Discurso durante a 129ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Satisfação com o trabalho desenvolvido por Dilma Rousseff na Presidência da República; e outros assuntos.

Autor
Pedro Simon (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RS)
Nome completo: Pedro Jorge Simon
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO.:
  • Satisfação com o trabalho desenvolvido por Dilma Rousseff na Presidência da República; e outros assuntos.
Aparteantes
Blairo Maggi, Paulo Paim, Pedro Taques.
Publicação
Publicação no DSF de 09/08/2011 - Página 31888
Assunto
Outros > PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO.
Indexação
  • CONGRATULAÇÕES, DILMA ROUSSEFF, PRESIDENTE DA REPUBLICA, RELAÇÃO, ATUAÇÃO, COMPETENCIA, GESTÃO, PRESIDENCIA, GOVERNO FEDERAL.

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco/PMDB - RS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srs. Senadores, eu, nos meus 81 anos, passei por tudo nesta vida - 60 anos na política, desde a política estudantil - e sou um otimista com a vida. Acho que, hoje, o Brasil vive um momento muito importante.

            Estou acompanhando o Governo da Presidenta. Não sou do seu partido; votei em Sua Excelência no segundo turno, no primeiro votei na Marina, mas nas minhas reflexões, nas minhas orações diárias, tenho torcido e rezado para que a Presidenta vá bem. E confesso que tenho tido satisfação em ver o seu trabalho, o esforço que Sua Excelência vem desenvolvendo à frente da Presidência da República.

            Sua Excelência substitui o Presidente Lula, que foi um grande Presidente. Divergi do Presidente, num determinado momento, quanto à linha do seu governo. Achei que Lula, pela sua origem, por quem ele era, pela sua história, por toda a sua vida não ter não ter dependido nunca nem de multinacional, nem de empresário, nem de empreiteira, nem de ninguém, podia ter feito um governo mais independente, principalmente na ética e na moral.

            Foi um grande governo. Não há como deixar de reconhecer grandes obras, grandes realizações, colocou o Brasil em manchetes positivas internacionalmente, estão aí trinta milhões que saíram da miséria e da classe pobre e entraram na linha das pessoas que vivem com dignidade. Não há dúvida nenhuma! Mas o Lula podia ter feito tudo isso e mais. Como pregara o seu Partido, o PT, antes do seu governo, podia ter feito um governo na austeridade, demitindo o Zé Dirceu na hora e não dois anos, três anos depois.

            Assume a Presidente Dilma, e dá para se notar que seu Governo é diferente. Sua Excelência assumiu um Governo em situação pessoal delicada. Todo o Brasil e o mundo sabem que o grande eleitor se chama Presidente Lula. Ele escolhe - e foi um lance de rara inteligência. Ele escolheu a Ministra Dilma à revelia de, praticamente, todo o PT e à revelia de todos. De onde é que o Lula tirou o nome dessa mulher que nunca foi candidata à vereadora, nunca teve um voto? Nem era do PT, entrou agora! Nasceu em Minas Gerais, criou-se politicamente no Rio Grande do Sul, nunca foi a um comício político, nunca participou de coisa nenhuma. E o Lula teve a visão, e o Brasil se curvou à visão do Lula.

            Não é que a Dilma seja cria do Lula. A Dilma teve a “iniciatura” do Lula, mas ela ganhou pela capacidade dela, pela competência dela, porque ela tinha sido excepcional na Secretaria da Fazenda do Prefeito Collares; no governo do Estado, Secretária de Minas e Energia do Governador Collares; Secretária de Minas e Energia do Governador Olívio Dutra, e Ministra de Minas e Energia do Lula, e Chefe da Casa Civil do Lula. Competência ela já tinha mostrado, e mostrou essa competência na campanha, e ganhou tranquilamente.

            Quanto ao seu Ministério, lamentavelmente, nem o Lula, nem o MDB, nem o PT ou alguém se preocupou em selecionar um grande Ministério.

            Agora, vê-se que o coordenador principal da campanha do Lula e o coordenador principal que fez o entrosamento do próprio Lula com a Dilma, para fazer, organizar o Ministério, estava preocupado em ganhar R$20 milhões lá, com suas assessorias técnicas de não sei o que, em comprar um apartamento de oito milhões e não sei mais o quê.

            A Bíblia já disse que ninguém serve a dois senhores. Se ele está cuidando de fazer a sua fortuna porque queria botar tudo em dia, correndo, ridiculamente, botando um apartamento de R$7 ou 8 milhões no seu nome antes de assumir a chefia da Casa Civil, ele não podia estar cuidando disso e cuidando da coordenação do Governo. E o Governo foi constituído da maneira que podia. E estamos aí.

            O fato novo é que a Ministra Dilma tem tido coragem, ao contrário do Fernando Henrique, Presidente da República, que não mexeu, que não teve coragem de tomar posição na hora que as coisas aconteceram no seu Governo, e ao contrário do Presidente Lula, que também não fez nada quando houve o mensalão e caíram José Dirceu e companhia. Caíram porque a CPI mostrou, porque o Supremo aceitou e ele teve de aceitar, mas defenderam até o fim que as pessoas ficassem.

