Pronunciamento de Mecias de Jesus em 10/11/2025
Discurso durante a 164ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal
- Autor
- Mecias de Jesus (REPUBLICANOS - REPUBLICANOS/RR)
- Nome completo: Antônio Mecias Pereira de Jesus
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
O SR. MECIAS DE JESUS (Bloco Parlamentar Aliança/REPUBLICANOS - RR. Para discursar.) – Muito bem, muito bem!
Obrigado, Presidente Paulo Paim, eu agradeço a V. Exa. por me permitir fazer este pronunciamento aqui da tribuna do Senado, enquanto V. Exa. preside esta sessão. Mas, Sr. Presidente, antes de iniciar a minha fala, eu quero cumprimentar todos os Senadores e Senadoras, cumprimentar todos os colaboradores desta Casa e todos que nos ouvem e nos assistem neste momento.
Senhoras e senhores, em 2022, o Governo Federal anunciou safra recorde com 288 milhões de toneladas. Em 2023, mais uma safra recorde com 324 milhões de toneladas, ganhou as manchetes em tom efusivo na comunicação do Governo Federal.
No ano passado, as condições climáticas desfavoráveis afetaram a nossa produção. Entretanto, atingimos a expressiva marca de quase 300 milhões de toneladas, resultado também contabilizado na propaganda do Governo Federal.
Agora, em 2025, a história se repete, com a produção recorde de grãos superando 350 milhões de toneladas e servindo novamente como plataforma para que o Governo Federal possa desfilar bons números.
Está claro que a agricultura brasileira, resultado do compromisso, do esforço e da dedicação de milhares de famílias que trabalham de sol a sol em atividades de micro, pequeno, médio e grande porte, tem apresentado números que o Governo Federal se apressa em capitalizar em seu discurso político-eleitoral. Quando lhe convém, o Governo Federal anuncia que o agro é pop, o agro é top, o agro é tudo, isso porque a agricultura brasileira colabora com o Brasil, mas, em troca, qual é a ajuda que o Governo Federal tem destinado ao setor? Nada, absolutamente nada. Nenhum apoio, nenhum incentivo, nenhuma ação de estímulo e reciprocidade. Muitas vezes, somos perseguidos e tratados como inimigos.
Um exemplo. O Presidente Lula vetou o Projeto de Lei 397, de 2024, que prorrogava por 48 meses as dívidas dos produtores de regiões afetadas por eventos climáticos extremos, como secas ou enchentes. É importante destacar que o projeto de minha autoria não isentava o produtor, apenas prorrogava o prazo para que o pagamento de dívida fosse efetuado. Ainda assim, o Presidente Lula vetou, mas faço questão, Presidente Paim, de dizer que V. Exa. votou favorável ao projeto de lei aqui no Senado Federal. E foi exatamente naquele momento, em que o Rio Grande do Sul chorava aquela tragédia, o Acre passava por um clima de enchente nunca visto, e Roraima passava pela maior seca dos últimos anos. E, infelizmente, o Presidente Lula vetou o nosso projeto, um posicionamento muito diferente da isenção que o Governo Federal deu de R$4 bilhões aos empresários e empreiteiros implicados na Operação Lava Jato.
O produtor rural é resiliente, sabe que a colheita não ocorre com o plantio. Por isso, ainda com todas as adversidades, cultivamos a fé e a esperança. Desse sentimento resultou a recente audiência pública sobre o Projeto de Lei 1.217, de 2025, de minha autoria, para discutir o crédito emergencial para produtores que tiveram o seguro rural negado.
Nos últimos dias, durante a realização da COP 30 na Amazônia, muito se falou sobre as dificuldades e prejuízos que os fenômenos de intempéries climáticas têm causados ao mundo. Não se pode ignorar que a garantia de condições favoráveis de alimentação e o combate à fome devem ser encarados como itens prioritários dentro dessa agenda.
Portanto, é não apenas desejável como necessário apoiar a produção agrícola do nosso país, já que somos o maior exportador em valor de grãos e diversos outros segmentos específicos no mundo.
Não estamos aqui pedindo favores ao Governo, apenas o apoio e o reconhecimento justo, para que um setor que produz, emprega, desenvolve e principalmente alimenta o Brasil possa combater a escassez de crédito e o alto custo da produção agrícola nacional, através de um mecanismo de apoio nos casos em que os produtores rurais tenham o seguro rural negado. É retribuir com segurança institucional e econômica a todo o esforço que esses mesmos produtores têm feito para continuar produzindo não só alimentos, mas também os números que o Governo Federal se orgulha em divulgar, mesmo quando pouco ou nada contribui com a efetivação.
Minha vida, Sr. Presidente, se iniciou no campo, então conheço e sinto de perto a realidade e o sentimento de quem, apesar de todas as adversidades, ainda insiste em semear um país melhor. É com esse compromisso que continuarei lutando pelos produtores do meu Estado de Roraima e de todo o Brasil hoje e sempre.
