Discurso durante a 59ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Preocupação com a leniência do Governo Federal em resolver questões fundamentais para o desenvolvimento do País.

Autor
Cristovam Buarque (PDT - Partido Democrático Trabalhista/DF)
Nome completo: Cristovam Ricardo Cavalcanti Buarque
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
  • Preocupação com a leniência do Governo Federal em resolver questões fundamentais para o desenvolvimento do País.
Publicação
Publicação no DSF de 26/04/2014 - Página 7
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
Indexação
  • CRITICA, GOVERNO FEDERAL, MOTIVO, ATRASO, OBRAS, OBJETIVO, MELHORIA, QUALIDADE DE VIDA, POPULAÇÃO, REPUDIO, PREFERENCIA, REALIZAÇÃO, OBRA DE ENGENHARIA, CAMPEONATO MUNDIAL, FUTEBOL.

            O SR. CRISTOVAM BUARQUE (Bloco Apoio Governo/PDT - DF. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srs. Senadores, Srªs Senadoras, sou de uma geração, Senador Paim, como o senhor também, que, já adultos - não éramos mais crianças -, nos assustávamos cada vez que chegava aqui uma missão do FMI. Chegava aqui para dizer o que estávamos fazendo de certo e de errado, e nos assustávamos porque a decisão que ela tomasse repercutiria no dia a dia da vida de cada um de nós, obrigando o governo a cortar gastos, obrigando o governo a desvalorizar ou não a moeda.

            Passados tantos anos que a gente se livrou disso, agora eu me assusto - e o Brasil inteiro - quando chega uma missão da FIFA. Não são mais aqueles que vinham em nome do FMI. Agora são os que vêm em nome da FIFA, e os nomes são até muito parecidos. Não me lembra dos nomes dos que vinham pelo FMI, mas devia haver algum nome muito parecido com o desse Valcke, que vem aqui e nos assusta. Assusta-nos porque o Brasil fica perplexo, incomodado, descontente, querendo saber como andam as obras dos estádios.

            O que mais me assusta, porém, Senador Paim, é que não nos assusta o fato de as outras obras deste País não estarem andando com a velocidade devida. E, quando eu falo de outras obras, eu não falo de outras obras em função da Copa, eu não falo das obras ao redor dos estádios, eu não falo das obras que são feitas para transportar pessoas do aeroporto até as quadras, dos hotéis às quadras; eu falo das obras de que este País precisa para dar uma virada e se transformar no país dos sonhos que nós temos. Eu falo das obras para que nenhuma família brasileira fique sem água e esgoto em casa. Não vem ninguém de fora cobrar pressa na realização dessas obras, nem nós despertamos para a urgência dessas obras; eles vêm de fora nos cobrar as obras da Copa e nós despertamos que estamos atrasados.

            Quando é que nós vamos nos assustar diante da vergonha das obras relacionadas a água e a esgoto neste País, que não existem na casa de metade das famílias brasileiras? Não vamos. Não vamos nos assustar porque já nos acostumamos. Já passou a ser uma coisa natural. Já convivemos com isso, pisando a lama - porque são os pobres que pisam - como se isso fosse natural e inevitável. E para isso não vem ninguém da FIFA, nem do FMI, nem de nenhum outro órgão, nem nós despertamos aqui dentro.

            Quando é que nós vamos despertar para a necessidade das obras necessárias para que o sistema educacional brasileiro seja compatível com as exigências do mundo moderno e que atenda a toda a população e não só a uma minoria privilegiada?

