Pronunciamento de Jorge Seif em 12/11/2025
Pela ordem durante a 167ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
- Autor
- Jorge Seif (PL - Partido Liberal/SC)
- Nome completo: Jorge Seif Júnior
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Pela ordem
- Matérias referenciadas
O SR. JORGE SEIF (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - SC. Pela ordem.) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. Senadores, colegas da Casa, servidores, a despeito da recondução do Dr. Paulo Gustavo Gonet Branco, quero fazer uso desta tribuna para prestar uma homenagem, necessária e absolutamente justa, à Sra. Lindôra Araújo, ex-Vice-Procuradora-Geral da República, uma mulher cuja trajetória se confunde com os valores mais nobres da instituição que serviu. Lindôra serviu com coragem, com independência, com integridade, com compromisso real com o interesse público.
Lindôra foi, senhoras e senhores, durante anos, uma sentinela da Constituição, não por conveniência, nem por alinhamento de ocasião, mas por convicção. A postura de Lindôra foi firme diante de pressões políticas, midiáticas, corporativas e fez dela um exemplo raro, num tempo em que muitos preferem o silêncio estratégico à responsabilidade com a verdade.
Lindôra sempre entendeu que o Ministério Público não existe para agradar governos, nem para servir a grupos de interesse. O Ministério Público Federal está para servir o Brasil.
E é por isso que seu nome, Sra. Lindôra, se tornou sinônimo de respeito institucional – porque Lindôra não se vendeu, Lindôra não se curvou, Lindôra não se escondeu. E honra, senhoras e senhores, não se compra; honra se prova. E a Sra. Lindôra Araújo provou.
Ao mesmo tempo, Sr. Presidente, é impossível ignorar o contraste com a atual condução da Procuradoria-Geral da República sob o comando de Paulo Gonet, um comando que marca uma PGR apagada, subserviente – ausente quando deveria se levantar e presente apenas quando convém politicamente. E o Brasil precisa e merece um Ministério Público altivo, independente, com postura de Estado, e não uma instituição parecer que teme contrariar o poder ou enfrentar estruturas que hoje se blindam entre si.
A PGR não pode ser observadora passiva enquanto abusos ocorrem à luz do dia. A PGR não pode calar quando há violações evidentes de garantias fundamentais. Não pode ser forte contra uns e dócil contra outros, mas é exatamente essa percepção que cresceu no país.
O que antes era uma Procuradoria de pulso hoje se apresenta como uma Procuradoria de gestos tímidos e acovardados. O que antes representava autonomia e equilíbrio hoje transmite fragilidade institucional.
E é por isso que a ausência de posturas firmes nos leva a refletir sobre o legado de quem, como Lindôra Araújo, jamais confundiu independência com missão e servidão e jamais confundiu equilíbrio com covardia.
Por isso, quero fazer esse registro histórico. Lindôra Araújo representou o Ministério Público em sua melhor versão. Gonet sintetiza o que a instituição não pode voltar a ser, uma PGR que baixa os olhos quando deveria erguer a voz.
Que seu exemplo, Sra. Lindôra Araújo, seja referência para todos que ainda acreditam nas instituições – que sejam fortes, e se façam com pessoas fortes e não com acomodação, subserviência e covardia.
Com essa declaração, Sr. Presidente Davi Alcolumbre, declaro o que eu já declarei na Comissão de Constituição e Justiça: não à condução de Paulo Gonet Branco.
Muito obrigado.