Pronunciamento de Cleitinho em 11/12/2024
Discurso durante a 180ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Exposição sobre a necessidade de redução dos gastos públicos nos três Poderes da República e de realização de uma reforma política no país.
Manifestação contrária à votação do Projeto de Lei da Câmara nº 159/2017, que torna obrigatória a presença de extintores de incêndio em pó nos veículos.
- Autor
- Cleitinho (REPUBLICANOS - REPUBLICANOS/MG)
- Nome completo: Cleiton Gontijo de Azevedo
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
-
Atividade Política,
Finanças Públicas:
- Exposição sobre a necessidade de redução dos gastos públicos nos três Poderes da República e de realização de uma reforma política no país.
-
Transporte Terrestre:
- Manifestação contrária à votação do Projeto de Lei da Câmara nº 159/2017, que torna obrigatória a presença de extintores de incêndio em pó nos veículos.
- Aparteantes
- Eduardo Girão.
- Publicação
- Publicação no DSF de 12/12/2024 - Página 33
- Assuntos
- Outros > Atividade Política
- Economia e Desenvolvimento > Finanças Públicas
- Infraestrutura > Viação e Transportes > Transporte Terrestre
- Matérias referenciadas
- Indexação
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- EXPOSIÇÃO, NECESSIDADE, REDUÇÃO, GASTOS PUBLICOS, PODER, EXECUTIVO, JUDICIARIO, LEGISLATIVO, DEFESA, REALIZAÇÃO, REFORMA POLITICA, BRASIL, CRITICA, PROPOSTA, PREJUIZO, BENEFICIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA (BPC).
- DESAPROVAÇÃO, VOTAÇÃO, PROJETO DE LEI DA CAMARA (PLC), ASSUNTO, OBRIGATORIEDADE, UTILIZAÇÃO, PRESENÇA, EQUIPAMENTOS, CONTROLE, INCENDIO, VEICULO AUTOMOTOR.
O SR. CLEITINHO (Bloco Parlamentar Aliança/REPUBLICANOS - MG. Para discursar.) – Sr. Presidente, ficou bem aí, viu? Uma boa tarde a todos os Senadores e Senadoras, à população que acompanha a gente pela TV Senado, aos servidores desta Casa.
Eu começo a minha fala aqui dando este recado ao Ministro Barroso, porque aqui a gente precisa urgentemente, eu tenho consciência disso, eu tenho essa consciência, como político... Desde quando eu fui Vereador, eu sempre cortei gastos no meu gabinete. Depois, Deputado Estadual, eu sempre devolvi dinheiro. A Assembleia de Minas Gerais entrou para a história, porque, até então, nunca tinha devolvido dinheiro. Isso fez outros Deputados também poderem devolver. E com isso entrou para a história de Minas Gerais, devolvendo dinheiro para o governo. E agora, como Senador, eu faço a mesma coisa. Então, eu tenho propriedade para falar.
E quem tem que pagar a conta não é a população brasileira. Não é tirando o BPC. Quem tem que pagar a conta são os três Poderes.
Então, vem uma fala dessa aqui, desrespeitando o povo brasileiro – porque isso, para mim, é desrespeitar o povo brasileiro. Olhem isso aqui, a fala do Ministro Barroso: "Judiciário não tem participação na crise fiscal brasileira". O Judiciário não tem participação nessa crise? Eu vou provar para toda a população brasileira e para V. Exa.: vocês têm, porque, se vocês tivessem consciência, vocês não abririam licitação de lagosta por R$1 milhão, quando tem muita gente passando fome, que não tem condição de ir ao supermercado, que não tem moradia.
Tem mais. Deixe-me mostrar para vocês aqui: "Justiça do Brasil gasta 1,6% do PIB e é a mais cara do mundo". Como é que vocês não têm responsabilidade nisso? Vocês têm que pagar a conta também; e vocês vão pagar a conta, porque entrou político sério aqui, para poder tocar o dedo na ferida e mostrar onde está o erro do país. E o erro do país não é o povo brasileiro não; o erro do país são os três Poderes.
Tem mais aqui, gente: "Judiciário pagou R$12 bilhões em penduricalhos e indenizações no período de um ano". Foram R$12 bilhões. Não foi em salário não, gente; foi em penduricalhos, indenizações. Agora, deixem-me mostrar um detalhezinho para vocês aqui. Olhem isso aqui – eu gosto de fazer esse detalhe –, R$12 bilhões: sabem quanto dá por dia? Dá R$32 milhões. Sabem quanto dá por hora? Mais de R$1 milhão. Sabem quanto dá por minuto? São R$22 mil.
Então, quem tem que pagar essa conta agora... Os cortes de gastos têm que vir de nós aqui, dos Senadores, dos Deputados Federais, do Executivo, do Legislativo e do Judiciário – somos nós que vamos pagar a conta. E, quando eu falo assim, gente, não é só o Judiciário não. O Legislativo aqui também tem que pagar a conta. O Congresso Nacional tem que pagar essa conta.
