Discurso durante a 217ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Discurso de despedida do Senado Federal, ocasião em que faz uma retrospectiva de sua trajetória política e agradece a todos os parlamentares e servidores pela convivência ao longo de oito anos de trabalho na Casa.

Autor
Mão Santa (PSC - Partido Social Cristão/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ATUAÇÃO PARLAMENTAR.:
  • Discurso de despedida do Senado Federal, ocasião em que faz uma retrospectiva de sua trajetória política e agradece a todos os parlamentares e servidores pela convivência ao longo de oito anos de trabalho na Casa.
Aparteantes
Adelmir Santana, Alfredo Cotait Neto, Alvaro Dias, Antonio Carlos Júnior, Antonio Carlos Valadares, Augusto Botelho, Efraim Morais, Francisco Dornelles, Geraldo Mesquita Júnior, Heráclito Fortes, Magno Malta, Marco Maciel, Mozarildo Cavalcanti, Neuto de Conto, Papaléo Paes, Roberto Cavalcanti, Valdir Raupp.
Publicação
Publicação no DSF de 23/12/2010 - Página 60645
Assunto
Outros > ATUAÇÃO PARLAMENTAR.
Indexação
  • DESPEDIDA, MANDATO PARLAMENTAR, SENADO, HONRA, OPORTUNIDADE, BUSCA, SOLUÇÃO, PROBLEMAS BRASILEIROS, ESPECIFICAÇÃO, EXERCICIO, OPOSIÇÃO, GOVERNO FEDERAL, VALORIZAÇÃO, ESTADO DO PIAUI (PI), BALANÇO, ATUAÇÃO PARLAMENTAR.
  • HOMENAGEM POSTUMA, SENADOR, MORTE, PERIODO, MANDATO, ORADOR.
  • AGRADECIMENTO, APOIO, SENADOR, SERVIDOR, GABINETE, SECRETARIA, MESA DIRETORA, FAMILIA.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senador Mozarildo Cavalcanti, que preside esta sessão de 22 de dezembro, do Senado da República, Parlamentares na Casa, brasileiras e brasileiros aqui presentes no plenário do Senado da República e aqueles que nos acompanham pelo sistema de comunicação do Senado.

            Senador Mozarildo Cavalcanti, é uma formalidade o que está acontecendo aqui: os Senadores apresentarem suas despedidas.

            Senador Roberto Cavalcanti, eu tenho 68 anos de idade. Desse negócio de despedida eu nunca gostei não. Mas, nestes 68 anos eu fui um bocado de coisas, Acir Gurgacz. Uma das passagens da minha vida que mais me emocionou - com ela gastei a minha mocidade buscando ciência para a consciência e, com a consciência, servir à minha gente, à minha cidade de Parnaíba e ao meu Estado do Piauí - foi quando fiz residência, pós-graduado em cirurgia geral. Olha, foi uma época tão feliz e de entrega total em busca da ciência que eu, Alfredo Cotait, num momento como aquele, fugi sem me despedir. É um ambiente tão bom o de residência médica, os professores são como pais, os colegas residentes como irmãos.

            Eu não me despedi porque choraria - a gente só faz de conta que é do Piauí que é machão, mas não. Somos humanos. Imaginem o sujeito sair lá do Piauí, do interior, se formar, e os grandes luminares pegarem a sua mão e lhe ensinar a operar. Então, eu fugi, está ouvindo, porque eu acho que choraria na despedida. Lembro-me de uma pessoa chamada Fishermann. Ele era muito rico. Casou - ele era judeu - com a filha da Lutz Ferrando, que era um poderio naquela época. Mas, ele foi tão bom, tão bom, que não dava para despedir. Os superiores todos...

            Aqui é uma passagem mais ou menos como aquela. Lembro-me de quando adentramos aqui, Tasso Jereissati e eu, que somos do Nordeste, que fomos mais executivos; ele, um empresário vitorioso, por três vezes governou o Estado do Ceará; eu, um médico cirurgião, Secretário de Saúde, fui Prefeito, fui Governador duas vezes, então, vínhamos à primeira reunião, passando por aquele túnel Petrônio Portella, cujo nome é de um piauiense, que foi Senador desta Casa. O Tasso, disse: “Mão Santa, o que é que você está achando disso? - está ouvindo Acir Gurgacz? Primeira reunião há oito anos. Eu disse: “Tasso, eu estou como se gente estivesse aqui fazendo uma pós-graduação, um estudo dos problemas do Brasil”. Acabamos de sair da Comissão de Assuntos Econômicos - chamada, votação, presidente -, e agora está buzinando ali o diretor da faculdade, que era o Presidente Sarney. Aí ele riu e disse: “Sabe que é mesmo?” Então, quero dizer que a passagem aqui me sensibilizou, como a minha em que me tornei cirurgião. É uma formação. Então, aqui nós nos dedicamos e nos entregamos a discutir e ouvir, como um pós-graduado em problemas do Brasil. Eu, como todos que passaram aqui nesses 184 anos, saio engrandecido. É uma universidade do patriotismo e tudo. Esta é a minha dedução.

            Não gosto de discurso escrito, sou totalmente contra. Chego até a ensinar para quem o faz que deixe de fazer. Eu vou dizer por quê. Eu pensava que era implicação minha, mas outro dia eu andava em Buenos Aires e encontrei um livro sobre como falar em público. Geraldo Mesquita, a pessoa era médico, pediatra, e tem uma universidade de oratória. Aí eu comprei o livro. Ele começou a ser professor quando esteve diante de médicos residentes que sabiam a ciência, mas não sabiam se expressar. Então pediram a ele, que era professor de pediatria, que ensinasse comunicação. Assim, ele ensinou uma, duas e hoje tem uma universidade em Buenos Aires. Eu comprei o livro. Ele diz isto: olha, eu escuto, escrito, significa que o povo está vendo, mas pode não estar entendendo a coisa que eu estou. Eu comprei o livro e dei para o Garibaldi. Olha que o Garibaldi melhorou, melhorou. Ele não devolveu o meu livro, mas é assim mesmo. Eu sabia. É meu vizinho, eu o adoro. Só estou contando o fato.

            Mas eu fiz - há momentos em que é necessário - um para entrar aqui. O primeiro foi escrito. E esse aqui também eu andei escrevendo. E a minha Adalgisa pegou as coisas interessantes que já havia escrito a mão lá no Piauí. Quer dizer, ela trouxe o primeiro e vai unir com esse. Então, eu escrevi umas coisas só por formalidade. Escolhi este momento porque há menos gente ao final. Não sou tão macho como está aparecendo aí ao Brasil: “Esse foi um tribuno, um Carlos Lacerda”. Não. Estamos aqui, saímos, saímos como compreendemos a história, como Joaquim Nabuco, o mais glorioso parlamentar, que fez a história. Ele teve que sair, perdeu as eleições, teve que sair do País, tal era a pressão e a oposição contra ele. Ele se tornou grande como abolicionista quando esteve em Londres, no Chile, Portugal e Espanha, mas aqui ele teve que sair do País, do Recife. Não encontrou mais emprego. Na banca de advocacia, o círculo não o procurava.

            E Gilberto Freyre. Recentemente, o Paulo Brossard. Quem mais fez, quem mais se engrandeceu e engrandeceu do que Paulo Brossard? E Rui Barbosa ali - perdeu, perdeu, mas está lá em cima e nós todos aqui embaixo. A gente não pode perder a vergonha e a dignidade.

            Então, escrevi e serei breve. Escolhi esta data. Quis Deus que estivesse presidindo a sessão um colega que é muito significativo para mim, porque temos em comum o amor à ciência médica, fazendo dela a mais humana das ciências e nos tornando benfeitores da humanidade ao entrarmos na política nesta cidade, neste monumento produzido por outro médico, Juscelino Kubitscheck.

            Juscelino mostra o que é a política. Bem aqui foi arrancado do seu mandato pela política, pelo poder. Então, essa é a vida. Mas, ô Mozarildo, ele disse uma frase que me marcou: “É melhor sermos otimistas...” Roberto Cavalcanti, é melhor sermos otimistas; o otimista pode errar, mas o pessimista já nasce errado e continua errando.

            Todo mundo sabe, oito anos de luta, conquistas, sofrimentos, acertos, erros, mas amor ao Brasil, ao povo do Brasil e à democracia. Ninguém tem dúvida disso tudo. E não iria. Milhares, milhares, milhares de e-mails; milhares, milhares, milhares de fotografias neste Brasil; milhares e milhares de palmas eu recebi por onde andei.

            Agora, sexta-feira, cheguei com a Adalgisa, vieram tirar retrato, um monte de gente no aeroporto. Disseram: “Olha, tem um cantor que chegou, mas estão tirando retrato é com o Mão Santa”. Agora, lá no Piauí.

            Então, aqui quero dizer: Deus, eu só acredito em Deus. Agora, meu Presidente, Luiz Inácio, eu não faço oposição a Deus. A Vossa Excelência eu fiz oposição, como Rui Barbosa fez oposição ao Marechal Deodoro, o Marechal de Ferro. Ele fez e está aí reconhecido. Então, eu fiz. Eu votei até no Luiz Inácio em 94, mas fiz. Fiz não por ódio ou rancor, eu não carrego isso. Deus me poupou disso, eu poderia até chamar ódio. Sou temperamental, tenho muitos defeitos, mas a Deus eu não faria oposição Luiz Inácio, a Vossa Excelência eu fiz. Vossa Excelência teve acertos, mas teve muitos erros. Eu só apontei os erros, eu tenho os meus, não é?

            Mas a Deus não, eu não faço a Deus, porque eu acredito. Ele me deu a vida, me deu tudo e eu não posso, porque o que me traz aqui é o amor. Ele me entregou uma mulher. A mais perfeita obra de Deus, Geraldo Mesquita, foi a minha mulher, a Adalgisa. Então, eu não vou fazer oposição a Deus, porque Ele me deu esse presente de construir família, amigos e tal.

            Deus, agradeço por este dia aqui que finda o meu mandato de Senador da República representando o grandioso Estado do Piauí. Piauí, terra querida, filha do sol do Equador, pertencem-te nossos sonhos, nosso amor e nossa vida. Na luta o teu filho é o primeiro que chega. Foi assim que eu fiz, eu lutei, eu sou do Piauí. Sei que ainda não realizei tudo que esperas de mim, meu Deus. Deus botou aqui para a gente continuar a obra Dele. Estou preparado para fazer que te orgulhes de mim, meu Deus. Esquecerei o dia de ontem com todas as suas provações e atribulações, provocações e retrocessos, iras e frustrações.

            O passado, Acir Gurgacz, já é um sonho de que não posso recuperar uma única palavra nem apagar qualquer ato. Quem sabe, o sonho é seu, eu não posso apagar. Isso não é ódio nunca, como Sua Excelência o Presidente foi ao Piauí vangloriar-se de que Deus tinha se vingado. Não foi. Foi um ato de corrupção na eleição mais corrupta da história do mundo, botou os agentes e tiraram mesmo. Não foi Deus não. Eu amo a Deus, eu agradeço a Deus a vida, a minha mulher, as famílias, os amigos, ter nascido e estar aqui, não foi Luiz. O Deus dele não é o meu Deus. Isso pode sim, mas o meu Deus é amor. Amor é vida. Esse é o meu entendimento.

            O passado já é um sonho do qual não posso recuperar uma única palavra nem apagar qualquer ato. Não me angustiarei com o futuro. Aprendi no colo da minha mãe a canção do Tamoio.

Não chores, meu filho;

Não chores, que a vida

É luta renhida: Viver é lutar.

