Discurso durante a 53ª Sessão Especial, no Senado Federal

Sessão Especial destinada a comemorar o Dia Internacional da Enfermagem.

Autor
Paulo Paim (PT - Partido dos Trabalhadores/RS)
Nome completo: Paulo Renato Paim
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM:
  • Sessão Especial destinada a comemorar o Dia Internacional da Enfermagem.
Publicação
Publicação no DSF de 25/05/2021 - Página 59
Assunto
Outros > HOMENAGEM
Matérias referenciadas
Indexação
  • SESSÃO ESPECIAL, DESTINAÇÃO, COMEMORAÇÃO, DIA INTERNACIONAL, ENFERMAGEM.

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS. Para discursar.) – Cumprimento meu querido amigo Senador Contarato, Senadora Leila, Izalci, Senador Angelo Coronel, que ainda está aqui, Senador Esperidião Amin, nossa querida Senadora Nilda Gondim – que eu jamais vou esquecer, pela forma carinhosa com que se refere à gente; um abraço para a senhora –, nossa querida Zenaide Maia – um abraço – e todos os convidados que estão aqui.

    Quero fazer uma fala rápida e ouvir os nossos convidados.

    Primeiro, Contarato, meus cumprimentos a você, mais uma vez, pela iniciativa deste projeto que faz justiça. Esta sessão é dedicada a esses profissionais, profissionais que, para mim, têm uma das profissões mais nobres de toda a nossa população. Eu diria que vocês são importantes não só em época de pandemia, vocês são importantes em todos os tempos, em todos os tempos. Claro que, agora, se dedicam de alma, coração e vida a salvar vidas.

    O Dia Internacional da Enfermagem é o dia 12 de maio. Eu gosto muito do mês de maio. O mês de maio é o mês dos poetas, é o mês das mães, é o mês da enfermagem, é o mês da dita abolição – que fique ali com um símbolo de rebeldia! O mês de maio é um mês mágico. Se eu fosse citar, há mais de vinte categorias que buscaram o mês de maio. O mês de maio lembra a morte de Abdias do Nascimento, o homem que deu a vida pela liberdade do povo negro pós-abolição da escravatura.

    Eu queria, neste momento, dizer que vocês são guiados e guiadas por fortes sentimentos que fazem falta ao nosso País nos tempos de hoje: fraternidade, amor, solidariedade, carinho, respeito com o próximo. Eu diria que, no peito de cada um, abre-se a luz da ternura, estendendo as mãos e o olhar a todos os semelhantes. É assim que vocês fazem, é assim que vocês salvam vidas. Os profissionais da enfermagem merecem todo o nosso respeito.

    Todas as palavras ditas aqui são importantes, claro que são, mas, mais do que uma homenagem, vamos, Contarato – e aí me dirijo a você –, aprovar esse projeto tão importante para aqueles que dedicam suas vidas a todos nós.

    Queria também dizer, de forma rápida, como eu, do lado de cá, que não estou lá nas UTIs, não há como não se emocionar. A cada saída de um paciente na UTI, vocês profissionais da enfermagem cantam, abraçam, a gente vê o brilho nos olhos, porque lutaram. Ali está o símbolo da vitória. Vocês foram vitoriosos junto com aquele homem, aquela mulher que enfrentou aquele combate.

    Ah, eu já falei na tribuna e vou falar aqui: eu não queria nem ser o paciente, mas não queria ser um de vocês na hora de intubar alguém, sem anestesia, sem remédio adequado para atenuar a dor daquele paciente. Eu sei que vocês devem chorar, e ele chora também, na intubação ou quando acorda sem a sedação e percebe que está intubado. E, muitas vezes, vocês os veem morrerem ali.

    O Brasil tem uma dívida enorme com vocês. Ah, tem! Faltam, sim, valorização salarial, melhores condições de trabalho, faltam equipamentos, falta de tudo. A atuação dessa categoria é fundamental no combate à morte, eu diria; não é só à pandemia, é à morte. Muitos desses heróis morreram na batalha. Muitos morreram, muitos e muitos no mundo todo. Só um dado do Conselho Federal de Enfermagem: foram 699 – quem sabe agora já 700 – vítimas da Covid. O Conselho Internacional de Enfermagem aponta que esse número representa 23% de todas as mortes no mundo. No Brasil é onde mais morrem esses profissionais.

    Precisamos da resposta concreta. É urgente que o Senado aprove, o que todos aqui disseram, e eu tenho que repetir também, porque o Senado tem que ouvir, o PL 2.564, de 2020, que prevê piso salarial dos profissionais de enfermagem no território brasileiro. Proposta, repito, de autoria do nosso querido Senador Fabiano Contarato, relatoria da Senadora Zenaide Maia.

    A Constituição já garante esse direito. Ali diz – abro aspas: "piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do trabalho". Alguém tem dúvida da extensão desse trabalho? Da complexidade? Lembro, por uma questão de justiça, do PL 2.295, jornada de trabalho de 30 horas semanais, do ex-Senador Lúcio Alcântara. Está engavetado lá na Câmara dos Deputados. Engavetado na Câmara dos Deputados há quanto tempo? Há quanto tempo?

    Enfim, eu termino, dizendo, usando as palavras do Diretor-Geral da OMS, que disse: "Sem enfermeiras, enfermeiros, auxiliares, técnicos, parteiras, não alcançaremos nunca os objetivos do desenvolvimento sustentável da ONU. Não alcançaremos a cobertura universal da saúde". Ele disse: "Sem vocês não vamos a lugar nenhum".

    Finalizo, dizendo que a pandemia, o pós-pandemia vai nos trazer novas batalhas. O trauma, segundo o Professor Joel Birman, será enorme, ou já está sendo enorme. Para ele: "Preferirem sacrificar milhões de vidas e empilhar os cadáveres dos seus cidadãos – aí ele vai, mais um pouquinho à frente: "a se importar com o que, de fato, é digno de valor, a vida de cada um?"

    Eu digo: não querem aceitar a licença compulsória da vacina. Três por cento da população do mundo todo somente recebeu a vacina. Aqui no Brasil não chega a 10% e está aí mais uma onda. E vocês, enfermeiros e enfermeiras, vão ser chamados, chamados e chamados e, infelizmente, não têm como dar conta.

    Temos nós todos de nos somar não só com o piso e com a jornada, mas que venham o piso e a jornada pelo menos, pelo menos! Mas nós temos de estar do lado de vocês e reafirmar que a nossa causa é a humanitária. A vida não pode ser resumida ao lucro dos grandes laboratórios, da grande indústria farmacêutica. Precisamos de vacina, vacina e vacina!

    A vacina tem de ser um bem comum da humanidade, de forma universal para todos, rápida, precisa e eficiente. Salvar vidas, sim, mas prefiro dizer: vida longa, vida longa aos profissionais da enfermagem, porque, sem vocês, não tem vida longa para ninguém!

    Vacina para todos!

    Um abraço.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 25/05/2021 - Página 59