Pronunciamento de Ana Amélia em 27/05/2013
Pela Liderança durante a 81ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal
Manifestação de pesar pelo falecimento dos Srs. Ruy Mesquita e Roberto Civita; e outro assunto.
- Autor
- Ana Amélia (PP - Progressistas/RS)
- Nome completo: Ana Amélia de Lemos
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Pela Liderança
- Resumo por assunto
-
HOMENAGEM.:
- Manifestação de pesar pelo falecimento dos Srs. Ruy Mesquita e Roberto Civita; e outro assunto.
- Aparteantes
- Aloysio Nunes Ferreira, Casildo Maldaner.
- Publicação
- Publicação no DSF de 28/05/2013 - Página 30548
- Assunto
- Outros > HOMENAGEM.
- Indexação
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- REGISTRO, VOTO DE PESAR, MORTE, EMPRESARIO, PAIS ESTRANGEIRO, ITALIA, ELOGIO, ATUAÇÃO, JORNALISTA, PAIS.
A SRª ANA AMÉLIA (Bloco/PP - RS. Pela Liderança. Com revisão da oradora.) - Caro Presidente Mozarildo Cavalcanti, Srªs e Srs. Senadores, como jornalista, durante quatro décadas, tenho ainda um compromisso maior de destacar que, nessas últimas semanas, o Brasil perdeu dois grandes líderes da mídia brasileira: Ruy Mesquita, de O Estado de S. Paulo, uma instituição respeitada no País e fora das nossas fronteiras; e, agora, o presidente do Conselho de Administração do Grupo Abril, Roberto Civita, que nasceu em Milão, na Itália, filho de Victor Civita, visionário e fundador do Grupo Abril, um dos maiores conglomerados de mídia e educação da América Latina.
Como já fizeram referência os Senadores Aloysio Nunes Ferreira e Alvaro Dias, é preciso destacar que Roberto Civita estava internado, desde fevereiro, no Hospital Sírio-Libanês; faleceu, na noite de ontem, por falência de órgãos e está sendo velado, hoje, em Itapecerica da Serra, na Grande São Paulo.
Outro importante jornalista, como eu referi há pouco, Ruy Mesquita, de O Estado de S. Paulo - um dos veículos de comunicação mais sérios e respeitados do País -, também nos deixou na semana passada. Aos 88 anos, o incansável diretor também teve papel relevante nos principais momentos da história contemporânea do nosso País.
Cabe ressaltar também a capacidade gerencial de Roberto Civita, responsável pela editora que publica sete das 10 revistas mais lidas no Brasil, entre as quais Veja, a segunda maior revista semanal do Planeta, com mais de um milhão de exemplares por semana, e a revista Exame, uma referência para empreendedores brasileiros, políticos e também empreendedores internacionais.
Mais de 9,5 mil funcionários trabalham no Grupo em negócios espalhados nas seguintes áreas: revistas, TV segmentada, educação, distribuição e logística, mídias digitais em elevadores e treinamento para concursos públicos.
A holding publica 52 revistas para 4 milhões e 700 mil assinantes e cuida de mais de 80 sites, acessados por 59 milhões de internautas.
Além dos benefícios econômicos para o País, o empresário e editor sempre apoiou uma causa que julgo essencial para o fortalecimento da democracia e o desenvolvimento de qualquer nação: a liberdade de expressão, o livre acesso às informações e o ato independente de fazer comunicação.
Quando a Veja foi criada, o Brasil vivia uma ditadura. A primeira censura à revista ocorreu quando o então presidente Arthur da Costa e Silva fechou o Congresso Nacional e promulgou o Ato Institucional nº 5, o AI-5. Naquela época, um censor foi mandado à redação para verificar que não haveria críticas à medida nas publicações da revista. Quando perguntaram o que apareceria escrito na capa daquela semana, Civita respondeu simplesmente: "Nada".
Com muito prazer, concedo o aparte ao Senador Aloysio Nunes Ferreira.