A vida é combate

Que os fracos abate,

Que os fortes, os bravos,

Só podem exaltar.

            O nosso Jesus disse: não vos inquieteis com o amanhã. Apreciarei este dia porque é tudo que eu tenho, este dia que Deus me deu. E Deus me dá.

            Viverei como todos os bons atores quando estão no palco desempenhando um papel da melhor maneira possível. Assim foi a minha vida, está aí, eu quero CPI, como um menino travesso do Piauí, como um estudante, como um médico, como um cirurgião que recebeu um aposto..

Não sou o Mão Santa, são mãos humanas, guiadas por Deus, que salvam um aqui e acolá.

            Assumirei as tarefas difíceis, arregaçarei as mangas e enfrentarei o mundo político com energia e determinação. Não fugirei de qualquer perigo que possa encontrar, porque estou certo de que nada me acontecerá que eu não esteja preparado para enfrentar, pois contarei sempre com a ajuda do meu Deus.

            Na adversidade de hoje, a certeza de que, quando se fecha uma porta, sempre se abre outra. Darei a meus inimigos a dádiva do perdão - nós vimos o nosso Jesus dizer: “Pai, perdoai-lhes, porque não sabem o que fazem”; rezo o Pai-Nosso -, a meus adversários, a tolerância; a meus amigos, um sorriso; a meus filhos, um exemplo; e a todos, amor incondicional.

            Saio daqui convencido de que nada grandioso jamais foi alcançado sem entusiasmo. Para fazer qualquer coisa que valha a pena, não devo recuar, e sim avançar, com toda a energia de que sou capaz.

            Saio daqui com a certeza de que a única coisa que possuo mais valiosa do que a vida é a honra, Geraldo Mesquita.

            Saudades é o amor que fica. O Geraldo Mesquita está ali. Aí eu vi um grande homem, lá do Piauí, com quem V. Exª tem afinidade: Francisco das Chagas Caldas Rodrigues. Foi Senador do Piauí.

            O Piauí teve grandiosos Senadores da República. Teve um que tombou aqui - por isso que eu discurso aqui -, em seu primeiro discurso: Dirceu Mendes Arcoverde, meu amigo, médico cirurgião. Votei nele, e fui Deputado Estadual com ele. No primeiro discurso. Por isso é que eu discursei sempre nesta tribuna. Dirceu Mendes.

            Chagas Rodrigues. Um dia, eu perguntei a Chagas - eu governei o Piauí, tive o apoio dele, ele não se reelegeu - por que ele não vinha aqui, e ele disse - talvez ele tivesse esse sentimento meu; a mulher dele era minha prima, Maria do Carmo - que gostava tanto que ele podia chorar. Eu talvez seja outro Chagas. Sou Francisco, sou do Piauí.

            Então, essa saudade é o amor que fica. E todos, todos brilhantes. Os vivos estão aí. Vamos nos encontrar, vamos ser guiados por Deus. Mas, então, fui buscar aqueles que nós vimos aqui passar. Fala-se mal de político. Não saio daqui com esse conceito. O Senado me ensina que aqui estão os melhores homens, Geraldo Mesquita, e provarei.

            José Nery, interessante! Eu vi, não quero ver tão cedo esta cena, mas eu vi aqui alguns companheiros morrerem. Interessante! Olha, eu vi Antonio Carlos Magalhães, o Sr. Coragem. Olha, como choraram Brasília, a Bahia, o Brasil. Hoje mesmo, estivemos aqui - eu estive -, na Mesa Diretora do Congresso, assinando uma emenda constitucional que prolonga, para até quando acabar a pobreza, o fundo da pobreza. Aquele homem coragem! É, eu vi a Bahia chorar.

            Eu vi o Jonas Pinheiro. Deus foi tão bom para mim que o colocou na minha frente, como guia, o Sr. Humildade. A humildade une os homens, como disse Lacordaire. Nós fomos ao seu enterro, e eu vi o povo lá do seu Mato Grosso, da sua cidadezinha, lá na capital, chorar. Até o céu chorou! Chovia, e o povo a cantar as saudades do Senador Jonas Pinheiro. Eu vi.

            A Canção do Tamoio diz: “Meninos, eu vi”. Eu digo: eu vi Ramez Tebet. Desse eu tinha até um retrato dele: eu, ele e Adalgiza. Ramez Tebet. Que ensinamento! Interessante! Interessante que eu fui médico, Adelmir Santana, laureado até - isto é bondade dos pobres - Mão Santa. Mas meus clientes mais importantes, Geraldo Mesquita, foram nesse hiato em que me afastei da Medicina.

            Mário Covas - eu era Governador e ele, Governador -, ô homem de dignidade e grandeza! Ele tinha um câncer, e ele ia conversar comigo nos encontros de governadores. Olha, Geraldo, do que ele gostava mais era de comer pastel. Eu comia alguns para acompanhar. O maior prazer dele. Era um banquete. E ele, com câncer, me contava, e o que eu tinha que fazer? Otimizar, ser otimista: “Não, você está engordando, está com apetite, vai ficar bom”. Eu fui médico.

            E assim foi com Ramez Tebet: além da amizade. Ele foi Ministro, eu, Governador. Ele foi ao Piauí. Terminamos dezenas de obras de açudes, que ainda hoje matam a sede. Traduzindo o respeito e a gratidão do povo do Piauí, eu coloquei em Ramez Tebet, em seu peito, a maior comenda: a Grã-Cruz Renascença. Depois, fomos colegas aqui. E houve a mesma coisa com Ramez Tebet: eu, como médico, no confessionário, e ele contando sobre a doença. Eu assisti todo o... Eu me lembro de que, da última vez, eu era do PMDB: “Mão Santa, vá devagar que eu não posso andar”. Eu me lembro de que os funcionários desta Casa disseram que ele teria sido o melhor Presidente para os funcionários. E, sabendo da nossa amizade, pediram: “Mão Santa, nós queremos fazer uma homenagem a Ramez Tebet”. Mas eu vi Ramez Tebet ensinando, moribundo, por um ideal, aquilo que Teotônio Vilela ensinou: resistir falando e falar resistindo. Foi isto que eu fiz: falei, inspirado não por ódio, mas por amor e por exemplos de grandeza.

            Jefferson Peres, aquela figurinha, com firmeza de engenheiro, reviveu o estilo de Machado de Assis, uma oratória sintética. Ô baixinho de coragem! No meu discurso mais polêmico aqui, em que comparava o Partido dos Trabalhadores daqui com a mentira lá da Alemanha de Hitler e de Goebbels, o Partido Nacionalista Trabalhista da Alemanha. Naquela confusão toda, Geraldo Mesquita, eu fui rever o discurso. Hoje, é uma das obras que, quando eu morrer, será estudada. Nenhum erro! Daí, eu não mudei nenhuma palavra. E, no aparte, fui absolvido por Jefferson. Ele deu um aparte naquele pronunciamento, santificando-o, mostrando que era verdadeiro.

            Esses se foram. Saudades!

            E Romeu Tuma. Romeu Tuma, todos nós... Olha, esse homem era tão santo, tão santo... Seu cargo... Sarney, encaminhado por Deus para garantir a transição democrática, teve o seu cireneu: foi Romeu Tuma - doze mil greves! -, o xerife. Mas o destino é tão grande, tão grande, que ele, o xerife, o cireneu de Sarney, morreu no dia de São Francisco. Um delegado franciscano, com firmeza!

            Então, disto eu me lembro: São Paulo chorou, o Brasil chorou, Mato Grosso do Sul chorou. Fui convidado, depois, para chorar na cidade de Ramez Tebet, quando eu vi um busto dele - que, se não é de ouro, parece ouro, não sei -, numa praça, e o povo adorando.

            Gilberto Mestrinho, lá do Amazonas de V. Exªs, Sr. Experiência. Li, ali do lado. Um dia, perguntei ao Mestrinho: “E aí, Mestrinho?”. Mozarildo, sobre as minhas posições, quando se tiravam os direitos dos aposentados; sobre as minhas posições na reforma tributária, a minha firmeza... Aí, bem ali, o Gilberto Mestrinho: “Mão Santa, você está certo”. E eu dizia: “Mas, Gilberto Mestrinho, como é que estou certo? Você é PMDB, e, quando a gente vota, você está sempre votando ali...” “É, mas estou no fim; há algumas situações políticas, mas você está certo, Mão Santa. Neste Governo, há muita gente esfomeada.” É como o caboclo diz: “Quem nunca comeu mel quando come se lambuza”. Aí, pouco tempo depois, aparecem os aloprados e a corrupção que se alastra neste País. Mentiras - seguindo Goebbels, de Hitler, que disse que uma mentira repetida se torna verdade. E foi.

            Por último, vi falecer - vi chorarem, e choramos - Alberto Silva. Ele dizia, Geraldo Mesquita: “eu sou um engenheiro político”. Essa gente levou o Alberto Silva, Presidente do PMDB. Nem votou em nosso candidato do PMDB. “Mão Santa, os homens prometeram o trem, de Parnaíba a Luís Correia, em dois meses; de Parnaíba a Teresina, em quatro meses”. Olha que o Alberto Silva era Senador nessa época! Há quatro anos, ele não foi; depois, elegeu-se Deputado Federal. Isso, há uns seis anos. “Então, eu tenho que acompanhar, eu sou engenheiro ferroviário.”

            Geraldo Mesquita, Alberto Silva foi para o céu, homem bom, realizador.

            Rapaz, esses pilantras não tocaram a obra. Não colocaram nem um dormente da estrada de ferro do Piauí. Dormente é aquele pau que segura o ferro.

            E os exemplos de cada um aqui? Saio engrandecido e orgulhoso.

            Brasil! Brasil! Brasil! Se eu vi? Meninos, eu vi! Está na Canção do Tamoio: “Não pode. Se choras diante do medo e do perigo, não és meu filho”. O velho pajé: “Meninos, eu vi”. Meninos, eu vi o País chorar a morte desses Senadores.

            Mozarildo, quer dizer que nós só prestamos quando mortos; que só somos bons, mortos. Aí todo mundo é...

            Eu vi, Adelmir Santana, mas era muita choradeira, era muito reconhecimento, era pânico. Não é, não. Aqui é a Casa dos grandes representantes, dos pais e mães da Pátria, deste País. A vida dos senhores assemelha-se à dos que foram. Aliás, nós vamos é superá-los. Rui Barbosa está ali. Ele viveu a época dele, nós estamos vivendo a nossa época. E o mundo é o mundo. O mundo entrou na preguiça na época medieval. Tudo se esperava do Deus. Aí, começaram a estudar, a trabalhar, e houve, na Itália, o Renascimento: Leonardo da Vinci, Miguel Ângelo, Rafael, Dante Alighieri e todos esses que fizeram essas invenções que fizeram avançar o mundo. E o líder disse: mau discípulo é o que não suplanta o mestre. Nós não somos maus discípulos; nós somos bons e tentamos superar os ruins, os que vimos falecer.

            Então, já vou me alongando. Aproveitei-me da condição e agradeço ao Antonio Carlos Magalhães Júnior, que estava inscrito em primeiro e que me cedeu. O mandato está aí - não vou ser repetitivo -, o que foi feito foi feito. Eu fiz o máximo que podia. Tenho que agradecer a Deus, àqueles que me trouxeram para cá. Cheguei, aqui, acreditando no estudo e no trabalho. Foi estudando e trabalhando que cheguei a esta tribuna. Foram esses os valores que me trouxeram, não outros. Nunca comprei um voto, nunca fiz um título de eleitor, nunca dei dinheiro para eleitor e nunca recebi dinheiro de ninguém. Nunca! Está aí, está gravado. É questão de consciência. Fiz por ideal. Vi grandes políticos. Saí do meu templo de trabalho, em que essas mãos, guiadas por Deus, salvavam um aqui e acolá, não em busca de poder pelo poder, que não me encanta. Quem me encanta é a minha mulher, Adalgisa. Fui buscar uma oportunidade de servir - e servi muito mais, e tenho servido.

