Discurso durante a 155ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Em fase de revisão e indexação
Autor
Dra. Eudócia (PL - Partido Liberal/AL)
Nome completo: Eudocia Maria Holanda de Araujo Caldas
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso

    A SRA. DRA. EUDÓCIA (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - AL. Para discursar.) – Sr. Presidente, quero cumprimentá-lo, Senador Confúcio, pela oportunidade de estar aqui com você presidindo a Mesa.

    Quero dar um boa-tarde também a todas as Sras. Senadoras, aos Srs. Senadores, e quero fazer uma saudação a todas as brasileiras e a todos os brasileiros, e, em especial, ao povo do meu querido Estado de Alagoas, que nos assiste neste momento e acompanha o nosso trabalho aqui no Senado Federal.

    Venho a esta tribuna para prestar contas da missão internacional, que tive a honra de cumprir, representando o povo brasileiro, à Rússia e ao Reino Unido.

    Durante as agendas em solo russo, estive ao lado do meu colega nesta Casa, o Senador Irajá, fazendo parte da delegação brasileira – o Senador Irajá, que é do Estado do Tocantins.

    Já em terras britânicas, integraram a delegação brasileira os técnicos do Ministério da Saúde e da Conitec e o Dr. Thiago Campos, que é Diretor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

    Sr. Presidente, tenho dedicado o meu mandato ao enfrentamento do câncer e a estimular pesquisas que vão levar a humanidade a conquistar uma vacina contra o câncer. Foi com essa convicção que dialoguei com autoridades científicas russas e britânicas durante esta jornada, que aconteceu há duas semanas. Pude ouvir dos pesquisadores resultados de pesquisas importantes que apontam para um avanço significativo na pesquisa de vacinas a partir dos estudos com o RNA mensageiro.

    Na Rússia, fui recebida no Senado Federal pelo Senador Sergey Ryabukhin. Foi uma ocasião muito importante, na qual pude apresentar e discutir detalhadamente o meu Projeto de Lei nº 126, de 2025, o marco regulatório da vacina contra o câncer, que tramita na CAS (Comissão de Assuntos Sociais) – da qual a saúde faz parte – e também na CASCANCER, que é uma Subcomissão dentro da CAS, da qual eu sou Presidente, e visa a instituir um marco regulatório robusto, moderno e ágil para o desenvolvimento e a disponibilização dessas imunoterapias em nosso país.

    Tivemos ainda a oportunidade de dialogar com representantes médicos e cientistas do prestigiado Centro Nacional de Pesquisa em Epidemiologia e Microbiologia Gamaleya, uma instituição com mais de um século de história, cujo currículo de excelência e inovações a torna uma das mais respeitadas mundialmente.

    Nos reunimos com a Dra. Galina e com o Dr. Gintsburg, que são referências em suas áreas. Eles compartilharam conosco a informação de que, já a partir do início do ano de 2026 – do próximo ano –, haverá uma ampliação substancial e estratégica dos testes clínicos em humanos direcionados à população oncológica alvo.

    Eles nos apresentaram um protocolo de pesquisa detalhado e promissor para uma vacina de RNA mensageiro contra os cânceres de rim, de pulmão e o melanoma, que é o câncer de pele. Este protocolo inovador envolve a administração de um ciclo inicial de dez doses dessa vacina, sendo as primeiras quatro doses aplicadas em intervalos de sete dias, seguidas de seis doses administradas a cada 21 dias, dando um total de cinco meses de tratamento. Após esta fase de vacinação, o tratamento continua com imunoterapias complementares, demonstrando uma abordagem terapêutica integrada e de ponta, e altamente estratégica, que busca a máxima eficácia.

    Inclusive, Sr. Presidente, todos os colegas Senadores e Senadoras e toda a população que nos assiste neste momento, na ocasião desta reunião com o Dr. Gintsburg, que é o Presidente do Instituto Gamaleya, que fica na Rússia, e a Dra. Galina, eles relataram que estão bem avançados nesse estudo e que os estudos clínicos já evidenciam que essa vacina é tão promissora que ela diminui a probabilidade de metástase nos pacientes e também diminui, consequentemente, os dias de hospitalização, diminuindo, obviamente, o número de mortes por doença oncológica. Então é um avanço muito importante na área médica e, na área médica, especialmente na área oncológica.

