Discurso durante a 63ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Críticas à nomeação do Ministro Paulo Pimenta para a Secretaria Extraordinária de Apoio à Reconstrução do Estado do Rio Grande do Sul. Anúncio do envio de verbas parlamentares e da subscrição de S. Exa. aos Projetos de Lei nºs 1537/2024 e 1552/2024, que dispõem sobre a destinação de recursos do Fundo Eleitoral para a reconstrução do Estado do Rio Grande do Sul.

Autor
Eduardo Girão (NOVO - Partido Novo/CE)
Nome completo: Luis Eduardo Grangeiro Girão
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
Atividade Política, Calamidade Pública e Emergência Social, Governo Federal:
  • Críticas à nomeação do Ministro Paulo Pimenta para a Secretaria Extraordinária de Apoio à Reconstrução do Estado do Rio Grande do Sul. Anúncio do envio de verbas parlamentares e da subscrição de S. Exa. aos Projetos de Lei nºs 1537/2024 e 1552/2024, que dispõem sobre a destinação de recursos do Fundo Eleitoral para a reconstrução do Estado do Rio Grande do Sul.
Publicação
Publicação no DSF de 22/05/2024 - Página 15
Assuntos
Outros > Atividade Política
Política Social > Proteção Social > Calamidade Pública e Emergência Social
Outros > Atuação do Estado > Governo Federal
Matérias referenciadas
Indexação
  • CRITICA, NOMEAÇÃO, MINISTRO EXTRAORDINARIO, PAULO PIMENTA, CARGO, Secretaria Extraordinária da Presidência da República para Apoio à Reconstrução do Rio Grande do Sul, ANUNCIO, REMESSA, ORADOR, VERBA, PARLAMENTAR, REFERENCIA, PROJETO DE LEI, DESTINAÇÃO, RECURSOS FINANCEIROS, Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC), OBJETIVO, RECONSTRUÇÃO, ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL (RS).

    O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE. Para discursar.) – Paz e bem, Sr. Presidente, Sras. Senadoras, Srs. Senadores, funcionários desta Casa, assessores, brasileiras e brasileiros que estão nos acompanhando pelo trabalho competente da equipe da TV Senado, da Rádio Senado e da Agência Senado.

    Sr. Presidente, eu não posso deixar de fazer um comentário aqui sobre essa questão do Rio Grande do Sul. A entrevista do Governador Eduardo Leite confesso que não assisti a ela e não a ouvi ontem, no Roda Viva, mas, se, como o Senador Kajuru falou, ele não entrou em politicagem, ele não entrou em desavenças, ele está cumprindo o dever dele fazendo isso. O que vai adiantar, na altura do campeonato, a partir de uma nomeação biônica – e eu vou explicar por que – que ocorreu do Governo Lula naquele estado importante da Federação que está sofrendo uma catástrofe só comparada à de 1941... E fazer uso político disso, colocando uma nomeação biônica, é um desrespeito, no meu modo de entender – respeito quem pensa diferente –, ao povo gaúcho. O povo gaúcho elegeu um Governador. O Governador está lá. Em situações graves de pandemia e tudo, é o Governador que tem que resolver isso, que é em quem a população confia. "Ah, mas o dinheiro é da União, nós temos que botar alguém ligado ao Governo Lula lá para fazer isso." Isso mostra o quão mesquinho é este Governo. Com todo o respeito, faço aqui, data venia a quem pensa diferente, mas está claro...

    Eu sempre tive uma posição independente no Governo anterior. Votava muita coisa a favor, mas votava contra também. Na pandemia, coloquei no relatório os erros do Governo anterior, mas eu não vi isso. Eu não vi isto do Bolsonaro: querer numa pandemia colocar alguém dele dentro do estado para gerir o dinheiro da União.

    Parem com isso, por favor!

    Durante a ditadura militar, Sr. Presidente, de 1964 a 1985, um termo se popularizou muito em função da nomeação, por decreto presidencial, de Governadores, Prefeitos de capitais e até Senadores. Eram as ditas nomeações biônicas. Pois o Brasil agora está vivenciando uma experiência semelhante com a criação de um novo Ministério Extraordinário de Apoio à Reconstrução do Rio Grande do Sul e a indicação de Paulo Pimenta, Deputado Federal eleito pelo povo gaúcho para o sexto mandato e que vinha respondendo pela Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom).

    Olhem só! O povo votou nele como Deputado Federal. Já houve um desvio de função, colocaram-no na Secretaria de Comunicação e agora o colocam num ministério extraordinário? É porque é do partido do Presidente? Quase que um novo Governador!

    Essa iniciativa, totalmente desnecessária, é puro oportunismo político, diante de uma terrível calamidade, cuja reconstrução teria, obviamente, como coordenador natural o Governador Eduardo Leite.

    Dos 497 municípios do estado, 446 foram impactados, ou seja, 90%.

    Inclusive, Sr. Presidente, estou enviando R$1 milhão para o Rio Grande do Sul. Estamos fazendo uma análise técnica de onde precisa – os municípios, as entidades, as APAEs, as Pestalozzis –, porque vão ter que ter novos equipamentos, ter uma reconstrução. Então, estou mandando, do nosso mandato, R$1 milhão. Conversei com o Senador Paulo Paim já, estou conversando com o Deputado Marcel van Hattem também, para ver as necessidades, se batem com a nossa análise técnica.