            Quero dizer que aqui lutamos. Só números. Mandei - o secretariado é muito competente - levantar e verifiquei que este é o pronunciamento de nº 1.502 que faço nesta tribuna, reivindicando pelo Brasil, pela democracia, pelos velhos, para acabar com a violência, para a saúde, para a educação e pelo meu grandioso Piauí. Mil quinhentos e dois! Todo mundo sabe que comemoramos mil discursos, não vou reler.

            O interessante é que vi que aí há apartes - ou seja, não tem curiosidade. Então, participamos da vida dos outros e nos intrometemos. Olhe quantos apartes, em quantos discursos nós interferimos, Adelmir Santana! Mil, seiscentas e trinta vezes participamos do debate em apartes aos Srs. Senadores.

            O campeão deles - só vou ler o campeão, mas há gente muito boa - foi o Paulo Paim. Eu me intrometi 105 vezes nos pronunciamentos de Paulo Paim, quando ele defendia o trabalhador, os aposentados, os velhos e as crianças. Foram 1.630, e não vou contá-los. Peço desculpas ao Paulo Paim por ter interferido 105 vezes. Está ali o Papaléo, olhando...

            Papaléo, eu interrompi 60 vezes os seus pronunciamentos. E assim vai.

            Os requerimentos, inúmeros, as leis, inúmeras, e tal, que estão nos arquivos, os discursos estão aí, as Comissões diversas por que passamos, em que trabalhamos, principalmente, com muita emoção, quando o Papaléo criou a Subcomissão de Saúde, quando varávamos até as madrugadas em audiências públicas. E aqui estivemos nas vigílias... Não vou cansá-los, porque isso tudo é número de requerimento, de proposições, de relatórios, de defesa, de teses e tal.

            Então, aprendi no colo de minha mãe. Não sou Mão Santa, mas sempre digo que sou filho de mãe santa. Minha mãe era Terceira Franciscana. O pai dela era o empresário mais rico do Piauí, e ela foi ser Terceira Franciscana. Fez votos de pobreza.

            O Senador Papaléo Paes quer um aparte. O Senador Geraldo Mesquita, seguindo aqui... O Senador Adelmir Santana também.

            Senador Geraldo Mesquita.

            O Sr. Geraldo Mesquita Júnior (PMDB - AC) - Eu quero e não abro mão, com o maior prazer. Senador Mão Santa, V. Exª disse que o Rui Barbosa está ali em cima e o senhor e todos nós estamos aqui embaixo. Mas uma coisa eu lhe digo: mesmo estando aqui embaixo com V. Exª, a história desta Legislatura não poderá ser contada sem que ressaltem a presença e a participação de V. Exª. Portanto, esse fato remete V. Exª lá para onde está Rui Barbosa. Gosto de V. Exª de graça e eu sou muito franco, não tenho papas na língua. Aqui tem gente que não gosta de V. Exª - V. Exª sabe disso.

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - Sei.

            O Sr. Geraldo Mesquita Júnior (PMDB - AC) - E deveriam estar todos aqui para expressar o seu sentimento, a sua opinião e dar um abraço de despedida num querido companheiro. Aliás, a sua prestação de contas, a sua despedida deveria ter este plenário cheio, porque a sua participação nesta Casa foi marcante. Vou mencionar algumas das características que colhi ao longo da convivência com V. Exª e que me fizeram gostar muito de V. Exª, ser seu amigo e tê-lo como um verdadeiro irmão. V. Exª é uma pessoa simples. Além do convívio com seus pares, V. Exª cativou muita gente aqui no Senado Federal e conviveu da forma mais simples possível, a mais amistosa possível com as pessoas que conquistou. O Zezinho e o Jonson, levou-os à sua casa várias vezes, serviu-lhes o bom vinho que V. Exª toma, abriu o convívio da sua família para tantos amigos, e eu tenho o privilégio de achar que me incluo no rol desses amigos. V. Exª nunca fez mal a ninguém aqui, e aqui tem gente que faz mal, dorme e acorda pensando em fazer o mal a alguém. Essa é uma grande diferença. Eu não sei de um caso em que se possa afirmar: “O Senador Mão Santa fez esse mal”. No máximo, o que as pessoas podem dizer é que V. Exª, aqui e acolá, abusou do tempo na tribuna, que é o mal de todos nós: estender-se um pouco além do tempo regimental. Deixe-lhe contar uma historinha. Logo que nós chegamos aqui ao Senado - eu, V. Exª e tantos outros -, V. Exª já iniciou nessa pisada. E fui procurado por alguns colegas nossos da época que, percebendo a amizade que a gente já havia construído de imediato, fizeram-me um apelo: “Geraldo, conversa com o Mão Santa, pede para ele dar uma maneirada”. Juro! E eu, na minha inocência, um dia cheguei aqui para V. Exª: “Mão Santa, tem uns colegas nossos que estão achando que você pode burilar um pouco mais”. V. Exª se virou para mim e disse - não sei se V. Exª lembra disso: “Geraldo, esse povo está pensando que eu estou falando para eles aqui. Eu estou falando é para o pessoal lá do Piauí, entende?” Nunca esqueci essa, nunca esqueci essa. V. Exª é um homem de família. Isso é uma coisa bonita. Cultua a sua Adalgisa, minha querida amiga; tem o maior cuidado e carinho com seus filhos e suas filhas. Isso é uma coisa bonita. Isso faz de V. Exª um grande brasileiro. V. Exª tem um amor extremado por sua terra. Isso ficou patente neste Senado Federal, até pela forma como V. Exª pronuncia o seu Piauí. Todo o Brasil sabe disso, do seu amor extremado pelo Piauí e pelo Brasil. E V. Exª, à sua maneira - que alguns não gostam, mas, talvez, não tenham a coragem de dizê-lo frente a frente -, fez talvez uma das oposições mais sólidas ao atual Governo. V. Exª soube como ninguém, e com extrema lucidez, perceber logo cedo os erros, os desvios, os escândalos cometidos por este Governo e construiu sua atuação parlamentar em cima de uma plataforma de oposição, mas uma oposição sistemática, porém respeitosa. O Presidente Lula não tem razão, nenhuma razão, em afirmar que V. Exª o ofendera ou o tratara menos do que ele merece. Não tem razão nenhuma. Nunca vi V. Exª aqui pronunciar uma palavra de desrespeito, mesmo para com ele. Agora, sou testemunha e vi, muitas e muitas vezes, V. Exª botar o dedo na ferida, mostrar aquilo que passará para a história, aquilo que marcará este Governo. V. Exª mostrou sistematicamente que, apesar de alguns méritos, este Governo ficará inexoravelmente marcado na história brasileira pelos seus escândalos e pelos seus desvios éticos e morais. Disso V. Exª não abriu mão de fazer e de mostrar. Há colegas seus que querem também dar uma palavrinha. Eu aqui fico desejando que V. Exª, pessoalmente, com a sua família, com os seus amigos, encontre, ao longo de sua vida, que eu espero seja ainda muito longa, o caminho da tranquilidade, da serenidade e a felicidade que V. Exª merece, porque V. Exª é um homem bom, V. Exª é um homem correto. Tenho o maior orgulho de me incluir no rol dos seus amigos, das pessoas que o admiram e têm também a coragem de apontar não digo defeitos, mas algumas características que a gente, ao longo da vida, precisa ir burilando, modificando, aperfeiçoando para a gente ser tornar uma pessoa cada vez mais agradável no âmbito em que a gente convive e frequenta. Portanto, um grande abraço. V. Exª merece toda a felicidade do mundo. É o que eu desejo a V. Exª e à sua família.

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - Agradeço, Geraldo Mesquita. E quero dizer que a neurolinguística, hoje, diz que há uma modelagem: se você quer ser político democrático, você busca Abraham Lincoln; se você é autocrático, militar, vá estudar a vida de Napoleão Bonaparte. Estudando a vida de Abraham Lincoln, eu vejo que o que ele definiu V. Exª tem: caridade para todos, malícia para nenhum e firmeza no direito. Esse era o perfil dado por Abraham Lincoln e que passo a atribuir a esse grande representante da Justiça aqui.

            O Sr. Adelmir Santana (DEM - DF) - Senador Mão Santa.

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - Adelmir Santana pede primeiro; depois, os Senadores Papaléo Paes e Efraim Morais.

            O Sr. Adelmir Santana (DEM - DF) - Senador Mão Santa, eu vi aqui no Senado o amor que V. Exª tem por esta Casa, mas vi, sobretudo, o amor que V. Exª tem ao Piauí e ao Brasil. Eu tive a oportunidade dessa convivência fora do Senado, visitando alguns Municípios piauienses, entre eles, o Município de Uruçuí, que me concedia o título de cidadão daquele Município, e V. Exª teve a oportunidade de me fazer companhia naquele instante. E vi o amor da população por V. Exª. Nós visitamos o povoado de Tucuns, onde, inclusive, se celebrava a inauguração do mercado municipal, que, para minha honraria, tinha o nome do meu avô que é daquela região, Raimundo Lourenço de Araújo, Doca Rosalina. V. Exª estava lá com a sua Adalgisa, e o povo o assediava, abraçava-o, beijava-o, na sua simplicidade. Então, quero dizer, Mão Santa, que aprendi também a admirá-lo, a respeitá-lo. As minhas palavras seguem exatamente a linha do que disse o Senador Mesquita: V. Exª fala para o Piauí, mas fala para o Brasil. Eu tive a oportunidade, como Presidente do Conselho Nacional do Sebrae, de visitar todos os Estados da Federação. Todos! Quase sempre, quando me apresentavam como o Senador Adelmir Santana, Presidente Nacional do Sebrae, a pergunta que eu mais ouvia: “E o Mão Santa? Como está o Mão Santa? Dê um abraço ao Mão Santa”. Então, V. Exª não falou apenas para o Piauí; falou para o Brasil. O Brasil tem por V. Exª admiração, respeito e tem muita alegria, muito contentamento em vê-lo sempre nessa tribuna. Então, quero sinceramente dizer-lhe da minha satisfação dessa convivência nos últimos anos; do prazer, também, de ser cidadão de Uruçuí, de ser cidadão piauiense pela Assembleia Legislativa. E, em todos os momentos, V. Exª se fez presente. Então, Mão Santa, as minhas despedidas também a você, mas a certeza de que nós vamos nos encontrar em outros momentos, nos rincões piauienses, em algumas cidades brasileiras. Meus parabéns pela atuação no Senado e pela despedida que faz, nesta tarde, desta Casa Legislativa. Um grande abraço.

            O SR. MÃO SANTA (DEM - DF) - Adelmir Santana, um quadro vale por dez mil palavras. Estereotiparam a figura do suplente, mas eu quero mostrar esse quadro: Fernando Henrique Cardoso aqui adentrou como suplente de Franco Montoro e é o estadista, hoje, do nosso País. V. Exª também. Isso é que se chama paradigma. É uma verdade que é mudada quando vem à tona a verdade verdadeira.

