Discurso durante a 91ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Satisfação com o desempenho das exportações do País.

Autor
Armando Monteiro (PTB - Partido Trabalhista Brasileiro/PE)
Nome completo: Armando de Queiroz Monteiro Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ECONOMIA:
  • Satisfação com o desempenho das exportações do País.
Aparteantes
Ana Amélia, Paulo Rocha, Simone Tebet, Waldemir Moka.
Publicação
Publicação no DSF de 10/06/2016 - Página 26
Assunto
Outros > ECONOMIA
Indexação
  • REGISTRO, AMPLIAÇÃO, QUANTIDADE, EXPORTAÇÃO, INDUSTRIA BRASILEIRA, ENFASE, INDUSTRIA TEXTIL, COMENTARIO, REDUÇÃO, IMPORTAÇÃO, VESTUARIO, INDUSTRIA AUTOMOBILISTICA, NEGOCIAÇÃO, PAIS ESTRANGEIRO, MEXICO, COLOMBIA, PERU, ANUNCIO, CRESCIMENTO, SUPERAVIT, BALANÇA COMERCIAL, RECUPERAÇÃO, ECONOMIA, ELOGIO, JOSE SERRA, MINISTRO DE ESTADO, ITAMARATI (MRE), REALIZAÇÃO, ACORDO DE COOPERAÇÃO ECONOMICA E INDUSTRIAL, AMBITO INTERNACIONAL, IMPORTANCIA, APERFEIÇOAMENTO, RELAÇÕES INTERNACIONAIS.

    O SR. ARMANDO MONTEIRO (Bloco Moderador/PTB - PE. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, ocupo a tribuna no dia de hoje para repercutir matéria de O Estado de S. Paulo que destacou o crescimento de 15% da quantidade exportada pela indústria de transformação no primeiro quadrimestre deste ano, o que tem contribuído para amenizar a forte contração no mercado doméstico e possibilitado, inclusive, certa recuperação do emprego em algumas áreas da indústria.

    Nesse sentido, ressalto o crescimento observado em alguns segmentos, como, por exemplo, o setor têxtil, cujo incremento das exportações nesse período alcançou 27%. Lembro que esse movimento tem um aspecto muito saudável: além de expandir as exportações do setor, nós estamos experimentando um surto de substituição de importações, sobretudo na área de vestuário, o que contribui de forma expressiva para que, de algum modo, a indústria brasileira retome uma parcela do mercado doméstico que havia sido perdida para a importação. Também o segmento de máquinas e equipamentos registra um crescimento nas exportações de 17% no quadrimestre. E ainda, meu caro Senador Jorge Viana, o incremento das exportações na área de veículos automotores alcançou 18%.

    Além do câmbio, naturalmente, que é o grande fator que contribuiu para essa expansão das exportações, nós não podemos deixar de registrar os acordos automotivos que foram negociados pelo Brasil nos últimos 15 meses. Não só houve o acordo que renegociamos em novas bases com o México - e que vem apresentando um desempenho fantástico, no sentido de que o Brasil vem aumentando as exportações para o México -, como ainda houve a celebração de novos acordos na área automotiva, como, por exemplo, com a Colômbia e com o Peru.

    Com a Colômbia, meu caro Senador Paulo Rocha, o Brasil havia perdido o mercado colombiano de automóveis. É um mercado de 350 mil unidades, e a nossa participação nesse mercado foi declinando ao longo do tempo, a ponto de corresponder a apenas 2%. Nós fizemos uma negociação que permitiu que se fixassem cotas e, dentro das cotas, nós temos, portanto, zerado o Imposto de Importação. Portanto, o Brasil terá, já no próximo ano, 25 mil unidades com tarifa zero de importação, e, no ano seguinte, alcançaremos 50 mil unidades, o que vai significar, por exemplo, a possibilidade de que o Brasil venha a ampliar a sua presença nesse importante mercado que é o mercado colombiano, podendo alcançar, em um prazo razoável, uma participação de 15%, o que corresponde hoje à participação, por exemplo, que o México detém no mercado colombiano e que algumas montadoras asiáticas também, porque ampliaram muito a presença nesse mercado.

    O crescimento das exportações na área automotiva decorreu, primeiro, do realinhamento do câmbio, mas também do efeito de algumas ações da política comercial brasileira, sobretudo em relação ao número de acordos na área automotiva que foram celebrados.

