Discurso durante a 49ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Expectativa com as paralisações dos trabalhadores previstas para o dia 28 de abril.

Registro de reunião com o Líder do PMDB no Senado Federal Renan Calheiros, quando foi negociado apoio das lideranças do partido, com o intuito de rejeitar as reformas previdenciária e trabalhista propostas pelo Governo Federal.

Autor
Paulo Paim (PT - Partido dos Trabalhadores/RS)
Nome completo: Paulo Renato Paim
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
MOVIMENTO SOCIAL:
  • Expectativa com as paralisações dos trabalhadores previstas para o dia 28 de abril.
ATIVIDADE POLITICA:
  • Registro de reunião com o Líder do PMDB no Senado Federal Renan Calheiros, quando foi negociado apoio das lideranças do partido, com o intuito de rejeitar as reformas previdenciária e trabalhista propostas pelo Governo Federal.
Aparteantes
Fátima Bezerra, Lindbergh Farias, Telmário Mota.
Publicação
Publicação no DSF de 26/04/2017 - Página 88
Assuntos
Outros > MOVIMENTO SOCIAL
Outros > ATIVIDADE POLITICA
Indexação
  • EXPECTATIVA, RELAÇÃO, GREVE, PARALISAÇÃO, TRABALHO, AMBITO NACIONAL.
  • REGISTRO, REALIZAÇÃO, REUNIÃO, PARTICIPAÇÃO, RENAN CALHEIROS, SENADOR, LIDER, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB), ASSUNTO, NEGOCIAÇÃO, APOIO, REJEIÇÃO, PROPOSTA, AUTORIA, GOVERNO FEDERAL, OBJETO, ALTERAÇÃO, PREVIDENCIA SOCIAL, DIREITOS E GARANTIAS TRABALHISTAS.

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) – Venho à tribuna nesta terça-feira, primeiro, para lembrar que faltam somente três dias – faltam três dias para termos, no Brasil, a maior paralisação de todos os tempos. Já aviso – avisei ontem e repito hoje –: não vá ao aeroporto no dia 28. No dia 28 os aviões... Já decidiram em assembleia por parte dos aeroviários e não vai ter voo.

    Os motoristas de caminhão e de ônibus também estão na mesma linha. Ainda hoje conversei com um grupo deles aqui. Conversei com os ferroviários, com os metroviários, com os professores, com servidores públicos. A palavra de ordem: paralisação de um dia que vai repercutir nas nossas vidas, quem sabe para a geração presente e até para a geração futura.

    Por que essa paralisação? Por que a greve geral? Contra as duas reformas: a reforma da previdência e a reforma trabalhista.

    Senador Davi, estive hoje pela manhã, às 10h, no Encontro Nacional de Vereadores. Mais de mil vereadores lá na CNTC, no Encontro Nacional de Vereadores de todo o Brasil. E falei sobre as duas reformas e senti a energia que vinha daquele plenário. Dizia que eu tinha registrado mais de mil cartas e moções de apoio aprovadas nas câmaras de vereadores. E deve chegar a três mil aquilo que nós desenvolvemos. Mil foram no último mês somente.

    Para mim foi importante perceber que não eram desse ou daquele partido. Todos os vereadores assinavam. E o prefeito da cidade também assinava, porque sabe do impacto negativo da reforma na própria economia do Município.

    Eu fiz um apelo a eles de que colaborassem para que a greve fosse um sucesso em cada Município. Senti pelas palmas do plenário, senti pelo carinho na hora do abraço e das fotos, que me atrasaram inclusive para chegar à Comissão de Educação, onde votamos o seu projeto, Senadora, um projeto brilhante, Senadora Fátima Bezerra. Eu tenho orgulho de dizer que fui Relator dessa matéria, que vai colaborar muito para a formação, para a educação, o hábito da leitura, como disseram lá alguns Senadores.

    Mas, enfim, eu quero cumprimentar...

    A Srª Fátima Bezerra (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RN) – Senador Paim, permita-me, de forma muito breve, primeiro agradecer a V. Exª pelo importante trabalho que fez como Relator. Estamos aqui falando do Projeto de Lei nº 212, de 2016, de minha autoria, que foi aprovado hoje, na Comissão de Educação. Então, primeiro agradecer a você pelo belo relatório que fez. Segundo, também aqui estender os meus cumprimentos à Comissão de Educação, como um todo, que de maneira...

