Pronunciamento de Pedro Taques em 26/02/2014
Discurso durante a 19ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Preocupação com o andamento e finalização das obras para a Copa do Mundo em Cuiabá.
- Autor
- Pedro Taques (PDT - Partido Democrático Trabalhista/MT)
- Nome completo: José Pedro Gonçalves Taques
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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ESTADO DE MATO GROSSO (MT), GOVERNO ESTADUAL, ADMINISTRAÇÃO PUBLICA.:
- Preocupação com o andamento e finalização das obras para a Copa do Mundo em Cuiabá.
- Aparteantes
- Jayme Campos.
- Publicação
- Publicação no DSF de 27/02/2014 - Página 82
- Assunto
- Outros > ESTADO DE MATO GROSSO (MT), GOVERNO ESTADUAL, ADMINISTRAÇÃO PUBLICA.
- Indexação
-
- APREENSÃO, REFERENCIA, ATRASO, CONCLUSÃO, OBRA PUBLICA, LOCAL, CUIABA (MT), ESTADO DE MATO GROSSO (MT), OBJETIVO, REALIZAÇÃO, EVENTO, ESPORTE, CAMPEONATO MUNDIAL, FUTEBOL, CRITICA, PREJUIZO, IRREGULARIDADE, OBRAS.
O SR. PEDRO TAQUES (Bloco Apoio Governo/PDT - MT. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Muito obrigado, Senador Magno Malta, pelas palavras.
Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, algumas pessoas, por não saber ou até por má-fé, não entendem o que um Senador da República faz, o que um Parlamentar faz.
Um Parlamentar não constrói viadutos. Um Parlamentar não edifica pontes. Um Parlamentar não faz estádios de futebol. Não é atribuição de um Parlamentar fazer isso. Um Parlamentar cria leis, para que nós tenhamos tranquilidade, segurança. Um Parlamentar busca recursos aqui de Brasília para levar ao seu Estado. E um Parlamentar fiscaliza. Esta é a atribuição principal de um parlamentar. Desta atribuição, a atribuição de fiscalização, eu não abro mão, Senador Jayme Campos.
No dia 31 de maio de 2009, há quase cinco anos, há quase um lustro, Cuiabá foi escolhida como sede da Copa do Mundo. Nós todos ficamos felizes e estamos felizes até agora. Nós todos queremos que esta Copa do Mundo possa ser um motivo para que o mundo possa conhecer as potencialidades do nosso Estado, as nossas riquezas, a nossa cultura, o nosso povo, o nosso linguajar, a nossa comida, a nossa gastronomia, as nossas belezas, Senador Jayme Campos. No entanto, a proximidade da Copa do Mundo do Brasil assombra, porque nos falta tempo, Senador Jayme Campos.
Quando você fala de Copa do Mundo em Cuiabá, algumas pessoas dizem: você é pessimista. Nós não podemos ser pessimistas e eu não sou pessimista, eu sou realista, realista. Um Parlamentar tem que falar a verdade, ele não pode ser pessimista, eu não sou um pessimista, eu sou realista. Falta-nos tempo.
Não são nada confortáveis os índices de evolução da maioria das obras consideradas obrigatórias pela Federação Internacional de Futebol, a FIFA. Como já disse anteriormente, desde 2011, tenho dito desta tribuna, corremos o risco de revelar a bilhões de telespectadores a má qualidade do planejamento, os gargalos no transporte, na infraestrutura e no turismo. Isso é ser pessimista? Isso é ser realista, porque desde 2011 eu tenho subido a esta tribuna para convocar o cidadão a fiscalizar.
Em Mato Grosso, a falta de responsabilidade técnica na execução das obras e de transparência na prestação de informações junto à sociedade, gradualmente, vem fazendo a verdade aparecer. Não conseguiremos concluir boa parte dos projetos megalomaníacos propagados nos últimos anos. E eu já fui otimista quanto a essas promessas; o cidadão mato-grossense já foi otimista quanto a essas promessas. Promessas que se iniciaram no dia 31 de maio de 2009.