            Com a Drª Dilma, não. Ela assumiu e tomou as providências. A primeira foi com o todo-poderoso chefe da Casa Civil, o homem mais forte, que era, inclusive, o primeiro candidato do Lula à Presidência da República, mas que caiu fora quando aconteceu a questão do caseiro, na casa onde faziam as festas e não sei mais o quê. Ele saiu porque tinha mandado abrir as contas do caseiro, para mostrar que ele tinha recebido dinheiro para fazer uma denúncia contra ele, pensando que esse dinheiro tinha vindo de empreiteira ou seja lá de quem. E o dinheiro era do pai natural dele, que tinha mandado para ele. Aí, ele caiu fora e surgiu a Dilma.

            Surgiu da denúncia? O Lula veio aqui, em Brasília, reuniu todo mundo - líderes políticos, o Presidente do Senado e companhia - para fazer um apelo para que não se mexesse nele, porque ele não podia sair. A Presidente tirou, e tirou muito bem. E tirou muito bem. Depois, o Ministério dos Transportes, e tirou todos os que tinham de ser tirados, e tirou bem.

            Agora, no Ministério da Agricultura. A denúncia foi feita por um irmão do Líder do Governo, denúncia essa muito grave, muito séria, que precisa ser investigada.

            Eu não acredito que não se investigará porque é do MDB. A imprensa diz que com o PMDB e com o PT a Presidenta não vai ter coragem de fazer nada, porque o preço é mais caro. Não acredito. Aliás, o Líder do PMDB na Câmara foi muito claro nesse sentido: “Investigo o que tiver de investigar”. Eu penso a mesma coisa: investigue o que tiver de investigar.

            Na quarta-feira, ele vem ao Senado, na Comissão, e eu mesmo pretendo lhe fazer algumas perguntas, até porque passei por aquele Ministério e, no meu tempo, também se falava muito daquela Conab. Eu gostaria de ouvir as respostas que S. Exª dará.

            A imprensa tem deixado muito claro, Presidente, muito claro que o caso do Ministro Jobim é diferente. É bom esclarecer que, nesse tumulto de corrupção, de coisas erradas, quando se chega a nome do Dr. Jobim, a imprensa diz que foi uma incompatibilidade.

            A imprensa conta, e acho muito interessante, com uma charge, e até o Lula se saiu muito bem, em minha opinião, quando disse: “São coisas de gaúcho. Quando eles discutem, a gente tem de ficar assistindo. Ou se acertam, ou não se acertam”. Mas ninguém disse uma vírgula com relação à dignidade, à seriedade, à capacidade e à competência do Ministro Nelson Jobim.

            Eu tenho muito respeito pelo Ministro Jobim. Sou um dos responsáveis pela insistência do Rio Grande do Sul para que S. Exª, um brilhante advogado, que não pensava em política - embora o seu avô tenha sido governador do Rio Grande do Sul e seu tio tenha sido deputado -, se candidatasse.

            Deputado constituinte excepcional, da equipe do Dr. Ulysses e das lideranças do MDB, grande líder, grande relator, grande responsável, naquela hora dramática da Constituinte. Conseguimos que ela chegasse ao seu final. Ministro da Justiça de Fernando Henrique excepcional, Ministro do Supremo, Presidente do Supremo, marcou sua passagem com dignidade, com respeito e com altivez.

            Numa hora difícil, numa determinada conjuntura, ele já afastado do Supremo, Lula o convidou para ser seu Ministro da Defesa. E a atuação do Jobim foi excepcional. Primeiro, a integração dele com as Forças Armadas, o entrosamento, a reciprocidade de respeito e de entendimento; segundo, a preocupação dele com as questões da defesa.

            Pela primeira vez, que eu saiba, um Ministro da Defesa preocupou-se, realmente, com esta questão na política brasileira: a questão do mar territorial, discutindo inclusive na ONU essa questão importantíssima das nossas milhas, até porque, em águas profundas, há poços que, hoje, estão além de determinado limite. Ele foi o primeiro no mundo que se preocupou com a ONU, no sentido de nos garantir em termos de futuro, fazendo a integração da América Latina em termos de defesa, e o Brasil fugindo daquela posição de que seria um País com áreas de conquista, coisa que o Brasil nunca teve.

            Mas o Brasil, imenso, ficava na interrogação: “O que esse país quer?” A começar pela Argentina, com todos os países o entendimento e o entrosamento foram feitos, cuidando, com seriedade, da questão da Amazônia, cuidando do aparelhamento que devem ter as Forças Armadas.

           Neste momento que estamos vivendo, em que há uma interrogação com relação às questões referentes ao que foi, à época da ditadura, e ao que será, amanhã, a convivência que devemos ter, ele teve a competência de fazer o entendimento, tendo o respeito do Congresso, o respeito dos políticos e o respeito dos militares, mostrando que não é a busca de uma vindita, de compensações ou de se refazerem erros que foram feitos. A questão é de termos, realmente, respeito pela nossa consciência e a nossa responsabilidade perante a História, imitando aqui o que o grande líder fez na África do Sul, quando não fez o que todos queriam, que seria dar o troco e condenar todos os que mereciam, mas buscou a verdade, a responsabilidade, a culpabilidade e o perdão.