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – A senhora foi elogiada por unanimidade lá.

    A Srª Fátima Bezerra (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RN) – Pois é. Senador Anastasia, Senadora Simone Tebet, Telmário, a Senadora Regina Sousa,...

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – A Senadora Ana Amélia, diga-se também...

    A Srª Fátima Bezerra (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RN) – Pois é. A Senadora Lídice e V. Exª,...

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Lídice.

    A Srª Fátima Bezerra (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RN) – ... na condição, exatamente, de Relator, ou seja, aprovado por unanimidade. E de fato, Senador Paim, dizer da nossa alegria, porque esse projeto é paradigmático. Por quê? Porque ele se insere, dá ao Brasil o primeiro marco regulatório para promover o acesso ao livro, à leitura, à escrita, à literatura e à biblioteca no Brasil, na medida em que o projeto institui a Política Nacional da Leitura e da Escrita como uma estratégia para promover exatamente isso: o livro, a leitura, a escrita, a literatura e a biblioteca. De que forma? Através da parceria. O Governo Federal, através dos Ministérios da Educação e da Cultura, em parceria com Estados, Municípios e Distrito Federal, em parceria com a sociedade civil e em parceria também com toda a cadeia produtiva do livro. Ainda acrescento a V. Exª: V. Exª, por exemplo, no seu relatório, destacou um aspecto muito importante do projeto de lei, que é o fato de ele estar sintonizado com o Plano Nacional de Educação, estar sintonizado com o Plano Nacional de Cultura e, naturalmente, com o Plano Plurianual. Ou seja, na verdade, o projeto de lei, ao instituir a Política Nacional da Leitura e da Escrita, vem com o sentido de fomentar o fortalecimento do livro, da leitura e da biblioteca, incentivando o debate e a implementação dos planos municipais de cultura e dos planos estaduais de cultura, promovendo, por exemplo, Senador Paim, a política de agentes de leitura, de mediadores de leitura. Então, eu encerro aqui dizendo da minha alegria. E fico feliz de V. Exª ter sido o Relator. V. Exª que vem de um Estado que tem uma tradição muito forte no campo cultural, não só pelo acervo que tem do ponto de vista da escrita, da poesia. Nós estamos falando de uma terra de grandes escritores. E o Rio Grande do Sul também, porque é um Estado muito protagonista no campo das feiras, é um dos Estados que realiza uma das feiras mais tradicionais em promoção do livro no Brasil.

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Muito bem, Senadora, eu tenho a alegria, V. Exª que lembrou da Feira do Livro. Eu, há cerca de 20 anos, todo ano eu lanço um livro na Feira do Livro de Porto Alegre, que, de fato, é uma das maiores – eu diria –, quase, deste continente, uma das maiores do mundo, pela presença de escritores, autores, poetas, artistas. E, com certeza, neste ano falaremos do seu projeto lá.

    Mas eu quero, para concluir este aparte, Sr. Presidente, agradecer muito ao Gilson – que é o Presidente dessa entidade que congrega vereadores e vereadoras de todo o País – pelo convite que me fez. E eu participei da abertura dos trabalhos, fazendo a palestra sobre a Previdência – contra a reforma da previdência e contra a reforma trabalhista – e já chamando para a greve geral. Lembrando que amanhã é quarta; depois de amanhã é quinta; e sexta-feira o Brasil vai parar contra essas duas propostas.

    O Sr. Lindbergh Farias (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – Senador.

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Senador Lindbergh, ouço o aparte de V. Exª.

    O Sr. Lindbergh Farias (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – Senador Paulo Paim, é justamente falando sobre este tema. Veja bem: hoje, inclusive, eu fiz um pronunciamento aqui. Houve Senador que disse: "Vocês querem incendiar o País?". Não é nada disso. O direito de greve é um direito sagrado do trabalhador.

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Quem está incendiando o País são eles, com esse absurdo.