Na semana passada, senhoras e senhores, novas evidências se confirmaram. Relatório entregue pelo Conselho de Engenharia e Arquitetura de Mato Grosso, o CREA, à Assembleia Legislativa do nosso Estado, aponta que a maioria das obras de mobilidade urbana executadas em Cuiabá com vistas à Copa do Mundo apresenta irregularidade.
Aliás, Senador Jayme Campos, em 2011, em 2012, nós fizemos reuniões com o Conselho Regional de Engenharia, com o Conselho Regional de Arquitetura, com a Universidade Federal de Mato Grosso, com a Universidade Estadual de Mato Grosso (Unemat), criada por V. Exª em 90, com a Universidade de Cuiabá (Unic), para que nós pudéssemos debater as obras da Copa.
Mandei ofícios, cobrei, fiscalizei e fui muito criticado por isso. De acordo com os engenheiros, nesse relatório que compõe a comissão, as obras vistoriadas têm baixo padrão de acabamento, também foram encontradas “anomalias estruturais de drenagem, sinalização e de acessibilidade, anomalias geométricas, de processos construtivos, de planejamento e de concepção de projetos”.
Quem está dizendo isso não sou eu, eu não sou técnico. Quem está dizendo isso são os técnicos, os engenheiros do Conselho Regional de Engenharia. Isso pode ser comprovado, diariamente, por quem trafega pelas cidades de Cuiabá e Várzea Grande. São buracos que não acabam mais. Obras entregues pela metade ou que já precisam de reparo em menos de um ano de conclusão.
Ao todo, foram vistoriadas 13 obras da Copa: Arena Pantanal; obras do Veículo Leve sobre Trilhos - o famoso e hoje famigerado, para alguns, VLT -; os Centros Oficiais de Treinamento (COTs) da Barra do Pari, lá em Várzea Grande, e da Universidade Federal de Mato Grosso; as trincheiras do Santa Rosa, Jurumirim, Verdão e Ciríaco Cândia; o Viaduto do Despraiado; a duplicação da Avenida Arquimedes Pereira Lima, a chamada “Estrada do Moinho”; o Complexo Viário do Tijucal; as obras da Avenida 8 de Abril; e a implantação da chamada Via Parque do Barbado.
Essas obras foram vistoriadas. E, aliás, Senador Jayme Campos, ontem, V. Exª fez referência à Arena Pantanal.
De acordo com o relatório, a obra mais comprometida e que pode apresentar risco aos usuários, caso não tenha as falhas corrigidas, é a Trincheira Ciríaco Cândia, obra que foi inaugurada pelo Governo do Estado no final do ano passado e precisou ser interditada por apresentar problemas de infiltrações. Imaginem: foi entregue ano passado e, agora, o Crea diz que a obra está comprometida!
Em entrevista à imprensa local, o presidente do Crea, o engenheiro Juarez Samaniego, afirmou que, se continuar no ritmo que está hoje, a Secretaria Extraordinária da Copa do Mundo (Secopa-MT) pode desistir de tentar ver os principais projetos prontos antes do Mundial.
Eu não escrevi isso. Quem escreveu foi o presidente do CREA, que afirmou que, se continuar no ritmo que está hoje, a Secretaria pode desistir de tentar ver os principais projetos prontos antes do Mundial.
Estou sendo pessimista, Senador Jayme Campos?
Existem pessoas em Cuiabá que dizem o seguinte: que nós não podemos vir à tribuna do Senado para falar o que está a ocorrer nas obras da Copa.
Nós temos o dever de falar o que está a ocorrer.
Ele, o presidente do Crea, cita a construção dos Centros Oficiais de Treinamento e a reforma do Aeroporto Internacional Marechal Rondon, que fica na cidade de Várzea Grande, a cidade que V. Exª administrou por três vezes.
Amigos das redes sociais, os mesmos de sempre vão dizer que comemoro esse quadro preocupante. Não comemoro, Senador Jayme Campos. Não comemoro. Nós não podemos comemorar o malfeito. Nós temos de fazer referência a ele, nós temos de lamentar esse malfeito.