            Hoje, pela manhã, a televisão mostrava crianças acordando às 3h da manhã para irem à escola. Como é que um país deixa que uma criança seja obrigada a acordar às 3h da manhã? Aparece a criança dormindo debaixo de um cobertor num ônibus e dizendo que, quando chega à escola, ela só pensa em dormir e não aprende nada, até demonstra o desejo de aprender. Quando é que isso vai nos assustar um pouquinho mais que seja do que o atraso no Itaquerão? Por que não nos assusta o atraso nas obras do sistema educacional brasileiro, que implica não só construir as escolas bonitas, bem equipadas, mas também contratar professores muito competentes - os melhores jovens do Brasil - e pagar-lhes os melhores salários no Brasil e exigir deles a dedicação que um professor deve dar ao ser bem remunerado? Quando é que a gente vai se assustar sem precisar que venha alguém do FMI ou da FIFA para exigir o que eles querem, e não o que nós precisamos? Quando é que nós vamos despertar para a necessidade de as obras transformarem o Brasil em um canteiro de ciência e tecnologia?

            Nós temos 200 milhões de cérebros. Neste instante em que eu falo aqui, nascem muitos outros cérebros, pequeninos, mas cada um deles com um imenso potencial a ser desenvolvido. E esse desenvolvimento se dá na escola. Quando é que a gente vai despertar que os nossos cérebros nascem e não se desenvolvem por falta de escola? Quando é que a gente vai despertar? Vamos esperar alguém da FIFA, do FMI, de outro órgão qualquer internacional nos trazer essa perspectiva, essa cobrança, essa exigência ou nós deveríamos despertar para isso? E cada cérebro desses que nascem todos os instantes no Brasil para enriquecer o País precisa ser cuidado como um jardim, precisa ser aguado. E é a escola que faz isso. Mas nós não nos assustamos, porque nos acostumamos. É tão natural o Brasil ter criança nascendo que recebe um carimbo dizendo: “Você não vai para escola de qualidade”. E alguns pouquinhos deles, conforme a renda do pai e a cidade onde moram, conforme o CPF e o CEP, recebem um carimbo dizendo: “Você até que pode ter uma boa escola”.

            Quando é que a gente vai despertar para o fato de que, com uns tendo escola e outros não, a desigualdade aumenta e o País fica cada vez pior do ponto de vista da injustiça? Nós não nos assustamos. Não há FIFA. Não há FMI. E aqui nós não vamos despertar para isso? Aparentemente, não. E aí viramos um celeiro de alimentos para o mundo, um celeiro de ferro para o mundo, de minerais, mas não um celeiro de ideias, de ciência, de tecnologia, e pagamos um alto preço por isso, porque as economias de hoje são as economias baseadas na ciência e na tecnologia.

            Quando é que nós vamos despertar realmente para o fato de que nós, políticos, estamos desprestigiados na opinião pública, que os nossos eleitores desconfiam de nós, que não confiam no que fazemos? Quando é que nós vamos despertar para a trágica consequência disso para o futuro do País, uma vez que nós somos os que decidimos, daqui depende a legalidade e, portanto, a legitimidade também das nossas ações?

            No domingo, numa entrevista com artistas, um deles, o fenomenal Ney Matogrosso - duvido que alguém não seja seu admirador -, disse uma coisa que reflete a opinião de muitos e muitos e muitos brasileiros: que tem nojo de político. Na verdade, ele manifesta uma contradição, porque, ao mesmo tempo, afirma que a nova lei dos direitos autorais o beneficiou muito, bem como aos artistas. Ele se esquece de que isso foi aprovado aqui, de que foi uma lei sofrida, elaborada, negociada, que enfrentou muitas forças contrárias. No fim, foi aprovada e beneficia os artistas. Ele se esquece disso. Ele se esquece disso não por algum problema pessoal de esquecimento, mas é porque o que hoje se vê, realmente, são maus feitos nossos, são equívocos nossos. Há um divórcio entre o que nós fazemos e o que o povo quer. Há um divórcio entre o nosso comportamento e o comportamento que o povo gostaria de ver em nós.

            São notícias escabrosas de corrupção, de beneficiamento de pessoas, de locupletação. São as notícias relacionadas à Petrobras, hoje; ao BNDES, daqui a mais um tempo; à Eletrobras, o que já se vê. E a gente não se assusta porque não existe uma FIFA da corrupção ou um FMI da corrupção. Aqui dentro, nós já nos acostumamos. Nós precisamos, Senador Paim, despertar para o que o Brasil precisa: tomar consciência para mudar os rumos deste País.

