Discurso durante a 124ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Rejeição à PEC nº 3/2021, que amplia prerrogativas parlamentares, e ao Projeto de Lei nº 2162/2023, que concede anistia aos participantes dos atos de 8 de janeiro de 2023.

Necessidade de avanço legislativo em pautas como ampliação da isenção do Imposto de Renda, a redução da jornada de trabalho e a aprovação do Plano Nacional de Educação.

Autor
Teresa Leitão (PT - Partido dos Trabalhadores/PE)
Nome completo: Maria Teresa Leitão de Melo
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
Agentes Políticos, Poder Legislativo, Processo Penal:
  • Rejeição à PEC nº 3/2021, que amplia prerrogativas parlamentares, e ao Projeto de Lei nº 2162/2023, que concede anistia aos participantes dos atos de 8 de janeiro de 2023.
Desoneração Fiscal { Incentivo Fiscal , Isenção Fiscal , Imunidade Tributária }, Imposto de Renda (IR):
  • Necessidade de avanço legislativo em pautas como ampliação da isenção do Imposto de Renda, a redução da jornada de trabalho e a aprovação do Plano Nacional de Educação.
Publicação
Publicação no DSF de 24/09/2025 - Página 36
Assuntos
Administração Pública > Agentes Públicos > Agentes Políticos
Organização do Estado > Poder Legislativo
Jurídico > Processo > Processo Penal
Economia e Desenvolvimento > Tributos > Desoneração Fiscal { Incentivo Fiscal , Isenção Fiscal , Imunidade Tributária }
Economia e Desenvolvimento > Tributos > Imposto de Renda (IR)
Matérias referenciadas
Indexação
  • DISCURSO, REJEIÇÃO, PROPOSTA DE EMENDA A CONSTITUIÇÃO (PEC), ALTERAÇÃO, CONSTITUIÇÃO FEDERAL, LEGISLATIVO, CONGRESSO NACIONAL, SENADOR, DEPUTADO FEDERAL, FORO POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO, COMPETENCIA, SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (STF), JULGAMENTO, CRIME COMUM, CRITERIOS, IMUNIDADE PARLAMENTAR, PRISÃO, PROCESSO PENAL, NECESSIDADE, ASSENTIMENTO PREVIO, AUTORIZAÇÃO, SENADO, CAMARA DOS DEPUTADOS, DELIBERAÇÃO, VOTO SECRETO, MAIORIA ABSOLUTA.
  • DISCURSO, REJEIÇÃO, PROJETO DE LEI, CAMARA DOS DEPUTADOS, ANISTIA, PARTICIPANTE, MANIFESTAÇÃO COLETIVA, NATUREZA POLITICA, ATO, JANEIRO, DEPREDAÇÃO, PATRIMONIO PUBLICO, SEDE, PODERES CONSTITUCIONAIS, PRAÇA DOS TRES PODERES.
  • DEFESA, AMPLIAÇÃO, ISENÇÃO, IMPOSTO DE RENDA, EXTINÇÃO, JORNADA DE TRABALHO, APROVAÇÃO, PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO (PNE).
  • DISCURSO, PROJETO DE LEI, ALTERAÇÃO, LEI FEDERAL, TABELA, ALIQUOTA PROGRESSIVA, IMPOSTO DE RENDA, PESSOA FISICA, CRITERIOS, TRIBUTAÇÃO, ALTA RENDA, INCIDENCIA, RESIDENCIA, PAIS ESTRANGEIRO, HIPOTESE, RECEBIMENTO, DIVIDENDOS, LUCRO, ORIGEM, PESSOA JURIDICA, CRIAÇÃO, UNIÃO FEDERAL, AUMENTO, FUNDO DE PARTICIPAÇÃO DOS MUNICIPIOS (FPM), FUNDO DE PARTICIPAÇÃO DOS ESTADOS E DO DISTRITO FEDERAL (FPE), COMPENSAÇÃO, ESTADOS, DISTRITO FEDERAL (DF), MUNICIPIOS, REDUÇÃO.

    A SRA. TERESA LEITÃO (Bloco Parlamentar Pelo Brasil/PT - PE. Para discursar.) – Srs. e Sras. Senadoras presentes nesta sessão, boa tarde!

    Quero me congratular com o pronunciamento do Senador Chico Rodrigues. Hoje, na Comissão de Educação, fiz menção a esta questão. Certamente será um grande avanço para a educação do nosso país a aprovação do Sistema Nacional de Educação.

    Cumprimento todos aqueles que nos acompanham pelas transmissões da TV Senado e da Rádio Senado e pelas redes sociais.

    Venho ao Plenário desta Casa falar sobre as manifestações que tomaram conta das ruas do nosso país no domingo, em todas as capitais. Elas reforçam que o nosso país enterrou um ciclo de golpismo, com a condenação de Bolsonaro e seus aliados, e que não irá permitir que seja aberta uma ferida neste processo. Iniciamos um novo ciclo da resistência.

    Felizmente caberá a esta Casa assumir a responsabilidade de impedir que a PEC da blindagem avance.

    De pronto, quero parabenizar todos os Senadores e Senadoras que, já na semana passada, declararam serem contrários à medida, neste Plenário, sob o olhar atento do nosso Presidente, o Senador Davi Alcolumbre, e também cumprimentar o Presidente da Comissão de Constituição e Justiça, o Senador Otto Alencar, e o Relator da matéria, o Senador Alessandro Vieira, que já adiantaram publicamente que serão contrários ao mérito do projeto. Com isso, Presidente, o Senado assume o protagonismo necessário, e reforça a sua atuação perante a sociedade como um defensor sobretudo da nossa Constituição Federal e da democracia, e demonstra atenção em responder aos anseios do povo.