Como achar bom ver o trânsito caótico de Cuiabá e Várzea Grande, que eu enfrento, meus amigos enfrentam, nossos familiares enfrentam, que toda a população enfrenta? É possível comemorar o fato de que, mesmo com o desvio dos recursos do Fethab - do transporte e habitação - para as obras da Copa, pouca coisa melhorou na capital e, muito menos, nas estradas que nos levam ao interior?
Quando em 2011, meu primeiro ano de mandato, subi a esta tribuna para defender mais transparência, mais participação de órgãos de fiscalização como o Crea, no acompanhamento das obras e rigor no planejamento, a resposta do Governo foi de que o quadro era tranquilizador: “Calma, paciência, tudo se resolverá”. Continuei acompanhando todos os relatórios envolvendo as obras e, em todas as ocasiões, a dificuldade técnica e administrativa do Governo estadual foi questionada.
Apesar dos alertas do Tribunal de Contas do Estado - também criticado -, do Tribunal de Contas da União - também criticado - e até da FIFA, eu e o cidadão mato-grossense sempre recebemos um pedido de calma. Calma, Senador Jayme Campos?
Agora, a menos de quatro meses para o Mundial - parece-me que, de hoje até o primeiro jogo, 105 dias para o primeiro jogo na nossa cidade -, duas certezas nós já temos: a de que a Arena Pantanal deverá ficar pronta sim; e a de que o famoso VLT foi descartado da Copa por falta de tempo para conclusão até o evento. Descartaram o VLT! Disseram: “Não, o VLT não foi prometido para a Copa”. As pessoas pensam que somos bobó cheira-cheira, Senador Jayme Campos. Bobó cheira-cheira, aquele que pode ser enganado. Nós não podemos ser enganados.
Amigos que nos acompanham pela TV Senado, não é novidade que tudo começou errado. O Veículo Leve sobre Trilhos de Cuiabá foi licitado sem projeto, o que fez com que o consórcio do VLT Cuiabá, responsável pela obra, abrisse várias frentes de trabalho sem qualquer planejamento. Literalmente, rasgaram Cuiabá e Várzea Grande, espalhando obra para todos os lados. O que se vê agora, Senador Jayme Campos? Tudo pela metade, um festival de tapumes em Cuiabá e em Várzea Grande.
Vale lembrar que, ao alterar o projeto de mobilidade urbana com a escolha do VLT, o Governo assegurou que seria possível a implantação desse modal de transporte antes da Copa - antes da Copa! Por isso, foi usado o regime diferenciado de contratação, o famoso RDC. Por isso, na campanha eleitoral de 2012, os candidatos do Governo usaram o VLT como instrumento de propaganda eleitoral. Usaram! Nós temos os programas eleitorais na internet.
O VLT, Srªs e Srs. Senadores, tem um custo de R$1,477 bilhão e prazo contratual marcado para o próximo mês de março, março de 2014 - agora, daqui a alguns dias! A implantação do modal, no entanto, só começou a ser feita em junho de 2012. São previstos dois trechos - um deles ligando o aeroporto ao bairro CPA e outro entre a região do Coxipó e o centro da capital, totalizando 22 quilômetros.
Para termos uma ideia do andamento da obra, há seis meses, em julho de 2013, o índice de execução era de apenas 37,98%, quando o esperado deveria ser 68,99%.
Conforme anunciado mais recentemente pelo Governo, o VLT será entregue em dezembro de 2014, seis meses depois da Copa. Isso, sem garantias a respeito da execução total ou não da proposta inicial - ou mentiram ao cidadão ou a incompetência grassa no planejamento e na edificação dessa obra. E os vídeos que o Governo do Estado propalou pelo mundo afora mostrando os preparativos para receber os turistas? Nos vídeos, Senador Jayme Campos, o VLT aparece, só falta aparecer com fumaçinha de trem - só falta aparecer com aquela fumaçinha. E nós, mato-grossenses que confiamos no compromisso firmado? E aqueles que propalaram, quando nós daqui criticávamos a mudança do modal, dizendo que nós estávamos vendendo a desgraça? Esses, agora, estão também dizendo, Senador Jayme Campos, que nada foi prometido para a Copa do Mundo.
