Pronunciamento de Plínio Valério em 01/10/2025
Discurso durante a 131ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Preocupação com a ausência de amparo legal ao Pix, diante do aumento das fraudes e da estrutura limitada de fiscalização. Defesa da PEC nº 65/2023, relatada por S. Exa., que institui novo regime jurídico para o Banco Central do Brasil, conferindo-lhe autonomia plena. Defesa do Projeto de Lei nº 4144/2025, de autoria de S. Exa., que atribui ao Banco Central do Brasil a competência exclusiva e indelegável de operar e regular o arranjo de pagamentos Pix e sua infraestrutura operacional.
- Autor
- Plínio Valério (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
- Nome completo: Francisco Plínio Valério Tomaz
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
-
Administração Pública Indireta,
Sistema Financeiro Nacional:
- Preocupação com a ausência de amparo legal ao Pix, diante do aumento das fraudes e da estrutura limitada de fiscalização. Defesa da PEC nº 65/2023, relatada por S. Exa., que institui novo regime jurídico para o Banco Central do Brasil, conferindo-lhe autonomia plena. Defesa do Projeto de Lei nº 4144/2025, de autoria de S. Exa., que atribui ao Banco Central do Brasil a competência exclusiva e indelegável de operar e regular o arranjo de pagamentos Pix e sua infraestrutura operacional.
- Publicação
- Publicação no DSF de 02/10/2025 - Página 17
- Assuntos
- Administração Pública > Organização Administrativa > Administração Pública Indireta
- Economia e Desenvolvimento > Sistema Financeiro Nacional
- Matérias referenciadas
- Indexação
-
- DEFESA, APROVAÇÃO, PROPOSTA DE EMENDA A CONSTITUIÇÃO (PEC), ALTERAÇÃO, CONSTITUIÇÃO FEDERAL, DEFINIÇÃO, REGIME JURIDICO, BANCO CENTRAL DO BRASIL (BACEN), EMPRESA PUBLICA, PODER DE POLICIA, SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL, AUTONOMIA FINANCEIRA, FISCALIZAÇÃO, CONGRESSO NACIONAL, TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO (TCU).
- DEFESA, APROVAÇÃO, PROJETO DE LEI, CRIAÇÃO, LEI FEDERAL, COMPETENCIA PRIVATIVA, BANCO CENTRAL DO BRASIL (BACEN), OPERAÇÃO, REGULAMENTAÇÃO, INFRAESTRUTURA, PAGAMENTO, PIX, PRINCIPIO JURIDICO.
- PREOCUPAÇÃO, AUMENTO, FRAUDE, PIX, NECESSIDADE, AMPLIAÇÃO, QUANTIDADE, SERVIDOR, AUTONOMIA FINANCEIRA, BANCO CENTRAL DO BRASIL (BACEN), CRITICA, GOVERNO FEDERAL.
O SR. PLÍNIO VALÉRIO (Bloco Parlamentar Democracia/PSDB - AM. Para discursar.) – Obrigado, Senador, meu companheiro Chico Rodrigues.
Senadoras, Senadores, o assunto foi saúde, foi insegurança, foi investimento. O Senador Izalci acabou de sair daqui falando da falta de investimentos. E a gente vive nessa briga toda.
Tem um assunto que une o Brasil. Acho que o único assunto que une o Brasil hoje é o Pix. Eu queria falar sobre o Pix, como Relator da PEC que dá autonomia financeira e orçamentária ao Banco Central e como autor da PEC que deu autonomia operacional ao Banco Central. Eu queria falar um pouco do Pix, hoje, para que o brasileiro saiba que o Pix também corre perigo. Portanto, vou falar de insegurança, que não é a mesma insegurança causada pelos marginais, mas é uma insegurança real que ameaça todos nós. O Pix, hoje, é um patrimônio do Brasil.
Poucas iniciativas recentes na economia brasileira tiveram tanto êxito quanto o instrumento batizado como Pix. Temos, é verdade, a autonomia funcional do Banco Central, aprovada por este Congresso, que garantiu a estabilidade da moeda em um longo período de turbulência e que continua a cumprir esse importantíssimo papel. Se temos hoje uma inflação sob controle e um razoável grau de estabilidade de preços, isso se deve à autonomia operacional do Banco Central. De quebra, foi esse mesmo banco que criou o arranjo de pagamento que conhecemos sob o nome fantasia Pix.