            Lamento que a nossa consciência e a nossa preocupação dependam do que vem de fora, seja do FMI, seja da FIFA. Lamento muito essa subserviência. Já houve um momento em que ela foi positiva: quando os ingleses proibiram o tráfico de escravos. Se não fosse isso, o Brasil seria capaz de, até hoje, estar recebendo navios negreiros em nossos portos, para os quais nem despertamos ainda. São ruins, não funcionam bem, custam caro, prejudicam as exportações, atrapalham as importações. Felizmente, os ingleses, naquele momento, nos pressionaram e foi aceito que deveríamos parar com a importação de escravos vindos da África. Mesmo assim, continuamos por um bom tempo, mas foram os ingleses. Depois, veio o FMI, depois veio a FIFA. Aí nós nos preocupamos com os Estados, aí nós nos preocupamos com a moeda. Mas nós não nos preocupamos com as crianças porque não tem um FMI das crianças, não tem uma FIFA das crianças, não tem uma FIFA dos doentes, um FMI dos doentes. Não tem uma FIFA, na verdade, de ética! Não tem um FMI de ética! E aí convivemos com a tragédia da corrupção, da locupletação, da insensibilidade de cada um de nós neste País. Eu gostaria de ver a mesma preocupação que se teve e que se tem hoje com os estádios com as escolas, com os postos de saúde, com as paradas de ônibus.

            E, para terminar, Senador, quando é que vamos despertar para o fato de que este País está vivendo duas - não uma só -, duas guerras civis?

            Uma é a guerra civil da violência brutal que assassina 50 mil pessoas por ano. Nenhuma guerra das que estão em andamento neste País mata tanta gente. A Guerra do Vietnã, aquela tragédia que durou anos, e anos, e anos, no total, foram 50 mil mortos americanos, e houve um número muito maior de vietnamitas por causa do poder das bombas americanas, Aqui são 50 mil por ano, e a gente ainda diz que é um País pacífico? Quando é que a gente vai despertar para o fato de que, sim, estamos vivendo uma guerra civil neste País e que algo tem que ser feito?

            E não é mandar o Exército para as favelas, porque aí é outro susto que nós não estamos tendo e deveríamos ter: quando um soldado do Exército, por descuido, der um tiro, e a bala perdida assassinar uma criança brasileira, essa desmoralização sobre o Exército vai ser tão forte quanto a desmoralização dos 21 anos de ditadura. E a gente não percebe que o Exército deve ser tratado com certa sacralidade. É a instituição que defende a Pátria, e não que corre o risco nas ruas de assassinar crianças. E, quando um bandido matar um soldado brasileiro, em pleno território brasileiro, o que a gente vai dizer? Vai liberar o Exército a sair assassinando os bandidos? Vai calar diante de um soldado nosso morto no território brasileiro?

            E a gente não está assustado com o fato de ter Exército, Marinha lá nas favelas do Rio de Janeiro.

            Mas tem uma outra guerra civil, Senador, que é a rebelião que tomou conta do povo brasileiro descontente com o andamento das coisas. Este País está vivendo uma rebelião. Foram 350 ônibus queimados este ano. Eu nem falo de junho para cá. Nem na Síria tem 350 ônibus queimados nos dois, três anos de guerra civil. No Iraque, não tem 350 ônibus queimados. E nós temos! E a gente vê isso com naturalidade porque não tem o FMI dos ônibus, não tem a FIFA dos ônibus, e aqui nós não despertamos para saber que isso é prova de uma tragédia muito séria, que é o descontentamento profundo da população, indo às ruas gritar.