O povo não é bobó, Senador Jayme Campos. O cidadão já está mais do que impaciente com a mentira, com a cara de pau de alguns que vêm dizer que as obras não foram prometidas para a Copa do Mundo.
Para minha honra, concedo um aparte a V. Exª.
O Sr. Jayme Campos (Bloco Minoria/DEM - MT) - Senador Pedro Taques, V. Exª está coberto de razão quando vem à tribuna da Casa, uma vez mais, alertar não só pela péssima qualidade das obras, mas, sobretudo, pela não conclusão da maioria absoluta das obras, que não serão concluídas. Lamentavelmente, o que nós estamos vendo em Mato Grosso é o desvio, o surrupiamento de dinheiro público. Tanto é verdade que as obras que eles inauguraram - para mim, eram falsas -, todas elas praticamente estão condenadas, desde o viaduto da Trincheira Ciríaco Cândia, ali na estrada Mário Andreazza, como as demais obras. V. Exª foi até generoso, não citou outras obras que lançaram com banda de música, foguete, mas que não chegaram a lugar algum.
O SR. PEDRO TAQUES (Bloco Apoio Governo/PDT - MT) - Eu vou citar uma a uma ainda.
O Sr. Jayme Campos (Bloco Minoria/DEM - MT) - Ah, não esquecer de dizer da estrada da Chapada, que lançaram, do Trevo da Guia demandando até a Fundação Bradesco. Fizeram a obra da Fundação Bradesco até a entrada do Manso e se esqueceram de fazer a entrada, ou seja, não fizeram porque a parte mais crítica da execução é esse trecho. E, se eu fosse numerar tudo aqui, iria passar muito, e eu não quero tomar o tempo de V. Exª aqui. Até que enfim, parece-me que o Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso acordou. Agora, está indo buscar, tentar pressionar o Governo para a conclusão, pelo menos para tapar os buracos. Ou seja, abriram Cuiabá e Várzea Grande de uma forma irresponsável - como o senhor bem disse -, sem planejamento, sem projeto das obras e, sobretudo, penalizando não só a classe trabalhadora com um transporte coletivo hoje de péssima qualidade, mas, particularmente, quebrando centenas, dezenas de empresários que estão na margem dessas avenidas. Lamentavelmente, se o senhor passar hoje lá, praticamente 70% daqueles estabelecimentos comerciais estão fechados. O Governo foi tão irresponsável que fala em Copa do Mundo daqui a 105 dias, mas não há nem o espaço para estacionarem os automóveis que vão se dirigir à região lá da Arena Pantanal - que espero seja Arena Pantanal Governo José Fragelli -, que é a mudança da feira ali...
O SR. PEDRO TAQUES (Bloco Apoio Governo/PDT - MT) - Do Verdão.
O Sr. Jayme Campos (Bloco Minoria/DEM - MT) - ... do Verdão, que seria retirada para outro espaço. Então, o Governo perdeu a bússola, Senador Pedro Taques. O Governo, hoje, está sem bússola em Mato Grosso. Não só em relação às obras da Copa do Mundo, mas, sobretudo, abandonou o interior do Estado. Já começamos a ter hoje prejuízo em relação ao escoamento da produção...
O SR. PEDRO TAQUES (Bloco Apoio Governo/PDT - MT) - A ponte em Colniza rodou ontem.
O Sr. Jayme Campos (Bloco Minoria/DEM - MT) - Rodou ontem. E não só isso: a trafegabilidade também de Castanheira para Juruena e Cotriguaçu também está interrompida, essa rodovia que trafegam por ali cinco cidades. Então, o Governo está brincando de gerenciar, está brincando de administrar. E aqui eu tenho de fazer um alerta, também: V. Exª há de concordar comigo que o Ministério Público tem que atuar de uma forma mais contundente, fiscalizando. Porque o papel nosso aqui, Senador Pedro Taques, nada mais é do que fiscalizar.
O SR. PEDRO TAQUES (Bloco Apoio Governo/PDT - MT) - Nós não construímos obras, Senador.