            Grande atuação a de Jobim. Os temperamentos, eu não vou discutir. E foi aí que a questão aconteceu. Não é para se discutir. Acho até que, da maneira como está, o Jobim fez o melhor que poderia fazer: saiu. E a Presidente escolheu um grande nome no seu lugar.

            Conheço Celso Amorim. Eu era líder do governo Itamar e ele foi o chanceler que substituiu Fernando Henrique. Grande atuação. Homem sério, responsável, competente, e de grande atuação no governo do Presidente Lula, no Itamaraty. Uma boa escolha. Uma pena: o Celso poderia vir de qualquer maneira, mas o Jobim poderia ficar. Não é o que querem, não é o que importa. O que importa é que o Jobim ficou de cabeça erguida.

            Jobim desempenhou algo que não é fácil: Ministro da Justiça do Presidente Fernando Henrique, indicado para o Supremo Tribunal pelo Presidente Fernando Henrique; Presidente do Supremo; Ministro da Defesa de Lula e ter o respeito de todos por desempenhar todos os cargos com dignidade. Em nenhum momento, no Governo, viu-se envolvido em quaisquer das questões que teve o Governo Fernando Henrique ou nos erros que o PMDB cometeu. No Supremo, agiu com alta dignidade. Agora, na Defesa, sem abrir mão de suas ideias e da sua amizade com Fernando Henrique, com Lula, com Serra e companhia, fez um Governo de grande seriedade e prestou grandes serviços. Quem o disse foi o próprio Presidente Lula, que lamenta a sua saída. E estava fazendo um bom Governo com a Presidenta Dilma.

            Acho que a imprensa está consignando com muita fidelidade essa questão. Não vamos misturar Agricultura, chefia da Casa Civil com o que aconteceu no Ministério da Defesa: incompatibilidade. Jobim tem mil qualidades? Tem. Mas também tem as suas questões e interrogações. Quem o conhece como eu o conheço sabe que ele é assim: alto, grande, de cabeça erguida, mas é simples. É um bom amigo. Ele é singelo. Mas a sua altura e a sua maneira de falar demonstram certa arrogância para quem não o conhece, o que, em minha opinião, ele não é.

            Quanto à Presidenta Dilma, está aí toda a imprensa debatendo e analisando que ela tem mil qualidades, mas que ela seria difícil no trato. Há incompatibilidade. No Rio Grande, tem muito isso.

            O Dr. Getúlio Vargas e o seu irmão, Protásio Vargas. Getúlio Vargas criou o PTB, e seu irmão, Protásio Vargas, era chefe do PSD, no Rio Grande do Sul. Getúlio, candidato a Presidente da República, em 1950; o seu irmão, Protásio Vargas, coordenou a campanha contra ele, a favor do brigadeiro, no Rio Grande do Sul. Irmãos que se respeitavam, mas que não se toleravam politicamente. No Rio Grande tem muito isso.

            Brizola e João Goulart. Com a queda de João Goulart, ficaram lá, em Montevidéu, 14 anos. Quatorze anos sem conversarem. Quatorze anos rompidos. A esposa de Brizola, irmã de Jango, dona Neuza, tinha de fazer um esforço para ver o irmão, porque o irmão e o marido não se davam. Houve aquele final de governo, como todos nós sabemos, com uma divergência profunda entre Brizola e Jango, e eles só foram se acertar - e Deus foi bom com eles - quando Jango, com problema sério de coração, saiu de Montevidéu para a Europa, para fazer uma cirurgia, e quis se despedir da irmã. E foi lá, na casa de Brizola. Estavam lá dona Neuza e Jango, na sala, e o Brizola fechado no quarto. Quis o destino que, naquela noite, chegassem ali dois amigos: o Guimarães e o... - não recordo o nome agora. Chegaram, ficaram emocionados, vendo o Jango na casa de Brizola. “Cadê o Brizola?” “Está lá no quarto”. Foram lá, trouxeram o Brizola, e os dois se abraçaram, se reconciliaram, e foi a última vez que se viram. Jango viajou. Morreu. Até agora não se sabe direito como foi na Argentina. Mas, assim é realmente o Rio Grande do Sul.

            Como diz o Lula: “Que pena que não se acertaram”. Mas tenho a certeza de que os dois se respeitam reciprocamente.

            Mas acho que a Presidente Dilma tem que continuar.

            A imprensa está colocando, em manchete, a questão de que agora está complicado. A imprensa e os jornalistas das colunas estão dando a entender que agora há um sentido de resistência à Presidenta Dilma; que agora é mais caro; que agora vai mexer com o MDB, e tem gente que duvida que ela vá mexer com o PT, e tem gente do PT que está com medo de que ela vá mexer com o PT.

            Claro que sou daqueles que acho que o importante da Presidenta Dilma é governar, é realizar obras e apresentar números, mas não há preço de conviver com a corrupção. Não gosto do termo “faxina” nem nada parecido com isso. Mas acho que quando as coisas aparecerem, ela tem de tomar uma posição.

