Discurso durante a 23ª Sessão Solene, no Congresso Nacional

Sessão Solene destinada ao encerramento do Outubro Rosa de 2021, campanha que objetiva a conscientização da população sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de mama.

Autor
Zenaide Maia (PROS - Partido Republicano da Ordem Social/RN)
Nome completo: Zenaide Maia Calado Pereira dos Santos
Casa
Congresso Nacional
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
Mulheres, Saúde Pública:
  • Sessão Solene destinada ao encerramento do Outubro Rosa de 2021, campanha que objetiva a conscientização da população sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de mama.
Publicação
Publicação no DCN de 28/10/2021 - Página 28
Assuntos
Política Social > Proteção Social > Mulheres
Política Social > Saúde > Saúde Pública
Matérias referenciadas
Indexação
  • SESSÃO SOLENE, ENCERRAMENTO, CAMPANHA, OUTUBRO, CONSCIENTIZAÇÃO, PREVENÇÃO, DIAGNOSTICO, CANCER, MULHER, SAUDE PUBLICA.
  • COMENTARIO, IMPORTANCIA, SISTEMA UNICO DE SAUDE (SUS), NECESSIDADE, AUMENTO, REPASSE, RECURSOS FINANCEIROS, SAUDE PUBLICA.

    A SRA. ZENAIDE MAIA (Bloco/PROS - RN. Para discursar. Sem revisão da oradora.) – Bom dia a todos e a todas.

    Quero aqui parabenizar esta brilhante Senadora e colega Leila Barros, cumprimentar a nossa colega Nilda Gondim, cumprimentar aqui meu Professor Ivo Barreto, e queria chamar atenção para o seguinte: o Outubro Rosa é um programa – eu o considero um programa – de empoderamento de nós mulheres, Leila. O Outubro Rosa empodera com conhecimento todas as mulheres e, com esse conhecimento, a cobrança de políticas públicas para haver um diagnóstico precoce e um tratamento precoce também do câncer de mama.

    Quero aqui cumprimentar o Dr. Ivo Barreto e dizer o seguinte: o Dr. Ivo Barreto, o Dr. Gilberto e o Dr. Luiz Henrique mostram a sensibilidade em relação ao câncer de mama para as mulheres, ou seja, eles não veem a mulher só como "tratar", eles veem o lado da autoestima, da reconstrução da mama. É por isso que há essa defesa do Dra. Carolina, da Dra. Luciana e das demais que estão aqui. Esses homens representam uma campanha que se chama HeForShe, eles por elas; são homens, médicos, mastologistas que têm esse olhar diferenciado de que uma mama não é só uma mama que se retira da mulher, é muito mais coisa. E lembro que, como o Dr. Ivo Barreto falou, mais de 60% dos homens deixam as esposas quando são diagnosticadas com câncer de mama. A mesma coisa, Leila e todos vocês, acontecem com as pessoas quando se tem uma criança com deficiência. Essa estatística é mundial, não e só no Brasil.

    Então, eu queria agradecer aqui a presença do Professor Ivo Barreto e dizer o seguinte: a Liga Norte Riograndense contra o Câncer é uma instituição que tem uma eficácia que chama a atenção. É um serviço de excelência e que trabalha com SUS. E o Dr. Ivo deu o diagnóstico que a gente já sabe: o SUS é um programa maravilhoso, e essa pandemia veio mostrar a sua importância. E esse SUS é o mesmo que mostrou que a desigualdade social levanta um número de óbitos muito maior de mulheres pobres, que não têm acesso a um diagnóstico rápido e a um tratamento rápido. Eu sou médica do Hospital Universitário, e a gente sabe disto: essa diferença, essa separação, esse apartheid social, que, se houvesse recursos, poderia diminuir.