Sabem por que eu estou falando isso aqui para vocês? Deixem-me mostrar esse detalhe aqui para vocês. Olhem isso aqui: "Câmara dos Deputados gasta mais de R$30 milhões com carros blindados" – picapes e por aí vai. São R$30 milhões. Agora a gente está discutindo aqui, no final do ano, corte de gastos, e têm coragem ainda de comprar R$30 milhões em carros blindados?
A população brasileira tem direito a carro blindado? A população brasileira... Você vê aí, a toda hora, a questão da segurança pública, a situação em que está o país. Tem direito? Trinta milhões de reais? Será que vocês não entenderam que esse corte de gastos tem que vir é daqui? Que a reforma política tem que ser urgente neste país? E quem tem que pagar essa conta, quem tem que cortar da própria carne somos nós.
Olhem isso aqui também, gente – que beleza. Deixem-me mostrar para vocês aqui: "Anielle e Lupi podem ganhar até R$433,4 mil por ano com cadeira em conselho da Tupy". Primeiro, é Conselheira. Perguntem à população brasileira se ela sabe se Anielle é Conselheira da Tupy. Perguntem à população brasileira se sabe o que é Tupy. Isso é rir da cara do povo. Vocês têm que acabar com isso!
Quem é Ministro – vou fazer um projeto de lei aqui, para acabar – não pode ser Conselheiro não. Perguntem para a Anielle, façam uma entrevista com ela... Nesse tempo todo, até agora, o que ela fez nesse Conselho? A não ser isso aqui: os R$433 mil que vai receber em um ano – ela e Lupi.
Então, será que eu estou errado em falar isso aqui? Por favor, se eu estiver errado aqui, algum Senador pode me questionar, porque quem tem que pagar a conta aqui somos nós. Somos nós que temos que pagar essa conta – são os três Poderes.
Falam que o país não tem dinheiro. O dinheiro só é mal-usado, mal distribuído, porque... Olhem aqui, gente: dois Conselheiros; Tupy. Façam uma entrevista, saiam na rua agora – aqui em Brasília, na capital Belo Horizonte, na capital Rio de Janeiro, em qualquer lugar do Brasil – e perguntem o que é Tupy, perguntem se a população brasileira sabe que a Anielle Franco, que é Ministra, também é Conselheira.
Vocês estão entendendo o que está acontecendo neste país? E querer cortar do BPC, querer cortar do auxílio-gás, querer cortar do povo.
Quem tem que ser cortado aqui, urgentemente, somos nós, e eu estou aqui para poder... Isso aqui, gente, não é desrespeitar ninguém, não, isso aqui é falar a verdade. Isso aqui é mostrar... É consciência, isso aqui é ter consciência, é o que eu tenho. Somos nós que temos que pagar essa conta. O que eu queria mostrar para vocês é mais ou menos isso aqui mesmo – viu, gente? –, tanto para os Senadores quanto para os Deputados Federais: a média de salário bruto hoje é R$40 mil. Tem a verba de gabinete também, que chega, em média, a R$100 mil; tem o auxílio-mudança, que são duas vezes, chega a quase R$60 mil; tem auxílio-combustível também, a que a gente tem direito; tem passagens aéreas; tem auxílio-saúde, que inclusive é vitalício. O Flávio Dino ficou aqui, eu acho, 20 dias como Senador; agora não é Senador mais e tem direito a esse plano de saúde vitalício. Eu abri mão. Nós temos direito a carros oficiais, eu também abri mão. Aqui também tem várias outras questões de alimentação, de indenização para alimentação, você pode ir ao restaurante, vai lá para comes e bebes, e depois o povo tem que pagar essa conta. Então, será que não dá para cortar um pouco, não?
Teve agora em novembro – agora a gente já está em dezembro – a black friday. Será que a black friday não tem dentro da política, não? Uma reforma política urgente aqui? Para nós pagarmos essa conta, e não o povo brasileiro ter que pagar essa conta. Está na hora de os três Poderes terem que pagar a conta: o Judiciário, o Executivo e o Legislativo.
Aí eu escuto uma fala dessa aqui, o Ministro Barroso falando que o Judiciário não tem culpa. Vocês têm culpa, sim, vocês têm culpa. Vocês têm gente, na hora em que vocês vão se sentar na cadeira, para empurrar a cadeira para vocês, para vestir a toga de vocês, num país que tem gente passando fome. Cadê a consciência de vocês? Lembrando que quem paga essa conta é o povo. Essa quantidade de imposto que a população brasileira paga rigorosamente em dia aqui é para poder manter esses benefícios e privilégios. Então, é a hora de a gente poder discutir isso.