            Reparem que não foi a Presidente Dilma que foi atrás. Reparem que não foi a oposição quem apresentou. O caso do chefe da Casa Civil, a imprensa noticiou algo que é ridículo. Ele ganhou R$40 milhões na sua assessoria, sendo R$20 milhões no último mês, quando estava montando o Governo. Não foi a Presidenta que foi atrás do fato. O fato aconteceu e ele reconheceu. Agora, na Agricultura, é o irmão do Líder do Governo que vem e conta e dá a manchete de que existiriam horrores de fatos no Ministério da Agricultura.

            Que a Presidente tenha coragem de fazer as coisas. Acho que ela merece e precisa fazer.

            Tanto aqui no Senado quanto na Câmara sinto que há um movimento de dar cobertura para a Presidente, para que ela aja como deve agir, que ela faça o que tem de fazer. Há um movimento muito importante de Parlamentares

de vários partidos, inclusive de oposição, e também de Governo, que dizem exatamente isso: que ela faça o que tem de fazer. Que o medo é a resposta. A imprensa está noticiando que se não derem as emendas e se não fizerem isso ou aquilo vai ter o troco do Congresso Nacional, as bancadas vão dar respostas, inclusive os partidos do Governo. Eu não acredito. Mas, se acontecer, a Presidenta não pode ficar sem a cobertura desta Casa. E a cobertura desta Casa deve ser exatamente isso: que ela faça. Não usem o termo “faxina”, pelo amor de Deus, mas que ela aja como deva agir e faça o que deve fazer no seu Governo.

            O Sr. Paulo Paim (Bloco/PT - RS) - Senador Simon,...

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco/PMDB - RS) - Pois não, querido Senador. Agradeço a sua presença e à do querido Presidente. Hoje é segunda-feira, é verdade, alguns que estavam saíram, porque o assunto não agrada.

            O Sr. Paulo Paim (Bloco/PT - RS) - Senador Simon, o Brasil todo está assistindo a V. Exª, e fico muito feliz. V. Exª sabe o carinho que tenho não pela sua pessoa somente, mas pela sua história de vida. Um Parlamentar do quilate de V. Exª, eu diria, com a coragem de V. Exª e com a rebeldia de V. Exª - e eu me sinto muito feliz em dizer rebeldia, porque, quando falamos rebeldia, a gente sempre acha que são os mais jovens -, com o espírito da rebeldia que V. Exª demonstra nesta Casa contra aquilo que V. Exª entende que não é correto, que não aceita, e vai para a tribuna e coloca com muita força e com muita precisão. Eu queria dizer da minha alegria desse seu depoimento de apoio à Presidenta Dilma, dizendo “doa a quem doer”, seja do PT, do PMDB, do PSB, enfim, do PCdoB, não importa. Que ela continue firme, agindo em defesa do povo brasileiro, da forma muito clara como V. Exª aqui colocou. E V. Exª inclusive diz, e fico feliz em ouvir, que V. Exª é um otimista. Eu quero me somar a este seu depoimento. Quando há uma crise mundial, V. Exª acredita, com muita convicção, na forma como a Presidente Dilma governa o País. V. Exª sabe que sou um admirador de V. Exª não é de hoje e nunca escondi isso de ninguém. E porque não dizer, lá atrás, Senador Simon, quando havia só dois partidos no País, eu votava, com muita convicção, em V. Exª. E votaria de novo assim, se fosse chamado às urnas, em relação ao seu trabalho, à sua história, à sua trajetória. E que aqui ninguém se surpreenda com o seu pronunciamento, que é de muita coerência, em defesa do País e de um grande mandato para a Presidenta Dilma. Parabéns a V. Exª.

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco/PMDB - RS) - Veja, Presidenta Dilma, quem fala é um correligionário seu, mas é daqueles que têm o respeito do Brasil inteiro pela sua querência, pela sua firmeza, pela ética com que age e com a competência com que o Brasil inteiro acompanha o seu trabalho, porque, às vezes, é difícil. Quando o Governo, tanto o atual como o anterior, defende algumas teses que são contrárias ao pensamento que V. Exª e seu partido defenderam ao longo da história, V. Exª fica com a sua consciência. Com muita competência! O que, de certa forma, minha querida amiga, Senadora por Alagoas, não teve. E eu disse para ela que ela tinha que ter tido um pouco mais de jogo de cintura, porque queriam que ela saísse do PT, e ela deveria ter ficado no PT. Mas V. Exª tem essa competência e, por isso, agradeço muito o seu aparte e espero que a Presidente Dilma compreenda a profundidade do seu aparte.

            Tenho muito respeito pela Presidente, não tenho nenhuma intimidade com ela. Se tivesse, pelo que a imprensa fala, e algumas pessoas também falam, eu me atreveria a dizer à Senhora Presidente... Ela não tem que mudar, ela tem que ser firme! E, principalmente, agora, na Presidência da República, ela tem que ser firme. É mulher? É mulher, mas não significa que ela não tenha que ser firme. Foi Lula o chefão que fez, que coordenou, que fez um grande Governo? Foi. Mas o Governo é dela e ela tem que ser firme. Ela tem que ser enérgica! Mas minha querida Presidente Dilma, um pouquinho de jogo de cintura não faz mal. Um pouquinho de jogo de cintura não faz mal...