            V. Exª revive o suplente Fernando Henrique Cardoso. Entrou aqui como suplente, mas aí está. No momento mais difícil da política da história de Brasília, o seu perfil, a sua vida, a sua luta empresarial e de político trouxe ao povo uma esperança, ainda, nos políticos.

            Eu só tenho uma mágoa, porque nós vamos naquele cartório do Maranhão para reconhecer que V. Exª é piauiense como seu avô.

            Agora, concedo o aparte ao Senador Papaléo Paes, médico como nós.

            O Sr. Papaléo Paes (PSDB - AP) - Meu amigo, Senador Mão Santa, eu quero deixar registrada a minha admiração por V. Exª, a minha amizade, o meu amor, o meu carinho; e agradecer a V. Exª pelo tratamento permanente que V. Exª me deu, como um amigo, como, tenho certeza, V. Exª me tem. Senador, V. Exª é um homem inteligente - isso aí o Brasil todo sabe -, um homem culto; tem uma cultura esplendorosa, admirável; é um dos homens mais cultos que eu conheci. Um homem leal, leal com os seus amigos, leal com esta Casa, leal com o povo brasileiro, leal com o seu Piauí, porque tantas vezes V. Exª pronunciou o nome do seu Estado aqui. Enfim, V. Exª é leal à Pátria. Então, eu quero dizer que V. Exª é um homem especial, é um político especial, é um médico especial, é um amigo especial. É, realmente, a pessoa que todos nós, que temos bom senso, que sabemos admirar o ser humano, admiramos e queremos como amigo. V. Exª é verdadeiro, V. Exª é cativante, V. Exª é trabalhador. Quantas vezes essas sessões aqui foram até às 9, 10, 11 horas da noite e V. Exª sentado do início ao fim nas sessões? E eu, muitas vezes, atendendo, como disse o nosso querido Geraldo Mesquita, o pedido de alguns companheiros, às vezes até o critiquei dizendo que sobrecarregava os funcionários da Casa, sobrecarregava o sistema de comunicação; enfim, era talvez, não uma crítica, mas uma reclamação que não deveria ser feita. Por quê? Porque V. Exª estava dando a oportunidade para todos os Senadores usarem da palavra, exporem seus pensamentos, para discutirmos aqui. E realmente V. Exª foi um verdadeiro gigante nesta Casa. Sua prestação de contas mostra o quanto V. Exª trabalhou. E eu quero fazer um agradecimento especial, porque quando criamos a subcomissão, inicialmente temporária e depois permanente, de saúde, eu fui Presidente, e V. Exª foi o Relator das nossas audiências públicas, nas quais varamos as noites...

(Interrupção do som.)

            O Sr. Papaléo Paes (PSDB - AP) - Sempre nós começávamos às 20 horas, às 19 horas e 30 minutos, varávamos as noites, e colhemos muitos resultados positivos. Então, Senador Mão Santa, digo por fim que V. Exª foi um homem de oposição. V. Exª nunca hesitou, e eu admiro a pessoa que é de palavra. Não é aquela que hoje diz: “Ah, não sei!” E chega amanhã: “Olha eu vou repensar!” Não existe isso. Quando o homem tem consciência, quando tem determinação, quando tem honestidade, ele firma a sua palavra e dali ele não consegue voltar atrás, porque tem, acima de tudo, a sua consciência e a sua credibilidade tomando conta de si. Então, Senador Mão Santa, muito obrigado pela sua presença aqui no Senado Federal, muito obrigado pela sua amizade. Desejo a V. Exª a continuação dessa vida brilhante que V. Exª tem, como pai de família, como parlamentar, como médico e espero, se Deus quiser, que nos reencontremos para manter esse grande nível de relacionamento que nós dois temos e que o povo do Brasil tem com carinho por V. Exª. Muito obrigado.

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - Agradeço, Papaléo, e apenas fico lhe devendo o presente de Natal. Eu vou comprar ali o disco do Roberto Carlos: “meu amigo de fé, meu irmão camarada”.

            Efraim Morais.

            Parece que nós somos até parentes. Francisco de Moraes Souza, Efraim Morais, da Paraíba.

            O Sr. Efraim Morais (DEM - PB) - Sou seu primo. Senador Mão Santa, V. Exª é um companheiro leal, correto, amigo, destemido, não é homem de ficar no muro, é homem de decisão. Eu diria que, nesta Casa, V. Exª foi o parlamentar que mais falou desta tribuna; foram mais de mil discursos feitos em defesa do Piauí e do Brasil. V. Exª foi o parlamentar, nesta Legislatura, que mais presidiu esta Casa. V. Exª foi o Presidente que mais tempo deu aos parlamentares, para que eles usassem da palavra. V. Exª cumpriu à risca, com dedicação, com vontade, com carinho, o mandato que o seu querido povo do Piauí lhe deu nas urnas através do voto secreto.

Diria que V. Exª é um homem do povo, é um homem que, durante todo o seu mandato, e ainda hoje, é conhecido não só no Piauí, mas em todo o Brasil, por sua forma simples, porém correta e humilde, de fazer política. Carismático, é companheiro de quem todos gostam. E eu posso dizer que, acima de tudo, a lealdade com que cumpriu seu mandato em defesa do seu povo, o povo do Piauí, marca nesta Casa a passagem deste grande parlamentar, deste grande Senador, que ficará, com certeza, na história do nosso Parlamento e na história do povo brasileiro. V. Exª não conclui por aqui, ainda esperamos que V. Exª possa ser um dos parlamentares indicados por este Congresso para representar o nosso País no Parlamento do Mercosul. Por sua experiência não só no Legislativo, mas também em termos administrativos, V. Exª poderá e deverá, sem dúvida, ser um dos grandes representantes deste país no Parlamento do Mercosul. Adiante, meu caro Mão Santa! É uma alegria, honra-me muito poder dizer, pela Paraíba e na minha Paraíba, o quanto sou seu amigo. Um abraço a Dona Adalgisa, companheira inseparável de V. Exª. Dê um abraço em Dona Adalgisa e em seus filhos. Fica a certeza que não só o Piauí, mas o Brasil é grato ao parlamentar, ao cidadão, ao grande Mão Santa, que, sem dúvida, não mediu distâncias para defender o Piauí e o Brasil. Parabéns! Dê um até logo ao povo deste País e um até logo a esta Casa. V. Exª voltará logo, logo. Parabéns! 

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - Senador Efraim, agradeço. A Paraíba do Nego, a Paraíba de José Aparecido, é de Efraim Morais.

            A vida é feita de momentos de felicidade. Agradeço a Deus o fato de, na primeira oportunidade que tive de representar este Congresso, ter tido a companhia de V. Exª: no México, com a sua encantadora esposa e família.

            E o Brasil lhe deve: este Senado nunca antes funcionara segunda e sexta. Não fui eu não, foi Efraim Morais, Líder da Minoria - eu ia presidir porque eu tenho um pouquinho mais de idade do que ele; ele está com cabelos brancos, mas eu tenho mais. Então, essa é a minha admiração.

            Outro momento feliz que eu e Adalgisa passamos foi numa festa da sua família, lá na Paraíba. Então nos orgulha a sua amizade.

            Agora, as siglas: Alvaro Dias e, depois, ACMJ.

            A Srª Ideli Salvatti (Bloco/PT - SC) - Pela ordem, Senador.

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - Não, não. Pela ordem aqui não. Pela ordem é o Presidente lá.

            A Srª Ideli Salvatti (Bloco/PT - SC) - Eu só queria pedir...

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - A senhora não vai pedir agora não, porque aqui já se usou a tribuna até por quatro horas. Por educação, sente-se!

            A Srª Ideli Salvatti (Bloco/PT - SC) - Está bem.

            O Sr. Alvaro Dias (PSDB - PR) - Senador Mão Santa, talvez por pouco tempo, V. Exª deixa de ser Senador, mas continua sendo Mão Santa.

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) (Dirigindo-se à Senadora Ideli Salvatti) - Aliás, é até melhor que se retire.

            A Srª Ideli Salvatti (Bloco/PT - SC) (Fora do microfone) - Isso mostra a sua educação.

            O Sr. Alvaro Dias (PSDB - PR) - V. Exª consagrou seu próprio estilo nesta Casa, e o homem é o seu estilo. Já se falou aqui que ninguém presidiu tantas vezes esta Casa quanto V. Exª. Ninguém falou tanto nesses últimos anos da tribuna do Senado Federal quanto V. Exª. E V. Exª se tornou uma figura popular no Brasil: não é só o Senador do Piauí, é o Senador do Brasil. Eu estive com V. Exª em Curitiba, no jantar da Boca Maldita, e vi o carinho dos paranaenses para com V. Exª. Portanto, o seu estilo, o seu modelo de ser extrapolou as fronteiras do Piauí e ganhou o Brasil. Eu estou aqui hoje, em nome do meu partido, para cumprimentá-lo, para parabenizá-lo e desejar-lhe felicidades. Nós vamos aguardá-lo de volta e temos certeza de que V. Exª voltará, talvez mais rápido do que possam imaginar. Sentiremos a sua falta aqui. Marcas, como “atentai bem” e tantas outras, ficarão para sempre registradas em nossa memória. Que Deus o proteja sempre, Senador Mão Santa.

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - Senador Alvaro Dias, V. Exª valoriza o Parlamento. V. Exª, apesar de muito jovem - sua fisionomia é ainda mais jovem -, é um dos políticos de longa vida.

(Interrupção no som.)

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) (Fora do microfone) - V. Exª, aos 18 anos, foi vereador lá de sua Londrina.

            A sua vida política foi inspirada por um médico piauiense, Dalton Paranaguá, que é médico lá; ele foi prefeito, e V. Exª, vereador. V. Exª simboliza, sem dúvida nenhuma, um dos maiores nomes da política do Piauí. V. Exª esteve na cabeça do Presidente Sarney - ele me contou isso - para ser o candidato dele naquela eleição que acabou sendo vencida pelo Presidente Collor. Não deu certo porque muitos do PMDB... Eu acho que é uma destinação. E eu quero dizer aqui que eu conheço o seu partido todo - votei no Alckmin, votei no Serra, e o estadista é o Fernando Henrique Cardoso. Agora, o melhor candidato do PSDB, no futuro, para presidir este País chama-se Senador Alvaro Dias.

            Com a palavra, o Senador Antonio Carlos Magalhães Júnior.

            O Sr. Antonio Carlos Júnior (DEM - BA) - Senador Mão Santa, aqui o senhor já tinha amizade com meu pai, ficaram juntos aqui no Senado, e eu herdei essa amizade. Tenho em V. Exª um companheiro leal, sério, combativo, presente - talvez o Senador mais presente da Casa. V. Exª é um Senador de qualidade, um Senador culto, um Senador que sempre debate os grandes temas, que sempre opina sobre os grandes temas. A sua participação, realmente, foi impressionante nesse período de oito anos.

            Mas também me impressionou um episódio que vou contar aqui. Quando nós fomos ao casamento da filha do Senador Tasso Jereissati, em Fortaleza, nós nos encontramos num shopping center. V. Exª foi cercado por uma multidão de pessoas, todo mundo querendo cumprimentá-lo, querendo saudá-lo. Isso aconteceu em Fortaleza, não foi em seu estado. Então, a sua popularidade transcende o seu estado, transcende as fronteiras do seu estado: o senhor é conhecido no Brasil, é um político conhecido nacionalmente. Naquele dia eu fiquei impressionado com a sua popularidade fora do seu estado. Parabéns a V. Exª por sua conduta, por seu trabalho e por todos os serviços que V. Exª prestou a este Congresso e ao País, além do seu Piauí, obviamente.

