Discurso durante a 137ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Apresentação do Projeto de Lei no. 4.759/2025, que institui o Sistema Nacional de Informações para a Economia Azul (Sinmea), estabelece as Contas Econômicas do Oceano e da Zona Costeira e cria o Selo Azul e o Programa de Cooperação Federativa para Adaptação Costeira (Procosta-N). Destaque para a relevância estratégica dos oceanos para o desenvolvimento sustentável e apelo à aprovação da proposta como medida de Estado para o fortalecimento da governança ambiental e da economia azul.

Autor
Fernando Dueire (MDB - Movimento Democrático Brasileiro/PE)
Nome completo: Fernando Antonio Caminha Dueire
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
Desenvolvimento Sustentável, Meio Ambiente:
  • Apresentação do Projeto de Lei no. 4.759/2025, que institui o Sistema Nacional de Informações para a Economia Azul (Sinmea), estabelece as Contas Econômicas do Oceano e da Zona Costeira e cria o Selo Azul e o Programa de Cooperação Federativa para Adaptação Costeira (Procosta-N). Destaque para a relevância estratégica dos oceanos para o desenvolvimento sustentável e apelo à aprovação da proposta como medida de Estado para o fortalecimento da governança ambiental e da economia azul.
Publicação
Publicação no DSF de 09/10/2025 - Página 35
Assuntos
Meio Ambiente > Desenvolvimento Sustentável
Meio Ambiente
Matérias referenciadas
Indexação
  • DEFESA, APROVAÇÃO, PROJETO DE LEI, CRIAÇÃO, LEI FEDERAL, IMPLEMENTAÇÃO, INSTRUMENTO, DESENVOLVIMENTO ECONOMICO, DESENVOLVIMENTO SUSTENTAVEL, MAR TERRITORIAL, OCEANO, ZONA COSTEIRA, SISTEMA NACIONAL, UNIFICAÇÃO, PADRONIZAÇÃO, DISPONIBILIDADE, DADOS, INFORMAÇÕES, INTEGRAÇÃO, PLANO NACIONAL DE GERENCIAMENTO COSTEIRO (PNGC), SELO, CERTIFICADO, EMPREENDIMENTO, INVESTIMENTO, DESENVOLVIMENTO SOCIAL, PROTEÇÃO, PRESERVAÇÃO, MEIO AMBIENTE, CRITERIOS, ADESÃO, ENTE FEDERADO, MUNICIPIOS, COOPERAÇÃO, GOVERNANÇA PUBLICA, ESTADOS, ACOMPANHAMENTO, POLITICA PUBLICA, EXECUÇÃO.

    O SR. FERNANDO DUEIRE (Bloco Parlamentar Democracia/MDB - PE. Para discursar.) – Sr. Presidente, Senador Chico Alencar, Sras. Senadoras, Srs. Senadores aqui presentes, minhas senhoras, meus senhores... Desculpe-me, Chico Rodrigues. Uma penitência pernambucana, meu Presidente.

    Trago aqui a esta tribuna um assunto de extrema relevância. Trata-se de um projeto, de um PL que protocolei, nº 4.759, que já está na Mesa, que institui o Sistema Nacional de Informações, Indicadores e Certificação para a Economia Azul, estabelece as Contas Econômicas do Oceano e da Zona Costeira, cria o Selo Azul de certificação voluntária e dispõe sobre mecanismos de cooperação federativa para adaptação costeira.

    Mais do que um simples conjunto de medidas, este projeto traduz uma visão de futuro que reconhece a importância estratégica dos oceanos para o desenvolvimento sustentável do país, sem, contudo, alterar regimes já existentes de outorga, licenciamento, tributação ou pesca.

    Permitam-me demonstrar porque este projeto não é apenas oportuno, mas urgente e, principalmente, como ele pode transformar positivamente o papel do Brasil no cenário global da sustentabilidade marinha.

    O Brasil detém uma das jurisdições oceânicas mais significativas do mundo, com cerca de 5,7 milhões de quilômetros quadrados sob sua soberania, o que o coloca entre os países com a maior Amazônia Azul em extensão.

    Esse território oceânico sustenta riquezas naturais, petróleo, gás, biodiversidade marinha; e abriga ecossistemas costeiros vitais. O uso sustentável dessa vasta área marítima é, portanto, um dos temas centrais para o desenvolvimento estratégico do país.

    Dados recentes revelam o tamanho do desafio e da oportunidade. Segundo estudo da USP, conduzido pelos Profs. Eduardo Haddad e Inácio Araújo, em 2019, as atividades diretamente ligadas à economia azul responderam por 2,91% do PIB nacional e por cerca de 1,07% dos empregos formais. Quando se incorporam os efeitos indiretos, o impacto atinge 6,39% do PIB e 4,45% do emprego, ou seja, o mar e as zonas costeiras comunicam-se com toda a economia nacional, influenciando cadeias produtivas em áreas interiores, não só junto ao litoral.