A gratuidade para pessoas físicas e a possibilidade de acesso por múltiplas contas – contas de depósito à vista, contas de depósito de poupança e contas de pagamento pré-pagas – romperam barreiras históricas de acesso a meios de pagamentos eletrônicos e permitiram, por exemplo, que pequenos empreendedores, trabalhadores informais e beneficiários de programas sociais tivessem autonomia econômica, agilidade e segurança nas transações.
Vou falar aqui do Pix de hoje.
Olha só: inclusão... são 71,5 milhões de pessoas incluídas aqui e empresas. A eficiência é instantânea e ininterrupta, o custo é menor. Cento e oitenta e oito milhões de usuários, 80% da população e 95% das empresas participam e utilizam o Pix. Por mês, são movimentados 6,2 bilhões, chegando, no ano, a 2,6 trilhões. Mas o Pix está ameaçado. Sem o arcabouço adequado – e é aí que tem importância a autonomia financeira e orçamentária –, ele – ele, o Pix; olha como a gente se refere, de tão importante: ele, o Pix], fica cada vez mais fragilizado.
Meu amigo Senador Seif, incidentes acontecidos com o Pix aumentaram em 400% no ano passado – 19 fraudes confirmadas por minuto no ano passado, desvio de mais de 4 bilhões de janeiro a junho deste ano, menos de 9% dos valores são recuperados e, olha só, apenas 32 servidores para cuidar do Pix, para regular, supervisionar, operar, monitorar, aprimorar e combater a fraude.
Eu estou falando isso para mostrar a importância, Presidente Chico Rodrigues, da PEC. Eu estou com o relatório há dois anos. A gente conversou com todos os setores, com o Governo, conseguimos chegar a um consenso e, agora, na hora, meses atrás, na hora de votar na CCJ... Já foi quase votado algumas vezes, aí suspenderam para conversar. Aí o Governo aparece contra, achando, no que já tinha sido superado, que não pode ser uma empresa pública com atividade privada, tem que ser uma empresa pública só. Isso desmonta toda a PEC.
A gente está engatado, como diz o caboclo, nisso. A gente tem que superar essa divergência para que nós possamos aprovar logo, aprovar o Pix, porque é preciso registrar que ele foi instituído pelo Banco Central por meio de uma resolução, a BCB nº 1, de 12 de agosto de 2020. Isso significa que hoje o regime jurídico aplicado ao Pix encontra-se estabelecido em norma infralegal. Ela assegura seu pleno funcionamento, mas, por definição, permanece suscetível a alterações com relativa facilidade.
Só para dar um exemplo, se o Governo quiser aumentar seu faturamento, para não dizer sua gastança, basta alterar o normativo infralegal, bastará a canetada. A medida nem precisará passar pelo Congresso. O mesmo valeria para outras medidas que poderiam atingir o Pix, para elevar a receita, como negociar pacote de dados, etc.
É esse tipo de risco também que a gente está querendo impedir com essa PEC do meu amigo Senador Vanderlan.
É preciso que, neste momento... E eu digo que o Pix é o único assunto que une este país, porque todos os brasileiros concordam com ele, se utilizam dele... Nós poderíamos partir para uma pauta positiva, aprovando-o, colocando-o na CCJ. O meu amigo Senador Otto Alencar está com a maior boa vontade, está nos ajudando a transpor esse impasse.
Foi por isso, Seif, que eu coloquei no relatório, acrescentei no relatório um artigo que torna o Pix exclusivo do Banco Central, que proíbe o Banco Central de transferir a terceiros o Pix e que garante a gratuidade para o usuário do Pix pessoa física. Está no relatório. Esse artigo a gente colocou para garantir o Pix como brasileiro, sendo do Brasil e garantindo a você, que utiliza o Pix, que não vai pagar taxa. Está no relatório.