Presidente, antes de concluir, eu vejo os ambientalistas, as ONGs pregando no Brasil que nós, principalmente os amazônidas, somos os culpados pelos fenômenos climáticos causados no mundo. Agora, na COP 30, um geólogo cientista fez um desafio de mais de cinco minutos – depois eu trarei aqui para mostrar a todo o Brasil – claro, esse vídeo já está sendo divulgado em todo o Brasil, mas ouvi-lo é, sem dúvida nenhuma, verificar a verdadeira defesa de um amazônida e de um brasileiro em favor do Brasil.
O maior período, a maior seca, o maior fenômeno climático que já aconteceu no Brasil foi entre 1877 e 1879, foi a seca mais devastadora que ocorreu no Brasil. Morreram naquela época de 400 mil a 500 mil pessoas. Quem foi o culpado naquela época? Quem foi o culpado? Foi a Amazônia? Foram os brasileiros que hoje estão na Amazônia? Não, eu estou falando de 1877. Será que foram os brasileiros os culpados por essa seca devastadora que, de 1877 a 1879, ceifou a vida de mais de 400 mil pessoas? Certamente, não. Então, alguém está mentindo neste país, mentindo para os brasileiros. E com certeza não são os amazônidas; são aqueles que estão na folha de pagamento das ONGs, são aqueles falsos brasileiros que preferem ganhar um salário fácil dizendo que o povo amazônida é o culpado pelas catástrofes climáticas no Brasil.
Sr. Presidente, muito obrigado pela sua atenção e pela sua amizade pessoal.
O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco Parlamentar Pelo Brasil/PT - RS) – Cumprimento V. Exa., Senador Mecias de Jesus, que expressou a sua visão sobre o país.
Eu conheço mais o Rio Grande do Sul. No Rio Grande do Sul, em que eu coordenei uma Comissão de oito Senadores para acompanhar as enchentes, que têm a ver com a questão do clima. Nessa situação, eu pude constatar que nós conseguimos do Governo, via Presidente Lula, algo em torno de R$120 bilhões. Lembro eu que R$6,5 bilhões foram só para os diques, que ainda não foram implementados, mas o dinheiro está no banco. Esse R$6,5 bilhões já viraram quase R$12 bilhões, que estão lá no estado.
Também, eu acabei sendo Relator, e V. Exa., inclusive, votou comigo, para que o Rio Grande do Sul, nessa situação em que ficou, não pagasse a dívida que ele tem com o Brasil. Nesse sentido, o não pagamento por três anos da dívida externa, devido às enchentes – eu fui Relator da MP, inclusive, aqui, no Plenário, em que aprovamos por ampla maioria –, resultou só ali em uma economia de R$20 bilhões para o Estado do Rio Grande do Sul, que não pagaria a dívida nesse período.
Claro que eu gostaria de que todos que tivessem dívida com a União fossem anistiados, mas sabíamos que, naquele momento, se fôssemos anistiar para um, teríamos que dar anistia para todos. Inclusive, já agradeço, como fez também V. Exa., porque os Senadores e as Senadoras garantiram, pelo menos por três anos, que a gente não pague a dívida. Bom, vai renegociar lá na frente? Poderá até acontecer isso, mas, com o mesmo carinho que eu falo do Rio Grande do Sul, eu quero falar das chuvas que aconteceram nessa semana em parte do Rio Grande do Sul, parte da Argentina e, principalmente, no Paraná, que teve cidades que foram totalmente destruídas.
O Governo mandou já uma comitiva de Ministros, liderados pela Ministra Gleisi Hoffmann, para que estivesse lá e desse toda a assistência possível que dá para fazer neste momento de tanta tristeza. Se não me engano, morreram seis pessoas.
Então, fica aqui – tenho certeza que do Senador Mecias também – a nossa solidariedade total com o Paraná e também claro, com Santa Catarina e o Rio Grande do Sul.
Senador Mecias, com a palavra.
O SR. MECIAS DE JESUS (Bloco Parlamentar Aliança/REPUBLICANOS - RR) – Sr. Presidente, quero agradecer a V. Exa. e me juntar a V. Exa. nos sentimentos e na solidariedade ao povo do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina e do Paraná. Realmente, é um momento triste em que, logicamente, todos nós nos colocamos e nos solidarizamos com toda a população desses três estados.
Mas eu quero fazer uma correção aqui, Presidente: quando os alunos do Instituto Federal de Rondônia estavam aqui, eu terminei dizendo que era a terra do Senador Alan Rick. A terra do Senador Alan Rick é o Estado do Acre. O Senador Alan Rick representa muito bem o Brasil e o Estado do Acre aqui, no Senado Federal. É só para fazer essa correção.
O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco Parlamentar Pelo Brasil/PT - RS. Fora do microfone.) – Foi uma boa lembrança.
O SR. MECIAS DE JESUS (Bloco Parlamentar Aliança/REPUBLICANOS - RR) – Sim.
O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco Parlamentar Pelo Brasil/PT - RS) – Não deixou de homenageá-lo.
O SR. MECIAS DE JESUS (Bloco Parlamentar Aliança/REPUBLICANOS - RR) – Além de homenageá-lo, também homenageio o Estado de Rondônia.