    Os números reforçam essa centralidade. Estima-se que o oceano contribua com mais de R$1,74 trilhão para a economia nacional. Além disso, as rotas marítimas escoam mais de 95% do comércio exterior brasileiro; e mais de 95% do petróleo e 80% do gás natural produzidos no Brasil têm origem marinha. Tais dados não são abstratos; traduzem-se em infraestrutura, logística, empregos e soberania nacional.

    Ao estruturar o Sinmea, cria-se uma plataforma nacional de dados abertos e interoperáveis, capaz de reunir e integrar informações cruciais sobre batimetria, qualidade de água, riscos climáticos, atividades portuárias, pesqueiras e diversas outras dinâmicas ligadas ao mar e às zonas costeiras. Esse sistema oferecerá ao poder público e à sociedade instrumentos mais modernos de transparência, planejamento e tomadas de decisão, além de atrair investimentos e fomentar a inovação tecnológica aplicada ao espaço oceânico.

    Outro eixo fundamental do projeto é a instituição das Contas Econômicas do Oceano e da Zona Costeira, que permitirão medir, de forma padronizada e em conformidade com parâmetros internacionais, a real contribuição dos setores ligados ao mar e aos serviços ecossistêmicos. Com esse avanço, o Brasil poderá demonstrar que sua economia costeira não é apenas uma fonte de exploração de recursos, mas um vetor estratégico de geração de riqueza, emprego e inovação em bases sustentáveis.

    Destaco ainda a criação do Selo Azul, instrumento de certificação voluntária que reconhecerá cadeias produtivas, empreendimentos e serviços que alcancem elevados padrões de responsabilidade ambiental e social.

    Ao conferir reconhecimento e valor agregado, o Selo Azul abrirá oportunidades de acesso a novos mercados e consolidará a imagem do Brasil como nação comprometida com práticas produtivas modernas e responsáveis, em sintonia com os anseios globais de sustentabilidade.

    Por fim, o projeto contempla a instituição do Procosta-N, programa de cooperação federativa destinado a apoiar estados e municípios em ações de adaptação costeira. Trata-se de uma medida essencial diante da crescente vulnerabilidade de nossas regiões litorâneas aos impactos de mudanças climáticas.

    Ao priorizar soluções baseadas na própria natureza, como a restauração de manguezais, a recuperação de dunas e a implantação de recifes naturais, o Procosta contribuirá para proteger comunidades, preservar ecossistemas e reduzir custos sociais e econômicos de desastres ambientais.

    Senhoras e senhores, o Projeto de Lei nº 4.759, de 2025, reforça a integração entre União, estados e municípios na gestão de nossas zonas costeiras, estabelece parâmetros claros e transparentes para avaliação da economia azul e cria condições para a atração de investimentos sustentáveis, fortalecendo a posição do Brasil no cenário nacional.

    Mais do que um instrumento de política ambiental, é uma medida de política de desenvolvimento, pois une proteção ecológica, inovação, tecnologia e crescimento econômico. Em um país que conta com mais de 7,5 milhões de quilômetros de litoral – quilômetros quadrados –, a aprovação dessa matéria é um passo decisivo para garantir às futuras gerações um patrimônio costeiro e marinho mais protegido, mais valorizado e capaz de contribuir para a prosperidade nacional.

    Esse projeto, Presidente Chico Rodrigues, é, portanto, uma convocação à responsabilidade e ao compromisso com o futuro.

    Meu prezado Presidente Izalci Lucas, ao aprovar esta lei, reafirmamos que proteger o litoral e os oceanos não é incompatível com o crescimento. Ao contrário, é condição essencial para que o desenvolvimento seja sólido, duradouro e socialmente justo.

    Na medida em que os efeitos das mudanças climáticas se manifestam com mais frequência – tempestades costeiras, elevação do nível de mar, eventos extremos em zonas litorâneas que exigem resiliência e adaptação –, o Brasil não pode mais postergar a sua resposta institucional.

    Assim, conclamo meus nobres pares a unirem-se em torno da aprovação do presente projeto, por compreender que se trata de uma medida de Estado que fortalece a cooperação federativa, moderniza nossa governança ambiental e coloca o Brasil em posição de destaque na construção da economia azul, tão necessária à sustentabilidade no século XXI.

    Era o que tinha que dizer, Sr. Presidente Izalci Lucas.

    Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 09/10/2025 - Página 35