    Além desses encontros cruciais, tive o privilégio de visitar o Centro Nacional de Pesquisa de Hematologia Pediátrica e tive uma reunião com o Dr. Andrei, e fiquei impressionada com o trabalho de vanguarda realizado neste centro, onde presenciei a produção das células CAR-T em laboratório no próprio hospital. Isso é que é importante. Eles produzem essas células CAR-T – que nós temos também aqui no Brasil –, que é uma terapia já bem avançada no tratamento de câncer. Eles produzem dentro do próprio hospital, e esse produto já chega para os pacientes hospitalizados e também para os pacientes que vão lá para serem atendidos durante o dia, para receberem a infusão.

    E o mais importante é que eles já estão fazendo na população pediátrica – isso é muito importante – e com um diferencial muito grande na taxa de mortalidade infantil em doenças oncológicas. Essa é uma tecnologia de ponta em imunoterapia, que permite a aplicação dessa terapia avançada, como eu já falei agora, em pacientes pediátricos.

    No Reino Unido, por sua vez, nossa delegação foi recebida em instituições que são verdadeiros faróis do conhecimento e da inovação científica global. Na Universidade de Oxford, fomos recebidos pelos pesquisadores Dr. Lennard Lee e Dr. Tim Elliott. Eles apresentaram estudos que revelam avanços notáveis e exponenciais na terapia da vacina com a biotecnologia RNA mensageiro, com a ambição de expandir o tratamento para o número impressionante de 10 mil pacientes até 2030. Isso tudo dentro do estudo científico. Eles querem expandir para 10 mil pacientes até o ano de 2030.

    Além disso, o Centro de Câncer da Universidade de Oxford está desenvolvendo a vacina profilática. Aquela vacina que eu acabei de mencionar é a vacina terapêutica que está em estudo; mas eles foram mais além no Oxford Cancer Center: já estão estudando uma vacina, também através da biotecnologia RNA mensageiro, porém uma vacina profilática. Eles já deram não foi nem um passo a mais, mas mil passos adiante.

    Essa vacina profilática é altamente promissora. Ela é voltada à prevenção do câncer. Isso mesmo, à prevenção do câncer. Olhem...

(Soa a campainha.)

    A SRA. DRA. EUDÓCIA (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - AL) – ... aonde nós chegamos.

    Como é que eles fazem? Essa vacina eles estudam em indivíduos com alto risco de desenvolver a doença seja por histórico familiar ou por alterações identificadas em testes de sequenciamento genético. É o seguinte: eles começam a estudar a população-alvo que tem grandes riscos de desenvolver câncer, aqueles pacientes que têm histórico familiar rico em doenças oncológicas. Eles recrutam esses pacientes, fazem uma carta-convite para esses indivíduos. Quem aceita participar do estudo se apresenta nesse centro e começa a participar desse estudo. Diante da presença do paciente, eles fazem o sequenciamento genético através da coleta sanguínea...

(Soa a campainha.)

    A SRA. DRA. EUDÓCIA (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - AL) – ... e detectam as alterações de DNA que podem levar aqueles pacientes a desenvolverem o câncer e já começam a fazer a vacina RNA mensageiro de uma forma profilática. E o que eles identificaram? Eles identificaram, nesse estudo, que a vacina que está em estudo consegue fazer com que o paciente não desenvolva o câncer, aquele câncer que foi identificado através de sequenciamento genético.

    Isso é alta tecnologia, é a inteligência artificial em prol da medicina, para que, nos breves meses e anos, a gente possa prevenir os nossos pacientes de uma doença oncológica, para que não tenha mais aquela questão de: fez o sequenciamento genético...

(Soa a campainha.)

    A SRA. DRA. EUDÓCIA (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - AL) – ... detectou que aquele paciente poderá ter o câncer e aquele paciente ser fadado a, qualquer dia, poder desenvolver esse câncer.

    Então, esse avanço é muito importante.

    E o meu intuito, Presidente, é que o Brasil não fique para trás; é que o Brasil ande lado a lado com os grandes centros. Que a gente não dê um passo para trás, e sim esteja lado a lado.

