Discurso durante a 24ª Sessão Especial, no Senado Federal

Sessão especial destinada a conscientizar a população quanto ao Dia Internacional da Síndrome de Down.

Autor
Magno Malta (PL - Partido Liberal/ES)
Nome completo: Magno Pereira Malta
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
Homenagem:
  • Sessão especial destinada a conscientizar a população quanto ao Dia Internacional da Síndrome de Down.
Publicação
Publicação no DSF de 22/03/2024 - Página 17
Assunto
Honorífico > Homenagem
Matérias referenciadas
Indexação
  • SESSÃO ESPECIAL, CONSCIENTIZAÇÃO, POPULAÇÃO, Dia Nacional da Síndrome de Down.

    O SR. MAGNO MALTA (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - ES. Para discursar.) – Está sem som? Agora tem.

    Cumprimentando meu amigo Mil Gols – eu só o chamo de Mil Gols, porque não é todo dia que todo mundo faz mil gols. Quem fez mil gols já partiu para a eternidade, que é o atleta do século, Pelé. Ficou Romário aqui entre nós, e, segundo ele mesmo, estreitamos uma amizade quando ele se tornou Deputado Federal e o encontrei nos corredores com a filhinha dele, a Ivy, no colo, muito novinha, quando ele entrou com ela aqui no Congresso Nacional. Romário sempre foi ídolo de todos nós. Romário conseguiu alguma coisa que outros conseguiram também, como atletas brasileiros, que foi ganhar o encanto do mundo. Na verdade, Romário trocava de clube, e as pessoas não trocavam os seus clubes, mas elas torciam por Romário. Eu sempre torci para Romário, independentemente de onde ele estivesse jogando. E alguém como uma referência mundial, Ministro Toffoli... E eu quero saudá-lo também, que também tem na sua família, no seu sangue, um irmão com síndrome de Down.

    O que nós podemos falar sobre eles, Senador Romário, é que são anjos que Deus colocou na nossa vida. E V. Exa. usou uma frase muito forte com relação à sua filha, dizendo: "Ela mudou minha vida, minha história, meu jeito de ser, meu jeito de falar, de conduzir". Essa é a mais límpida de todas as verdades com relação a quem tem um privilégio, seja com síndrome de Down, seja criança autista. Na verdade, nós recebemos de Deus um privilégio de termos anjos do nosso lado.

    Refiro-me a Davi Guilherme. Quando ela fala "tio-pai", é porque ele está comigo desde novinho. Muito cedo eu perdi meu irmão e ele perdeu o pai – e a mãe também, no mesmo mês. Como ele já vivia comigo, foi muito rápido o processo. É lento no Brasil, infelizmente, o processo de adoção, mas eu o adotei rapidamente. Já era meu sobrinho, já convivia comigo. Ele tem uma vida de atleta, invejável até. Ele tem um boxe invejável. Ele está muito forte para poder fazer qualquer tipo de disputa, de treino, com quem tem um peso maior do que o dele e quem, na verdade, pratica o esporte. É alegre, é músico, canta.

    Todos nós estamos aqui para celebrar este dia, Senador Romário. O Brasil, enquanto nos vê pelas câmeras da TV Senado e também por aquilo que vai para as redes sociais deste momento significativo em que esta Casa, um Poder, o Poder Legislativo, Senado da República, com a presença aqui da Suprema Corte, representada pelo Ministro Toffoli, e de V. Exa., que se tornou o embaixador dessa causa, movido por uma missão que Deus lhe deu quando colocou o seu anjo do seu lado...

    É diferente de falar de outros filhos, porque, na verdade, o que eles trazem de carga, de capacidade, de força, capacidade de aprendizado, capacidade de ensinamento... E o cuidado é uma coisa muito peculiar. Quem tem, sabe que eles têm com a gente... A gente tem uma gripezinha, está com o corpo mole, cai doente ali – ou não tanto –, e eles estão próximos, eles ficam próximos, eles se preocupam, eles ficam ali agarrados, numa coisa tão diferenciada, que a gente fala: "Deus mandou, foi Deus que mandou, foi Deus que colocou aqui do meu lado, para que eu pudesse ter esse conforto, com esse anjo do meu lado".

    Dessa maneira, eu quero abraçar todas as mães, quero abraçar todos os pais e todos aqueles que militam, todos aqueles que, já há anos, militam para que momentos como esse possam acontecer – lá atrás não aconteciam. Mas, hoje, nós temos ainda muito por fazer e devemos fazer, não tão somente do ponto de vista da legislação, porque legislação a gente tem demais; mas existem muitas formas de nós podermos fazer crescer e de as oportunidades estarem presentes, porque eles são capazes de tudo e de qualquer coisa em que qualquer um de nós – quem sabe? – tenhamos uma dificuldade de poder assimilar. Isso eles têm de sobra.

    De maneira que eu beijo a todos, abraço a todos, cumprimentando, mais uma vez, Romário. Esse não é o primeiro, esse não é o segundo encontro de que eu participo juntamente com ele, e agradeço muito pelas alegrias que ele tem produzido para o Brasil. Fez todos nós gritarmos, aplaudirmos, fez todos nós vibrarmos com a Copa do Mundo, com os seus gols; e, neste momento, Baixinho, você mais uma vez faz um golaço.

    Eu gostaria que você fosse para a copa que vai acontecer, chamada Copa dos Maduros ou Copa da Terceira Idade – não, "dos Maduros" não, Maduro basta um. A Copa é da Terceira Idade, é a Copa da Terceira Idade. O Brasil certamente... A quem está organizando, eu gostaria de dizer a vocês que o Brasil gostaria de ver Romário lá. Quem não gostaria de ver o Romário? Um atleta que não corre, mas, se receber duas bolas, faz dois gols.

    E eu o abraço, agradeço a Deus pela sua amizade e pela causa que você abraçou, a mais nobre de todas elas. Porque criança – criança – nunca foi nem será futuro do Brasil, criança é o presente; ou a gente cuida deste presente aqui ou não teremos futuro. E esse entendimento de cuidar de tantos anjos especiais, sem dúvida alguma, é um momento espiritual e um momento quase que ímpar na nossa vida. E ele vai deixar de ser ímpar, porque isso vai acontecer certamente, minha amiga Rosinha, com muito mais frequência, em função daqueles que estão engajados nessa luta.

    Obrigado, Senador Romário. (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 22/03/2024 - Página 17