    O Sr. Lindbergh Farias (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – São eles. Não, e é um direito sagrado dos trabalhadores. O que vai haver na próxima sexta-feira é um movimento muito bonito. As lideranças sindicais com as quais eu tenho falado, Senadora Fátima Bezerra, dizem o seguinte: "É a maior greve dos últimos 30 anos". Na verdade, 29, porque nós tivemos uma grande greve em 1988. E é uma greve em que o povo brasileiro vai deixar claro o seguinte: "Nós não aceitamos a retirada de direitos, não aceitamos essa reforma da previdência e essa reforma trabalhista". Eu acho que é uma greve que vai ser muito forte nas grandes e nas pequenas cidades brasileiras.

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – E nas pequenas também, correto.

    O Sr. Lindbergh Farias (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – Porque o tema da previdência rural atingiu muito as pequenas cidades brasileiras. Mas eu acho que é o momento. Este Governo vai balançar. As pessoas... A popularidade deste Presidente ilegítimo Michel Temer é de 5% só. Noventa e cinco por cento são contra. Cinco por cento apoiam este Governo. Quando virem a mobilização massiva do povo brasileiro, este Governo se esgotará. Eles estão tentando se segurar, porque você sabe que um Governo que é fruto de um golpe, Senador Paim, não precisa dar satisfação ao povo: ele tem de dar satisfação ao grande capital, ao mercado. Eles estão se segurando por um motivo só – eles estão completamente desmoralizados –, porque eles estão prometendo as reformas, as reformas contra o povo, a previdenciária e a trabalhista. Quando ficar claro que eles não vão aprovar essas reformas, este Governo cairá. Este Governo não se sustenta, é um Governo muito frágil. Então, eu, sinceramente, acho que essa greve da próxima sexta-feira pode ser uma greve tão forte, tão bonita que derrube o Governo Temer, que comece a derrubar o Governo Temer. Eu vejo esse sentimento aqui. Ontem, a Bancada do PSB tomou uma decisão – e olha que o PSB tem ministro, o Ministro de Minas e Energia; a Senadora Lídice estava hoje aqui muito emocionada, assim como o Senador Capiberibe, dois guerreiros que sempre estiveram no lado certo –, a de não votar na reforma previdenciária, de não votar na reforma trabalhista. Eu começo a ver o seguinte, Senador Paulo Paim: há muita gente fazendo cálculo político. Há muito Deputado, muito Senador fazendo cálculo político. Há gente começando a perceber que quem ficar colado neste Governo do Temer até o final, e votar nessa reforma da previdência, não se elegerá nunca mais a nada. Então, eu encerro o meu aparte dizendo às pessoas que estão nos escutando que nada é tão importante esta semana quanto participar desse grande movimento popular, dessa greve geral. Essa greve geral vai derrotar de uma vez por todas essa reforma da previdência criminosa contra os trabalhadores. Parabéns a V. Exª, que é um dos maiores lutadores dessa causa.

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Deixe-me cumprimentar V. Exª.

    V. Exª sabe que tenho uma visão pluripartidária, e faço isso com uma enorme satisfação. Lá no encontro de vereadores, Senador Lindbergh, quando pedi, ainda que não seja do PSB, uma salva de palmas para o PSB por ter decidido, por unanimidade, votar contra as duas reformas, superou a minha expectativa a reação do plenário. Tomara que esse exemplo seja seguido por outros Partidos.

    Bela lembrança de V. Exª.

    A Srª Fátima Bezerra (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RN) – Senador Paulo Paim, eu gostaria de me associar ao Senador Lindbergh. O que estamos vendo é exatamente isso, um sentimento de indignação, Senador Telmário, se espalhando pelo País afora, de norte a sul deste País. Na verdade, a sociedade está entendendo claramente que o momento exige muita união, o momento exige muita unidade, porque a sociedade está vendo que o que está em jogo são direitos sagrados inscritos na Constituição, tanto os direitos sociais quando os trabalhistas. Veja bem, a Câmara dos Deputados, a Base que dá sustentação ao Governo ilegítimo que aí está, insiste em aprovar uma reforma trabalhista que fere a dignidade do povo trabalhador deste País. Então, vou dizer uma coisa, Senador Lindbergh: cheguei de Natal hoje, e não é só na capital, é nas cidades médias, nas cidades pequenas; não é só no Nordeste, é em todas as Regiões. Estamos vendo um movimento de mobilização crescente. Concluo dizendo, ainda, Senador Paim, que é um movimento inclusive apartidário. V. Exª está percebendo isso.

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Suprapartidário...

    A Srª Fátima Bezerra (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RN) – Suprapartidário.