    Essa maior demanda externa na indústria automobilística gerou, já nos últimos dois meses, a abertura de postos de trabalho. Há uma avaliação de que 1.200 vagas foram recuperadas em função exatamente da ampliação das exportações.

    Segundo a Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), devemos fechar o ano com um crescimento de 5% no valor das exportações de produtos manufaturados, mesmo a despeito da queda dos preços internacionais, porque, com essa retração do comércio mundial, todos os produtos, mesmos os produtos manufaturados, experimentaram uma queda de preço. Portanto, mesmo em valor, nós vamos experimentar um crescimento expressivo este ano, segundo as projeções que estão sendo feitas pela associação das empresas exportadoras brasileiras. Portanto, se considerarmos que temos em valor um acréscimo das exportações, temos também que sublinhar que, em volumes - este é um dado muito expressivo -, nós teremos um crescimento de quase 10%, o que vai representar uma contribuição importante, Senador Berger, para que o Brasil alcance este ano um superávit na balança comercial que poderá alcançar US$50 bilhões. Nós saímos de uma trajetória que, em 2014, registrava um déficit de quase US$5 bilhões para, em dois anos, um superávit de US$50 bilhões. Pode-se dizer que isso foi fruto também da queda das importações. É verdade. A retração que nós experimentamos no mercado doméstico teve um efeito sobre o nível de importações, mas, de acordo com o que informávamos aqui do desempenho em alguns setores da indústria, o efeito também corresponde a um incremento das exportações que já se verifica em vários setores da indústria de maneira muito significativa.

    Eu creio que o Brasil possa celebrar isso, especialmente nesse momento em que só se destacam as notícias da chamada agenda negativa. Não há como deixar de reconhecer que nós tivemos, no setor externo da economia brasileira, uma recuperação que pode se traduzir como espetacular, tendo em vista a velocidade com que esse processo ocorreu.

    Lembro que, quando fazemos uma avaliação do desempenho do déficit em transações correntes, temos que agregar a avaliação do resultado da balança comercial e também da balança de serviços e de remessas que o Brasil faz. Vejam que saímos de um déficit de US$108 bilhões em 2014, equivalente a 4,5% do PIB, e, segundo as projeções, esse déficit vai cair para 17 bilhões representando apenas 1% do PIB - é o déficit em transações correntes.

    E mais, Senador Paulo Rocha. Esse déficit em transações correntes será inteiramente coberto com um ingresso de investimentos estrangeiros diretos, porque, vendo, por exemplo, algumas cassandras no debate, hoje, brasileiro, a impressão que temos é a de que o Brasil já não interessa aos investidores estrangeiros. No entanto, teremos de ingresso de investimentos estrangeiros diretos quase US$70 bilhões este ano. Isso é algo muito significativo e que, portanto, vai nos conduzir a uma situação em que é possível até que o Brasil amplie o seu nível de reservas, porque, se o déficit em transações correntes, ao final, é de US$17 bilhões e o ingresso de investimentos estrangeiros diretos alcança US$70 bilhões, poderemos, meu caro Senador Pedro Chaves, ampliar o nosso nível de reserva no final do ano.

    É importante destacar que o setor externo da economia brasileira representa hoje algo como um seguro em relação às crises do passado, que eram caracterizadas por crises cambiais também, ou seja, pela escassez de divisas externas. E o Brasil tem hoje, Senador Jorge Viana, uma situação extremamente confortável. Há um parâmetro para avaliação da liquidez internacional, que é a relação entre o nível de reservas e o financiamento das importações, ou seja, o seu nível de reservas corresponde a quantos meses de importação que você poderia financiar. E considera-se nos parâmetros de avaliação econômica que quem pode financiar as importações de seis meses tem uma situação razoavelmente confortável. Vejam que, hoje, o nível de reserva do Brasil permite que o Brasil financie dois anos e quatro meses de importações. Portanto, temos hoje no setor externo muito o que festejar, porque o Brasil tem uma situação excepcional de liquidez, sendo credor externo líquido e, portanto, tendo um seguro contra qualquer crise cambial.