            Dr. Tancredo, seu correligionário de origem, de nascimento, dizia: o Getúlio diz que é gaúcho, mas o Getúlio não é o padrão do político gaúcho. Getúlio é o padrão de político mineiro. O padrão de gaúcho é Flores da Cunha, que estourava, brigava, batia na mesa, protestava.

            Era um grande nome, era um grande líder, mas, em termos de sensibilidade, de domínio de espírito público, era muito fraco. O velho Flores era gaúcho, mas o Dr. Tancredo dizia: “Getúlio não! Getúlio é mineiro.” Realmente, nós, gaúchos, podemos ter mil qualidades - e temos muitas -, mas, muitas vezes, nós gaúchos pecamos por falta daquilo que devíamos ter, que é mais sensibilidade, mais compreensão, mais entrosamento. Getúlio tinha; Tancredo tinha. E olha, minha querida Presidenta, na hora das decisões Getúlio tomou. Na hora da Revolução de 30, Getúlio tomou; na hora dramática de 37, podemos discordar, mas ele tomou; e, em 54, o seu suicídio foi a grande resposta que ele deu a este País. O suicídio de Getúlio não foi um suicídio... Outro dia, eu discutia, inclusive, com alguns religiosos. Não, mas na Igreja Católica quem morre não vai para o céu... Getúlio pode não estar no céu por mil razões, menos por essa, porque ele se matou para evitar uma guerra civil. Ele podia ter resistido, podia e tinha condições de resistir, mas o derramamento de sangue teria resultados imprevisíveis. Então, na hora de tomar posição Getúlio tomava, mas tinha jogo de cintura. Não peço, minha querida Presidenta Dilma, que V. Exª perca uma vírgula da sua firmeza. Não contemporize, por amor de Deus, com o Renan, com o Sarney, com coisa parecida. Por amor de Deus, não! Mas um pouquinho de jogo de cintura faz bem. Do Jobim V. Exª poderia ter ganho com classe, com categoria. Eu li na revista... Não sei se aquilo que aconteceu na Piauí, de que ele teria comunicado a V. Exª: “Olha, eu vou colocar o Genuíno no meu Ministério, não sei o quê?” E que V. Exª teria respondido (perguntando): “Onde ele poderia ser útil?”

            E Jobim teria respondido: “Isso eu, Ministro, vou decidir”. Não sei... Está lá na revista. Acho difícil que Jobim tenha dado uma resposta dessas. Eu não acredito que Vossa Excelência não respondeu nada. Se não respondeu nada, agiu com muita categoria. Nunca vi o Jobim dizer aquilo. O que o Jobim teria que dizer seria o seguinte: “Olha, Presidenta, é que eu estou aqui”. Eu conheço o Jobim desde que ele está aqui no Congresso. E ele fez uma mudança, ele fez uma caminhada extraordinária da luta armada ao hoje grande mediador e entendedor entre os militares e a democracia. Ele é hoje... E realmente é! Não pergunte a mim, pergunte a qualquer militar, que ele vai dizer exatamente isso. E veja como as coisas são belíssimas: sai o Jobim e fica o rapaz... Seu assessor fica! E o novo Ministro confirma sua presença, uma demonstração da certeza da escolha de Jobim. Mas ali, pelo que está na imprensa, Vossa Excelência agiu muito bem. Como é que o Jobim vai dizer... Eu não acredito! Mas à imprensa teria dito: “Compete a mim, Ministro, dizer onde ele vai trabalhar, onde ele vai ser útil”. A Presidente da República fez uma pergunta educada, respeitosa: “Onde é que ele vai ser útil?” O Jobim deveria responder: “Ora, Presidente, ele vai ser útil porque ele teve um trabalho belíssimo no Congresso Nacional de reaproximação de militares com agitadores, com lutadores, etc. e tal e hoje ele é um exemplo do entendimento”.

            Eu não consigo entender o Jobim chamar nossa Ministra de Santa Catarina de... Como é o termo? Fraquinha. Até aí eu acho - embora o Sarney não se dê conta - mas eu acho que a Ministra está mais chateada com Sarney do que com o Jobim, porque eu não acho que ela está gordinha não; eu acho que ela está muito bem, está um manequim. Não a acho magrinha, mas muito menos gordinha, como disse o Sarney. Acho que Sarney não foi feliz. É uma maneira até ridícula de o Jobim se referir. Eu nem acredito! Ou dizer que a nossa querida, simpática Senadora pelo Paraná, não conhece Brasília. Bom, vou ser sincero, estou aqui há 32 anos e não conheço, parece tudo igual em Brasília. Estou numa superquadra e não sei se é a minha ou se não é a minha e, nem por isso, considero-me uma pessoa fora de foco.

            Essas coisas, minha querida Presidenta, não são um marco para V. Exª. O que está acontecendo lá na agricultura é sério. Se tiver que limpar tem que limpar!

            Quando V. Exª diz que está enquadrando os Ministros, isso está certo, isso está correto! Quando V. Exª diz que quer que os Ministros que tenham qualquer coisa venham à Casa e respondam, V. Exª está correta, se V. Exª perguntar: “afinal de contas, Ministro, por que o irmão do Senador “Tal” está nomeado aqui e por que o sobrinho do ex-governador “Tal” está nomeado ali? V. Exª está certa! V. Exª está certa. E por que a ex-esposa do Deputado Fulano de “Tal” está nomeado ali? V. Exª está certa. V. Exª está absolutamente certa.