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - Antonio Carlos Magalhães Júnior, eu quero dar um testemunho da grandeza que V. Exª representa. Nós sabemos da história: árvore boa dá bons frutos - está no Livro de Deus. Nós sabemos que o grande líder Felipe da Macedônia teve um filho, Alexandre, que foi ainda maior. É complicado... Davi deu Salomão. O nosso Pedro I, extraordinário, maior líder, aqui foi Imperador, voltou a Portugal e lá foi Pedro IV. Mas a família de V. Exª superou todas essas. Isso é uma riqueza da Bahia, é uma riqueza do Brasil. Antonio Carlos Magalhães, executivo nota dez, legislador nota dez, coragem - Ulysses dizia: faltando a coragem, faltam todas as virtudes. Senhor Coragem: Antonio Carlos Magalhães.

            Então, eu queria dizer que V. Exª, como filho, ainda deu o neto, que é seu filho. E ainda há aquele outro que foi para o céu, Luís Eduardo.

            Então, foi uma riqueza. Não foi como Napoleão, na França, que só deu um filho. É uma família de grandeza a de V. Exª. Então, fica o meu respeito. V. Exª enriquece este Parlamento.

            Roberto Cavalcanti, grande líder e empresário do Nordeste.

            O Sr. Roberto Cavalcanti (Bloco/PRB - PB) - Bondade do nobre Senador! Eu, olhando o relógio, ficava agoniado, porque existe uma grande fila de oradores hoje, e eu não poderia falhar com o meu amigo Mão Santa. V. Exª, na verdade, foi um destaque deste Senado, um destaque desta legislatura. V. Exª foi, para comigo, um grande padrinho. Muitas vezes, na fila como orador, V. Exª teve a amizade, a cumplicidade de me abrir espaços. V. Exª, que presidiu mais de mil vezes este Plenário do Senado Federal, teve para comigo as maiores atenções. Muitas vezes, ao encerrar meus pronunciamentos, V. Exª fazia referências sobre a suplência, sobre os temas econômicos. Essas referências me envaidecem, a amizade de V. Exª me envaidece. Tenho certeza de que nos encontraremos permanentemente: na Paraíba, no Piauí, em outros voos conjuntos nossos. O Brasil todo reconhece seu valor. Minha abordagem hoje, na verdade, é de agradecimento pelo tratamento que V. Exª sempre me dispensou. Agradeço, fortemente, por suas atenções e gentilezas. Muito obrigado.

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - Então, nós queremos terminar dizendo o seguinte.

            O Sr. Augusto Botelho (S/Partido - RR) - Senador Mão Santa...

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - Opa! Ainda estão aí o Senador Alfredo Cotait e, V. Exª, Senador Augusto Botelho. O Alfredo pediu a palavra antes. Ouvirei S. Exª e, em seguida, Augusto Botelho.

            O Senador Alfredo tem uma particularidade muito importante: ele substitui aqui Romeu Tuma e representa a grandeza de São Paulo e a capacidade empresarial daquele estado.

            O Sr. Alfredo Cotait (DEM - SP) - Senador Mão Santa, eu não também não poderia deixar de dar o meu testemunho sobre a pessoa extraordinária que o senhor foi nesse período aqui no Senado e também sobre a sua cordialidade. V. Exª sempre se mostrou muito amigo, sempre foi muito atencioso com os seus colegas e muito justo em suas ponderações e colocações referentes às questões políticas e governamentais. Portanto, Senador Mão Santa, eu só queria deixar aqui a minha palavra de amizade e de admiração, esperando realmente que o senhor continue na vida pública para que possa nos brindar sempre com a sua experiência e com a sua inteligência. Boa sorte na sequência de sua vida.

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - Alfredo Cotait, nesses oitos anos em que vivi no Senado e nas dezenas de anos em que o estudei, nunca vi ninguém, em tão pouco tempo, apresentar-se com tanta firmeza e com tanta competência e engrandecer este Senado como fez V. Exª. Disso eu tenho certeza! Nos oito anos em que aqui convivi e nos estudos que fiz, pude comprovar: V. Exª foi mais do que o sol, porque o sol só brilhava de dia, e V. Exª, de dia e pelas madrugadas, aqui estava dando luzes para o Brasil.

            Ouço Augusto Botelho, também médico, que nos sensibiliza e representa Roraima.

            O Sr. Augusto Botelho (S/Partido - RR) - Senador Mão Santa, eu vinha ouvindo o discurso de V. Exª no carro e fiz questão de aqui chegar para fazer um aparte a V. Exª para firmar algumas coisas. V. Exª é um comunicador sem igual. Em Roraima, onde eu chego, em qualquer lugar, mesmo em lugares muito distantes, se lá houver uma televisão, as pessoas conhecem V. Exª. Elas perguntam: “E o Senador Mão Santa?” Eu respondo: “O Senador Mão Santa é o chefe da equipe médica do Senado, é o cirurgião mais antigo lá, por isso é o nosso chefe”. V. Exª, com sua capacidade de estudar e com seu saber, foi sempre uma referência para nós, com suas citações e também por sua defesa permanente da saúde e das pessoas mais necessitadas. V. Exª vai fazer falta aqui nessa próxima legislatura. Mas tenho certeza também de que V. Exª não vai se afastar da vida pública, da vida política, porque V. Exª é um homem que sabe fazer política, que sabe trabalhar, que luta por seus ideais e que está sempre presente - fez mais de mil discursos aqui na Casa. Só tenho uma queixa: de vez em quando, V. Exª nos criava problema junto as nossas esposas, minha e do Mozarildo. Elas diziam: “Por que vocês não falam tanto na gente como o Mão Santa fala na Adalgisinha? Vocês não falam na gente!”. Eu respondia: “Nós falamos em vocês, mas não falamos tantas vezes quanto o Mão Santa fala na D. Adalgisa - em todos os seus discursos, entrava a Adalgisinha! Parabéns para V. Exª, que é um homem de família, um homem que lutou nesta Casa. O seu Piauí vai continuar desfrutando da sua presença lá e, com certeza, ainda há muito trabalho para V. Exª fazer pelo Piauí. Continue sua luta.

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - Augusto Botelho, V. Exª simboliza aquele médico com que sonhamos: o médico sensibilidade, o médico bondade, o médico ético, o médico decência. Olha, V. Exª me enriquece. V. Exª me ensinou muito e reafirma o que disse Lacordaire, o filósofo: a humildade une os homens, o orgulho divide os homens. V. Exª é a síntese dessa definição.

            Agora ouço outro médico, também do território onde começa o Brasil, Roraima, e líder maçônico maior deste país: Mozarildo Cavalcanti.

            O Sr. Mozarildo Cavalcanti (PTB - RR) - Senador Mão Santa, com certeza, V. Exª não está fazendo uma despedida, está dizendo um até breve, porque V. Exª tem a política no sangue. Como V. Exª costuma dizer, foi prefeitinho, foi governador, é senador. V. Exª teve um insucesso nesta eleição, um insucesso já bastante explicado aqui por V. Exª: por fenômenos estranhos à legitimidade do voto. Portanto, quero dizer-lhe aqui da satisfação de ter convivido com V. Exª durante esses oito anos de seu mandato. Gostaria também de atestar - aliás, nem é preciso, porque todo o Brasil o conhece - a sua dedicação ao mandato, diria até a sua paixão pela atividade parlamentar, mostrando dedicação nas comissões, na Mesa Diretora e aqui, no plenário. V. Exª vai deixar saudades entre os colegas, mas, com certeza, dentro em breve, nós teremos o seu convívio. Tenho certeza de que os votos legitimamente dados a V. Exª representam os votos majoritários daquele Estado. Portanto, quero cumprimentá-lo e dizer aos piauienses do Brasil todo que podem ter muito orgulho do trabalho desenvolvido por V. Exª neste Senado. Parabéns e até breve.

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - Mozarildo, V. Exª simboliza a grandeza da nossa classe médica, a grandeza da classe política e a grandeza de uma instituição secular, à qual o Brasil e o mundo devem muito, principalmente desde Gonçalves Ledo, que meteu na cabeça que este país tinha de se libertar de Portugal e tornar-se independente. A Maçonaria atuou em importantes momentos, na República, na liberdade dos negros, e V. Exª representa essa história de grandeza e combatividade.

            Muito obrigado.

            O Sr. Marco Maciel (DEM - PE) - Nobre Senador Mão Santa.

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - Marco Maciel é o Senhor Virtude. Ulysses era o Senhor Diretas Já. V. Exª é a virtude: são atos que levam o homem para o bem.

            Ouço Marco Maciel.

            O Sr. Marco Maciel (DEM - PE. Com revisão do aparteante.) - Nobre Senador Mão Santa, desejo, antes de mais nada, cumprimentá-lo pelo notável desempenho de V. Exª aqui ao longo de oito anos, durante toda a Legislatura de 2003 a 2010. Devo salientar, entre muitas qualidades de V. Exª a assiduidade e a preocupação com o Nordeste, cujos problemas conhece e sabe como resolvê-los. Dedicou toda uma vida, sendo médico, não somente a salvar pessoas, mas a melhorar a nossa região. V. Exª tem, na atual Adene, antiga Sudene, um irmão, Paulo de Tarso Moraes e Souza, que lá trabalha e é um grande técnico especializado em desenvolvimento regional, seguindo as pegadas de Celso Furtado. Diria que não é sem razão que V. Exª recebe o reconhecimento de toda a Casa, pelas qualidades peregrinas, pelos pronunciamentos reiterados e, sobretudo, pela coerência de vida. Não é fácil, em política, ser coerente porque o fato político tem um dinamismo próprio; consequentemente, não se pode muitas vezes preservar, como se deseja, uma rigorosa coerência. Mas V. Exª é coerente. Foi coerente como Governador de seu Estado, coerente como Senador da República e como político que se preocupa também com o País, com o Brasil como um todo. Sei que V. Exª goza de muito conceito no seu Piauí e na Parnaíba. Hoje, quando estamos realizando a última sessão ordinária da presente legislatura, gostaria de cumprimentá-lo, abraçá-lo e dizer ao povo piauiense que V. Exª esteve à altura dos desafios que enfrentamos nesta legislatura. Estamos certos de que V. Exª, com seu espírito público, com sua dedicação à coisa pública, continuará a defender o seu Piauí, o Nordeste e o País. Parabéns a V. Exª e votos de continuado êxito em suas atividades!

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - Marco Maciel, V. Exª é o Senhor Virtudes da democracia. V. Exª, sem dúvida nenhuma, enriquece. E tombou como Winston Churchill, o maior líder da história do mundo, que, depois de tantas conquistas, tombou, depois de renascer a democracia. Mas V. Exª é esse símbolo. Como Rui Barbosa tomou alguma vez, ninguém tira. E V. Exª enriquece...

            Então, o Piauí aprendeu a respeitá-lo, a admirá-lo. São muito importantes, neste momento, as palavras de V. Exª.

            Magno Malta, que também é baiano, essa Bahia dá muita gente grande! Você é baiano, não é? E Dona Dadá é baiana? A santa Dadá...

            O Sr. Magno Malta (Bloco/PR - ES) - Baiana.

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - O Magno Malta é essa pessoa de coragem, combativo e objetivo. E fez, engrandeceu o Congresso e o Senado, numa das campanhas mais belas. Uma das nódoas da humanidade teve aí, vamos dizer, esse herói que hoje o Brasil e o mundo respeitam. Eu encontrei no México, agora, uma senhora lá na Fipa, dizendo que suas ações extrapolaram o Brasil. É aquilo que Victor Hugo disse: quando o ideal chega no seu momento, na sua oportunidade e tem um líder, é a maior força. Eu ouvi, ontem, o Papa pedindo desculpas, mas quem teve a coragem foi o Magno. Agora, eu sempre fui o seu Cirineu desde a sua vitoriosa campanha contra o crime organizado, em que o Piauí foi um dos beneficiados pela ação de V. Exª.