    Neste momento, precisamos destacar isso, especialmente, meu caro Senador Moka, porque, vendo o debate na economia, só conseguem sublinhar as nossas mazelas, só conseguem apontar a chamada agenda negativa. Portanto, temos que também registrar que, especialmente no setor externo, o Brasil tem muito o que celebrar por esse ajuste fantástico que foi feito nas contas externas do País, ao ponto de termos uma situação muito confortável de reservas.

    Não tenho dúvida de que o setor externo representa um canal importante para a recuperação da economia brasileira. Por essa razão, não devemos encarar o comércio exterior com uma visão meramente conjuntural. Isso vale sobretudo para a comunidade empresarial, que se acostumou, durante muito tempo, a identificar no canal de exportação apenas uma válvula para que, com as flutuações do mercado doméstico, você pudesse exportar.

    Meu caro Senador Jorge Viana, as crises ensinam que esse é um canal em que você tem que investir permanentemente. Você não pode perder os canais externos, porque recuperar esses canais é muito difícil.

    Portanto, o canal externo tem que ser algo que corresponda a uma ação estruturada e permanente. O Brasil não pode perder essas oportunidades que se colocam diante de nós.

(Soa a campainha.)

    O SR. ARMANDO MONTEIRO (Bloco Moderador/PTB - PE) - Nesse sentido, tenho acompanhado na imprensa as análises sobre as novas diretrizes do atual Ministro das Relações Exteriores e nosso colega aqui no Senado, o eminente homem público Senador José Serra. Percebo com satisfação que, no conteúdo, trata-se da continuidade das ações adotadas pelo Governo até recentemente, uma vez que a agenda proposta corresponde exatamente àquela definida no Plano Nacional de Exportações.

    Quais são as diretrizes? Ampliar a inserção do Brasil nas cadeias globais de valor por meio de novos acordos e pela expansão temática dos acordos. Fala-se muito em tarifa, mas a nova geração de acordos comerciais hoje olha novas áreas, como investimentos, serviços, compras governamentais, convergência regulatória. Portanto, o Brasil atuou firmemente para fazer a expansão temática dos nossos acordos.

    Por isso mesmo, celebramos um acordo muito importante com os Estados Unidos, que são o principal mercado de manufaturados do Brasil. O primeiro acordo, Senador Jorge Viana, de convergência regulatória que o Brasil firmou vai permitir a harmonização de normas, porque a grande barreira para o acesso ao mercado americano de manufaturado não são as tarifas. As tarifas médias são baixas no mercado americano. O grande problema é que o padrão de normas nosso não é convergente com o padrão de normas americano. Por exemplo, a indústria cerâmica brasileira tem dificuldade de exportar para os Estados Unidos, porque nós não temos um padrão de normas convergente. Então fizemos um grande esforço para levar o Inmetro e a ABNT para trabalharmos em um padrão de convergência de normas.

(Soa a campainha.)

    O SR. ARMANDO MONTEIRO (Bloco Moderador/PTB - PE) - Quero destacar, portanto, que o Brasil já está obtendo ganhos concretos desse acordo, quando laboratórios americanos vêm se instalar no Brasil para fazer ensaios laboratoriais e certificação de produtos aqui, exatamente porque estamos construindo um padrão de convergência das normas técnicas e, portanto, removendo barreiras não tarifárias para garantir maior fluidez do comércio.

    Concedo, com muita satisfação, a palavra à nobre Senadora Simone Tebet.

    A Srª Simone Tebet (PMDB - MS) - Obrigada, Senador Armando Monteiro. É para parabenizar V. Exª pelo pronunciamento, muito mais do que até pelo conteúdo, e ninguém discute a competência e a capacidade de V. Exª. V. Exª esteve à frente do Ministério, e eu tive o prazer de ser recebida por V. Exª muito gentilmente em seu gabinete, tratando justamente dessas questões, mas, principalmente, pelo discurso propositivo. Acho que é disso que o Brasil está precisando, independentemente do que quer que esteja acontecendo dentro desta Casa ou que vá acontecer nos próximos meses em relação processo de impeachment, independentemente de quem seja o atual Presidente da República. É importante nós começarmos a tranquilizar a Nação de que apesar dos números negativos - e são muitos -, nós temos que reconhecer que passamos por uma crise sem precedentes e não interessa aqui discutir de quem é a culpa, neste momento, do PIB negativo, da inflação que, mesmo com os juros altos, não consegue ficar dentro da meta ou quando fica bate no teto da meta, da questão do desemprego. Não interessa o que esteja acontecendo, é importante dizer para a Nação que este é um País sólido, primeiro, porque possui instituições democráticos muito bem solidificadas; segundo, porque é um País de uma dimensão continental e de uma riqueza capaz de fazer com que possamos superar qualquer crise, basta termos união, basta olharmos para frente e basta termos discursos propositivos como esse.