O Sr. Aloysio Nunes Ferreira (Bloco/PSDB - SP) - Apenas uma observação, Senadora Ana Amélia. Quando se vai do Salão Verde até o corredor das Comissões da Câmara, há lá uma exposição de fotografias, fatos marcantes da política brasileira, e, nesse corredor, é exibida uma foto que ficou célebre, uma foto do Presidente Costa e Silva, sentado, solitário, no plenário da Câmara, que ele acabara de fechar. Essa foto foi publicada pela revista Veja e desencadeou uma série de represálias por parte da censura, em relação a esse órgão de imprensa. Apenas uma pequena observação nesse discurso tão bonito de V. Exª.
A SRª ANA AMÉLIA (Bloco/PP - RS) - Senador Aloysio, isso ilustra muito bem o compromisso que a família Civita - Vitor e Roberto - teve, e continua tendo, com a liberdade e com os princípios éticos que devem prevalecer num País sério, num País respeitado, aqui e fora daqui da nossa fronteira. Então não é diferente o comportamento do grupo, lá naquele momento do regime fechado, quanto agora, com plena democracia, ir buscar a fundo e verificar os desmandos e as coisas ruins que acontecem no País, os malfeitos, como definem a nossa Presidente Dilma Rousseff.
Pois, diante da informação, o censor autorizou a circulação da revista. A capa saiu sem qualquer palavra, com uma foto do Presidente Costa e Silva, sentado em uma das cadeiras do Congresso vazio - como já definiu V. Exª - quando o Exército mandou apreender todos os exemplares da revista. Foram vários anos de informações sendo submetidas à censura prévia, que somente seria suspensa em 1976, dois anos após o meu ingresso, como jornalista, no Jornal do Comércio de Porto Alegre, que completou 80 anos na última sexta-feira.
Aliás, Ruy Mesquita, que faleceu há poucos dias também, diante da censura, costumava publicar Os Lusíadas ou receitas culinárias. Ali era identificado que naquele espaço houve censura pelo governo da época.
Nos 80 anos do Jornal do Comércio, em que trabalhei sete anos, no início da minha carreira, a empresa anuncia também, reafirma os seus compromissos com a verdade, com a seriedade e com a credibilidade. Tive a honra de participar das comemorações, na sexta-feira, na sede da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul, do aniversário desse importante veículo do meu Estado, fundado em 25 de maio de 1933 por Jenor Cardoso Jarros e Zaida Jayme Jarros.
O Jornal do Comércio de Porto Alegre comemorou 80 anos no sábado, coincidentemente no mesmo dia em que se comemora o Dia da Indústria. Na ocasião, tive a notícia, pelo presidente do jornal, Mércio Tumelero, de que uma nova sede será construída na Avenida Pernambuco, em Porto Alegre, com uma área de 6 mil metros quadrados. É a evolução que está acontecendo nesse veículo tão importante, o Jornal do Comércio, que fez uma inovação. Quando cheguei ali, Senador Casildo Maldaner, as rotativas eram de chumbo, pesadas, o linotipo tinha de montar as letrinhas, e hoje estamos com uma redação, no Jornal do Comércio, inteiramente informatizada, e o jornal, que era em preto e branco, hoje sai em cores.
Com prazer, concedo um aparte ao Senador Casildo Maldaner.
O Sr. Casildo Maldaner (Bloco/PMDB - SC) - Eu já havia escutado, Senadora Ana Amélia, o Senador Aloysio Nunes e também as referências do Senador Alvaro Dias em relação ao ocorrido com o Roberto Civita. Nada melhor do que V. Exª, até pela sua experiência, 40 anos de luta nesse ramo, como grande jornalista.
(Soa a campainha.)
O Sr. Casildo Maldaner (Bloco/PMDB - SC) - Nós, catarinenses, queremos nos associar a V. Exª, que veio do Rio Grande do Sul, está há muitos anos em Brasília, é conhecida no Brasil inteiro nessa área, para nos somarmos ao seu pronunciamento, no que diz respeito ao Roberto Civita e à sua família, inclusive do Ruy Mesquita, do jornal O Estado de S. Paulo. Quero me somar à manifestação que V. Exª faz da tribuna, que, sem dúvida alguma, agrega um grande significado em prol dessas duas personalidades.
A SRª ANA AMÉLIA (Bloco/PP -- RS) - Muito obrigada, Senador Casildo Maldaner. Eu queria que os dois apartes também fossem inseridos neste meu pronunciamento.