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – ... e até ecumênico, porque todos os setores das igrejas estão se somando a essa caminhada.

    A Srª Fátima Bezerra (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RN) – Exatamente. Ou seja, são cidadãos suprapartidários, são cidadãos apartidários se somando aos sindicatos, às centrais, às organizações não governamentais, às igrejas. As igrejas, que coisa bonita! As igrejas pregando o bom Evangelho, ou seja, a Igreja do Brasil, inspirada no nosso Santo Papa, dialogando com a comunidade brasileira por entender claramente que essas reformas ferem a dignidade do povo brasileiro naquilo...

    O Sr. Lindbergh Farias (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – Senadora Fátima.

    A Srª Fátima Bezerra (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RN) – ... que eles têm de lutar pelo direito à cidadania. O Arcebispo lá do meu Estado, Dom Jaime, fez a sua mensagem à Paraíba. Diga.

    O Sr. Lindbergh Farias (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – O Arcebispo da Paraíba, o de Olinda e Recife, o de Maringá, o de Uberaba...

    A Srª Fátima Bezerra (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RN) – O de Natal também,...

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – O de Curitiba.

    A Srª Fátima Bezerra (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RN) – ... Dom Jaime. Ou seja, é a Igreja participando desse momento evangelizador, mesmo, porque pregar o Evangelho como Jesus pregava, à luz de defender a justiça contra a fome, de defender a liberdade, de defender o direito de cidadania do nosso povo... Então, a Igreja não poderia de maneira nenhuma, jamais, se omitir em um momento tão grave quanto este. Então, Senador Paim, eu penso que o Senador Lindbergh tem razão: nós estamos caminhando – e essa é a nossa expectativa – para um dos movimentos de cunho popular mais forte que o País vivenciou nessas últimas décadas. O povo, da criança ao jovem, ao idoso... Repito: vai ser um movimento muito forte, muito amplo que nós vamos ver nas ruas, praças e avenidas deste País nesta próxima sexta-feira, como mais um passo fundamental para barrar essas reformas.

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Muito bem.

    Senador Telmário Mota, que me pediu um aparte também.

    O Sr. Telmário Mota (Bloco Moderador/PTB - RR) – Senador Paulo Paim, primeiro eu queria... Esta Casa, as pessoas aqui – eu sempre digo que, quando você chega aqui, você se identifica com algum tipo de projeto nacional, do seu Estado. E nesta Casa aqui, quando se fala qualquer coisa com relação ao trabalhador, há que se lembrar de Paulo Paim. Paulo Paim tem uma defesa, acho que até platônica, do povo trabalhador. E o que é interessante em V. Exª é que V. Exª é uniforme. Eu sempre digo que o que V. Exª fala nessas tribunas... Muitos vêm para a tribuna porque, quando veem uma luz, já saem gritando, para aparecer na TV. V. Exª não: o que V. Exª fala na tribuna, fala nos bastidores, fala em uma reunião fechada. V. Exª é um defensor padrão do trabalhador brasileiro. Então, V. Exª tem autoridade para isso, como também aqui, antes de estender um pouco, antes que Fátima saia, que eu não quero que ela saia agora. Porque Fátima, assim como Cristovam, tem a cara da educação. E hoje eu tive a honra... Por você ser assim, Fátima, e pelo carinho que eu tenho por você, pela mulher guerreira que você é nesta Casa – e representa muito bem a terra do meu avô –, deixa eu te falar uma coisa: hoje havia um projeto seu na educação, e eu corri para lá para votar o seu projeto porque eu achava da maior importância; você criando a inclusão das pessoas portadoras de deficiência, daquelas pessoas marginalizadas, na leitura. Eu gostaria de parabenizá-la.

    A Srª Fátima Bezerra (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RN) – A Política Nacional de Leitura e Escrita. Inclusive, o Senador Paim foi o nosso Relator.

    O Sr. Telmário Mota (Bloco Moderador/PTB - RR) – Os dois!

    A Srª Fátima Bezerra (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RN) – Já fizemos o registro aqui.

    O Sr. Telmário Mota (Bloco Moderador/PTB - RR) – Olha que coincidência!

    A Srª Fátima Bezerra (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RN) – Exatamente. E fiz aqui um registro, também, agradecendo o seu empenho, a sua participação, Senador Telmário.