(Soa a campainha.)

    A Srª Simone Tebet (PMDB - MS) - Temos que mostrar para os investidores estrangeiros e nacionais que o Brasil é maior que tudo isso. V. Exª, mais do que ninguém, tem condições de mostrar, pelo menos uma das pernas dessa economia, que a relação econômica internacional é um pilar fundamental para mostrarmos qual é a solidez de um País e a relação econômica internacional do Brasil é muito forte - muito forte pelo passado, muito forte pelo trabalho de V. Exª, muito forte pelo trabalho, pelo esforço, pela dedicação do homem do campo, do agronegócio, das nossas commodities, da nossa carne, muito forte pelo empresariado, que apesar de todas as dificuldades faz o que pode e o que não pode em momentos de crise. Então, sei que V. Exª caminhou por uma outra questão, que é a questão mais de reserva, questão mais econômica, mas quero contribuir aqui dizendo que admirei o trabalho que V. Exª fez no Ministério. Tenho certeza de que tem muito a contribuir nesta Casa, nos ajudando no que se refere à política econômica internacional, a fazer dessa política econômica internacional uma das saídas para a crise no Brasil. Os números já se mostram muito positivos, o aumento do valor da soja, as nossas exportações superando as importações, não só pela demanda, mas pelo valor.

(Soa a campainha.)

    A Srª Simone Tebet (PMDB - MS) - Isso tudo tem que ser apresentado à Nação. Parabenizo V. Exª. Desculpe-me pelo tempo, Presidente Jorge Viana. O aparte aqui foi além do permitido pelo Regimento. Muito obrigada.

    O SR. ARMANDO MONTEIRO (Bloco Moderador/PTB - PE) - Senadora...

    O SR. PRESIDENTE (Jorge Viana. Bloco Apoio Governo/PT - AC) - Senador Armando.

    O SR. ARMANDO MONTEIRO (Bloco Moderador/PTB - PE) - Pois não.

    O SR. PRESIDENTE (Jorge Viana. Bloco Apoio Governo/PT - AC) - Só queria interromper um pouquinho.

    Nada disso, Senadora Simone, estamos só tentando ajudar.

    Eu queria, com a autorização de V. Exª, que está na tribuna ...

    O SR. ARMANDO MONTEIRO (Bloco Moderador/PTB - PE) - Claro.

    O SR. PRESIDENTE (Jorge Viana. Bloco Apoio Governo/PT - AC) - ... passar a palavra para a Senadora Ana Amélia, porque ela está com um grupo do Rio Grande, que está nos visitando, para que ela possa fazer uma saudação em nome de todos nós, tenho certeza.

    A Srª Ana Amélia (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) - Caro Presidente, Senador Jorge Viana. O Senador Jorge Viana é do PT do Acre, lá na Região Norte. O Senador que está na tribuna é o Senador Armando Monteiro, do PTB, de Pernambuco, foi Ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, fez um belo trabalho em defesa dos interesses do setor calçadista, do setor vitivinícola, do setor metal-mecânico, que é forte em Caxias do Sul e aqui também. Aqui está a melhor idade, que está visitando, pela primeira vez, Brasília e o Congresso Nacional.

(Soa a campainha.)