    E olhem só – quero repetir –: dos 497 municípios do estado, 446, ou seja, 90% foram impactados. São 147 mortos até agora – e já subiu, já subiu. São 805 feridos, 615 mil que tiveram que abandonar suas casas, permanecendo 80 mil em abrigos emergenciais. São mais de 2 milhões de brasileiros, de gaúchos, atingidos por essa catástrofe. Há estradas, pontes, terminais destruídos numa situação similar a uma guerra.

    E eu estava conversando com os colegas aqui. Você já imaginou o impacto na saúde mental quando cair a ficha de que a pessoa perdeu tudo? A história, as fotografias da infância, dos pais... Temos que nos preparar de todas as formas para ajudar as nossas irmãs e irmãos do Sul.

    Com essa nova estrutura, com interesses políticos, o Governo Lula atinge a marca recorde de 39 ministérios. É bom lembrar que no Governo anterior eram apenas 23 ministérios. E, com isso, o país mergulha ainda mais numa brutal crise de déficit nominal – com essa ampliação de ministérios – das contas públicas. Segundo o relatório do Banco Central, o déficit atingiu, em abril, R$998 bilhões – quase R$1 trilhão –, valor equivalente ao atingido no auge da pandemia. A diferença é que, agora, a crise é de gestão econômica de um Governo perdulário, irresponsável, que gasta muito e mal, apelando para o aumento da já insuportável carga tributária, como acabou de fazer com a volta do DPVAT, contra o meu voto.

    Em vez de se unir ao Governo estadual e aos municípios para enfrentar a calamidade, o PT aproveita para se beneficiar politicamente, com a expectativa de voltar a governar o Rio Grande do Sul, pensando lá na frente, fazendo política em um momento desse – lamentável! –, um estado cujo povo, o gaúcho, um povo libertário, corajoso e trabalhador, depois dos Governos de Tarso Genro e de Olívio Dutra, nunca mais permitiu o retorno do PT!

    Enquanto esteve na Secom, Paulo Pimenta praticamente se dedicou apenas a avançar na censura às redes sociais. Criou o Departamento de Promoção da Liberdade de Expressão, que, junto com a Procuradoria Nacional da União de Defesa da Democracia, órgão criado pela AGU, passou a promover ações no sentido de constituir uma espécie de "ministério da verdade", amparado pelas arbitrariedades cometidas por alguns Ministros do STF, com o famigerado inquérito das fake news. Tanto o Governo como Ministros do STF, que não suportam ser criticados, estão incomodados com as redes sociais e tentam, a todo custo, implantar mecanismos de controle que, na realidade, camuflam o real objetivo de exercer a censura, que, no Brasil, ainda é inconstitucional.

    Antes do advento da internet, era bem mais fácil para governos autoritários exercerem o controle social: bastava cooptar a grande mídia. É o que vem acontecendo sistematicamente no meu Estado do Ceará, comandado há muito tempo pelo PT, que gasta mais de R$100 milhões por ano apenas com propaganda e publicidade. E, mesmo assim, utiliza-se do Poder Judiciário para perseguir os poucos veículos de comunicação que se mantêm independentes, como aconteceu recentemente com o Portal de notícias Custo Ceará, com o blogue do jornalista Edison Silva, perseguidos porque, simplesmente, divulgam e comentam informações retiradas do Diário Oficial...

(Soa a campainha.)

    O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) – ... e, agora, recentemente, também com a ANC, A Notícia do Ceará, que recebeu interpelação – acredite se quiser, brasileiro, você que paga os impostos para este Senado rodar – assinada por advogados do Senado, da Advocacia da União, com o objetivo de intimidar emissoras no Estado do Ceará. Essa turma não tem limite – infelizmente, não tem limite – para calar os opositores e até a imprensa que critica, e é papel da imprensa levar a informação.

    Encerro, Sr. Presidente, prestando, mais uma vez, a minha solidariedade aos milhões de brasileiros que sofrem com essa catástrofe.

    Subscrevi o PL 1.537, do Senador Ireneu Orth, que faz o remanejamento de R$2,2 bilhões do Fundo Eleitoral, assim como o...

(Soa a campainha.)

    O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) – ... PL 1.552, do Senador Cleitinho, que altera a Lei Eleitoral e a Lei dos Partidos Políticos, para que mais recursos sejam empregados em medidas efetivas para a reconstrução do Rio Grande do Sul.

    É um dever moral de todos nós aqui falar com as nossas Lideranças de partido para abrir mão desse vergonhoso Fundo Eleitoral, de pelo menos 50%, para mandar para o Rio Grande do Sul imediatamente. Sabe quanto é que representa isso? R$5 bi – cinco "b" de bola, "i" de índio –, R$5 bilhões. Se a metade fosse para o Rio Grande do Sul, já dava para reconstruir alguma coisa importante.

    Muito obrigado, Sr. Presidente. Que Deus abençoe esta nação.

    Muito obrigado pela tolerância e uma ótima semana a todos.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 22/05/2024 - Página 15