    A votação que se dará amanhã está legitimada pela sociedade. Todas as mobilizações ocorridas dão maior legitimidade à posição que este Senado tomará. Estamos falando de mulheres e homens que reconhecem que a decisão da Suprema Corte do Brasil de condenar indivíduos dispostos a uma tentativa de golpe militar representa um marco simbólico na história política do país e de toda a América Latina, de um povo que tem ciência de que testemunhamos algo muito importante, instituições fortes e independentes, que não se curvaram às chantagens internacionais e por isso foram capazes de defender a nossa democracia.

    O Judiciário brasileiro passou por uma prova decisiva de sua independência, mantendo-se firme diante de pressões tanto internas quanto externas.

     Como disse o Presidente Lula, hoje, pela manhã, durante o seu discurso histórico na abertura do debate de líderes da Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), abrem-se aspas: "Mesmo sob ataque sem precedentes, o Brasil optou por resistir e defender sua democracia, reconquistada há 40 anos pelo seu povo, depois de duas décadas de governos ditatoriais". Não queremos mais esse passado obscuro.

    Agora é a vez de o Congresso Nacional apontar que seguimos pelo mesmo caminho. Imbuídos de um sentimento de justiça e defesa da democracia, nós, Parlamentares, que também fomos às ruas e nos somamos aos milhares de brasileiros e brasileiras, temos o dever de barrar qualquer medida de retrocesso!

    A PEC da blindagem e a anistia representam não apenas um descompasso com os anseios populares, mas uma tentativa de criar privilégios inaceitáveis em uma sociedade que luta pela igualdade perante a lei.

    São iniciativas que afrontam diretamente o princípio republicano e o equilíbrio entre os Poderes, além de abrir brechas perigosas para a impunidade dos que atacam nossas instituições democráticas.

    Vivemos mais uma fase decisiva em que se decide se vamos aprofundar e aperfeiçoar o regime democrático com transparência, justiça e responsabilização ou se permitiremos que mudanças legais fortaleçam impunidades e privilégios políticos.

    Como disse, quando subi a este Plenário antes do julgamento de Bolsonaro, a democracia não é apenas um ideal, mas um conjunto de procedimentos e instituições que precisam ser respeitados para que funcionem. E, na regra do jogo, nenhuma delas é mais sagrada do que o voto, o voto popular, o voto democrático.

    O sentimento majoritário da população é de valorização da democracia, da soberania, do Estado democrático de direito e da responsabilização de quem atenta contra as instituições.

    A opinião pública, portanto, envia um recado claro ao Parlamento: a prioridade deve ser avançar em políticas que melhorem a vida das pessoas.

    Por essa razão, findado esse primeiro capítulo de busca por justiça e de fortalecimento da democracia, nós, Parlamentares, devemos agir de maneira diligente para seguirmos com análise e aprovação de matérias aguardadas pela população brasileira com forte expectativa.

    Temos uma extensa pauta de projetos de lei que colocam a agenda pública em compasso com os interesses da população. Destaco três deles: o projeto de lei que amplia a isenção do Imposto de Renda para todos os trabalhadores que recebem até R$5 mil, medida que representa um alívio concreto para milhões de famílias e fortalece o poder de compra da classe média e da classe trabalhadora – projeto semelhante a esse seria aprovado hoje, na CAE, projeto de autoria do Senador Eduardo Braga, relatado pelo Senador Renan Calheiros; Senador Cleitinho, infelizmente, houve pedido de vista, e esse projeto volta à pauta de amanhã –; as discussões sobre o fim da jornada 6x1, que provoca adoecimento físico e mental em milhares de trabalhadores e trabalhadoras – garantir condições mais justas de descanso e de convivência familiar é defender a vida, a família, a saúde e o futuro da nossa gente e evidentemente dar mais condições de produção no mundo do trabalho para o trabalhador e para a trabalhadora –; terceiro, a aprovação do Plano Nacional de Educação, o nosso PNE, que vem seguir o Sistema Nacional de Educação, que aprovaremos, muito em breve, aqui, no Plenário do Senado. O PNE está em discussão na Câmara dos Deputados. Na Comissão de Educação, já realizamos 12 audiências públicas. Ele está bastante instruído, bastante debatido com todos os segmentos da educação, e eu espero que nós, aqui no Senado, assim como a Câmara está fazendo, daremos certamente prioridade a esse projeto. O plano em vigor termina sua vigência, já prorrogada, em dezembro deste ano. Então, até dezembro, a aprovação do Plano Nacional de Educação é uma prioridade – uma prioridade –, Senadores, que vai definir a próxima década da educação brasileira, uma oportunidade de definirmos como serão os próximos dez anos da educação, o que vai influenciar a vida escolar desta e da próxima geração de estudantes, e ele se estenderá para os planos estaduais e para os planos municipais de educação.

    Concluir o julgamento daqueles que atentaram contra a democracia foi uma etapa essencial, mas inconclusa, precisando ser complementada pelos passos seguintes.

(Soa a campainha.)

    A SRA. TERESA LEITÃO (Bloco Parlamentar Pelo Brasil/PT - PE) – Agora cabe a nós reforçar os alicerces dessa democracia, entregando resultados concretos para a população, por meio de políticas fiscais mais justas, de novas regras para reduzir a jornada de trabalho e de um projeto educacional robusto e transformador.

    Muito obrigada, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 24/09/2025 - Página 36