei uma emenda sobre isso, contrária à manutenção desse incentivo às montadoras, embora tenham o seu mérito no sentido de incentivar novas tecnologias, como motores elétricos, motores a hidrogênio, etc., mas não motores flex – nós já temos essa tecnologia, principalmente focada em uma ou duas ou três empresas. Isso não é uma questão de sul contra norte, nada disso aí. Isso significa justiça com as nossas montadoras.

    Segundo item para se falar é com relação à redução de tributos. O ideal é que nós tenhamos tributos menores. Nós já temos um tributo muito alto no país, que nós precisamos reduzir. O aumento de tributos no país significa o quê? Significa que as empresas vão quebrar, significa que as pessoas vão perder seus empregos, significa que vão gastar menos no comércio. E vai ter uma série de problemas associados a isso. Para quem está assistindo e está pensando que essa questão de reforma tributária só mexe com empresários, com altas fortunas, vamos dizer assim: não; isso aí mexe com todo mundo, porque esse tipo de aumento de imposto vai tirar emprego de muita gente. Isso aí vai tirar a capacidade de sustentar as famílias. E isso significa aumento de custo também para as pessoas, aumento de custo em tudo que nós temos. Eu vivi um período de alta inflação no país. Isso é terrível. A gente não quer retornar a isso.

    Aliás, para reduzir impostos é importante também que o Governo pense em reduzir os seus custos, os seus gastos. E uma reforma administrativa é essencial para isto: aumentar a eficiência e reduzir o tamanho da máquina.

    Terceiro, vamos pensar aqui um pouco sobre descentralização. No momento em que falamos desse conselho e tiramos um tanto da capacidade de os estados e municípios decidirem, nós estamos indo contrários à parte de descentralização; estamos centralizando os impostos. Isso é muito, mas muito ruim para o nosso pacto federativo como um todo. E isso, como eu falei, causa injustiça e uma série de coisas.

    Além disso – eu tenho algum tempo ainda aqui –, a gente pode falar a respeito da necessidade de transparência. Nós temos aí ainda uma série de necessidades em termos de leis complementares para que tenhamos mais clareza com relação a essa reforma. No momento, não temos isso; mas teríamos a capacidade de fazer, sem dúvida nenhuma, uma simulação adequada de forma que nós tivéssemos a visão aí de curto, médio e longo prazo, que nós precisamos para tomar uma decisão com clareza aqui nesta Casa – e depois na Câmara também –, sem dúvida nenhuma. E isso nós não temos. E isso é triste, porque você vai tomar uma decisão mais às escuras.

    Outro ponto importante que se tem a levantar aqui, além dessa questão, dessa distorção com a indústria automotiva, nós temos também a relação da Zona Franca com o restante da produção no país. A existência ou a colocação de CIDEs para produtos similares da Zona Franca significa taxar o restante do país para sustentar a Zona Franca. Isso não é uma medida que possa ajudar a União como um todo, no sentido correto da união.

    E um outro ponto com relação à reserva, quando a gente fala do seguro-receita, para que não aumente de 3% para 5%, como está proposto agora, porque isso aí, sem dúvida nenhuma, vai onerar os nossos municípios e isso não é bom para ninguém também, ou seja, dessa reforma, pensando naqueles pontos da coisa ideal de nós termos redução de complexidade, redução de tributos – e isso significa redução de preços e uma série de coisas – e ter descentralização...

(Soa a campainha.)

    O SR. ASTRONAUTA MARCOS PONTES (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - SP) – ... nós não temos aí um nível de adequação que atenda aos requisitos do país.

    Portanto, embora eu seja muito a favor de nós termos uma reforma tributária, não é essa reforma que eu voto a favor. A gente precisa ter uma reforma mais estudada, que tenha mais tempo. Aliás, basta ver a quantidade de emendas que nós tivemos hoje circulando aí e pedidos de apoio para emendas de Plenário. Dá para ver que nós tivemos exatamente o que o Senador Flávio Arns falou ontem: uma não clareza, ou seja, não tivemos tempo para analisar, de ontem para hoje, o que foi modificado dentro da reforma, com as emendas que foram introduzidas.

    Portanto, este é um ponto importante a se levar em conta: que gostaria muito de ter mais tempo para que nós tivéssemos uma reforma que fosse ideal para o nosso país, mas essa não é.

    Obrigado.

(Durante o discurso do Sr. Astronauta Marcos Pontes, o Sr. Weverton, Segundo-Secretário, deixa a cadeira da Presidência, que é ocupada pelo Sr. Rodrigo Pacheco, Presidente.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 09/11/2023 - Página 37