Fala da Presidência durante a 11ª Sessão Solene, no Congresso Nacional

Homenagem póstuma a Glênio Bianchetti, artista plástico gaúcho.

Autor
Cristovam Buarque (PDT - Partido Democrático Trabalhista/DF)
Nome completo: Cristovam Ricardo Cavalcanti Buarque
Casa
Congresso Nacional
Tipo
Fala da Presidência
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem póstuma a Glênio Bianchetti, artista plástico gaúcho.
Publicação
Publicação no DCN de 07/05/2014 - Página 57
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, PINTOR, ORIGEM, MUNICIPIO, BAGE (RS), ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL (RS).

O SR. PRESIDENTE (Senador Cristovam Buarque) - Quero citar aqui, entre outras pessoas, até porque daqui a luz dificulta um pouco ver cada um, a presença de Afrísio Vieira Lima Filho, cujo texto foi lido pelo Deputado Eliseu Padilha, a presença da Deputada Jaqueline Roriz, do ex-Reitor José Geraldo, da Deputada Liliane Roriz, do nosso grande artista Gauguin Prof. Coutinho, da ex-Deputada Moema Santiago, da Gisela Santoro, que está ali sentadinha com a cabeça sobre a mão, e dizer que cada um de vocês está aqui para prestar homenagem a alguém que está muito acima das homenagens que prestamos e que a grande homenagem a ele vai ser o futuro, no qual ele vai ficar vivo.

      O Bianchetti, pelos discursos que vocês ouviram, pode ser definido como muitas coisas. É óbvio que ele foi um artista, é o que primeiro que se vê dele: um artista, mais do que um pintor; um artista plástico que tinha uma abrangência muito grande nas suas manifestações artísticas.

      Mas ele foi um mestre também. Ele não foi um pintor que se trancou no seu estúdio, no seu atelier e pintou para os outros, ele pintou também com seus alunos. Ele passou a sua marca. Ele não se conformou apenas em pintar. Ele ensinou.

      O Bianchetti foi um desbravador, desbravador nas cores, desbravador nas formas que utilizou e desbravador também em vir lá de Bagé, Deputado, quando isto aqui ainda não era uma cidade, junto com esta grande figura, o Sepúlveda, e outros. Ele foi um desbravador e, como tal, foi um pioneiro. Ele chegou abrindo caminhos, desbravando, como um pioneiro de coisas novas não só no seu estilo artístico, mas também na construção de uma cidade, na implantação de uma diversidade.

      Ele foi um combatente. Ele sempre esteve combatendo do lado que nós consideramos o certo -- nós que aqui estamos. Ele nunca transigiu. Ele foi um intransigente nas coisas de princípio e, ao mesmo tempo, transigia, quando era preciso, com amigos das mais diversas tendências, especialidades.

      Ele foi um curador. Ele não apenas pintou obras para o museu, ele criou o museu. Criou aqui o Museu de Arte. Ele teve esse papel.

      Ele foi um inconformado. Isso talvez seja uma qualidade que nós temos que reconhecer que falta muito hoje em dia porque cada um termina se conformando como se as coisas não pudessem mudar. Aí aceitam-nas, acomodam-se.

      Ele foi um poeta, como foi dito aqui. Um poeta é aquele nos faz sentir através das metáforas que usa. Foi o que ele fez: usou metáforas no que ele pintou; usou metáforas nas cores.

      Ele foi um pai de família. E isso é algo que a gente precisa reconhecer na sua grandeza.

      Aqui eu vejo 14 de seus descendentes, pelo menos, que me passaram, a Angela, a Giovana, o Leonardo, o Luciano, o Lourenço, os netos Ana Luiza, Bernardo, Breno, Carolina, Glauco, Glênio, João, Luiza, Marina, e, claro, essa figura formidável, a Ailema, que sempre esteve ao seu lado e que é parte da sua obra.

      Mas ele foi mais que isso. Ele foi também um brasileiro, um gaúcho e um brasiliense. O Glênio foi um homem, não um homem no sentido machista, mas um homem no sentido humanista, aquele que cria, aquele que constrói, aquele que enfrenta. Ele construiu, e é por ter sido também um construtor que nós estamos aqui hoje prestando lhe esta homenagem, e é uma homenagem a um homem tão grande que eu acho que, na verdade, ao nos permitir homenageá-lo, ele nos está homenageando. ele nos está homenageando como seus amigos, seus admiradores. E eu agradeço a cada um de vocês que aqui estão por aqui estarmos juntos homenageando essa grande figura humana, esse grande brasileiro, esse grande artista, esse grande tudo isso que eu falei, Glênio Bianchetti. (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DCN de 07/05/2014 - Página 57