            O Sr. Magno Malta (Bloco/PR - ES) - Senador Mão Santa, este não é um momento feliz para nenhum de nós, que aprendemos a amar V. Exª e a respeitá-lo. Penso que os apartes feitos ao seu pronunciamento de despedida desta Casa representam o que milhões de brasileiros gostariam de dizer. V. Exª sabe que tem um fã-clube em São Paulo. Lá no interior da Bahia, onde eu nasci - eu sou filho adotivo do Espírito Santo -, no interior onde fui criado, onde vivem os meus parentes e onde o Vice-Prefeito é um primo meu chamado Edilson Lima, um radialista que o ouve todas as tardes, V. Exª, lá na cidade do interior, tem um fã-clube também, de pessoas que aprenderam a admirá-lo pelos seus posicionamentos, pelas suas tiradas. V. Exª é um poeta de cordel. A capacidade humorística de todo nordestino V. Exª tem, de conseguir fazer piada e a capacidade de debochar, aliada à sua cultura - V. Exª é um homem culto -, e a esse sotaque forte de nordestino. V. Exª misturou isso tudo e saiu o discurso que saiu. E as pessoas no Brasil perguntam por V. Exª. Eu já me acostumei a me encontrar com Senadores aqui, que dizem que, quando chegam no Estado deles, as pessoas perguntam por mim. E eu me acostumei também com isto, as pessoas me perguntarem por V. Exª. Tanto é que, toda vez que chega alguém aqui, ligado a mim, do meu Estado ou de outros Estados, e entra neste plenário comigo, eu venho tirar V. Exª da cadeira para tirar uma fotografia com a pessoa. V. Exª se tornou uma pessoa querida. A minha fala, então, é a tradução da fala de milhões de brasileiros que gostariam de abraçá-lo, de ser-lhe grato e de falar-lhe do carinho que sentem por V. Exª. Eu conheci V. Exª quando era Governador do seu Estado, o Piauí. Eu era Presidente da CPI do Narcotráfico e havíamos pego o Coronel Viriato, um homem monstruoso nas suas ações criminosas. Embora ele se dissesse inocente e preso político, porque todos dizem a mesma coisa, V. Exª teve a coragem de decretar a prisão dele a pedido da CPI do Narcotráfico, porque é o governador que decreta a prisão de coronel. E a situação de superioridade criminal ou na ação do crime, porque Viriato era um daqueles que pegava um mendigo na rua e fazia um seguro de vida para ele, colocava 70% em nome da mulher de Viriato e distribuía os outros 30%. Seis meses depois, o mendigo aparecia morto e era distribuído com família do Coronel o seu seguro de vida, um negócio absurdo! E V. Exª poderia ter se acovardado em decretar a prisão dele, até com medo de represália em cima da sua família, mas V. Exª foi corajoso: V. Exª decretou a prisão de Viriato. Foi um ato de muita coragem de V. Exª, eu me lembro muito bem. Lembro-me de que eu havia designado o Deputado Biscaia e o Deputado Cabo Júlio para irem ao Piauí se encontrar com V. Exª e tomar pé, junto com as autoridades, da situação do Viriato. E V. Exª eu conheci naquele momento em que V. Exª tinha tudo na mão para se acovardar, mas o nordestino normalmente é muito corajoso. Se o cara é corajoso para cometimento do crime, V. Exª tinha muito mais coragem do que ele para cometimento do bem, para tomar conta e proteger a família do Piauí e do Brasil, porque é um crime transnacional, um crime além-fronteiras. Havia ligação com Hildebrando Pascoal, ligação com o José Gerardo, no Piauí, no Maranhão, com o Caíca, o ex-Deputado José Gerardo, a quem tive o prazer também de ajudar a cassar e prender, como o Hildebrando Pascoal, do Acre. V. Exª foi corajoso. Foi ali que tive o primeiro contato com V. Exª. A partir dali, o meu contato respeitoso, a minha manifestação quando tomaram o mandato de V. Exª, quando na mão grande, na dura arrancaram-lhe o mandato. Tive a oportunidade de me manifestar diante daquela truculência, daquela maldade, e até hoje não se entende o que fizeram com V. Exª. A partir daí, mantemos esse contato vivo. Temos amigos muito próximos, como o João Cláudio, o Frank Aguiar. Meu irmão, sou grato a V. Exª agora como... O meu irmão Zózimo vivia no Piauí, os meus sobrinhos vivem lá. Com a morte do meu irmão, que teve morte cerebral aos 45 anos de idade, fiquei lá por muitos dias. E V. Exª colocou a sua assessoria, a sua família para tomar conta da minha família, para me acompanhar, para acompanhar meus irmãos naquela peregrinação de UTI, quando meu irmão já tinha morte cerebral. Sou muito grato por sua sensibilidade cristã. Sou muito grato por aqueles momentos difíceis da minha família, quando V. Exª se fez presente. Por isso, este momento não é um momento bom para mim, não é um momento alegre para mim. Alegria é tê-lo como amigo. Este momento não é bom para ninguém. Mas a Bíblia diz que há tempo para tudo debaixo do céu: há tempo de correr; há tempo de parar; há tempo de comer, de chorar, de rir; há tempo de estudar. E esse é o tempo de Deus para sua vida. Penso que, se o seu partido, o PSC, que tem um bom comando, tiver uma grande visão, fará de V. Exª o embaixador, o arauto desse partido. No Brasil inteiro, V. Exª tem pessoas que o admiram. V. Exª vai poder palestrar por este País inteiro, ajudando a crescer esse partido. Se eu fosse desse partido, essa iniciativa já tinha sido tomada. V. Exª é a maior referência, é o nome mais sólido, nacionalmente, da sua legenda. Abraço V. Exª, abraço sua família. Já tive com Adalgisa, assentado à mesa com seus filhos. V. Exª me deu atenção lá na Parnaíba, quando fui ao Delta com minha família. Já me assentei não para discutir, mas para estudar a Bíblia com V. Exª. Foram momentos importantes nesses oito anos. Por isso, fico muito à vontade. A Bíblia diz que existem amigos que são mais chegados do que o irmão. E é assim que me sinto com relação a V. Exª. Agradeço sua amizade, sua cortesia, o carinho com que todas as vezes se refere à minha mãe, e sei que nossa amizade é duradoura. Ela não foi feita em porta de boteco, nem com copo na mão. Nossa amizade tem outros fundamentos. De maneira que agradeço a Deus por tê-lo como amigo. Desejo-lhe toda a felicidade do mundo. Aprendi a conviver com sua benevolência aqui. Espero que 2011 seja um ano mais marcante ainda, mais significativo ainda, porque um homem com sua vivência, um médico humanitário, como é V. Exª, que saiu lá do seu arraial e virou Prefeito, depois Deputado Estadual, depois Governador, Senador da República, acumula experiência internacional. V. Exª, que é um homem de tanta leitura, penso que tem muito a contribuir. Por isso, receba o meu abraço. Este é um dia não muito alegre para mim. É um dia triste para mim e para milhões de telespectadores a sua despedida, mas penso que é um propósito de Deus. Diz a Bíblia que não cai uma folha da árvore sem que tenha autorização do Senhor. Há um propósito de Deus em sua vida, e Deus sabe todas as coisas. Quando uma janela se fecha, mil vão abrir; uma porta se fecha, e há duas para se abrir. Deus é que sabe. Deus não tem derrota para nós. A urna é um detalhe. V. Exª não passou pela urna. Não significa que foi derrotado. Deus tem coisas grandes - ainda maiores - para V. Exª, mais do que um mandato de Senador. Não tenha dúvida de que é assim que a vida segue quando acreditamos em Deus e somos dependentes dEle. Vá com Deus! Deus abençoe V. Exª. Deus abençoe sua família. Muito obrigado pela sua amizade!

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - Magno Malta, agradeço essa participação, assim como os momentos que a vida nos ofereceu.

            V. Exª tem perspectivas invejáveis na política do Brasil. V. Exª é filho da santa Dadá, baiano. V. Exª é Senador e representa o Espírito Santo. V. Exª é profundo conhecedor da teologia, do livro de Deus. Aprendi com V. Exª. Aqui e ali discutimos aspectos bíblicos, e V. Exª sempre ganhava. Tem mais profundeza.

            Mas quero dizer que, lá, no Espírito Santo, eu me lembro de Cachoeiro de Itapemirim. Tenho um colega, Frank Novaes, cirurgião lá, e Roberto Carlos, o acidente foi lá. V. Exª ainda está com um charme, um negócio de Roberto Carlos: mais magro, cabeludo, elegante e canta também. Ele é cantor, e como ninguém. Quando você ouvir a música do nosso Roberto Carlos “meu amigo de fé, meu irmão camarada”, ela nos retrata.

            Neuto De Conto. Neuto De Conto quer participar e insiste. Essa figura aqui sucede aquela figura maravilhosa de Leonel Pavan. Garçom, foi três vezes Prefeito, Governador de Santa Catarina, foi Senador. E ainda deu isto: foi para o Governo de lá e deixou aqui o Neuto De Conto. Neuto De Conto simboliza a grandeza do suplente de Senador.

            Olha, aquela Santa Catarina não tinha... Um quadro vale por dez mil palavras. São Miguel do Oeste, não é? Olha, não tinha nada, não! Eram umas casinhas de palha, há 50 anos. Esse homem foi para lá. Saiu do Rio Grande do Sul - é gaúcho -, das universidades, e aquilo é o maior polo de desenvolvimento, de riqueza e de economia. Foi Vereadorzinho várias vezes, amigo íntimo de Ulysses Guimarães, saiu aí lutando por essa redemocratização, vários cargos administrativos, empresário, amigo do meu amigo Luiz Henrique. Fui filiado ao PMDB com ele Presidente. Aí está. Li o livro dele. Aprendi muito e gostei. E recomendo a todos, Marco Maciel. É um exemplo de família. Ele só perde para mim em uma coisa: ele tem três filhas. Eu tenho três e um, quatro. Mas é um amor doido pela Adalgisinha dele. É um exemplo de família, de riqueza e de tudo. E, ontem, ainda ofereceu um churrasco lá, porque ele tinha esse dom de gaúcho. Foi lá e tivemos...

            Com a palavra esse grande Senador Neuto De Conto.