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Telmário, deixa só eu dizer – continua com você – que eu fui convidado pelo PTB para fazer uma palestra sobre as reformas da previdência e trabalhista. Fui lá e fui muito bem recebido; o PTB, o seu partido.

    O Sr. Telmário Mota (Bloco Moderador/PTB - RR) – Muito obrigado. Muito obrigado. O PTB nasceu no Rio Grande do Sul.

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Foi aqui em Brasília. No Encontro Nacional, aqui em Brasília.

    O Sr. Telmário Mota (Bloco Moderador/PTB - RR) – O PTB nasceu no anseio do povo do Rio Grande do Sul, na bandeira do Rio Grande do Sul. V. Exª tem até a cara do PTB – que não fique com ciúme o PT. Mas eu queria, andando rapidamente nesse nosso aparte, dizer que, com esse sentimento, V. Exª insistiu em que, antes de votar uma reforma previdenciária, da previdência, deveria se fazer uma análise mais profunda. E V. Exª, uma andorinha sozinha... Porque no início, aqui, V. Exª era uma andorinha só, falando em CPI, CPI, CPI. Parecia que isso não ia ter corpo, mas a experiência, a pertinência, o homem proativo que é V. Exª, de atitude, conseguiu – conseguiu – a CPI, e eu tenho a honra de participar com V. Exª dessa CPI, que amanhã nós vamos instalar, com Presidente, com Relator, com tudo.

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Às 15h, na sala 15.

    O Sr. Telmário Mota (Bloco Moderador/PTB - RR) – E eu não tenho nenhuma dúvida de que...

(Intervenção fora do microfone.)

    O Sr. Telmário Mota (Bloco Moderador/PTB - RR) – Porque V. Exª vai dar mais tempo para nós aqui. Então, eu não tenho nenhuma dúvida...

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Eu estou terminando.

    O Sr. Telmário Mota (Bloco Moderador/PTB - RR) – Eu não tenho nenhuma dúvida de que essa CPI da Previdência vai abrir essa caixa preta, essa caixa preta tão esperada. Nós vamos chegar a uma conclusão de quem é culpado disso; por que a Previdência, realmente – se é que a Previdência hoje está deficitária, se é que ela amanhã não suporta mais alguns anos. Então, nós vamos sair de uma CPI dessas e nós vamos investigar se realmente o formato da Previdência hoje pode quebrar a Previdência ou se a sonegação é quem está quebrando a nossa Previdência. Então, não há nenhuma dúvida, como membro dessa CPI, de que nós vamos a fundo. Não é uma CPIzinha de negociata, não: é uma CPI para ficar transparente,...

(Soa a campainha.)

    O Sr. Telmário Mota (Bloco Moderador/PTB - RR) – ... para o povo realmente saber o que está acontecendo. Então, as grandes empresas que se cuidem, porque nós vamos saber quem está devendo à Previdência e nós vamos divulgar; nós vamos divulgar isso. Só concluindo: sem nenhuma dúvida, quando hoje... Hoje, a população está unânime – ela está unânime, está unificada; como diz o caboclo, de cabo a rabo. Quando se fala na reforma trabalhista, o povo não quer. Quando se fala na reforma previdenciária, Senador Lindbergh, o povo não quer. Quando se fala em abuso de autoridade, aí é que o povo não quer. E este Congresso perdeu a credencial de fazer essas reformas. São reformas profundas, que mexem com a vida do povo brasileiro, mexem com a vida do trabalhador, mexem com a vida de quem tem compromisso e de quem cumpre com as suas obrigações. Então, eu não tenho nenhuma dúvida de que o dia 28 vai ser realmente uma grande resposta a esses três itens.

(Soa a campainha.)

    O Sr. Telmário Mota (Bloco Moderador/PTB - RR) – Eu sempre digo assim: eu posso ser até da Base... Eu fui vereador. Quando eu era vereador, eu parava as obras do prefeito. E muitas vezes eu fui da Base, por exemplo, da própria Presidente Dilma, e dizia que não gostava; e hoje, no PTB, também estou muito à vontade de dizer que essas três reformas, no formato que estão aí, eu tenho ojeriza, horror. E eu vou estar, no dia 28, no meu carro de som, junto com o povo do meu Estado,...

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Muito bem.