    Eu estou chamando a atenção aqui porque nós temos, no orçamento previsto, uma perda de R$44 bilhões para o SUS. Isso vai se refletir em vidas. Por isso, é como o Dr. Ivo falou e os outros aí: nós precisamos ter o SUS, o maior programa de saúde do mundo, como se diz, mas falta financiamento. Isso não é só de agora. Agora, nos últimos anos, não se vem recompondo o que a gente tinha, mas a gente já sabia, em 2015, e eu quero lembrar aqui, que a gente precisava aumentar os repasses do Governo Federal para o SUS. Hoje é assim: 15% no mínimo o Município tem que gastar, a maioria dos Municípios já usa até 30%; o Estado 12%; e o Governo Federal não tem esse percentual obrigatório de repasse.

    Que nessa PEC 001, de 2015, a gente recomponha isso. E, se tivesse sido aprovada... No primeiro turno, nós a aprovamos na Câmara por unanimidade. Aí depois, em vez de ela voltar, voltou foi a Emenda 95, que congelou os recursos do SUS por 20 anos.

    Aí, depois, em vez de ela voltar, voltou foi a Emenda 95, que congelou os recursos do SUS por 20 anos.

    Então, é o Parlamento, Dr. Ivo... O Parlamento tem que se manifestar, e, se depender da nossa bancada de mulheres – somos minoria no número, mas somos a segunda maior bancada –, nós vamos lutar por isso.

    A Liga Norte-Rio-Grandense contra o Câncer tem um serviço de excelência, mas ele não pode sobreviver só com o SUS, porque o pagamento... Eu queria chamar a atenção aqui: vêm dizer que os gestores é que têm culpa e não sabem administrar, mas o SUS paga R$10 por uma consulta de um especialista. Então, isso não existe. Um fato desses não tem argumento. Como conseguir mastologista e ortopedista por R$10? Às vezes, a gente bem diz que isso é uma falta de respeito com esses profissionais.

    Quero dizer, Leila, que informação é poder, e é isso que você e nós estamos fazendo aqui, dizendo que as tecnologias... A ciência descobriu métodos e tecnologias de diagnóstico precoce, para tratamento precoce. Nossas mães, nossas avós, não necessariamente, devem morrer porque têm câncer de mama. A gente sabe que a percentagem de cura, quando tratado corretamente, é de mais de 90%, dependendo do tipo histológico. Isso está demorando.

    Quero dizer ao Dr. Ivo que eu não sabia que ainda havia tomógrafo da Liga Norte-Rio-Grandense contra o Câncer analógico, porque eu digo que tomógrafo e mamógrafo... A gente sabe que o mamógrafo analógico... Eu costumo dizer que não existe um bom médico se a máquina não mostra a imagem para o médico diagnosticar. Então, o digital... Eu tenho uma grande professora que é radiologista, a Eulina, que dizia: "Zenaide, no digital, a gente vê até o que não quer ver".

    Então, vamos lutar! Contem com a gente na derrubada desse veto. A gente, aqui, respeita a vida. Temos que respeitar a vida. É por isso que não é obrigado a ser médico... Eu me emocionei com o depoimento da nossa amiga aí, que mostrou o seguinte: se a mãe não fosse defensora pública, o caminho teria sido muito mais difícil. Eu rezo, eu penso e eu luto para que, um dia, a gente tenha uma saúde pública de qualidade, que respeite a todos, que não deixe famílias inteiras chorando, sabendo que, se tivesse recursos, a mãe, o pai, o irmão ou o filho não teria morrido.

    Obrigada, Leila.

    Obrigada a todas, à Dra. Carolina, à Luciana.

    Lembrem-se de que esses homens médicos que estão aqui olham as mulheres com um olhar acolhedor e carinhoso e têm sensibilidade suficiente para saber que, quando se tem um câncer de mama, não é só uma mama que está sendo retirada, mas também a autoestima, o que leva, muitas vezes, à destruição de uma família. Essa mulher, normalmente, passa a lutar só com seus amigos e seus familiares.

    Bom dia a cada um!

    Nunca podemos esquecer que informação é poder, e é isso que nós estamos fazendo. É isto que o Outubro Rosa mostra: é possível, sim, reduzir o número de óbitos por câncer de mama. Só depende de vontade política aumentar os recursos. Ninguém faz saúde sem recursos, gente.


Este texto não substitui o publicado no DCN de 28/10/2021 - Página 28