    A Srª Ana Amélia (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) - Eu queria apenas e tão somente aproveitar o ensejo deste aparte que a Senadora Simone Tebet, que é do PMDB do Mato Grosso do Sul, fez ao Senador Armando Monteiro. Quero endossar o aparte que ela lhe fez, acrescentando também a nossa sabatina ao nosso Embaixador Sérgio Danese na manhã de hoje na Comissão de Relações Exteriores, que é uma figura que vai nos representar na Argentina. O Rio Grande do Sul é um Estado que tem uma relação muito íntima com a Argentina e com o Uruguai, pela fronteira que tem, e isso é muito importante. Antônio Prado é a cidade onde essas jovens senhoras moram e os seus maridos, alguns poucos maridos - eles são inteligentes, deixaram-nas virem passear. Elas são de Antônio Prado. Antônio Prado é uma cidade na Serra Gaúcha, conhecida primeiro por ter a maior bandeira, que está no Livro dos Recordes, do Grêmio. Eu sou do Internacional, mas o pessoal de Antônio Prado é do Grêmio, torce pelo Grêmio. A segunda questão é que é uma cidade que é um patrimônio arquitetônico da colonização italiana, tem um museu e realiza e promove um festival de massas todos os anos, no mês de junho, época de frio, que é um espanto para qualquer regime. Mas é um lugar imperdível para visitar, porque preserva na sua arquitetura exatamente aquilo que os colonizadores italianos trouxeram da Europa, e ali fizeram um lugar de sonho, que é Antônio Prado.

(Intervenção fora do microfone.)

    A Srª Ana Amélia (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) - Aqui há um exibido, que é da minha terra, Lagoa Vermelha. É minha terra, onde eu nasci. Senador Armando Monteiro, muito obrigada.

(Soa a campainha.)

    A Srª Ana Amélia (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) - Obrigada, Senador Jorge Viana, Senadora Simone. Ali está o Senador Dário Berger, que é de Santa Catarina. Muito obrigada a todos. Obrigada, Senador Moka.

    O SR. PRESIDENTE (Jorge Viana. Bloco Apoio Governo/PT - AC) - Sejam todos bem-vindos, sejam bem-vindas as senhoras e também as que estão aqui na nossa galeria. Sejam bem-vindas!

    Volto a palavra ao Senador Armando. (Palmas.)

    O SR. ARMANDO MONTEIRO (Bloco Moderador/PTB - PE) - Muito bem, sejam todas muito bem-vindas!

    Eu quero agradecer e registrar como algo enriquecedor os apartes que recebi da Senadora Simone e da Senadora Ana Amélia, agradecendo muito pelas referências feitas ao trabalho que fizemos.

    Retomando aqui a nossa fala, eu gostaria de dizer que esse acordo de convergência regulatória com os Estados Unidos interessa especialmente aos setores cerâmico, têxtil, de máquinas e equipamentos, da indústria de refrigeração no Brasil. Portanto, representa a meu ver um marco importante nesse processo de ampliação temática dos nossos acordos.

    Quero também destacar que identifico com satisfação que o Brasil vai continuar priorizando as relações com a Argentina e especialmente com o Mercosul. Temos muito o que fazer nessa agenda, na perspectiva bilateral de tornar o nosso comércio mais fluido, sem as travas que de alguma maneira restringiram o nosso comércio nos últimos anos, mas reconhecendo que o novo governo argentino vem dando sinais muito positivos no sentido de remover algumas travas que de alguma maneira embaraçavam esse maior fluxo da nossa corrente de comércio com a Argentina.

    Temos também que registrar como algo muito importante que o Brasil conseguiu construir com a Argentina, especialmente com a parceria com a Argentina, a nossa oferta para o acordo Mercosul-União Europeia, que é um marco no relançamento do Mercosul, porque o Mercosul faz um acordo amplo, com aquela comunidade, que se constitui no maior bloco econômico do mundo, que é a Comunidade Econômica Europeia.

(Soa a campainha.)

    O SR. ARMANDO MONTEIRO (Bloco Moderador/PTB - PE) - Portanto, nós temos que registrar também, com muita satisfação, que graças aos esforços do Brasil e da Argentina, nós conseguimos viabilizar o início, o passo fundamental desse processo, que está representado pela troca de ofertas que, no dia 11 de maio deste ano, lá em Bruxelas, o Mercosul iniciou com a Comunidade Econômica Europeia. Portanto, temos muito que celebrar.