O Sr. Jayme Campos (Bloco Minoria/DEM - MT) - Até porque, lá nas obras, há quase R$5 bilhões de recursos da Caixa Econômica Federal, do BNDES e da própria União a fundo perdido, como é o caso das trincheiras que estão sendo executadas com recurso do DNIT, do Ministério das Cidades. V. Exª tem toda a razão. E o povo está entendendo. Como o senhor bem disse, aqueles que acham que o povo de Mato Grosso é bobó cheira-cheira estão enganados; vai dar o troco para eles nessa eleição de 5 de outubro, tendo em vista que o Governo instalado em Mato Grosso é um Governo que gerencia para meia dúzia - não é, Senador Pedro Taques? Nós temos que ter a visão de que Mato Grosso tem três milhões e tantos mil habitantes, e a maioria absoluta, 99%, está sendo penalizada: sem estradas, sem saúde, sem segurança. Virou um verdadeiro Estado do terror, porque ninguém tem segurança, tanto na cidade como no campo. Ontem mesmo, eu vi uma matéria de que agora passou a ser uma prática lá assaltar as fazendas, ou seja, os produtos que são para combate, naturalmente, das nossas lavouras, os inseticidas, etc. Então, V. Exª está coberto de razão. Quero cumprimentá-lo. V. Exª tem coragem, e precisamos de políticos neste País que tenham coragem, que não tenham rabo preso, para virem à tribuna do Senado, da Câmara Federal, das Assembléias Legislativas e criticarem, o que no regime democrático é saudável. As críticas são saudáveis na medida em que toda e qualquer unanimidade é burra, no sistema político brasileiro ou em qualquer sistema em que se pratique o Estado democrático de direito. E que tenhamos governantes estadistas. Quero concluir dizendo a V. Exª que o COT não termina, que é o Centro de Treinamento de Mato Grosso...
O SR. PEDRO TAQUES (Bloco Apoio Governo/PDT - MT) - Nem do Pari, ali perto da passagem da Conceição.
O Sr. Jayme Campos (Bloco Minoria/DEM - MT) - O do Pari não termina, eu estive lá; o da Universidade também não termina. O aeroporto, eu vi uma declaração do Ministro Moreira Franco, que esteve agora lá, na última segunda-feira, dizendo que saiu muito animado de lá do aeroporto, dizendo que tem chances; mas ele prepara os puxadinhos. Também não vejo nenhuma possibilidade, tendo em vista que faltam 100 dias praticamente, tirando o Carnaval e os feriados, 1º de maio. Eles têm que trabalhar não três turnos, mas cinco turnos, para tentar concluir as obras do Aeroporto Marechal Rondon, na minha cidade de Várzea Grande, Senador Flexa Ribeiro. É um vexame! E o Governo Federal vai também passar um vexame, tendo em vista que as obras de mobilidade urbana e de infraestrutura propostas também não vão ser concluídas. Fico muito preocupado quando se fala em Copa do Mundo em Cuiabá. Nós não temos à disposição, hoje, Senador Flexa, nem cinco leitos de UTI. Iniciou-se a construção do Hospital da Universidade Federal de Mato Grosso, que será o Hospital Universitário, que também não conclui para a Copa do Mundo. O VLT, eu já disse ao senhor e estou ganhando várias apostas. Eu disse aqui, em dezembro de 2013, que faço uma aposta aqui, de público, diante das imagens da TV Senado e dos ouvintes da Rádio Senado, que, se tudo correr bem, em 2017, e precisa injetar, pelo menos, 1,5 bilhão - um bilhão e quinhentos já foram para o ralo, e me falaram que já foi mais de um bilhão. Compraram os vagões, mas esqueceram de fazer os trilhos. Vai virar ferro velho. Está empilhado lá no Município de Várzea Grande, ao lado do espaço da Infraero.
O SR. PEDRO TAQUES (Bloco Apoio Governo/PDT - MT) - É que o sol em Mato Grosso não é tão quente, pode ficar fora.