Isso foi superado, o Governo não discordou disso. A discordância se dá sobre se é empresa só pública ou se é empresa pública com atividade privada – como é o Banco Central. E por que privada? Para que ele possa ter acesso, possa ter dinheiro para investimento e contratar o pessoal. Tem que contratar pessoal para poder aumentar esse número: são 32, e hoje precisam de 80 para cuidar do Pix.
Aqui eu estou falando aos Senadores e às Senadoras para que nós possamos, sim, cuidar disso. Quando a gente ouvir falar em Pix, na CCJ, ajudar a gente a colocar em pauta e a transpor essa barreira. Todo mundo sai ganhando, como todos nós saímos ganhando quando a gente aprovou, o Congresso aprovou, nós aprovamos aqui a Lei de Autonomia do Banco Central, que era uma PEC de minha autoria, que deu autonomia operacional ao Banco Central.
Hoje, praticamente – eu mostrei aqui – todos os brasileiros, nós falamos aí de 95%, recorrem ao Pix, e muitos passaram a depender dele, do ponto de vista de sua administração financeira; todo mundo, até mesmo aqueles que estão na esquina pedindo ajuda, já o aceitam e estão lá no Pix. É nosso dever protegê-los daquilo que a mídia chama de "gatos gordos", tanto no mercado financeiro quanto na burocracia estatal.
O que está faltando para que a gente aprove, ou melhor, vote esse relatório? Bom senso! Que o Governo entenda, que o Governo possa entender que o Banco Central não pertence ao Governo. O Governo do PT age, Senador Fernando, como se fosse ficar eternamente mandando no Brasil, para ter o Banco Central sob o seu controle. Com aquela autonomia que foi dada pelo Congresso Nacional, já fugiu da alçada do Governo, quando o seu time de futebol perde, exonerar o Presidente do BC.
Eu falei desse assunto hoje para amenizar e para que nós possamos entender. A gente discute... Eu, ontem, aqui mesmo estava; amanhã, para a semana, estarei de novo falando dessas operações absurdas, promovidas, sobre os auspícios do Greenpeace, mas hoje é um assunto que nos une a todos, Senador Seif, é um assunto que diz respeito ao Brasil.
Se a gente der garantia ao Pix, ou seja... No relatório está esse artigo que eu coloquei, mas, por suspeitar que isto aqui vai demorar, eu já entrei com o projeto de lei. É o mesmo teor aqui; o projeto de lei é de minha autoria, retiro na hora que o relatório for aprovado. O que a gente quer é que o Pix, que é brasileiro...
(Soa a campainha.)
O SR. PLÍNIO VALÉRIO (Bloco Parlamentar Democracia/PSDB - AM) – ... que é uma inovação do Brasil, tentando ser copiado mundo afora, seja do Brasil! A gente precisa botar na lei que ele é do Banco Central, que não é do Governo e não é de qualquer um, é do Banco Central; colocar que o Banco Central não pode transferir a terceiros esse direito; e colocar também que você brasileiro, que você brasileira não pague taxa. Agora não pode mais: o Pix é nosso, e tem que respeitar os direitos adquiridos por todos nós.
Portanto, isto aqui é um apelo a cada Senador, é um apelo a cada Senadora para que nós possamos, Presidente Chico Rodrigues, votar o quanto antes.
Eu vou encerrar só falando aqui, repetindo os números; pode ser que alguém tenha chegado aqui na TV Senado e está ouvindo agora: no Pix são 188 milhões de usuários, 80% da população e 95% das empresas. Movimenta 6,2 bilhões de transações por mês...
(Soa a campainha.)
O SR. PLÍNIO VALÉRIO (Bloco Parlamentar Democracia/PSDB - AM) – ... mas, por outro lado, sofre 19 fraudes por minuto, como foi em 2024 – eu já encerro, Presidente –, um desvio de mais de 4 bilhões, e há apenas 32 servidores cuidando do Pix. Quando a gente diz isso, as pessoas se assustam, e é por isso que eu estou dizendo, é para assustar mesmo, para que nós possamos nos mobilizar e convencer o Governo de abrir mão só daquela palavra "atividade privada"; a gente só precisa deixar isso: empresa pública com atividade privada. O Governo quer que se tire "atividade privada". Se a gente deixar, vota-se esse relatório, e o Pix está garantido para todos nós brasileiros.
Obrigado, Presidente.