            O Sr. Neuto De Conto (PMDB - SC) - Senador Mão Santa, eminente Parlamentar do Piauí, eu não me poderia furtar, nesta oportunidade, de aparteá-lo para cumprimentá-lo, para dizer que a convivência, nesta Casa, quer seja nas comissões, quer seja no Parlamento, no plenário, quer seja nas nossas diferenças até ideológicas, em alguns momentos, foi muito boa. Sempre convergimos naquilo que é para o bem do Brasil, sempre convergimos na legislação, para buscar caminhos que levassem a dias melhores para nossa Pátria e, consequentemente, para a sociedade brasileira. Como V. Exª falou, venho de um pequeno Estado, que tem somente 1% do território nacional, mas é o quinto maior produtor de alimento do País. Quando lá aportei, há meio século, realmente era um sertão inóspito, as barreiras quase intransponíveis. Hoje, somos o maior complexo agroindustrial da América Latina, principalmente de carne de frango e carne suína. Consequentemente, isso faz parte da evolução extraordinária que o Brasil está tendo, principalmente nessa última década. Por isso, companheiro e amigo Senador, eu, que também deixo esta Casa no próximo dia 31 de janeiro, juntamente com V. Exª, certamente teremos a saudade como parte dos nossos dias, mas dizem que a saudade é a presença dos ausentes. A saudade está presente em relação àqueles que estão afastados, que nos vêm à mente, à memória, e traz para nós, sem dúvida nenhuma, uma gestão muito forte, um período em que se trabalhou bastante. O País já é a oitava economia do mundo e vai ser, sem dúvida nenhuma, na próxima década, a quinta. Eu me sinto gratificado por ser seu amigo, seu companheiro e por estar aqui, neste momento, e poder dizer da sua história de vida, do seu passado de luta, quer seja na área política ou na área privada, pela vontade, pelo desejo que V. Exª sempre teve. Quero dizer que estou aqui para aplaudi-lo, para homenageá-lo, para cumprimentá-lo e para dizer que seu sucesso continuará, porque existe esforço, vontade e princípios. Muito obrigado.

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - Neuto De Conto, agradeço e incorporo todas as palavras. Agradeço a Deus por essa convivência e o aprendizado que tive.

            Agora, está escrito no Livro de Deus que os últimos serão os primeiros. Tinha de ser do Piauí: Senador Heráclito Fortes.

            O Sr. Heráclito Fortes (DEM - PI) - Meu caro companheiro, Senador Mão Santa, quero lhe dizer que eu estava ali, bastante preocupado, recebendo uma visita com hora marcada, cerimoniosa, sem poder interrompê-la e olhando para o relógio, porque eu estava vendo, pela TV Senado, que V. Exª fazia aqui seu discurso de despedida.

Eu não me sentiria confortável se não estivesse aqui, para dizer do privilégio que tive dessa convivência de oito anos, em que pude conhecê-lo de maneira bem mais profunda. Os depoimentos que pude ouvir pela televisão foram sinceros, de companheiros que também tiveram essa oportunidade e esse privilégio. Não tenho dúvida de que V. Exª deixará um vazio na imagem da TV Senado durante muito tempo. V. Exª ajudou a popularizar esse canal de comunicação fantástico, que faz com que a palavra do Senador e do Senado chegue a todos os quadrantes do Brasil. Eu, que viajei muito em 2006, na campanha do candidato a Presidente da República Geraldo Alckmin, como seu coordenador, representando meu Partido, pude ver os efeitos do alcance da televisão. As pessoas perguntavam sempre por V. Exª. É muito gratificante para nós, que somos de um Estado pequeno, de um Estado pobre, ter esse reconhecimento pela atuação, pela coragem e, acima de tudo, pela determinação de defender nosso Estado e de defender o Brasil no Senado Federal. V. Exª sai, como eu, de uma disputa em que não obtivemos êxito. Temos de nos curvar à decisão do povo, mas devemos ter paciência suficiente e aguardar o desenrolar dos acontecimentos, Senador Mão Santa, porque não tenho dúvida de que a eleição que se processou no Piauí ainda será notícia no Brasil inteiro. Li alguma coisa dita por V. Exª ontem, aqui, lembrando que, nesta Casa, já houve Senadores que perderam o mandato por acusação de manipulação de quantias irrisórias. No Piauí, a única coisa que não houve foi a questão da quantia irrisória. No Piauí, houve um derrame de dinheiro, o acinte provocado pela mais moderna técnica de corrupção eleitoral. Esses fatos, não tenho dúvida, virão à tona. Como tenho acompanhado e tenho lido que a Justiça do Piauí vem tomando providências, aguardo que isso ocorra e que, no Piauí, não aconteça o que aconteceu, por exemplo, no caso da Emgerpi, em que a procrastinação dos fatos habilitou candidatos a eleições nesse pleito último, os quais, confiantes na impunidade, repetiram atos delituosos praticados ao longo dos últimos anos. A história da eleição no Piauí, a corrupção da eleição no Piauí começa bem antes, e os fatos vão mostrar, num futuro bem próximo, se estou certo ou não. O pontapé inicial é uma CPI do setor elétrico, que ficou muito famosa na Câmara. O objetivo era diminuir o preço da energia para atender à camada pobre, mas, na realidade, o que se viu foi o maior processo de extorsão a empresários do setor. Embora o processo corra em segredo de justiça, sabemos à solta que existem gravações, que existem depoimentos, que existem fatos que são graves e não envolvem Parlamentares apenas do Piauí, mas também Parlamentares de outros Estados que tiveram votações estrondosas e jornalistas que serviram de pombos-correio. Também há a questão da CPI da Petrobras, que criou verdadeiro pânico dentro do Governo e que, num passe de mágica, Deus sabe lá como e quanto custou, foi abafada e enterrada sem nunca ter nascido. São fatos que, tenho certeza, serão apurados. Senador Mão Santa, vimos lá, no dia a dia, o que se fez com o dinheiro à solta dos carnavais fora de época, do Segundo Tempo, do ProJovem. Os fatos são graves. Há dissimulação, inclusive, das declarações de Imposto de Renda, incompatíveis com os bens reais de candidatos. Espero que a Justiça atue. O Piauí não pode ser exceção. Aliás, o Piauí tem sido pródigo em cassar prefeitos, às vezes, por questões mínimas. Não é possível que a Justiça do Piauí se cale ou vire as costas para esses fatos. Enquanto isso, Senador Mão Santa, encerro aqui, aguardando a Justiça, mas dizendo a V. Exª que tive um prazer enorme nessa convivência. Fomos Prefeitos juntos: eu governei a capital, Teresina; V. Exª, a segunda maior cidade do Estado, Parnaíba. Por intuição política e, acima de tudo, por clima administrativo, tomamos algumas ações conjuntas, que, para mim, depois, tornaram-se motivo de orgulho. O Instituto de Previdência, de que V. Exª falou, amparado pela Constituição que acabava de ser promulgada, é um exemplo para o Brasil. Tenho orgulho também de ter criado o SOS Teresina. V. Exª, na primeira semana, telefonou-me e me disse: “Como é que isso funciona?”. E o implantou em Parnaíba. O SOS Teresina era um projeto muito simples: ambulâncias ficavam espalhadas em setores estratégicos da cidade e eram chamadas, por um sistema de rádio, para levar o acidentado ou quem necessitasse de assistência médica ao hospital mais próximo, evitando que, no caso de emergência, houvesse filas.

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - Nós somos pioneiros lá: em Parnaíba, o SOS era o Pronto Ambulância.

            O Sr. Heráclito Fortes (DEM - PI) - É verdade.

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - Esse Samu, foi com a nossa inteligência que o criamos para o Brasil.

            O Sr. Heráclito Fortes (DEM - PI) - Era exatamente isso que eu queria dizer, concluindo. Pois bem, esse projeto foi um sucesso tão grande, Senador Cotait, que, logo em seguida, foi copiado por São Luís, por Fortaleza, por Belém e por Manaus e aí foi se alastrando pelo Brasil inteiro. O Presidente Lula, no começo do mandato, clonou nosso programa e criou o Samu, mantendo até o número: 192.

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - O Samu nasceu no Piauí. Nós dois éramos Prefeitos nas duas cidades, na Capital e em Parnaíba.

            O Sr. Heráclito Fortes (DEM - PI) - Exatamente. Foi uma coisa fantástica!

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - Em Parnaíba, coloquei o nome de Pronto Ambulância. V. Exª, em Teresina, implantou o SOS.

            O Sr. Heráclito Fortes (DEM - PI) - É o SOS Teresina. Isso foi proveniente de uma conversa que tive com um médico extraordinário do Piauí, o Alcenor Almeida. Foi uma conversa de pé de palanque, na época da campanha. Prometi que ia fazer e fiz. Portanto, fico muito feliz. Depois, houve o episódio da Ponte do Poti Velho, numa região para a qual tinha a promessa da realização dessa obra há mais de cem anos. Fiz um desafio e a construí em cem dias. V. Exª, quando assumiu o Governo do Estado, fez outra ponte nos mesmos moldes, também em tempo recorde, fazendo com que solucionássemos dois graves problemas de estrangulamento no tráfego de Teresina. Dessa forma, Senador Mão Santa, vamos encerrar nossa missão, conferida pelo povo do Piauí, no dia 31 de janeiro, mas vamos ter a consciência tranquila do dever cumprido e vamos sair destas cadeiras que o povo nos destinou com a mesma consciência tranquila com que aqui entramos, sem sermos perturbados pela Justiça, sem termos sobressaltos por atos cometidos, com o compromisso inarredável com o povo do Piauí, porque esse, sim, permanecerá; esse, sim, será perene. Congratulo-me com V. Exª. O círculo de amizade feito pelo nobre Colega nesta Casa e no Brasil inteiro haverá de orgulhar o Piauí. V. Exª não fez círculo de amizade com negócios nem com negociatas. V. Exª fez círculo de amizade com homens de bem, fez círculo de amizade com pessoas que, em suas atividades, tiveram a oportunidade ou o desejo de ajudar o nosso Estado, que é a missão que nos conduziu até aqui. Espero que o Piauí não seja vítima de escândalos, de vexames, tampouco de conchavos. Que nossos representantes abracem as causas do povo do Piauí, não dos seus negócios, das suas empresas, dos seus interesses, nem dos corporativismos! Se fizerem isso, o Piauí poderá se sentir feliz; caso contrário, vai ter muita saudade de V. Exª. Muito obrigado.

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - Eu lhe agradeço, Heráclito Fortes. Quero dizer que combatemos o bom combate. Mesmo com o sofrimento de uma derrota, mesmo com meios ilegítimos, imorais e indignos, de corrupção, ela é menor do que a covardia de não lutar. E nós lutamos pela democracia.

            Senador Heráclito, tenho andado muito por aí e fico a meditar. Por onde ando, perguntam-me por Heráclito Fortes. Está ouvindo, Heráclito? Perguntam-me: “Mão Santa, e o Heráclito?”. V. Exª se lembra daquele time, o Santos Futebol Clube, do Pelé e do Coutinho? V. Exª tem sido o Pelé. O fato é que vestimos, com grandeza, a camisa verde e amarela do Piauí.

            Agora, quero dizer - agradeço a paciência ao Senador Acir Gurgacz, esta figura extraordinária - que aprendi, no colo da minha santa mãe, terceira franciscana, que a gratidão é a mãe de todas as virtudes.

            Pede-me um aparte Antônio Carlos Valadares.

            Então, ao pessoal do meu gabinete, quero agradecer. Esta é uma Casa de funcionários extraordinários: Antônia Maria; Aurora Pereira; Benedito Torquato; Cristina Júlia; Egnaldo Rocha; Francisco Geraldo; João Baptista; Karla Patrícia; Mônica Maria; Raimundo Nelson Aguiar, o Doca; Regina Coeli; Ruth Martins; Ruth Magalhães e Sarah Christina. E agradeço a todo o pessoal da Terceira Secretaria, onde exercitei.

            Está ouvindo, Heráclito Fortes? Ressalte-se que entramos no Senado da República no momento mais difícil dos seus 184 anos.

            O Sr. Antonio Carlos Valadares (Bloco/PSB - SE) - Senador Mão Santa, V. Exª me concede um aparte rápido? Vou ter de pegar o avião.

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - E devolvemos ao País um Senado fortalecido e honrado. Isso tem muito a ver com nossa participação, ouviu, Heráclito?

            Concedo aparte a Antonio Carlos Valadares.