O Sr. Jayme Campos (Bloco Minoria/DEM - MT) - O senhor imagina: sol e chuva, aquilo vai virar um monte de ferro velho. Realmente, quem vai pagar a conta é o povo mato-grossense. Então, realmente quem vai pagar a conta é o povo mato-grossense. Nós esperávamos, Senador Flexa, ter um legado maravilhoso. Íamos pagar conta cara, mas o povo mato-grossense ia ser beneficiado. Todavia, Senador Pedro Taques, V. Exª, que está nessa missão de ser governador do Estado, está colocando o seu nome à disposição do povo de Mato Grosso, tem uma missão nobre, se eleito for - e espero que o seja -, de realmente fazer um governo de transformação, um governo sério, respeitando o povo mato-grossense, sobretudo aquele que recolhe o seu tributo, que com o suor do seu rosto paga os impostos, e, todavia, está sendo desrespeitado na sua cidadania porque não tem segurança, não tem educação, não tem saúde e não tem coisa alguma. V. Exª está de parabéns pela sua coragem de vir aqui, e não é hoje, há muito tempo, há mais de um ano já chamando a atenção, preocupado com a conclusão das obras, dizendo que não seriam concluídas. E é o que está acontecendo. Não vão concluí-las, e nós vamos passar um vexame. Vai ser uma vergonha a Copa do Mundo em Cuiabá. Que Deus nos ilumine. Esperamos fazer menos feio do que a expectativa e a sensação que todos nós, mato-grossenses, temos neste exato momento. Parabéns, Senador.
O SR. PEDRO TAQUES (Bloco Apoio Governo/PDT - MT) - Muito obrigado, Senador Jayme Campos, por sua fala. E V. Exª não é pessimista, V. Exª está sendo realista. V. Exª, como eu, nós todos, os mato-grossenses, queremos que esta Copa seja motivo de orgulho, não motivo de vergonha. Agora, falar... Se você fala, você é contra; se você fala, você é pessimista. Isto é a prova, Senador Jayme Campos, de que a sociedade precisa avançar um pouco mais.
Um detalhe importante eu gostaria de trazer à consideração dos Senadores: já estamos pagando, Senador Jayme Campos, a fatura do VLT. Já estamos pagando. Neste mês de março, a Secretaria de Estado de Fazenda já terá que começar a amortizar os juros do empréstimo de R$727 milhões feito pelo governo do Estado junto à Caixa Econômica. Já vai começar a amortizar os juros. O primeiro pagamento será de R$13,3 milhões, referentes apenas aos juros. Treze milhões de reais! A sociedade já está pagando esse valor.
Vejamos outras observações apontadas pelo CREA a respeito das obras.
Os Centros Oficiais de Treinamento do Pari, em Várzea Grande, a que V. Exª fez referência, e da Universidade Federal de Mato Grosso, obras programadas para abril deste ano estão muito atrasadas. Se eles, os centros de treinamento, continuarem nesse ritmo, não serão concluídos em abril. Nós estamos a quase 40 dias do mês de abril, pouco mais de 30 dias.
Também é preocupante a falta de mobilidade e de acessibilidade nestes centros de treinamento que estariam sem os preparos necessários, com banheiros e arquibancadas sem planejamento de acessibilidade e inclusão das pessoas com deficiência.
O aeroporto, da forma como a obra está sendo conduzida, também não será concluído, segundo o CREA. Tanto é que a própria Fifa deixou como prioridade que a Arena Pantanal esteja pronta.
Por falar em Arena Pantanal, ela está prevista para ser entregue em meados de março pelo governo do Estado, com o prazo para lá de estourado. Dizem que não precisamos mais nos preocupar. Vai ficar tudo pronto! Mas e os custos? Chegarão ao nosso bolso quando, Senador Jayme Campos?
A Arena Pantanal começou a ser construída em maio de 2010 - a primeira entre todas as 12 que serão usadas na Copa do Mundo. A primeira começou em Mato Grosso. Em julho de 2012, a Arena tinha apenas 46% de suas obras concluídas, o que levou o governo a assinar um aditivo ao contrato, que prorrogou o prazo de entrega até outubro do ano passado, a um custo de R$519 milhões. Repito, R$ 519 milhões. Hoje a obra está orçada em R$ 570 milhões. A Arena Pantanal chegou a 95% dos serviços concluídos. O que poucos dizem é que, até agora, a Arena está R$228 milhões mais cara em relação ao custo inicial previsto. Duzentos e vinte e oito milhões a mais.