            O Sr. Blairo Maggi (PR - MT) - V. Exª me permite um aparte?

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco/PMDB - RS) - Com o maior prazer.

            Quero dizer que agora vejo os dois Senadores de Mato Grosso e que eu vou deixar para o outro dia... Mas eu me senti emocionado na terra de V. Exª. Infelizmente, Maggi, que é meu contemporâneo - ele, não; mas os avós dele... Inclusive, lá em Caxias, fui colega de aula de Valdir Maggi. Não pôde ir, mas o querido Pedro I estava lá.

            Eu voltei emocionado da terra de V. Exª. Olha, não tenho nenhuma dúvida: ali será o celeiro do mundo. Maior área de terras agricultáveis no mundo, disso eu já sabia; maiores reservas de água doce, disso eu já sabia. Mas que aquele povo tinha a capacidade fantástica que eu vi... Eu imaginava, mas fiquei sabendo neste fim de semana.

            Com o maior prazer...

            Outro dia o Prefeito...

            O Sr. Blairo Maggi (PR - MT) - Prefeito Marino França.

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco/PMDB - RS) - Aliás, os dois Senadores são as duas figuras extraordinárias que estão lá. A única coisa que dizem é o seguinte: qualquer um dos dois será um grande governador, mas um tem que ficar lá. Não querem a disputa dos dois. Selecionem entre os dois quem vai e quem fica... Mas um tem que ficar aqui e outro em de estar lá.

            Pois não.

            O Sr. Blairo Maggi (PR - MT) - Da minha parte, eu abro mão. Já fui governador e não quero voltar a ser governador. Então, o Senador Pedro Taques pode construir o caminho rumo ao Palácio Paiaguá sem a minha interferência.

Quero, primeiro, cumprimentar V. Exª pelo discurso que está proferindo, e quando o senhor for falar, depois, sobre Mato Grosso, com toda certeza, eu, o Senador Pedro Taques e também o Senador Jayme Campos estaremos aqui para aparteá-lo e para enriquecer ainda muito mais o seu discurso, porque o Mato Grosso realmente é uma terra encantadora, tem uma produção fantástica, um povo trabalhador. E, lá, os homens que trabalham e as mulheres que trabalham se reuniram e construíram um Estado com aqueles que já estavam lá, os nossos cuiabanos, o povo que defendeu a fronteira oeste do Brasil, ainda na Coroa Portuguesa. Se não fosse a presença dos valorosos cuiabanos, aquele território não seria brasileiro; aquele território também seria espanhol. Mas eu gostaria, Senador Pedro Simon, de dizer, a respeito do discurso que o senhor está fazendo sobre a Presidente Dilma, que, na semana passada, eu, aqui, quando o Ministro Alfredo Nascimento fazia o seu pronunciamento, dizia, naquele momento, que me preocupava com a atitude que a Presidente tomou em relação às denúncias que vieram no final de semana contra membros do Partido da República; e que aquela era uma decisão açodada, uma decisão muito rápida; e que eu, como membro do Partido, me sentia de certa forma chateado, mas que entendia a posição da Presidente. Quem manda, manda, e quem tem juízo que obedeça. Mas também sabia que isso ia trazer problemas para a Presidente, porque no momento em que se tem uma decisão, o peso e a medida têm que ser sempre os mesmos. Não é possível se tomar uma decisão e uma atitude como se tomou, contra o Partido da República, os membros do Partido da República, e não se tomar agora as mesmas atitudes com relação ao Ministério da Agricultura, com relação à Conab, especificamente. As duas denúncias são diferentes: uma, contra o Dnit e contra os Transportes: “Ouvi falar, ouvi dizer, Fulano disse e Sicrano deixou de falar”. Agora, contra a Conab, nós temos endereço, CPF, temos depoimentos, temos tudo. E a atitude, então, deve ser a mesma; a atitude que foi tomada no Dnit deve ser tomada na Conab. Eu quero aproveitar o seu discurso para dizer exatamente isto: Presidente, continue no rumo e no ritmo em que a senhora está. Não estou criticando, mas também não posso aceitar dois pesos e duas medidas. Não é porque é o PMDB, o maior partido da Casa, que tem de ter um tratamento diferenciado. Não! A mesma coisa que foi feita no Ministério dos Transportes deve ser feita no Ministério da Agricultura, como deve ser feita em qualquer outro ministério onde apareçam denúncias com comprovação mínima, para que a gente possa fazer o afastamento e as investigações necessárias. Parabéns pelo seu discurso e pelo seu posicionamento.

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco/PMDB - RS) - Quero, primeiro, dizer a V. Exª que iniciei o meu pronunciamento dizendo exatamente isto: que eu espero que Sua Excelência faça com qualquer denúncia o que fez até agora. Não é por ser o PMDB ou por ser o PT que não se vai buscar a verdade.

            Concordo com V. Exª.