Em uma das últimas entrevistas, quando o empresário Roberto Civita completou 50 anos à frente do Grupo Abril, ele citou o escritor brasileiro, jurista e político que está aqui, nesta parede, Rui Barbosa sobre a importância e a necessidade da imprensa, qualificando a atividade como "vista da Nação".
Disse ele, repetindo Rui Barbosa:
“Através dela, a Nação acompanha o que se passa ao perto e ao longe, enxerga o que lhe malfazem, devassa o que lhe ocultam e tramam, colhe o que lhe sonegam ou roubam, percebe onde lhe alvejam ou nodoam, mede o que lhe cerceiam ou destroem, vela pelo que lhe interessa e se acautela do que a ameaça.”
É suficientemente forte e dispensa qualquer comentário adicional.
Quando perguntado sobre a fórmula mágica para o sucesso, Roberto Civita afirmava que a leitura é a receita mais simples para o conhecimento, a atualização permanente, o acesso ao mundo das ideias e a compreensão da sabedoria.
Ele era a favor da leitura constante de tudo: folhetins, panfletos, livros, jornais, revistas, fichas de receitas, anúncios, embalagens, bulas de remédio, enciclopédias, dicionários, quadrinhos, discursos e cartas de amor. Na avaliação do empresário, o hábito, mantido por no mínimo 23 anos consecutivos, funciona como um passaporte para o desenvolvimento - tanto quanto a educação, eu acrescento.
Portanto, faço meu voto de pesar pela morte de tão importante biografia para a liberdade de expressão no Brasil, lembrada hoje pelos principais jornais brasileiros.
A propósito disso, gostaria de dizer que nós vamos ter em Porto Alegre um evento muito importante: a Feira do Livro.
(Soa a campainha.)
A SRª ANA AMÉLIA (Bloco/PP - RS) - E já que Roberto Civita fez tanta referência e valorizou tanto a leitura, de 1º a 17 de novembro nós teremos a 59ª Feira do Livro de Porto Alegre.
Mais de 1,5 milhão de pessoas devem visitar a feira, como falou há pouco o Senador Paulo Paim. A estimativa é do presidente da feira deste ano, Osvaldo Santucci Junior, que esteve, na semana passada, aqui, no Senado, fazendo o convite aos Senadores do Rio Grande do Sul e aos demais Senadores, junto com o ex- presidente da feira Waldir Silveira.
É o evento mais antigo do gênero realizado no País e um dos três mais importantes, o maior promovido ao ar livre no continente americano.
Queria dizer que, no ano passado, estive lá, na Feira do Livro, para o lançamento da revista Em Discussão, editada pelo Senado Federal, que trouxe reportagem sobre todo o trabalho, feito pela Comissão de Assuntos Sociais, sobre os graves acidentes envolvendo motocicletas.
Como se trata de informação e de leitura, faço questão de fazer esse registro, Sr. Presidente. (Interrupção do som.)
Eu queria, por fim, dizer que, em (Fora do microfone.) homenagem a esses dois grandes brasileiros, Ruy Mesquita e Roberto Civita, e nós todos, leitores, telespectadores, ouvintes de rádio estamos aguardando também uma palavra muito importante do Presidente da Caixa Econômica Federal para os esclarecimentos necessários ao que aconteceu neste final de semana. A Caixa é uma das instituições mais antigas do Brasil, mais importantes, de maior credibilidade, administra um programa que é, eu diria, a menina dos olhos, há dez anos, do Governo - foi do Presidente Lula e, agora, da Presidente Dilma. Não tenho dúvida do interesse do Governo em fazer apuração muito acurada, muito séria a respeito das denúncias do uso de boatos para prejudicar o Bolsa Família. Mas foi muito complicada a posição (...)
(Soa a campainha.)
A SRª ANA AMÉLIA (Bloco/PP - RS) - (...) divergente tomada pela instituição financeira em relação à liberação dos recursos.
Então, eu espero e desejo que a Caixa Econômica Federal preste essas informações, e, por isso, eu faço referência, junto com esse pronunciamento, porque falei sobre dois veículos que têm compromisso com a verdade, com a apuração dos fatos. Isso é muito importante para o conhecimento de todos os brasileiros.
Muito obrigada, Sr. Presidente.