            Mas esqueçamos a queima de ônibus, a depredação de vidraças por aí afora. Tomemos as centenas de manifestações pacíficas que ocorrem semanalmente no Brasil. Percebamos que isso está inviabilizando o bom funcionamento do País. Você sai de casa para ir ao trabalho e não sabe se vai chegar, porque não sabe se tem manifestantes na estrada. Nunca se sabe. Você leva uma mercadoria para um porto e não sabe se vai chegar, não só pelo engarrafamento, mas também porque pode ter manifestantes na estrada. Você vai pegar um avião no aeroporto e não sabe se chega a tempo, porque tem manifestantes na estrada.

            O Brasil está numa rebelião, e isso não está nos assustando!

            Nós precisamos despertar. Não tem FMI de rebelião do povo descontente! Não tem FIFA do povo descontente na rua!

            Despertemos nós próprios para essa realidade de um País que parece estar se desfazendo. Quando a gente observa com cuidado o noticiário na televisão, lê nos jornais, ouve na rádio ou conversa com os amigos, há um desfazimento do tecido social brasileiro. Esse desfazimento está levando a que o País fique mais caro, menos eficiente, descontente ainda mais.

            E a gente não está se assustando.

            Eu vim aqui, Senador Paim, para falar desse susto que eu sinto por não estarmos assustados com a realidade que nós vivemos, e o meu susto ao ver que nos assustamos com o vozerio dos representantes da FIFA manifestando atraso nas obras dos estádios.

            Eu creio que é hora de o Brasil se assustar. Assustar-se para evitar a tragédia. A tragédia, por exemplo, de querer acabar com a rebelião do povo nas ruas, descontente, através da força, como estão tentando com a polícia, provocando mais descontentamento, provocando mais rebeliões, quando policiais, para impedir uma manifestação, matam, batem. Isso aumenta a rebelião! A rebelião só é controlada atendendo o que o povo quer. Melhorem os serviços públicos, e as pessoas não vão mais ficar na rua fazendo manifestações para cuidar de atrapalhar o trânsito, de tal maneira que mostrem que existem.

            Nós precisamos despertar, Senador Paim. E ainda é tempo de despertar, mas não sei até quanto tempo isso vai durar.

            Era isso, Sr. Presidente, que eu tinha para falar, mas não posso deixar de dizer que - embora não seja tanto mudando de assunto, porque tem a ver, também, com o descontentamento do povo -, hoje, comemora-se o aniversário de 40 anos da queda do regime salazarista em Portugal. Comemoram-se 40 anos da Revolução dos Cravos, que foi o resultado de uma explosão, da explosão de um descontentamento profundo para mudar os rumos. Foi o fruto da insatisfação que atingiu a sociedade portuguesa. “Na fase final, havia enorme saturação da guerra [que se levava na África], transformando-se em problema social. Filhos dos portugueses tinham que ir lutar. Quase metade do orçamento do país era esforço para a guerra.”

            O que isso tem de semelhança com o hoje aqui? Vou repetir: os filhos dos portugueses tinham que ir lutar. Os nossos não estão indo lutar: estão morrendo aqui dentro! Eles não vão morrer na África, como os soldados portugueses no tempo do Salazar, em defesa do colonialismo; eles morrem aqui dentro, ou por um desvio de vida que os levou ao crime, ou por estarem no lugar errado e levarem uma bala.

            Metade do orçamento de Portugal era usada para a guerra. Nós não temos guerra, mas quantos por cento do nosso orçamento são usados para corrigir os erros que não permitiram às coisas funcionarem bem?

            O economista Raul Velloso considera que 65% dos recursos do Brasil, hoje, são gastos no que ele chama de a “grande folha”, que são as transferências que o Governo tem que fazer para pessoas porque cometemos o erro de não nos preocuparmos com essas pessoas. Nós temos que pagar os salários, é verdade, mas nós temos que pagar bolsas, nós temos que pagar aposentadoria por conta de não usarmos bem o dinheiro da aposentadoria no momento certo.