            V. Exª há de concordar comigo que nós temos de ter muita competência para não incendiar e cair onde querem; criar um ambiente de incompatibilidade e daqui a pouco dizer que não dá. Ela tem de ir com jeito. Agora, isso não quer dizer que ela não tenha de buscar a verdade no Ministério do PMDB - concordo perfeitamente - e talvez, daqui para diante, no Ministério do PT. Nisso eu concordo com V. Exª.

            Quero dizer mais a V. Exª. Disse à imprensa e digo hoje, desta tribuna, porque não tive a oportunidade de apartear V. Exª: bonito gesto de V. Exª em não aceitar o Ministério.

            Acho que qualquer outro poderia achar que deveria aceitar o Ministério por duas razões. Uma porque equacionaria, baixaria a água, facilitaria a situação do seu Partido, e outra por uma questão pessoal - V. Exª com o seu brilho, com a sua capacidade, como Governador... Lá no Mato Grosso, eu vi com emoção e com alegria as realizações que eles dizem que V. Exª fez. Eles falam que V. Exª construiu dois mil quilômetros de estradas em parceria com os prefeitos e com os produtores - eles entraram com uma parte e V. Exª com outra -, e as estradas que vocês produziram são a metade do preço das estradas federais.

            V. Exª não aceitou o Ministério.

            Lembro-me do gesto de V. Exª e de um gesto semelhante, que foi quando - eu era Líder do Governo Itamar - convidamos o Antônio Ermírio de Moraes para ser Ministro de Minas e Energia. Ele veio a Brasília, nos reunimos no gabinete e achamos que ele iria aceitar, e ele disse que não podia aceitar: “Não posso aceitar. Não posso aceitar porque a minha empresa é a que está mais ligada ao Ministério de Minas e Energia. Eu não posso ser um bom ministro e um bom gerente da minha empresa. Então, não aceito”.

            V. Exª não aceitou.

            Era um gesto com que V. Exª ajudaria muito o Governo da Presidente. Seria um grande ministro, superaria essa fase que esta aí. Essas questões passariam, e V. Exª iria adiante. Mas V. Exª teve a grandeza de dizer: “Não, eu não aceito”. Agora, V. Exª tem razão. Que se apure tudo. Em primeiro lugar, o PR não é um partidinho - são sete Senadores e 40 Deputados. Mas, mesmo que fosse um partidinho de dois Senadores e quatro Deputados, não quer dizer que aquele pode fazer o que quer e o outro que tem 40 Deputados não pode fazer. Estou plenamente de acordo com V. Exª.

            Pois não, Senador.

            O Sr. Pedro Taques (Bloco/PDT - MT) - Senador...

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco/PMDB - RS) - V. Exª está numa posição mais delicada, porque o Senador Maggi já abriu mão. Eu o vi, lá em Lucas, falando que são os dois candidatos. Ele já tirou fora. V. Exª, eu acho que estão começando a sua campanha agora.

            Pois não.

            O Sr. Pedro Taques (Bloco/PDT - MT) - Sou muito novo ainda, Senador Pedro. Senador Pedro, quero me associar à fala de V. Exª e dizer que nós, aqui no Senado, temos de apoiar a faxina que a Presidente Dilma está a fazer no Ministério. Não interessa o partido, porque partido não comete crime; quem comete crime, quem comete malfeito são as pessoas que fazem parte do partido, e não interessa o nome do partido. Agora, nós deveríamos também discutir a causa de tudo isso. A causa de tudo isso é o verdadeiro aparelhamento do Estado por partidos políticos. Chega ao absurdo de dizer que o ministério “A” é do partido “B” e que o ministério “C” é do partido “D”. Isso não ocorre nas democracias dos países civilizados. No Brasil, nós temos quase 25 mil cargos DAS, 200 milhões de habitantes. Nos Estados Unidos, 300 milhões de habitantes, cinco mil cargos. Nós precisamos de uma administração pública que seja organizada. Enquanto nós não resolvermos essa questão, nós não vamos resolver o problema da corrupção na máquina pública. Não interessa o partido; o que interessa são as pessoas que fazem parte dos partidos. Aqui está o grande problema. Nós temos que discutir e debater esse chamado presidencialismo de coalizão. Nós temos de debater a chamada governabilidade, que não passa de acertos, que não passa de fazer com que o Presidente da República - não interessa o partido, não interessa o sexo - seja um refém de determinadas bases, de determinadas coalizões. Isso não existe nos Estados Unidos. Imagina agora com a discussão sobre o aumento da capacidade de endividamento se o Partido Democrata e o Republicano vão pedir cargos! Imagine se isso ocorre na França, imagine se isso ocorre na Inglaterra. Isso é um absurdo que só ocorre em repúblicas de banana como esta nossa, em que, no Legislativo, infelizmente, com raríssimas exceções, os parlamentares não passam de despachantes do Orçamento da União. Nós temos de discutir a causa. A causa é o sistema partidário que nós temos, que permite essa farsa que é o presidencialismo de coalizão. Presidente precisa de apoio. Presidente precisa de Senadores e Deputados aqui. Agora, Presidente não pode ser chantageado; Presidente não pode receber recado, como nós temos visto aqui recentemente.