            Firmeza no Direito, caridade para todos, malícia para nenhum, como disse Abraham Lincoln!

            O Sr. Antonio Carlos Valadares (Bloco/PSB - SE) - Senador Mão Santa, aproveito essa oportunidade em que V. Exª ocupa a tribuna, momento em que está também presente outro piauiense, o grande Senador Heráclito Fortes, para, com minha palavra, homenagear V. Exª e o Senador Heráclito Fortes. V. Exª foi um grande Senador durante esse período em que convivemos, não só ocupando a tribuna, como também dirigindo os trabalhos do nosso Senado Federal. V. Exª foi modelo de competência, de assiduidade, de comparecimento diário aos trabalhos da nossa Casa, manifestando-se sempre, em todas as oportunidades, a respeito das mais importantes causas do seu Estado e do nosso País. O mesmo posso dizer do Senador Heráclito Fortes, esse grande executivo, esse verdadeiro prefeito e grande administrador do Senado Federal. Em um momento de crise, talvez uma das maiores que já enfrentamos, o Senador Heráclito, com competência - todos sabemos da competência de S. Exª -, conseguiu trazer calma a esta Casa, colocando tudo nos trilhos, reorganizando o Senado Federal, reorganizando a estrutura da Casa e mostrando à sociedade que, à frente da administração da nossa Casa, estava um homem honesto, trabalhador e competente. Portanto, com estas palavras, homenageio dois grandes Senadores, que não voltaram nesta eleição, mas que têm muitos anos pela frente. Quem sabe, um dia, teremos a alegria, a felicidade, de vê-los de novo no Congresso Nacional? Parabéns a V. Exª!

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - Agradeço a Antonio Carlos Valadares, que é do pequeno, geograficamente falando, Estado de Sergipe, que não tem sua grandeza maior no petróleo, mas, sim, na sua gente, no seu povo, e V. Exª simboliza essa eugenia da raça.

            Ouço Valdir Raupp, esse companheiro com quem governamos o Estado do Piauí. Há algo Interessante, Raupp. Estou com um retrato que lhe quero dar, em que, no Piauí, V. Exª estava ao lado do meu filho Francisco Júnior, bem jovem, quando eu era Governador. V. Exª foi receber uma homenagem das companhias energéticas regionais pela sua competência administrativa, naquele tempo em que não havia energia alguma em Rondônia.

            O Sr. Valdir Raupp (PMDB - RO) - Obrigado, Senador Mão Santa. V. Exª sempre recebeu bem os visitantes do Estado do Piauí quando Governador e, tenho certeza, quando Prefeito também da sua querida Parnaíba. No Senado, não foi diferente: V. Exª sempre foi muito gentil, muito educado com todo mundo. Fui Líder da Bancada do PMDB, e V. Exª fazia parte dela. V. Exª foi o primeiro a assinar a lista para eu assumir a Liderança.

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - V. Exª já assumiu a Presidência do PMDB?

            O Sr. Valdir Raupp (PMDB - RO) - Não. Será no dia 2 de janeiro.

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - Quero estar lá. Fui o primeiro a assiná-la, para V. Exª ser o Líder. E foi por meio de V. Exª que esse Partido cresceu.

            O Sr. Valdir Raupp (PMDB - RO) - Quero ser extremamente breve, porque sei que há muitos Senadores fazendo despedidas hoje, que é praticamente o último dia de trabalho, porque, na hora em que votarmos o Orçamento, entraremos em recesso, e isso acontecerá hoje à noite. Então, vários Senadores estão se despedindo e pediram-me que eu fosse breve ao aparteá-lo. Mas quero dizer da satisfação de ter convivido com V. Exª aqui. V. Exª é o homem mais conhecido hoje do Congresso, depois do Sarney. Vamos colocar o Sarney em primeiro lugar, como Presidente da República...

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - O Sarney é um estadista.

            O Sr. Valdir Raupp (PMDB - RO) - Mas, depois do Presidente Sarney, V. Exª...

            O SR. MÃO SANTA (PSC -I) - E S. Exª é criador do Parlamento da América do Sul, que não pode abortar. Não devo abortar.

            Sei que o Amapá é grande e que S. Exª representa o Amapá, mas S. Exª é maior ainda na democracia, não é?

            O Sr. Valdir Raupp (PMDB - RO) - V. Exª é conhecido nos quatro cantos desse Estado e até fora do Brasil, porque a TV Senado e a Internet vão além das fronteiras do nosso País. V. Exª, com certeza, é conhecido nos Estados Unidos, na Itália e no Japão, porque lá eles assistem à TV Senado, via Internet. V. Exª é conhecido hoje quase no mundo todo. Então, quero parabenizá-lo pela trajetória no Senado Federal. Como falei para o Heráclito Fortes ontem, este não é um adeus. Com a juventude de V. Exª, com a do Heráclito e com a de muitos outros que estão se despedindo, com certeza, este será um “até breve”. Perder eleições? Todos nós já as perdemos. Eu já as perdi. Disputei oito eleições, perdi duas e ganhei seis. Estou indo para meu sexto mandato. Este é o meu segundo mandato no Senado Federal. Quero desejar sucesso a V. Exª. Que Deus possa abençoar sua caminhada fora do Parlamento e que essa despedida não seja um “adeus”, seja um “até logo”! Quero ver V. Exª quando eu for assumir o PMDB, mas quero vê-lo como filiado novamente do PMDB, porque o PMDB lhe deu sorte. Todas as eleições que V. Exª disputou pelo PMDB, V. Exª as ganhou. Então, quero lhe fazer um convite...

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - Eu sempre disse isso. Sabe o que eu disse por aí? Olha, eu já fui de outros partidos, mas o PMDB é como o Flamengo, é de se vestir a camisa. Tem mais facilidade de conquistar.

            O Sr. Valdir Raupp (PMDB - RO) - Senador Mão Santa, saí uma vez do PMDB e perdi a eleição. A única eleição que disputei fora do PMDB, eu a perdi. Fiquei pouco mais de um ano fora do Partido e perdi a eleição. Voltei para o PMDB. Quero fazer esse convite, estender esse convite a V. Exª, para que volte à velha Casa, ao PMDB. Sucesso! Feliz Natal e bom ano-novo!

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - Diz um samba que ninguém perde o caminho de volta. Mas quero dizer da minha gratidão, como minha mãe me ensinou - e ela está no céu -, quero agradecer aos funcionários da Terceira Secretaria: Acilino José; Antônio Carlos Medeiros; Antônio Fernandes Santos; Breno Braz; Francisco Neto; Itamar Franco; José de Alencar; José Lourenço; Juliana Guerra; Marcos Aurélio; Maria de Fátima Martins; Mário Lúcio; Patrícia Gomes; Roberto Mendes; Rodrigo Felix; Rômulo Rocha; Veruscka de Castro...

            Olha aí! Olha o destino! Olha o destino, Heráclito! (toque do telefone com jingle de campanha). Vou desligar. Aí, foi o destino, não vou contar o ódio de Deus... Mas, a música, eu botei aí, o povo cantando.

            Continuando: Karla Patrícia; Mônica Oliveira. E os terceirizados: Maria Gorete; Christiany; Adriana; Simone e Josicleide. E os garçons... Cadê o Zezinho?

            Dornelles, ouça! (Toque do telefone com jingle de campanha.) Olha aí, Efraim!

            Foi o destino, eu não mandei.

            O Sr. Francisco Dornelles (PP - RJ) - Permite V. Exª um aparte, Senador?

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - Concedo o aparte a V. Exª, mas só queria terminar com os nomes dos garçons e volto já.

            Cadê o Zezinho? Está ali. O símbolo. Jesus disse: “Não vim ao mundo para ser servido, mas para servir”. Eu acho que fiz muito discursos, mais de mil, mas tomei mais de dez mil cafezinhos servidos pelo Zezinho.

            Então, ao David Alexandre, Edinaldo Abrantes, Francisco Eugênio, Joel Alves, Jonson Alves, Jair Rocha, José Antonio e Paulo Afonso.

            Concedo o aparte ao Senador Francisco Dornelles.

            O Sr. Francisco Dornelles (PP - RJ) - Senador Mão Santa, eu queria dizer a V. Exª que uma das satisfações que eu tive durante esses quatro anos que aqui estou foi acompanhar o trabalho de V. Exª, a grandeza de todos os seus atos, seu pensamento, sua atitude. Tive o privilégio de estar ao seu lado na discussão de vários importantes problemas e em alguns congressos internacionais. Sou testemunha da sua competência, da sua lealdade, da sua dignidade, da credibilidade que V. Exª tem como Senador. De modo que o que quero dizer, Senador Mão Santa, é que V. Exª em todo momento estará presente em nossa Casa, estará presente no coração de cada um de nós, por tudo que V. Exª fez, por tudo que V. Exª representa. Muito obrigado.

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - Pois é.

            Então, agradecemos a todos os garçons: o David, o Edinaldo, o Francisco Eugênio, o Joel, o Jonson, o Jair Rocha, o José Antonio e o Paulo Afonso. Às taquigrafas, aqui. Agradecemos ao Denis, ao José de Oliveira, ao Airtom, ao Manoel Messias, ao Domingos e ao pessoal aí, ao time todo aí.

            Venha cá, para não faltar ninguém: à Claudia Lyra, ao Zé Roberto, ao nosso João Pedro, ao Edimilson, à Zilá - ela me deu tanta bala que eu engordei aqui uns três quilos - e as suas companheiras novas. É um pessoal gentil.

            Quero dizer aqui as minhas últimas palavras: saio com a satisfação do cumprimento da missão. E agradeço à família.

            Ontem, eu dava os parabéns ao filho do Acir Gurgacz. Estou melhor do que ele, porque ele só tem um filho. Ele tem que ter mais. Convidei-o até para passar uma lua de mel lá no Piauí, no Delta, caliente, para melhorar lá a população. Mas o seu filho fazia aniversário. Família! O próprio Deus chamou e, depois de muitas tentativas de melhorar o mundo, não conseguiu e: “Vou fazer um filho para ele melhorar este mundo”. Confiou no filho. Agora, não o desgarrou; botou-o numa família. Esse é o conceito. E o Rui Barbosa está ali, porque ele disse: “A Pátria é a família amplificada”.

            Então, eu posso fazer minhas as palavras do apóstolo velho, Paulo, o maior líder cristão. Ele viveu muito; Cristo, pouco; Jesus, pouco, Acir Gurgacz. Ele viveu muito, sofreu, foi apedrejado, passou fome, foi preso, lutou, guerreou e, no fim, ele disse: “acabei minha carreira, preguei e guardei a minha fé, combati o bom combate”. Eu posso fazer minhas as palavras do apóstolo Paulo.

            E agradecer à família. A Deus, eu jamais vou fazer oposição. Ao Luiz Inácio, eu fiz. Não me arrependo. Fiz por amor ao Brasil, por amor à democracia, por amor ao povo, à Justiça. A Deus, não, Raupp, porque ele fez a Adalgisa para mim, a melhor obra da natureza, e eu construí uma família com ela: fizemos um filho bem mais competente, bem mais inteligente e bravo do que eu, e três encantadoras filhas, Acir Gurgacz. Capriche para aumentar!. A Gracinha é engenheira, a Cassandra é advogada e a Daniela é médica.

            Então, eu agradeço a Deus. Ó Deus! Ó Deus! Ó Deus! Abençoe o Brasil, este Senado, inspire a nossa Presidenta a construir neste País uma sociedade justa, igualitária e fraterna.

            Muito obrigado.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 23/12/2010 - Página 60645