    Eu peço uma pequena tolerância à Mesa - já concluindo - para dizer, meu caro Senador Moka, que impulsionamos também, de maneira muito expressiva, a nossa relação com os países da Bacia do Pacífico. É muito comum o registro de que o Mercosul estava de costas para os países do Pacífico. E aí nós pudemos fazer acordos importantes com o México, com o Peru, com a Colômbia e com o Chile. Com esses quatro países, o Brasil celebrou os acordos de cooperação e facilitação de investimentos. Com o México, lançamos uma perspectiva de ampliar o nosso comércio, os produtos que têm margem de preferência tarifária e quintuplicar as linhas que têm margem de preferência tarifária no âmbito do Acordo de Complementação Econômica nº 53.

    Portanto, Brasil e México poderão expandir extraordinariamente o seu comércio com um acordo de extraordinário alcance. Por outro lado, lançamos também as bases de acordos novos na área de serviços e um acordo automotivo que foi renegociado com o México e que vem nos oferecendo um desempenho muito satisfatório, sobretudo olhando as exportações brasileiras. Com o Peru, fizemos um acordo inédito na área de compras governamentais. O Governo central peruano compra US$13 bilhões por ano de compras governamentais. As empresas brasileiras estavam praticamente sem acesso a esse mercado porque eram obrigadas a fazer um depósito prévio para participar das licitações.

    Com esse acordo que promovemos, elas ficam equiparadas às empresas mexicanas e às empresas americanas, podendo participar das licitações e acessá-las em condições absolutamente ideais.

(Soa a campainha.)

    O SR. ARMANDO MONTEIRO (Bloco Moderador/PTB - PE) - Eu quero destacar o Acordo de Serviços com a Colômbia, um novo acordo automotivo com a Colômbia, um acordo também de cooperação e facilitação de investimentos com o Chile.

    Essa agenda do Mercosul com os países da Bacia do Pacífico e do Brasil com os países da Bacia do Pacífico se moveu de maneira extraordinária nesses últimos 18 meses. E eu não poderia deixar de destacar a parceria que o MDIC pôde fazer, muito frutífera, com o Itamaraty, ao tempo em que o Chanceler Mauro Vieira conduziu essa pasta. Trabalhamos em perfeita harmonia, em estreita articulação e, graças a isso, pudemos celebrar resultados importantes.

    Eu vou ouvir, com muita satisfação, o Senador Waldemir Moka e, em seguida, o Senador Paulo Rocha.

    O Sr. Waldemir Moka (PMDB - MS) - Senador Armando Monteiro, para mim, não é novidade nenhuma, (Fora do microfone.) porque eu já o conhecia aqui do Senado, mercê da sua competência, da sua determinação. Então, eu quero, neste momento, parabenizá-lo pelo trabalho. E acrescentar aqui que nós do Mato Grosso do Sul estamos prestes a assinar um acordo que seria uma saída, via Porto Murtinho, fazendo uma ponte sobre o Rio Paraguai, para termos acesso exatamente ao Pacífico, chegando ao Chile. Isso vai baratear e muito os nossos produtos que são vendidos, além de encurtar em milhares de milhas a distância que esses produtos percorrem quando embarcados no Porto de Santos ou em Paranaguá. Então, a nossa alternativa seria - de início, é claro - por rodovia até chegar a Iquique, onde já teríamos um porto em que atracam navios de grande calado. Ao saudar V. Exª, dizer que tenho certeza absoluta de que esse trabalho de V. Exª... É isso que V. Exª disse: precisamos também ressaltar as coisas boas, o lado positivo, aquilo que se fez, as coisas de bom que este País produz e que está estabelecendo. Então, parabenizo V. Exª e acrescento essa que é, talvez, mais uma oportunidade de estabelecer um comércio mais intenso com países do Pacífico.

    O SR. ARMANDO MONTEIRO (Bloco Moderador/PTB - PE) - Agradeço.

    O SR. PRESIDENTE (Jorge Viana. Bloco Apoio Governo/PT - AC) - Eu só queria, antes de passar ao Senador Paulo Rocha, aproveitar para agradecer a visita de alunos e alunas do curso de Direito. Estou vendo que são mais alunas do que alunos. Sejam bem-vindos! São estudantes do curso de Direito da Faculdade Oeste, de Chapecó, Santa Catarina. Sejam bem-vindos todos! Quero agradecer à turma do Senado que está dando uma acolhida. É um prazer tê-los e tê-las aqui no plenário do Senado.

    Senador Paulo Rocha.