            Nós estamos hoje gastando um dinheiro enorme, um orçamento enorme por conta de não termos feito o dever de casa na hora certa. Se tivéssemos colocado as crianças brasileiras na escola nos últimos 30 anos - eu nem falo depois da abolição da escravatura, que era o certo -, nós não precisaríamos de bolsa-família. Se tivéssemos um sistema eficiente na economia e um sistema previdenciário que aplicasse bem o recurso, não precisávamos de déficit no Tesouro pagando a aposentadoria; se tivéssemos feito a reforma agrária na hora certa, não precisávamos ter o fluxo imenso de dinheiro que o Governo tem de gastar - e felizmente gasta - com a aposentadoria rural. Não precisaríamos ter os gastos que temos com atendimento ao social por falta de ter cuidado antes.

            Nós erramos, erramos e erramos! Erramos porque não nos despertamos na hora certa. Como Portugal não se despertou na hora certa para o custo do colonialismo, nós não nos despertamos agora para o custo do nosso colonialismo interno. O de Portugal era na África; o nosso, é contra os pobres. O de Portugal era mandando tanques de guerra para a África; o nosso, é não cuidando do transporte público. Isso é uma forma de colonialismo. Colonialismo contra os que precisam de transporte público. E não o fizemos.

            Os portugueses tinham de fazer hospitais de campanha na África, nas condições trágicas de um hospital de campanha; nós não temos guerra na África; nossos hospitais são de campanha ou até piores do que os hospitais de campanha em muitas guerras no mundo; nós temos um colonialismo interno que começa a reagir nas colônias - internamente - com as rebeliões nas ruas. Na África, fizeram guerrilhas contra os portugueses; no Brasil, fazem-se manifestações nas ruas contra o estado de coisas que estão aí: contra a corrupção generalizada, contra os serviços que não funcionam, contra a escola abandonada, contra a saúde que não atende corretamente os doentes.

            Nós deveríamos olhar para Portugal, nesses 40 anos da Revolução dos Cravos, primeiro para felicitar nossos irmãos portugueses por aquele belo gesto em que rasgaram o colonialismo, rasgaram o fascismo e construíram uma república diferente.

            Nós precisamos construir nossa república, nós precisamos despertar para nosso colonialismo interno, para nossos erros, sem precisar de FIFA, sem precisar de FMI, pura e simplesmente pela vontade do povo brasileiro que nós, os políticos, não estamos ouvindo bem. A cada quatro anos, nós vamos à praça pedir que eles nos ouçam; eles nos ouvem e votam; a gente toma posse e esquece-se de ouvi-los, porque, se o ouvíssemos, eles não precisariam ir à rua todos os dias.

            Eu disse aqui, na época de junho, que, depois daquela manifestação de 100 mil e outras, o povo voltaria para casa, mas continuaria mobilizado por meio das redes sociais e que, no lugar de uma manifestação de 100 mil, teríamos mil manifestações de cem pessoas. E mil manifestações de cem pessoas é mais grave para o bom funcionamento da sociedade, perturba mais que uma só de 100 mil. A de 100 mil você sabe onde será, a que horas será, quando terminará e quando as pessoas voltarão para casa. Quanto as atuais mil manifestações de cem, ninguém sabe onde vai ser a de amanhã. Qualquer um de nós pode ser surpreendido por ela. E elas não param. Elas se substituem umas por outras. Hoje, temos mil manifestações de cem a cada período de tempo. E vão continuar, porque não estamos escutando as vozes daqueles que sofrem o colonialismo interno que corrói a sociedade brasileira, como o fascismo e como o colonialismo português corroeu a sociedade portuguesa até a grande explosão da Revolução dos Cravos, no dia 25 de abril de 1974.

            Nós não temos FMI, não temos FIFA para despertar do nosso colonialismo, mas nós temos os irmãos portugueses, nós temos a Revolução dos Cravos como um exemplo de que aqui nós podemos também fazer a construção de uma república sem colonialismo externo, como eles, ou interno, como é o nosso colonialismo brasileiro.

            Era isso, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 26/04/2014 - Página 7