Eu vim aqui com toda a humildade, com todo o respeito a todos os Parlamentares, tanto Deputados Federais quanto Senadores, mas a gente precisa de uma reforma política. Eu estou aqui apto a fazer isso. A hora que falaram "Cleitinho, tem que cortar isso, tem que cortar aquilo", estou aqui para cortar, com o maior prazer. Porque o corte de gastos, de verdade mesmo, somos nós. Somos nós que temos que fazer esse corte de gastos.
Então, só queria lhe dar esse recado, Ministro Barroso: não venha com essa ladainha, com essa conversa fiada de falar que o Judiciário não tem que pagar a conta, que vocês também vão pagar a conta, por isso que eu criei essa PEC aqui dos supersalários, para acabar, para dar fim aos supersalários.
E, olhem, é o seguinte: quem não estiver satisfeito, sabe o que você faz? Vá para a iniciativa privada, vá fazer escala 6x1, vá trabalhar na escala 6x1, vá trabalhar no shopping, ficar lá quase de segunda a segunda, vá trabalhar em supermercado, ficar lá de segunda a segunda, para ganhar R$1,5 mil e não ter direito a auxílio-moradia, a auxílio-saúde, a auxílio-alimentação, a auxílio-livro, auxílio por aí vai. Se não está satisfeito com o que ganha, peça para sair e vá para a iniciativa privada, vá virar CLT, fazer escala 6x1. Qual que é a escala dos três Poderes, daqui? É 3x4, então, quem não estiver satisfeito, peça para sair, é simples.
Quem tem que pagar a conta aqui somos nós. Somos nós que temos que pagar essa conta, são os três Poderes: o Judiciário, o Legislativo e o Executivo. Eu estou pronto para pagar essa conta e espero que mais Parlamentares tenham essa mesma iniciativa e coragem que eu estou tendo aqui.
Para finalizar, Presidente, eu queria falar aqui... Até o Girão... A gente acabou de falar sobre isso. Já não basta o DPVAT, agora vem a questão de extintor, vai ser votada aqui e agora. Pode ser votada ainda hoje, em Plenário, essa questão de extintor. Isso já não existe mais. Aí eu queria fazer uma pergunta: quem está ganhando com isso, gente? Porque é sempre para dar mais burocracia e ferrar com o povo brasileiro. Façam uma pesquisa. Devia ter... Sobre todo projeto que for feito, que for colocado para votar, tinham que fazer uma pesquisa nacional e perguntar: "Você é a favor ou contra?". Porque aí eu tenho certeza de que muitos Senadores e Deputados Federais iam vir com outra forma de votar. Perguntem ao povo brasileiro se ele quer colocar extintor, de novo, no carro, gente. Para que isso numa hora dessa?
Você quer um aparte, Girão? (Pausa.)
Eu vou votar contra, ouviu?
O Sr. Eduardo Girão (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE. Para apartear.) – Eu quero um aparte. Voto contra também.
E, Cleitinho, eu digo uma coisa para você. As próprias instituições que cuidam dessa área, os bombeiros e tudo, colocam: e o treinamento, como é que vai ser? Vai ter que se treinar todo mundo que dirige carro também para apagar? E como é que vai ser a recarga, Presidente? A recarga vai ter mais custo? Vai ter multa?
Isso não faz sentido. O Cleitinho até teve a iniciativa de ver o cálculo, quanto é que isso vai dar de impacto, e ele deve falar disso daqui a pouco, e é escandaloso. Não tem cabimento o Brasil inventar mais imposto.
Nós votamos contra, também o Senador Marcos Pontes, o senhor, Senador Cleitinho, votamos contra o DPVAT, essa nova invenção que vai pagar o povo do Brasil a partir de janeiro, um imposto obrigatório travestido de seguro.
Então, quem vai pagar isso é quem já está que não aguenta mais de pagar imposto, e aí vem o Senado Federal e coloca como prioridade de novo colocar, obrigatoriamente, extintor de incêndio dentro do carro. Isso é brincadeira.
O meu voto é "não" e espero que isso nem entre na pauta do Senado hoje, Senador Cleitinho.
O SR. CLEITINHO (Bloco Parlamentar Aliança/REPUBLICANOS - MG) – É, estou muito preocupado com isso, porque em final de ano é só bomba. Vocês podem reparar isso. Tem esta semana e semana que vem, então, meu filho, aguenta, coração!
Mas eu queria falar para vocês sobre a questão do extintor de incêndio, gente, porque eu fiz aqui um levantamento, uma média. Se você vai comprar um extintor de incêndio hoje – coloquei média, tá? –, são R$100, Presidente. Aí, hoje aqui no Brasil, uma média também de carros, tem 120 milhões de carros. Você sabe quanto vai dar isso aqui? Doze bilhões de reais, 12 bilhões que o povo vai ter que pagar. Agora, quem está ganhando com isso?
Eu não tenho como adivinhar, não é? Mas Deus está vendo. Deus vê tudo, ouviu, gente? Deus está vendo.
Muito obrigado, Sr. Presidente.