    Senador Armando Monteiro, logo que V. Exª conclua, vou fazer a Ordem do Dia. Até aviso aos Senadores e Senadoras que estão na Casa que venham porque vamos fazer a Ordem do Dia.

    O SR. ARMANDO MONTEIRO (Bloco Moderador/PTB - PE) - Perfeito. Já nos encaminhamos aqui para a conclusão.

    Mas agradeço muito ao Senador Moka, que, com o seu aparte, enriquece aqui o nosso pronunciamento.

    Senador Paulo Rocha.

    O Sr. Paulo Rocha (Bloco Apoio Governo/PT - PA) - Senador Armando Monteiro, mais do que um pronunciamento, é muito importante esse seu depoimento, uma vez que V. Exª foi um grande Ministro do nosso governo. Seu depoimento comprova aqui o que eu acho que é uma das justificativas de que o que levou à crise política do nosso País foi o caos econômico que foi pregado principalmente por uma parte da grande mídia. É claro que existem dificuldades econômicas e problemas, adicionados a alguns problemas internos - porque nós deixamos de tomar iniciativas -, mas também adicionados a problemas externos, como a economia mundial, o problema das commodities, principalmente na área do minério, a própria baixa do preço dos grãos internacionalmente; tudo isso trouxe alguns problemas econômicos para nós, mas não foi esse caos que se pregou aí, até como uma justificativa que levou ao processo do impeachment. A justificativa da questão legal para poder justificar o impeachment, sem dúvida nenhuma, foi muito embalada por essa questão do caos econômico. Então, quero ressaltar aqui a importância que nós fizemos, principalmente na sua pasta, esse processo, além de adicionar com essa preocupação com o mercado internacional, como V. Exª falou muito bem, buscando outros mercados que não fossem só norte-norte, mas a relação sul-sul, e o próprio mercado interno da América do Sul...

(Soa a campainha.)

    O Sr. Paulo Rocha (Bloco Apoio Governo/PT - PA) - ... como, por exemplo, os acordos da Colômbia. Isso tem um efeito interno que é a busca de retomar a questão do emprego no nosso País, porque, à medida que se produzem mais automóveis para serem vendidos na Colômbia, através do acordo promovido, naturalmente há uma via direta na produção de empregos na área automobilística, etc. Além do esforço que foi feito nessa questão de dialogar com os outros mercados que o nosso governo foi buscar, também se preocupava muito com a questão da logística em relação aos projetos de ferrovias para a busca de outras saídas, que não fossem só o nosso litoral, e também para a minha própria região, a Região Amazônica, a questão do Arco Norte da logística via portos e sua interligação com ferrovias. São propostas que estão sendo efetivadas, inclusive para processar essa questão de o Brasil buscar outros mercados e poder dialogar externamente, alavancando também o nosso desenvolvimento interno. Por isso, parabenizo por, mais do que um pronunciamento, um depoimento muito importante para o momento em que estamos vivendo no nosso País.

    O SR. ARMANDO MONTEIRO (Bloco Moderador/PTB - PE) - Muito obrigado, Senador Paulo Rocha.

    E, para concluir, Senador Jorge Viana, eu queria destacar que esse ponto a que o Senador Moka e o Senador Paulo se referiram é fundamental, que é a integração física, é a infraestrutura com essa visão integradora, com essa visão regional espacialmente integrada, algo fundamental para expandir as nossas relações econômicas com esses países.

    Para finalizar, dizer que acho que o comércio exterior precisa ocupar uma centralidade na agenda econômica do Brasil. Infelizmente, o comércio exterior no Brasil não teve, ao longo do tempo - e isso não é um fenômeno recente -, a importância, uma ação estruturante, uma ação estratégica, uma ação permanente. Nós fizemos sempre uma presença que ficava à mercê de certas flutuações conjunturais da economia brasileira.

    E o fato é o seguinte: o canal externo é um canal muito importante porque quem exporta, por definição, é mais competitivo. O mercado externo é uma espécie de tribunal em que você faz o escrutínio da competitividade.

    Portanto, a economia brasileira precisa de mais inserção externa, de maior presença, e há condições de ampliar extraordinariamente a presença do Brasil.

    Era isso que eu gostaria de, nesta tarde, poder trazer a esta Casa.

    Muito obrigado, Senador Jorge Viana, pela tolerância.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 10/06/2016 - Página 26