    E o que é mais importante disso, Srs. Senadores e Sras. Senadoras, é que o Diretor Thiago Campos, da Anvisa, estava lá comigo; a Conitec estava comigo; os membros do Ministério da Saúde estavam comigo; e o Ministro Alexandre Padilha tinha estado lá dez dias antes da minha chegada ao Reino Unido...

(Soa a campainha.)

    A SRA. DRA. EUDÓCIA (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - AL) – ... mostrando que estamos realmente andando lado a lado para que o nosso país possa também ter os avanços exponenciais nessa área oncológica e não fique para trás, porque o que nós queremos é que os nossos brasileiros e brasileiras tenham a mesma oportunidade que os nossos colegas de outros países – e aqui eu estou falando especificamente da Rússia e do Reino Unido.

    E, para concluir, Sr. Presidente, no Reino Unido, nossa delegação foi recebida em instituições que são verdadeiros... Isso eu já falei, perdoe-me, eu repeti, mas vamos continuar aqui.

    Além disso, o Centro de Câncer da Universidade de Oxford está desenvolvendo essa vacina profilática, que eu parei para explicar com mais detalhes, e os estudos clínicos estão em andamento. O principal público-alvo dessa biotecnologia...

(Soa a campainha.)

    A SRA. DRA. EUDÓCIA (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - AL) – ... são tabagistas e pessoas com maior propensão a cânceres colorretal e de mama, representando um avanço significativo na estratégia de prevenção oncológica.

    Mas as descobertas não pararam por aí. Os pesquisadores de Oxford também nos surpreenderam com um grande avanço no estudo de uma vacina terapêutica, como eu também já falei, baseada no RNA mensageiro, mas com um propósito ainda mais audacioso e transformador: a prevenção primária do câncer. Essa vacina está sendo desenvolvida para pacientes saudáveis – e foi sobre essa vacina profilática que eu expliquei – que, por meio de sequenciamento genético histórico familiar detalhado, apresentam alto risco de desenvolver certos tipos de câncer. O objetivo é coibir que esses pacientes venham a desenvolver a doença, o que representa um passo gigantesco...

(Interrupção do som.)

(Soa a campainha.)

    A SRA. DRA. EUDÓCIA (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - AL) – ... em direção – obrigada, Sr. Presidente – à erradicação de certas formas de câncer e a um paradigma completamente novo na oncologia.

    Em Cambridge – eu estive também lá em Cambridge –, tive a honra de participar de uma mesa-redonda extremamente enriquecedora com diversos pesquisadores de ponta na área da oncologia.

    Visitei também o centro de pesquisa e desenvolvimento da empresa AstraZeneca, onde pude conhecer de perto o trabalho inovador em imunobiológicos e nas células CAR-T, tecnologias que estão na vanguarda da medicina oncológica e que prometem mudar a paisagem do tratamento do câncer.

    Minha agenda no Reino Unido incluiu, ainda, uma visita ao centro de pesquisa da empresa Elekta.

    E aqui eu não vou nem ler, Sr. Presidente, eu vou explicar para vocês a importância...

(Interrupção do som.)

(Soa a campainha.)

    A SRA. DRA. EUDÓCIA (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - AL) – Perdoe-me pelo tempo, Sr. Presidente, mas eu já estou concluindo. Eu acho o tema tão importante que – eu tentei resumir ao máximo, porque foram duas semanas de missão – eu acho que, nesse texto que eu fiz, tem 20% apenas do que eu vi e ouvi, mas eu vou tentar ser mais objetiva ainda.

    A Elekta é uma empresa que fica lá na cidade de Crawley, no Reino Unido. E essa empresa se dedica só a estudar equipamentos de ponta para tratamento oncológico. Lá tem um equipamento – que no Brasil ainda não tem, infelizmente – chamado Unity, em inglês. E o que é importante nesse equipamento? Tem o equipamento...

(Interrupção do som.)

    A SRA. DRA. EUDÓCIA (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - AL. Fora do microfone.) – ... de radioterapia...

(Soa a campainha.)