(Soa a campainha.).
O SR. PEDRO TAQUES (Bloco Apoio Governo/PDT - MT) - Outra obra que preocupa é a construção do Fan Park, ponto de encontro de torcedores durante o Mundial.
A obra também é vista com descrença pelo CREA, uma vez que o projeto deve ser executado no Parque de Exposições Jonas Pinheiro, lá em Cuiabá, e, até o momento, a Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat) continua sediada no local e nenhum serviço teve início. O projeto ainda está em fase de elaboração. Após a conclusão do projeto, um novo edital ainda deverá ser lançado para contratação da empresa que irá executar a obra, que não tem prazo de conclusão previsto pelo Estado.
Cito ainda as obras ligadas ao Corredor Mário Andreazza que fazem parte do plano B de locomoção entre o aeroporto, a Arena Pantanal e a rede hoteleira. Uma parte está pronta e a outra, a duplicação da Rodovia Mário Andreazza (MT- 444), tem previsão de entrega em março. No jargão deste governo: isso se a chuva permitir. Isso se a chuva permitir.
Sabe-se que chove em Mato Grosso neste período desde que o mundo é mundo. A chuva não vai parar. Quem sabe nós tenhamos que chamar São Pedro para resolver isso.
A obra de reestruturação e revitalização do Córrego Mané Pinto/Avenida Oito de Abril tem por objetivo facilitar o acesso à Arena Pantanal. A previsão inicial era de que a obra fosse concluída em julho do ano passado, mas a demora para o início da obra fez com que a Secopa aditasse o contrato para que fosse encerrado em março, agora. Março promete!
A pavimentação e a restauração de diversas ruas do entorno da Arena Pantanal também estavam previstas para o final do ano passado. A previsão do último cronograma era de que elas estivessem prontas em maio do ano passado. A Estrada da Guarita, outra obra de mobilidade, também não está pronta. Ela deverá ser finalizada apenas em março. Isso sem contar com obras que foram amplamente divulgadas, e depois simplesmente descartadas. Foram descartadas.
(Soa a campainha.)
O SR. PEDRO TAQUES (Bloco Apoio Governo/PDT - MT) - Cito o caso do teleférico da Chapada dos Guimarães, do complexo de segurança. Nada foi feito.
Não vou nem entrar no mérito de falar sobre projetos para a saúde, porque isso não existiu.
Os problemas enfrentados hoje por Mato Grosso passam necessariamente pela falta de fiscalização. Talvez pela pressa de executar projetos que já nasceram atrasados, o Governo liberou recursos às empresas contratadas sem exigir qualidade nas obras.
Mas, conforme as palavras do Presidente do CREA, "obra de engenharia não se executa com pressa, e sim com profissionais competentes, recursos e tempo." Sim, estamos correndo contra o tempo e, infelizmente, aos bilhões de reais que iam ser gastos, vamos acrescentar outros bilhões, que poderiam ser investidos em escolas, hospitais e em outros serviços básicos que nos faltam.
O que este roteiro nos mostra é que quando a Copa do Mundo acabar ainda restará muita poeira e lama, vindas de obras inacabadas ou finalizadas às pressas. Afinal, por incrível que possa parecer, ainda existem obras dependendo de processo licitatório.
Eu encerro, Sr. Presidente, agradecendo o tempo que V. Exª me concedeu, o tempo a mais. E quero dizer que nós todos temos orgulho de sermos mato-grossenses. Nós todos temos orgulho das nossas potencialidades, das nossas riquezas, do nosso povo, mas não podemos deixar de mostrar o que está acontecendo, porque nem tudo são rosas, nem tudo são rosas. Não adianta dizer que estamos sendo pessimistas. Nós temos que ser realistas, e a realidade não pode ser escondida do cidadão.
Muito obrigado, Sr. Presidente.