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco/PMDB - RS) - V. Exª tocou num assunto muito profundo. Nós estamos no atual momento desmoralizando um termo que é belíssimo: governabilidade. Nós discutimos muito esse termo, e ele apareceu na época da ditadura. “Nós temos que ter governabilidade. Nós precisamos encontrar uma fórmula através da qual a gente vença a ditadura militar, mas tenha condições de se manter.” Porque naquela época em que nós, do velho MDB, queríamos restabelecer da democracia, tínhamos contra nós a grande imprensa, o grande empresariado e, cá entre nós, a Igreja. E aí as coisas ficavam difíceis.

            Agora, hoje, se fala em governabilidade. O que quer dizer hoje governabilidade? Apoio do Congresso. E o que quer dizer hoje apoio do Congresso? As emendas parlamentares e nomear os funcionários indicados pelo partido. Pelo amor de Deus! Mas por amor de Deus!

            V. Exª se lembra bem, e eu fico com inveja do debate nos Estados Unidos entre os republicanos e os democratas, porque naquela altura o Senhor Presidente Obama, com toda a sua autoridade, com todo o seu poder, aparecia ao lado do Presidente da Câmara em condição de inferioridade. E o Obama perdeu! Quem ganhou o debate foi o partido republicano, que ganhou. E hoje a sociedade americana diz que, no debate, quem perdeu foi o Obama, porque o republicano fez o que quis. Eu não vi, em nenhum momento, naquela discussão, se falar: “Não. Vamos pegar uns Deputados dos democratas e vamos voltar para o lado de cá.” Pelo contrário, muitos democratas votaram contra o governo! Muitos democratas votaram contra o governo! E não se falou em troca-troca...

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco/PMDB - RS) - .... nem em compra, nem em vende, nem em coisa nenhuma. Isso é democracia.

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco/PMDB- RS) - Isso é democracia. E disso que nós achamos que o Brasil precisa.

            Então, quando V. Exª fala, é com toda a razão.

            Eu tenho um projeto de lei que não está conseguindo passar. Segundo ele, nas convenções dos partidos, um grupo de filiados do partido pode interrogar e discutir uma candidatura do partido. Se souberem que tem coisa... A ficha limpa deve começar lá na convenção do partido. Na hora de escolher o candidato, os convencionais já devem se manifestar: “Esse cara não tem ficha limpa, não pode ser candidato”.

            Na hora de escolher, está certo - eu acho que é normal -, compete ao Partido Republicano indicar o candidato tal. Agora, primeiro, o partido tem de selecionar quem é o candidato. E isso a Presidente Dilma disse antes de assumir.

(Interrupção do som.)

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco/PMDB - RS) - Primeiro vem a ética, a dignidade, a seriedade e a competência do candidato. Segundo, a capacidade técnica que ele tem. Isso está correto. Agora, se o partido indica alguém que, sob o ponto de vista ético, já tem uma ficha corrida suja antes de começar...

            O primeiro erro mortal foi do partido, que indicou. E minha Presidenta, desculpe, mas o segundo erro mortal é do Presidente, se aceitou. O Presidente deve dizer: “Esse não dá, esse não dá”. E se não souber e acontecer depois, demita.

            O Sr. Pedro Taques (Bloco/PDT - MT) - Vou ser muito rápido, não quero perturbar a fala de V. Exª. O ideal seria que o partido político que indicou alguém para aquele cargo assumisse a responsabilidade pelo ônus e pelo bônus. Quem é pai de Mateus que embale Mateus! O partido deve ser responsável pelo seu indicado. Hoje, o que ocorre é o seguinte: o partido político indica e, depois, na hora, discursa aqui dizendo que não indicou: “Não sei, não vi, não sei quem bancou”. Isso é um disse me disse que não pode existir em uma democracia. O partido político quer indicar? Ele assina, indica e se responsabiliza pelo malfeito do seu indicado.

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco/PMDB - RS) - Por exemplo, Senador, nós, do PMDB. Estamos aqui, e a imprensa publica em manchete: “A bancada do PMDB indicou fulano de tal para ministro de não sei de quê”. Nós não sabemos de nada! Não houve reunião da bancada. Nós não tomamos conhecimento de coisa nenhuma. Não fomos consultados coisa nenhuma. É o que está acontecendo, e a Presidente sabe que isso aconteceu. A Presidente sabe que não tomamos conhecimento dessa indicação, ninguém da bancada teve conhecimento. Não é por aí.

            Por isso, minha querida Presidente Dilma, eu digo: eu tenho orgulho de V. Exª, mas estou magoado hoje, fiquei triste com a saída do Jobim. 

            Eu sei da capacidade que ele tem e da vontade que ele tem. E eu concordo com o Lula: os gaúchos não se acertaram.

            Mas continue, continue firme, continue e vamos encontrar uma grande movimentação a favor de V. Exª. Presidenta, continue como sempre, continue com firmeza, resistindo, mas um pouquinho de jogo de cintura não faz mal, um sorriso de vez em quando não faz mal. Pode ser até um sorriso de malícia, Presidenta, pode ser até uma certa tolerância para levar adiante. Eu tenho para mim que, algumas vezes, vale a pena contar até dez antes de falar.

            Meu abraço muito fraterno, meu carinho muito grande e minha expectativa de que seu governo continue dando certo. Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 09/08/2011 - Página 31888