    O Sr. Telmário Mota (Bloco Moderador/PTB - RR) – ... dizendo não a essas atitudes. E quero aqui só concluir a minha fala. Falou-se já em coisas que são ruins para o povo, mas, como nós estamos nos colocando como advogado de defesa do povo, eu quero lembrar do meu Estado de Roraima – só rapidinho. O Estado de Roraima... Quando eu vim para cá, meu Senador Presidente, eu trouxe na mala três grandes preocupações. Roraima, que foi o maior exportador de carne bovina, de minérios e de madeira do Norte, era o Estado que estava no contracheque – e está ainda no contracheque –, mas tinha quatro grandes gargalos: um gargalo era o Parque do Lavrado, mais uma área de preservação colocada pelo grupo do mal, e eu conversei com o Presidente Lula. O Lula me ajudou nisso, junto com a Presidente Dilma. A Dilma foi muito importante; foi duas vezes ao meu Estado comigo – tenho essa dívida grande com ela –, e nós tiramos a questão do Parque do Lavrado. A outra questão foi, hoje, a febre aftosa. Eu queria aqui fazer justiça à Senadora Kátia Abreu, que não está aqui, mas que foi muito importante – junto, inclusive, com a Presidente Dilma, na casa da Kátia Abreu, em Tocantins, discutimos esse aspecto da febre aftosa –, e hoje Roraima está livre da febre aftosa. Lamento que o Amapá não esteja ainda, nem Manaus; mas vão sair, se Deus quiser. Então, foi feito um trabalho árduo, um trabalho de compromisso do Governo Federal com o Governo estadual. Nós colocamos recursos, e, em nome de todos os técnicos da Aderr e do Vicente, que é o Presidente, eu quero parabenizar o corpo técnico da Aderr, que é um órgão de defesa animal do meu Estado, pelo sucesso. Roraima hoje pode, tranquilamente...

(Soa a campainha.)

    O Sr. Telmário Mota (Bloco Moderador/PTB - RR) – Todo mundo que está ouvindo por este Brasil pode investir na pecuária de Roraima, porque Roraima está livre da febre aftosa. Então, de quatro amarras, gargalos que Roraima tinha, duas, graças a Deus, já eliminamos. A outra questão, da mosca da carambola, nós estamos trabalhando arduamente para controlar, e depois a questão energética. Quero parabenizar V. Exª. Muito obrigado.

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Muito bem, Senador Telmário Mota.

    Sr. Presidente, eu vou também para os finalmentes, agradecendo os apartes de todos os Senadores, porque às vezes vir à tribuna não é só falar: é falar, mas também ouvir. Porque as contribuições que você deu, Lindbergh, que a Senadora Fátima deu, que o Senador Telmário deu, que o Senador que está presidindo, Senador Davi, também deu, o Romário – eu elogiei aqui o teu Partido, o PSB, pela decisão que tomou, de não votar nessa reforma da previdência e na trabalhista –, só enaltecem, só dão mais brilho, digamos, ao trabalho de todos nós.

    E eu queria fazer aqui uma outra fala bem rápida, de um minuto, dizendo, Senador Davi, que tivemos hoje, Senadores, uma reunião com o Líder do PMDB, Senador Renan Calheiros. Levamos a ele, Senador Lindbergh, Senadora Fátima, mais de cem entidades – todas as centrais, confederações, associações –, e a fala do Líder do PMDB, lá, foi uma fala duríssima em relação às duas reformas, inclusive em relação à terceirização. Deixou muito claro que, se depender dele, essas reformas não passam aqui.E a Senadora Kátia Abreu, que estava também presente, foi mais além: que nós temos que reverter aqui no plenário essa questão da terceirização.

    Pelo que me passa pela cabeça neste momento, o PDT já decidiu que não vota. PSB não vota. PTB, tudo indica que não vota. PCdoB não vota. Rede não vota. PSOL não vota – estou lembrando aqui aqueles que já declararam abertamente. Sinto que no PMDB em torno de dez Senadores não votarão nessa reforma, inclusive há uns que me autorizaram a dizer hoje pela manhã, que ali eu estava fazendo uma gravação pela internet... Valdir Raupp: "Pode dizer aí que eu não voto nessa reforma de jeito nenhum. Pode assinalar meu voto". E ele entrou em rede nacional.