    A SRA. DRA. EUDÓCIA (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - AL) – Eu prometo que eu já estou concluindo, Sr. Presidente, me perdoe.

    Tem o equipamento de radioterapia e, junto, acoplado a esse equipamento de radioterapia, tem a ressonância magnética. Por que é importante isso? É porque, nas lesões tumorais de diversas partes do nosso corpo, durante a radioterapia, com os movimentos respiratórios, esses tumores saem do seu local de origem, mesmo que milimetricamente. Aí o que acontece? Quando os nossos colegas físicos vão fazer os cálculos da quantidade de radiação naquele tumor, eles têm que aumentar a quantidade para abranger as áreas subjacentes. E esse equipamento, especificamente, diminui a carga de radiação. Por quê? Porque ele é tão preciso, através de inteligência artificial, que mesmo com os movimentos...

(Interrupção do som.)

    A SRA. DRA. EUDÓCIA (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - AL. Fora do microfone.) – ... respiratórios...

    O SR. PRESIDENTE (Confúcio Moura. Bloco Parlamentar Democracia/MDB - RO) – Mais um minutinho, Senadora.

(Soa a campainha.)

    A SRA. DRA. EUDÓCIA (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - AL) – Obrigada, Sr. Presidente.

    ... que, mesmo, com os movimentos respiratórios, o tumor saindo do local de origem, os feixes vão acompanhando aquele tumor. Aí o que é que acontece com isso? Tem menos radiação para o paciente, e aí o paciente tem menos efeitos colaterais.

    E aqui eu quero ressaltar o câncer de próstata, que é tratado também através de radioterapia. Então, nos cânceres de próstata, os feixes têm uma quantidade x de radiação. Com esse equipamento, você diminui substancialmente a quantidade dessa radiação, e as consequências pós-tratamento são infinitamente menores, que são os distúrbios de função erétil. Então, os pacientes que têm câncer de próstata, com esse equipamento, têm...

(Interrupção do som.)

    A SRA. DRA. EUDÓCIA (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - AL. Fora do microfone.) – ... muito menos efeitos colaterais...

(Soa a campainha.)

    A SRA. DRA. EUDÓCIA (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - AL) – ... pós-tratamento.

    Então, este é um avanço muito grande. Esse aparelho, Presidente, ainda não tem no nosso país. Mas eu vou lutar muito para que esse equipamento chegue o mais rápido possível aqui no nosso país, para que todos os brasileiros e as brasileiras tenham a oportunidade também de ser tratados de uma forma avançada no tratamento oncológico.

    Como eu já tomei muito o seu tempo, Sr. Presidente, eu não vou falar do restante da minha missão. Até colocaram aqui para mim, e eu coloquei e complementei: "Não irei me alongar...", só que já me alonguei, não é, Presidente?

    Minhas considerações, só para fechar: acredito que agora seja o momento de trabalharmos junto ao Ministério da Saúde para que o Brasil faça parte dos esforços internacionais na busca pela vacina contra o câncer.

(Interrupção do som.)

(Soa a campainha.)

    A SRA. DRA. EUDÓCIA (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - AL) – Tenho a certeza de que, mais que uma política de governo, esta deve ser uma política de Estado, pois garante soberania nacional na área de tecnologia médica.

    Que o nosso Deus nos abençoe grandemente.

    Muito obrigada, Sr. Presidente.

    O SR. PRESIDENTE (Confúcio Moura. Bloco Parlamentar Democracia/MDB - RO) – Senadora, eu sou ex-médico – e a senhora também é – e estou aqui encantado com o seu pronunciamento, muito distinto e muito focado na profilaxia e no tratamento do câncer. Então, foi um discurso diferente, bonito.

    A senhora aproveitou muito a viagem, que deu muito resultado. Está trazendo aqui para a gente um relatório de prestação de contas muito bem-feito, muito detalhado, muito inspirador e muito esperançoso. Então, eu quero cumprimentar a senhora: parabéns pelo seu pronunciamento! Eu sei que quem assistiu gostou muito.

    Muito obrigado.

    A SRA. DRA. EUDÓCIA (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - AL. Fora do microfone.) – Muito obrigada, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 30/10/2025 - Página 13