    Se eu conheço este Senado há um bom tempo, essa reforma não vai passar aqui. E na reforma trabalhista, por tudo que já ouvi, ou se faz uma mudança radical, e vamos discutir os detalhes de algum ajuste na CLT, ou ela também não passa.

     

    O Governo Temer está atirando contra o povo brasileiro, e o escudo do povo brasileiro somos nós. Nós, os Senadores e as Senadoras, somos o escudo do nosso povo. Nós não podemos permitir que a história de vida de homens e mulheres que se dedicaram a escrever uma legislação trabalhista como a nossa CLT seja rasgada do dia para a noite.

    A Previdência tem 92 anos. Como é que tu vais entregá-la de graça para o sistema financeiro? De graça não é! Quem entrega uma reforma dessas para o sistema financeiro está levando propina! Não quero saber quem é: está levando propina! Ninguém é maluco! Vai entregar o seu mandato de graça? Está levando propina! No mínimo, estão dizendo esses banqueiros: "Olha, vota do meu lado, que tu não te preocupas mais. Pelo resto da tua vida [como dizem lá no Sul] tu vais enricar. Tu não vais ter problema nenhum mais para fazer campanha." Mas só dinheiro não ganha campanha, pessoal. Campanha você ganha defendendo causas. Quem não defende causas não chega, pessoal.

    Senador Davi, deixe-me contar essa em um minuto. Havia um Parlamentar no Rio Grande do Sul que colocou outdoors em todas as cidades, que cobriu todos os postes do meu Estado com seus cartazes. Teve 10 mil votos. Ele era Deputado Federal. Ninguém se elegia com menos de 60 mil votos. Ele teve 10 mil votos. Gastou milhões, milhões e milhões. Então, o povo brasileiro não é bobo, não é idiota. E ele vai acompanhar o voto de cada um. Você, que está traindo o povo, acha que o povo não vai lembrar, na hora de votar? Como é que vai votar em traidor?

    O que fez e o que aconteceu com Judas? Judas traiu, deu aquele beijo em Jesus Cristo, e ele mesmo, depois, se suicidou.

    Então, quero encerrar, Sr. Presidente, só dizendo isto: aqueles que acham que vão levar para o céu, quando morrerem, os jatinhos – quem sabe, não é? –, os iates, os bilhões que têm, quem sabe centenas de fazendas... Não cabe. Diz a história que caixão não tem gaveta. É isso, não é? Parece que é isso. O Zezinho me ajudou aqui. Não vão. Nem que tivesse gaveta: não cabe!

    Faça o bem sem olhar a quem. Isso, sim, vai te fazer bem, vai dar energia para ti, para os teus filhos, para a tua família, para os teus amigos, para o povo que vota em você, para o povo gaúcho – aqui, no meu caso –, para o povo brasileiro, para o povo do Rio de Janeiro, para o povo do Estado de cada um dos senhores.

    Eu faço um apelo mesmo, a cada Senador e a cada Deputado, para que não vote nessas reformas.

    Eu não tenho parado: vim de Goiás, nessa quinta-feira estarei em Minas Gerais e, na sexta, estarei dando a minha contribuição...

(Soa a campainha.)

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – ... para a grande paralisação geral que vai acontecer no nosso País.

    Estou muito animado de que essas duas reformas não passarão aqui no Senado. Lá na Câmara eu já não entendo mais nada. Aquilo lá virou uma lambança! O cara, num dia, vota um requerimento e perde; no outro dia, ele coloca o mesmo requerimento para votar. Desarquivou o projeto da terceirização que estava arquivado, de 98, que o ex-Presidente Lula mandou arquivar e pediu para recolher ao Executivo. Não mandaram e desarquivaram, por medo de enfrentar o debate aqui.

    O Sr. Lindbergh Farias (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – Está copiando o Eduardo Cunha.

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – É... Acho que pegou a herança de Eduardo Cunha, não é? Filhote...

    A que ponto nós chegamos!

    Por isso, Senador, eu concluo aqui agora, porque o meu pronunciamento mesmo, que eu iria fazer, devido aos apartes – e eu agradeço muito aos apartes –, eu vou fazer amanhã.

    O pronunciamento é: "Um projeto de Nação para o País!"

    Era isso.

    Obrigado, Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 26/04/2017 - Página 88